quarta-feira, 17 de novembro de 2010

texto 2 ano a imitação

A imitação (A mimese na filosofia grega)


Para os filósofos gregos, a Poesia, a Pintura, a Escultura, e até mesmo a Música, são artes miméticas, que têm por essência comum a imitação. Que significa imitar? Que se deve entender por mimese?

A interpretação socrática

Não é difícil compreendermos o alcance da imitação na Pintura na Escultura, objeto das reflexões de Sócrates, numa rápida palestra, documentada por Xenofonte, com o pintor Parrásio e o escultor Cleito.

Parece, a princípio, que o pintor e o escultor, quando imitam, reproduzem a aparência exterior dos corpos e das coisas em geral que ornam por modelo.. Mas, se assim fizessem, faltaria às suas obras a beleza inerente aos abjetos representados. Como, porém, não há modelos totalmente belos, será preciso o artista reunir as partes belas de vários objetos da mesma espécie para formar algo excelente, sem falhas, que impressione pela sua perfeição. Essa reunião de partes fundidas na totalidade perfeita que a obra deve ser não é mais uma simples reprodução, a menos que se dê a essa palavra um sentido mais amplo do que o comum, que é, aliás, o que está nas entrelinhas da lição de Sócrates a Parrásio e a Cleito.

Se o escultor e o pintor podem reconhecer as coisas que são belas, associando-as entre si num modelo ideal, é porque já têm na mente a ideia de Beleza como perfeição. Na verdade, eles não imitam, e sim idealizam o modelo: o escultor seleciona, de conformidade com essa ideia, as partes de cada coisa e de cada corpo humano que melhor representam a perfeição concebida.

Ainda há outro aspecto a ressaltar nas considerações de Sócrates: é que o artista, e particularmente o escultor, alcançando a Beleza, consegue também reproduzir o estado interior, os movimentos da alma do seu modelo. Ele só dá por terminado seu trabalho quando a obra é capaz de produzir a impressão da vida, impressão esta que, no caso da Escultura, a matéria tridimensional favorece. A Pintura, presa às limitações da superfície, não produz com a mesma intensidade da outra arte a ilusão da vida e do movimento. Mas, em conjunto, as duas, Pintura e Escultura, tocam o real pela semelhança de suas representações com os objetos, e serão tanto mais perfeitas quanto mais se aproximarem da Beleza exemplar que têm por função imitar.

Não podemos, no entanto, dizer que a Música imita, como o fazem a Pintura e a Escultura. Sócrates não se ocupou dessa questão, mas, aproveitando os princípios gerais anteriormente estabelecidos, podemos tratá-la aqui.

Pelo que sabemos da Poética de Aristóteles, imitar é representar, por certos meios — linhas, cores, volumes, movimentos e palavras — coisas e ações, com o máximo de semelhança ou de fidelidade. Representa-se, pois, figurando alguma coisa, seja com o auxílio de imagens diretas, como as da Pintura e da Escultura, seja como na Poesia, por intermédio dos significados das palavras, combinadas numa certa ordem. Daí dizer-se que artes como a Pintura, a Escultura e a Poesia, ao contrário da Música, têm conteúdo representativo. Que é que, de fato, podem representar sons fugidios, combinados segundo ritmo e harmonia, que se desenrolam no tempo e no tempo se dissolvem, incapazes, por isso, de comunicar-nos algo definido, assim como as palavras e as figuras podem fazê-lo? Em relação à Música, a doutrina mimética tem certas sutilezas. Assim, por exemplo, no terceiro livro de A república, Platão relaciona determinados modos harmônicos com determinados sentimentos e qualifica os ritmos pela escala moral das atitudes. Há ritmos que imitam a baixeza e o desregramento, existem harmonias patéticas, melancólicas e lânguidas, como há as entusiásticas, enérgicas e marciais. É como se a música pudesse exteriorizar, no tempo, a qualidade afetiva dos sentimentos humanos. Ela imitaria, assim, um conteúdo psíquico ou moral: a forma das combinações de sons corresponderia à forma característica do entusiasmo, da tristeza, da melancolia etc.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

texto filosfia da arte

Filosofia da Arte


Precisamos, no entanto, distinguir entre Estética e Filosofia da Arte. A rigor, o domínio 10 dos fenômenos estéticos não está circunscrito pela Arte, embora encontre nesta a sua manifestação mais adequada. Sob esse prisma, o domínio do estético abrange o da Arte, não só por ser muito mais dilatado, como também porque é nele que devemos ir buscar os critérios gerais que permitem distinguir, nas manifestações artísticas, as autênticas das inautênticas, as valiosas das desvaliosas, as esteticamente boas das esteticamente más.

Mas, por outro lado, a Arte excede, de muito, os limites das avaliações estéticas. Modo de ação produtiva do homem, ela é fenômeno social e parte da cultura. Está relacionada com a totalidade da existência humana, mantém íntimas conexões com o processo histórico e possui a sua própria história, dirigida que por tendências que nascem, desenvolvem-se e morrem, e às quais correspondem estilos e formas definidos. Foco de convergência de valores religiosos, éticos, sociais e políticos, a Arte vincula-se à religião, à moral e à sociedade como um todo, suscitando problemas de valor (axiológicos), tanto no âmbito da vida coletiva como no da existência individual, seja esta a do artista que cria a obra de arte, seja a do contemplador que sente seus efeitos.

Ora, a Filosofia da Arte, que não dispensa pressupostos estéticos, uma vez que estabelece um diálogo com aquelas produções artísticas esteticamente válidas, não só tem na Arte o seu objeto de investigação, como também aquele primeiro dado, de cuja existência se vale, para levantar problemas de índole geral, requeridos pelo dinamismo da reflexão filosófica. Isso quer dizer que a Filosofia da Arte não e uma disciplina especial, senão no sentido de que considera, antes de tudo, a própria Arte Trata se na verdade de uma senda aberta à reflexão filosófica, por onde esta renova o seu diálogo expansivo com o mundo, com a existência humana e com o Ser Dai decorre o fato de que semelhante filosofia conserva, nos problemas particulares de que trata, e que derivam do objeto específico em que se detém, a profundidade dos legítimos problemas filosóficos.

Qual a relação entre Arte e Realidade? Pode-se falar num conhecimento específico, alcançado só por intermédio da Arte, em oposição ao conhecimento objetivo, da ciência e da filosofia? Qual o nexo existente entre a atividade artística e os diferentes valores, principalmente os morais e os religiosos? De que maneira essa atividade se relaciona com a atividade produtiva, sob o aspecto da técnica? Quais são, finalmente, as conexões da Arte com a sociedade, a história e a cultura? Eis os mais relevantes problemas da Filosofia da Arte. Podemos encontrá-los todos, alguns apenas esboçados, outros solucionados de acordo com os padrões culturais da sociedade grega do século V a. C., na filosofia platônica. Entretanto, só modernamente, depois do nascimento da Estética, foi que a Filosofia da Arte, nas primeiras décadas do século XIX, começou a desenvolver-se em bases novas, que em grande parte ainda continuam sendo as nossas.

Os idealistas alemães, Schelling, Schopenhauer, e principalmente Hegel, embora submetessem a Filosofia da Arte aos sistemas filosóficos que elaboraram, contribuíram, de Limeira decisiva, depois de Kant e de Schiller, para fazer dessa filosofia o que ela é atualmente:

uma reflexão que tem como um dos seus fins últimos justificar a existência e o valor da Arte determinando no conjunto das criações do espirito humano, a função que ela desempenha, ao lado da ciência, da religião, da morai e, também, fato digno de nota, ao lado da própria filosofia, cujo atual interesse pela Arte não encontra paralelo em épocas passadas.

ATIVIDADE IV ( ESTETICA)

Centro Educacional 06 – Gama /DF


DISCIPLINA : FILOSOFIA

PROF: DENYS F. DA COSTA

NOME_______________________________________________ Nº_____ DATA:___/____/___

ATIVIDADE IV

A UTILIDADE DA ARTE

Uma outra possibilidade de responder à questão, se a arte é capaz ou não de expressar a verdade, veio justamente de um dos alunos de Platão. Aristóteles, na sua Poética, procura mostrar que a arte é verdadeira, tanto do ponto de vista epistemológico, quanto moral. Essa virada é realizada sem que se abandone a idéia de que arte é imitação, ao contrário, ela se dá por intermédio de uma reinterpretação da mimesis. Contra Platão, que acredita que a "imitação" é ela mesma uma atividade inferior e que inferioriza aquele que a pratica, Aristóteles defende a idéia de que a mimesis é natural ao homem: "nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância, por exemplo, as representações de animais ferozes e de cadáveres" (Poética, 1448b). Esse prazer com a arte seria similar ao prazer que o homem também sente quando aprende algo de novo sobre o mundo.

Para Aristótoteles, ao contrário de Platão, a mimesis não é apenas imitação de objetos já existentes,mas pode ser também imitação de coisas possíveis ,que ainda não têm, mas que podem ou devem ter realidade. Nessse sentido a arte não é apenas reprodução, mas inveção do real. Além disso, a arte pode ter uma função idealizadora ou caricatural. Na tragédia, a arte melhora seus modelos, apresentando-os de forma mais nobre,heroica ou virtuosa do que costuma ser. Na comédia , pode piora-los, apresentado-os de modo mais ignorante, teimoso ou feio que o normal.

A (IN)Utilidade DA ARTE

Embora haja aceitação de que todos possam entender de arte, outras perguntas permanecem: Para que serve a arte? O homem pode dispensá-la? A arte mudar o nosso comportamento?

É visível em nossa sociedade o comportamento de recusa ou temor em relação à arte. Poderíamos dizer que esse desprezo está vinculado ao senso comum embora dele participem até filósofos e cientistas, porque o senso comum não é propriedade exclusiva das pessoas simples. Além do mais, nem sempre os mais .intelectualizados são os melhores apreciadores da arte. Às vezes, as pessoas mais simples, porque desarmadas do excesso de erudição, são mais generosas na apreciação da arte. Por outro lado, os preconceitos do público são maiores diante da arte moderna, pelo fato de ela ser hermética, obscura e, com isso, desconcertá-lo. Esse desconcerto tem outras razões, nem sempre arrazoadas, como, por exemplo, achar que a arte não é coisa séria ou, ainda, que ela não tem utilidade prática.

Muitos já endossaram esta ideia: "a arte começa onde a função termina". De fato, ninguém tem necessidade de que uma poltrona seja artística ou bela para que possa nela se acomodar. No entanto, por que se escolhe um entre dois tipos de poltronas identicamente confortáveis? Costuma-se deduzir a inutilidade da arte dessa incompreensão. Nessa linha, cometem-se dois equívocos: um, o de reduzir arte a beleza; outro, o de entender por função uma determinação imediatista e prática. Entre a função de uma faca (cortar alimentos) e a de uma pintura certamente há grande distância, mas ambas têm funções, ambas desempenham papéis dentro de uma cultura. Se práticas, emotivas ou simbólicas, pouco importa. Enfrentando esses problemas, os artistas modernos - como é o caso de Marcel Duchamp, ]oseph Beuys, Hélio Oiticica - optaram por uma arte crítica, que carrega como propósito resgatar a sensibilidade perdida na sociedade materialista.

A presença da arte parece indicar a insistência do homem em não abrir mão da inutilidade, o princípio

QUESTÃO 01:


A PRINCÍPIO, OS DOIS TEXTOS TRATAM DE QUALIFICAR A ARTE ,OU SEJA A NECESIDADE DE SE ESTABELECER UMA FUNÇÃO PARA A ARTE. Assim cabe a pergunta: Toda obra de arte tem que ter um determinado objetivo? Comente com argumentos (5 linhas)


QUESTÃO 02:

Faça uma defesa dos argumentos de Platão sobre a arte ser uma imitação ( 5 linhas)


QUESTÃO 03:

Leia a seguinte frase e teça um comentário sobre ela.(5 linhas)

“ A arte começa onde a função termina”



QUESTÃO 04: (1,0)

Após a leituras dos textos, escolha um e tome uma posição concordando ou não com as idéias expostas por ele.(8 linhas)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ESTUDO DIRIGIO 3º ANO SOBRE CREPUSCULO DOS ÍDOLOS (2)

CENTRO EDUCACIONAL 06-GAMA-DF


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

3º SÉRIE

NOME:_______________________________________________________Nº____TURMA____



ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O LIVRO CREPÚSCULO DOS ÍDIOLOS DE NIETZSCHE

CAP: V,VI e VII



1º PARTE

1) 1ª PARTE : JULGUE OS ITENS ABAIXO, A PATIR DA LEITURA DOS TEXTOS.

(A) Nietzsche confirma sua aversão aos sentimentos quando afirma” Aniquilar as paixões e os desejos apenas para evitar sua estupidez.”

(B) A igreja não combate a paixão.

(C) Nietzsche faz uma comparação entre o poder da igreja com o poder dos partidos.

(D) A moral para Nietzsche, volta-se ao instinto natural do homem.

(E) Nietzsche alerta para não confundir a causa e a conseqüência.

(F) A virtude é o caminho para a felicidade.

(G) Nietzsche afirma que, o alemão tem dois grandes males o álcool e o cristianismo.

(H) Para fazer moral é preciso ter vontade incondicional.

(I) Para Nietzsche a cultura alemã está em franco desenvolvimento.

(J) Nietzsche no capítulo VII, faz uma crítica construtiva ao povo alemão.



2º PARTE

2) QUESTÕES SUBJETIVAS.

(A) Qual a crítica que Nietzsche faz ao cristianismo em relação a paixão.



(B) No item 03 do capítulo V, podemos observar que Nietzsche faz uma análise quase que maquiavélica sobre a relação da inimizade,considerando um trunfo contra o cristianismo.constatado no seguinte trecho:”... Quando todo partido vê que está no interesse de sua autoconservcação que o partido oposto não esgote sua força...” Dentro do contexto do texto , elabore um comentário sobre essa questão.



(C) No capítulo V , leia o mesmo e comente sobre o item 05.



(D) No capítulo VI , para Nietzsche, o que seria a verdadeira ruína da razão?



(E) Como Nietzsche argumenta o erro de uma falsa causalidade



(F) Nietzsche faz uma correlação entre responsabilidade e o livre arbítrio. Faça um comentário sobre essa correlação.



(G) Nietzsche dentro de seu espírito contestador , faz uma afirmação no mínimo capciosa, que é:” Não existe fatos morais”. Faça uma crítica sobre essa afirmação, concordando ou não com ela.



(H) Por que não se pode comparar ,julgar, medir e condenar o nosso ser, de acordo com as idéias de Nietzsche.

(I) No capítulo VII, no item 03, Nietzsche faz análise crítica da sociedade de castas indiana, especificamente sobre os Sudras. Comente essa análise.

(J) Existe alguma diferença entre a moral do cultivo e a moral da domesticação? Responda com arguementos.



OBS: ENTREGAR EM FOLHA ANEXA


MÍNIMO DE 5 LINHAS POR QUESTÃO.


ENTREGA: ATÉ 01/10/2010(IMPRORROGÁVEL)

ESTUDO DIRIGIO 3º ANO SOBRE CREPUSCULO DOS ÍDOLOS (1)

CENTRO EDUCACIONAL 06-GAMA


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

3º SÉRIE

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O LIVRO CREPÚSCULO DOS ÍDIOLOS DE NIETZSCHE

CAPÍTULOS : I,II,II, IV



1ª PARTE : JULGUE OS ITENS ABAIXO, A PATIR DA LEITURA DOS TEXTOS.

(A) Para Nietzsche , a vida tem pouco sentido.



(B) As teorias de Sócrates e Platão , estão em declínio.



(C) A dialética norteava o pensamento grego.



(D) A história é apenas a crença nos sentidos.



(E) Para Heráclito ,os sentidos são secundários.



(F) Na concepção de Nietzsche, os filósofos gregos não cometem idiossincrasias.



(G) O vir-a-ser é uma estrutura estática



(H) Para Nietzsche, o vir a ser é apenas uma forma de aparência .



(I) A linguagem é enganadora.



(J) Na 1º tese o argumento é:  a impossibilidade de existir uma outra realidade.



PARTE II: SUBJETIVA

A) Das 44 máximas , escolha 10 e comente.



B) Porque Nietzsche critica Sócrates em relação a qualidade de suas idéias?



C) Nietzsche , continua o seu ataque a Sócrates , criticando sua aparência entre outras questões. Assim podemos concluir que a feiúra tem relação direta com a intelectualidade? Argumente dentro do contexto do livro.



D) Qual é o erro que Nietzsche aponta nas idéias de Sócrates?



E) Como Nietzsche trata a questão do erro?



F) Na parte 06 do 3º capítulo, elabore um comentário sobre as 4 teses expostas.



G) Leia o capítulo IV e escolha dois a aforismas e teça um comentário sobre ele.













OBS: ENTREGAR EM FOLHA ANEXA

MÍNIMO DE 5 LINHAS POR QUESTÃO.

ENTREGA: ATÉ 01/10/2010(IMPRORROGÁVEL)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ESTUDO DIRIGIDO 3º BIM 1º ANO

CENTRO EDUCACIONAL 06-GAMA/DF


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

1º SÉRIE

NOME:_______________________________________________________Nº____TURMA____

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE A OBRA : LÓGICA DE ARISTÓTELES

VALE (3,0) TRÊS PONTOS

PARTE 01: OBJETIVA (1,5)

• Julgue os itens abaixo (C) certo ou (E) errado ,a partir da leitura do texto.

(A) Alguns silogismos são falsamente verdadeiros

(B) A partir do silogismo, não se pode extrair premissas

(C) Os sofistas induz o interlocutor ao acerto independente do paradoxo;

(D) Existem dois modos ou elencos de falácias.

(E) Aristóteles acha que um mal é necessário dentro de um contexto específico.

(F) As falácias de acordo com Aristóteles, podem ter apenas 5 espécies;

(G) Os sofistas diziam que os contrários predicam simultaneamente com o mesmo sujeito.

(H) A refutação não depende de outro predicado.

(I) Os paralogismos dependem da definição de silogismo.

(J) Todo predicado singular é uma substância singular.

PARTE 02: SUBJETIVA (1,5)

1) Pesquise o significado dos seguintes termos:

a) ACEPÇÃO

b) PARALOGISMO

c) SER (EM SENTIDO FILOSÓFICO)

d) SILOGISMO

e) REFUTAÇÃO

f) HOMONÍMIA

g) PARADOXO

h) JUÍZO ( EM SENTIDO FILOSÓFICO)

i) ANFIBOLIA





2) Aristóteles afirma que existem silogismos verdadeiros.Retire do texto exemplos sobre essa afirmação.

3) O que são argumentos dialéticos?

4) O que caracteriza a homonímia?

5) Qual a função da anfibolia dentro da tese de Aristóteles.

6) Teça um comentário sobre a metáfora do Etíope, que exemplifica uns dos tipos do paralogismo.

7) Dentro da concepção lógica de Aristóteles, o que seria elenco?

8) Destaque do texto a argumentação da seguinte afirmação de Aristóteles:”Psiquê e a vida não são o mesmo....” ,e teça um comentário sobre o mesmo.

9) Na parte 06 do texto, Aristóteles faz a seguinte afirmação: “Se portanto , não há silogismo do acidente, não pode haver refutação”. Destaque do texto a argumentação dessa afirmação.

10) Após a leitura do texto, elabore uma crítica sobre a concepção da lógica Aristotélica.



OBS: ENTREGAR EM FOLHA ANEXA

MÍNIMO DE 5 LINHAS POR QUESTÃO.

ENTREGA: ATÉ 01/10/2010(IMPRORROGÁVEL)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

positivismo texto 01

POSITIVISMO


Ao estudar o desenvolvimento total da inteligência humana nas suas diferentes esferas de atividade, desde o seu primeiro e mais simples arranque até ao presente, creio ter descoberto umas grandes leis fundamentais, à qual o desenvolvimento está submetido por uma necessidade invariável, e que me parece pode ser solidamente estabelecida, quer graças às provas racionais subministradas pelo conhecimento da nossa organização, quer sobre as verificações históricas resultantes de um exame atento ao passado. A dita lei consiste em que cada uma das nossas concepções principais, cada ramo dos nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados teóricos diferentes: o estado teológico, ou fictício; o estado metafísico ou abstrato; o estado científico ou positivo. Por outras palavras, o espírito humano, por sua natureza, emprega sucessivamente em cada uma das suas investigações três métodos de filosofar, cujo caráter é essencialmente diferente e inclusive radicalmente oposto: em primeiro lugar, o método teológico, depois, o método metafísico e, por último, o método positivo. Daí, três classes de filosofia ou de sistemas gerais de concepções sobre o conjunto de fenômenos, que se excluem mutuamente: a primeira é o ponto de partida necessário da inteligência humana; a terceira, seu estilo fixo e definitivo; a segunda está unicamente destinada a servir de transição...

No estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia à procura da origem e finalidade do universo e ao conhecimento das causas íntimas dos fenômenos para se dedicar à descoberta, através do uso bem combinado do raciocínio e da observação, das suas leis efetivas, isto é, suas relações invariáveis de sucessão e de semelhança. A explicação dos fatos, reduzida então aos seus termos reais, não é mais do que a realidade estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número os progressos da ciência tendem a reduzir cada vez mais.

Comte, Curso de Filosofia Positiva, i.



texto 02



POSITIVISMO





1.0. CONCEITOS BÁSICOS



• POSITIVISMO - Filosofia de Auguste Comte , que considerava o estado positivo o último e mais perfeito estado atingido pela humanidade ,valorizando a ciência como forma mas adequada de conhecimento.

• CIENTIFICSMO – Forma de pensar derivada do positivismo, pela qual o único conhecimento adequado é o científico.



• ILUMINISMO – Movimento filosófico do SEC. XVIII ,caracterizando-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica ,contra a fé, a superstição e dogma religioso. Os Iluministas consideravam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso.









2.0. BIOGRAFIA



Nascido em Montpllier, frança , Auguste Comte ( 1798 – 1857 ). Teve uma vida familiar caracterizada por relações de intensos conflitos. Em 1814,com dezesseis anos ,ingressou na Escola Politécnica de Paris onde permaceu por dois anos, assimilando um aprendizado significativo em sua formação intelectual ( valorização da ciência e da técnica) . Exerceu durante sete anos a função de secretário de Saint Simon ( filósofo Francês ).

Para ganhar a vida ,Comte dava aulas particulares de matemática .Apesar de várias

Tentativas ,nunca conseguiu ser professor catedrático na Escola Politécnica .Iniciou em sua casa um curso de Filosofia ,logo interrompido devido a uma grave crise mental que o acometeu. Depois de dezoito anos de casamento separa-se de Carolina Nassim, Dois anos depois conheceu Clotilde de Vaus por que apaixonou-se. Mas por ser casada com um homem preso ,propôs a Comte apenas um relacionamento estritamente amigavel. Após sua morte, Comte a considerou sua musa, elevando-a a condição de santa nu ma religião que iria fundar.



2.1. – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O POSITIVISMO.



Um dos temas centrais da obra filosófica de Comte e a necessidade de reorganização completa da sociedade. Nessa tarefa ele próprio pretendeu desempenhar o papel de um reformador universal “ encarregado de instituir a ordem de uma maneira soberana .“ Mas essa reconstrução da sociedade consistia ,para Comte na regeneração das opiniões ( idéias ) e dos (costumes) dos homens. Tratava-se ,portanto de uma reestruturação intelectual das pessoas e não de uma revolução das instituições sociais, como propunham filósofos socialistas de sua época, como Saint Simom e Fourier.

2.2. – A LEI DOS TRÊS ESTADOS





Esta lei ,resume o pensamento de Comte sobre a evolução histórica e cultural da humanidade. Ela consiste em que cada uma de nossas concepções primárias ,cada ramo de nosso conhecimento, passa sucessivamente por três estágios históricos diferentes . ESTADO TEOLÓGICO OU FICTÍCIO, METFÍSICO OU ABSTRATO E O CIENTÍFICO KOU POSITIVO.





• ESTADO TEOLÓGICO – O espírito humano ,dirigido essencialmente sua investigação pra a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todo os efeitos que tocam numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como palavra ,pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentemente do universo.

• ESTADO METAFÍSICO – O Estado Metafísico , É uma mera modificação geral do primeiro ,os agentes sobrenaturais são substituídos por abstrações .Verdadeiras entidades inerentes aos diversos seres do mundo e concebidas como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja a explicação consiste ,então em determinar para cada , uma entidade correspondente.

• ESTADO POSITIVO – No Estado Positivo ,o espírito humano ,reconhece a impossibilidade de obter noções de absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos para preocupar-se unicamente em descobrir ,graça ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber suas ralações invariáveis de sucessão e de similitude.



2.3. A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊCNIAS E A SOCIOLOGIA



Comte estabelece o critério da classificação das ciências ,indo da mais simples e abstrata, que é a matemática ,até a mais complexa e concreta, que é a Sociologia. Essa ordem não é apenas lógica ,mas cronológica ,pois foi nessa seqüência que elas apareceram na história.

A sociologia foi considerada ciência por Comte ,que se diz seu fundador. Define-a como uma física social, mas na verdade toma os modelos da biologia e explica a sociedade como um organismo coletivo.

O indivíduo encontra-se submetido à consciência coletiva, por isso tem pouca possibilidade de intervenção nos fatos sociais. A ordem da sociedade e permantente, à imagem da invariável ordem natural.

Este interesse de Comte ,pela ordem ,revela a sua visão conservadora ,pois a idéia de ordem está ligada a idéia de hierarquia ( observe que a palavra ordem significa ao mesmo tempo ,arranjo e mando ).Ele mesmo que afirma : nenhum grande progresso pode efetivamente se realizar se não tende finalmente para evidente consolidação da ordem .

Comte, divide a sociologia em duas partes: A ESTÁTICA SOCIAL, representada pelo conceito de progresso. A estática ,estudaria os elementos permanentes de toda a sociedade, como por exemplo, a familília, a propriedade, a linguagem, o direito, o governo, a religião e etc..

A Dinâmica Social ,por sua vez ,estudaria as lei do desenvolvimento progressivo da sociedade ,na medida em que o progresso deve originar-se da ordem para aperfeiçoar os elementos sociais permanentes. Seu projeto social teria em suas próprias palavras: O amor por princípio, a ordem como meio e o progresso como fim.



2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O POSITIVISMO



Objetivo do o método positivo de investigação e a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos naturais, e na elaboração das leis gerais que reside o grande ideal das Ciências, visam o progresso, este porém ,deve estar subordinado a ordem

Sobre a reforma da sociedade proposta por Comte deveria seguir os seguintes passos: Reorganização intelectual ,depois moral e por fim política. Segundo ele, a Revolução Francesa destruiu uma série de valores importantes da sociedade tradicional européia não sendo capaz entretanto de impor novos e permanentes valores para a emergente sociedade burguesa. E nisso residia a grande tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva: Reestruturar a ordem na sociedade capitalista industrial.

Comte assume uma posição reacionária e conservadora .Defende a legitimidade da exploração industrial . Concorda com a divisão das classes sociais e considera a existência dos empreendedores capitalista e dos operários diretos, o proletariado como membros da sociedade.









BIBLIOGRAFIA:



• COTRIM, Gilberto, Fundamentos da Filosofia, ED. Saraiva.

• LUCIA, Maria e Maria Helena Pires, Filosofando, ED. Moderna.

domingo, 6 de junho de 2010

atividiade III 3º ANO

CENTRO EDUCACIONAL 06 /GAMA-DF


DISCIPLINA : FILOSOFIA

PROF: DENYS F. DA COSTA

ATIVIDADE III : CAPITALISMO E SOCIALISMO

1) Explique como ocorre a dinâmica do capitalismo.





2) O processo político ocorreu paralelamente ao desenvolvimento do capitalismo. Explique a conjuntura histórica que favoreceu esse desenvolvimento.





3) Podemos afirmar que o capitalismo estrutura-se nos ganhos de capitais e na detenção dos meios de produção nas mãos de pouco. Essa relação gera uma luta de classes. Comente essa questão numa perspectiva contemporânea.





4) Por que o capitalismo tem uma conotação de exploração do homem pelo homem?




5) O texto aponta uma contradição , quando se refere a “livre iniciativa”, comente essa contradição.



6) Por que os mercadores são considerados os percussores do capitalismo?





7) Cite algumas características do socialismo.





8) Descreva como ocorre o processo de substituição do capitalismo industrial para o socialismo estatal, elaborado por Karl Marx.





9) Comparando as duas teorias , podemos afirmar que o Socialismo ainda é viável? Comente com argumentos.

CAPITALISMO E SOCIALISMO 3º ANO

CAPITALISMO. Termo empregado para caracterizar urna forma de atividade socioeconômica baseada na propriedade dos meios de produção e na força do trabalho assalariado, O conceito de capitalismo, de extrema complexidade, tem como ponto de partida a sua permanente evolução, o que o Definiria como um processo que não pode ser estacionário, O impulso fundamental que movimenta o capitalismo, permanentemente, provém dos novos bens de consumo, produção e transporte, criados por ele próprio. Trata-se, assim, de um processo circular, ou seja, o capital (bens móveis ou imóveis) gera o capitalismo que, por sua vez transforma-se em capital para novo capitalismo Há vários tipos de capitalismo: comercial, industrial, Financeiro, estatal. Este se caracteriza pela participação direta do Estado na gerência da economia, Historicamente, o capitalismo evoluiu, tendo surgido na Idade Média sob a rentabilidade comercial e, a seguir, financeira. Instrumentos nitidamente capitalistas, como a letra de câmbio, a usura, as operações bancárias, têm sido detectados no período medieval como. Fatores da chamada revolução comercial que, causa e efeito, acompanhou o surto urbano, O processo capitalista, iniciado na Idade Média, adquiriu um novo impulso a partir do chamado Renascimento, por força dos descobrimentos marítimos e, a seguir, da formação das monarquias absolutistas. As relações entre a economia e a política foram bastante intensas, sendo impossível explicar o desenvolvimento político sem o econômico e vice-versa. As grandes monarquias dos tempos modernos constituíram-se com o apoio da burguesia, classe social típica do impulso capitalista, em troca de benefícios próprios. As idéias econômicas, por sua vez, antes de caráter meramente prático, passaram a receber tratamento Científico, dando origem a uma nova ciência, a Economia. A primeira grande doutrina disso resultante foi o mercantilismo. O capitalismo moderno surgiu como conseqüência das conquistas tecnológicas e do domínio espacial do capital financeiro. De um lugar para outro, o capitalismo assume formas diferenciadas, dosadas no seu grau de concentração, intervenção ou liberalismo econômico. Na maioria das economias capitalistas, o lucro objetivo básico da produção capitalista - divide-se quase que exclusivamente entre o Estado e os detentores dos meios de produção particulares. A historiografia marxista assinala sempre que o motivo do desenvolvimento capitalista Situa-se na luta de classes entre o proletariado e a burguesia.


Texto 02 - O capitalismo é um sistema econômico surgido na Europa nos séculos XVI e XVII. Do ponto de vista desenvolvido por KarI Marx, o capitalismo é organizado em tomo do conceito de CAPITAL e da propriedade controle dos meios de produção por indivíduos que empregam trabalhadores para produzir bens e serviços em troca de salário. Como fundamental ao capitalismo como sistema social, há um conjunto de três relações entre 1) trabalhadores; 2) meios de produção (fábricas, máquinas, ferramentas, e assim por diante); e 3) os que possuem ou controlam esses meios. Os membros da classe capitalista os possuem ou controlam, mas não• os usam concretamente para produzir riqueza; os membros da classe trabalhadora nem os possuem nem controlam, mas os usam para produzir; e a classe capitalista emprega a classe trabalhadora comprando FORÇA DE TRABALHO (tempo) em troca de salários.

A definição mais comum de capitalismo - simplesmente a posse privada dos meios de produção - ignora o fato de que indivíduos vinham produzindo bens há milhares de anos com ferramentas próprias, muito antes do aparecimento do capitalismo. Sob o capitalismo, portanto, a posse dos meios de produção não é simplesmente privada; é também exclusiva e fornece base à CLASSE SOCIAL e à exploração no interesse do lucro e da acumulação de ainda mais meios de produção.

Como tal, a identificação costumeira de capitalismo com "livre iniciativa" induz, de certa maneira, ao erro, pois a tríade de relações entre meios de produção, trabalhadores e capitalistas não é condição necessária para a livre iniciativa e, de várias formas, pode prejudicá-Ia. Uma vez que a concorrência ameaça o sucesso de toda empresa capitalista (por mais que ela possa contribuir para o sistema como um todo), as empresas geralmente a enfrentam tentando aumentar seu controle sobre o trabalho, a produção e os mercados, com o resultado de que a economia torna-se cada vez mais dominada por um número relativamente pequeno de grandes empresas. Neste sentido, o exercício efetivo de liberdade no capitalismo de livre mercado toma-se possível apenas em níveis cada vez mais vastos de organização social. A medida que milhares de pequenas empresas concorrentes são substituídas por enormes CONGLOMERADOS (muitos deles transnacionais), assim, também, a liberdade da "livre iniciativa" é exercida por um número cada vez menor de atores econômicos.

A idéia de livre mercado está provavelmente associada de forma mais correta ao que poderia ser denominado de "capitalismo primitivo", aquele período anterior à REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, quando o capitalismo adotou a forma de busca de lucros através da compra e venda de bens. Os precursores do capitalismo moderno não possuíam nem controlavam pessoalmente os meios de produção, embora, como mercadores, obtivessem lucros aproveitando as condições de mercado, tais como comprando e transportando bens para venda em locais onde não existiam. Os mercadores contribuíram para a emergência do capitalismo ao desenvolver a idéia do lucro, do uso de bens como veículos para transformar dinheiro em mais dinheiro. Só mais tarde é que o capitalismo surgiu como sistema, cuja principal base de poder e lucro era o controle sobre o próprio processo de produção. Na forma avançada que assumiu em sociedades industrializadas capitalistas modernas, afastou-se do capitalismo competitivo, que implicava um conjunto de empresas relativamente pequenas, evoluindo para o que Marx chamou de capitalismo monopolista (ou avançado). Nessa forma, empresas se fundem e formam centros globais cada vez maiores de poder econômico, com potencial para rivalizar com nações estado em sua influência sobre os recursos e a produção e, através deles, sobre as condições em que a vida social ocorre, no seu sentido mais amplo. A medida que as tensões e contradições no sistema se tomam mais severas, governos intervêm com uma freqüência e rigor cada vez maiores para controlar mercados, finanças, trabalho e outros interesses capitalistas. Marx considerava essa situação como o estágio final que levaria à revolução socialista.


SOCIALISMO. Inicialmente empregado para designar as teorias do industrial inglês Robert Owen no inicio do século XIX, o termo passou a indicar um conjunto de doutrinas ç teorias política e econômica que visavam a transformação da sociedade através de um novo conceito de propriedade. O Socialismo, também definido como uma reação ao liberalismo capitalista, critica a injustiça social inerente a este sistema, propondo substituí-lo por uma sociedade sem classes. É inegável que a publicação do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, em 1848, deu uma nova dimensão ao socialismo. Quaisquer que sejam as. conceituações do socialismo algum traços comuns podem ser assinalados: a) predomínio do bem comum em detrimento do individual; b) planificação da economia; c) eliminação das classes sociais; d ) manutenção de certa modalidade de propriedade Vários sistemas têm sido rotulados de socialistas, tais como o comunismo utópico, o anarquismo, o marxismo, a social¬ democracia e outros. Na segunda metade do século XIX, líderes socialistas e intelectuais de todo o mundo realizaram encontros e simpósios - internacionais cujo objetivo era uniformizar as linhas políticas dos diferentes partidos socialistas. Uma tentativa altamente centralizadora chegou a configurar-se com a organização da terceira Internacional na União Soviética (1917). No entanto, os partidos socialistas do resto do mundo, descontentes com essas medidas bem como com a orientação do PC soviético,tem questionado essas posições, procurando desenvolver novas•formas de implantação e atuação do regime socialista Atualmente, o pensamento socialista encontra-.se 'bastante dividido no que se refere aos seus métodos de ação e proselitismo. Grosso modo, duas correntes se distinguem: o socialismo revolucionário, que pretende a industrialização da ditadura proletária, e o reformista, que defende a conquista do poder pela via parlamentar. Essa bifurcação tem possibilitado o desenvolvimento de um socialismo de tipo autoritário, vigente nos países da ~ Oriental, e de um outro, democrático, atuante em países do Ocidente europeu. Quer parecer que a revisão dos dogmas marxistas continua sendo uma questão vital para os destinos do socialismo estatal da forma imaginada por Karl MARX, o socialismo estatal é MODO DE PRODUÇÃO que substituirá O CAPITALISMO industrial, com maior probabilidade através de uma revolução dos trabalhadores, mas também mediante uma mudança evolutiva mais gradual. Socialismo os meios de produção são de propriedade dos capitalistas e por eles controlados. Eles empregam trabalhadores para produzir riqueza em troca de salário. Tudo isso é feito com apoio ativo do Estado, que depende do capitalismo para arrecadar recursos. Sob o socialismo estatal, no entanto. os meios de produção são de propriedade e controlados por um Estado democrático ou por organizações coletivas de trabalhadores (um "Estado de trabalhadores"), ambos os quais atuam diretamente em benefícios dos mesmos. Os objetivos do socialismo incluem destruir o sistema de classe desse modo pôr um ponto final na exploração, opressão e alienação dos trabalhadores, substituindo a cobiça e a motivação pelo lucro pela preocupação com o bem-estar coletivo; e usando esse interesse, e não o mercado, Como base para a tomada de decisões sobre produção e uso de recursos. Como resultado, a vida social será regulada democraticamente, de maneiras que ponham necessidades humanas em primeiro lugar e façam uso mais eficiente e eficaz dos recursos humanos e materiais.

Na prática" o socialismo funcionou de maneira muito diferente. O AUTORITARISMO e não a DEMOCRACIA tem sido a forma predominante do poder :político; O planejamento centralizado e ineficiente, fracassou de modo geral em atender as necessidades do povo; uma classe privilegiada de burocratas perpetuou o sistema de classe, embora com muito menos níveis de desigualdade que antes; e o conflito crônico (até recentemente) e a competição com as nações capitalistas mais ricas e mais poderosas têm drenado a atenção e os recursos desses países. Até certo ponto, isso foi resultado do fato de que nenhuma sociedade socialista cumpriu a precondição número um de Marx para o socialismo ser bem-sucedido quando faz a revolução:

uma bem desenvolvida sociedade capitalista industria que basicamente resolvesse o problema da produção. Em vez disso, virtualmente todos os países socialistas estavam pouco além do feudalismo agrário (como na Rússia e na China), ou haviam sido recentemente devastados pela guerra (como na Alemanha Oriental), ou ainda viviam em ambas as situações.

Uma vez que nenhuma sociedade capitalista avançada passou ainda por uma revolução socialista, resta ver se a alternativa do Estado socialista é viável.

terça-feira, 1 de junho de 2010

formulário para pequisa da eleição simulada (2º ano)

Centro educacional 06 – GAMA/DF


ELEIÇÃO SIMULADA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

PROF: DENYS F. DA COSTA

PESQUISA DE INDICADORES SOCIAIS

A) ESCOLA

1) O senhor(a) acha que a cidade do gama está bem sortida de escolas públicas?

( ) sim ( ) não

Obs:_________________________________________________________

2) A escola pública no Gama é de boa qualidade?

( ) sim ( ) não

Obs:_________________________________________________________

B) SAÚDE

3) A rede pública de saúde oferece um bom serviço a população do Gama?

( ) sim ( ) não

Obs: ________________________________________________________

4) Qual a nota que você daria para rede pública de saúde no Gama

(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)

C) SEGURANÇA

5) Você se sente seguro no Gama?

( ) sim ( ) não

Obs: _____________________________________________________________

6) A quantidade de delegacias e postos policiais são suficientes para dá segurança na cidade do Gama?

( ) sim ( ) não

Obs: _____________________________________________________________

D) TRABALHO

7) No Gama a oferta de trabalho é satisfatória?

( ) sim ( ) não

Obs: _____________________________________________________________

E) Lazer

8) No Gama, oferece boas opções de lazer a sua população?

( ) sim ( ) algumas ( ) nenhuma

9) O que falta no Gama para ter uma boa opção de lazer?

Obs:________________________________________________________________

F ) TRANSPORTE

10) O transporte público oferecido no gama é de boa qualidade?

( ) sim ( ) não

Obs: _____________________________________________________________

11) Qual a nota que você daria para o transporte público no Gama

(0) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)

G) GERAL

12 ) Você está satisfeito em morar no Gama?

( ) sim ( ) não

Obs: _____________________________________________________________

domingo, 23 de maio de 2010

ESTUDO DIRIGIDO 1º ANO TEMA (TER e SER)

CENTRO EDUCACIONAL Nº 06 GAMA


DISCIPLINA : FILOSOFIA
PROFº: DENYS F. DA COSTA
NOME: ____________________________________________________________________Nº____



ESTUDO DIRIGIDO 1º ANO TEMA (TER e SER)

1º PARTE: (1,0)




Julgue os itens abaixo e justifique as erradas.

A) Para Aristóteles o homem para ser virtuoso necessitava de possuir alguns bens espirituais e físicos.





B) Em várias épocas, com variadas ideologia, as religiões se recusavam em pregar a quem possuísse poucos bens materiais.





C) Algumas religiões não colocam o ter como prioridade.





D) O ter não para conseguir o ser.





E) O ter não tem compulsão pelo ter.





F) Um dos argumentos para se por em xeque a questão do ser é negar sua existência.





G) Um dos argumentos para se por em xeque a do ser é negar a sua existência.





PARTE 02:( 2,5)



1)Podemos Adquirir um TER de qualidade sem um SER equilibrado?

(5 linhas)



2)O texto observa que o homem só é feliz ,quando desenvolve toda sua potencialidade. Assim relacione essa afirmação com a questão temática do texto (TER & SER).



3) Leia o seguinte texto ; “ A ÁRVORE OCA” – PAG 15 DO TEXTO, e faça uma breve análise do mesmo (10 linhas)





4) Para poder-mos entender o ser ,é necessário estabelecer certos parâmetros, um deles é o termo ente. Assim faça uma pesquisa e defina o que é ente.



5) Na segunda hipótese de Aristóteles sobre a relação entre o ser e o ente, Há seguinte colocação: “... Perdeu-se então o aspectos sério do ser, pois a existência torna-se impensável...” Dentro do contexto, comete essa afirmação. ( 5 linhas)





6) Para Heidegger.”O ser jamais ,poderá ser pensado a partir do ente,menos ainda a partir do seu conceito”. Comente essa afirmação a partir do texto base. 6 linhas







7)Qual relação existe entre o ENTE E O SER? ( responda com argumentos em 7 linhas)









8)O que é diferença ontológica para Heidegger?




9) Heidegger ao fazer a análise do ente e do ser, faz uma argumentação baseado nos contrários como em Parmêminides.Assim cite essa argumentação e teça um comentário sobre ela. (8 linhas)

ESTUDO DIRGIDO 1º ANO (TER e SER) TEXTO BASE

TER E SER


TEXTO 01

Hoje, como no passado, a criatura humana sofre as mesmas necessidades, possui os mesmos conflitos, agasalha dentro de si as mesmas inquietações, diferenciadas, é lógico, pelas circunstâncias de tempo e de condicionamento de técnica.

Um dos mais constantes problemas que permeia o Espírito é a dificuldade de estabelecer uma relação harmoniosa entre o ter e o ser. Em diversas épocas da Humanidade formularam-se e discutiram-se teorias acerca da posse dos bens terrenos, sua necessidade para o Homem e sua moralidade perante as leis de Deus.

Aristóteles, o eminente filósofo grego da Antigüidade (384/322 a.C.), em sua obra Política, preceituava que o ser humano, para ser virtuoso, necessitava possuir alguns Bens, que seriam os do Espírito, do corpo e das coisas exteriores, sem os quais germens criminológicos poderiam levá-lo ao desequilíbrio.

A religião, em suas diversas épocas e tendências ideológicas, ora pregava que aqueles que possuíssem bens materiais não entrariam no Reino dos Céus e ainda queimariam no fogo do Inferno, fazendo apologia da escassez ou da miséria, na busca da realização pessoal; ora pregava que se reconheciam os escolhidos de Deus por serem bem sucedidos na vida sócio-econômica.

"A psicologia sociológica do passado recomendava a posse como forma de segurança. A felicidade era medida em razão dos haveres acumulados, e a tranqüilidade se apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente como ao futuro.

Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se como a grande meta a conquistar" 1

Mais recentemente, com a era tecnológica, apregoa-se a necessidade de possuir a maior quantidade possível de recursos materiais, tendo desde o essencial até ao supérfluo, sem se importar com a utilidade de tais aquisições, pois o importante é consumir e consumir.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, assevera que os bens terrenos são poderosos elementos do progresso do Espírito, proporcionando o progresso intelectual e por conseqüência o progresso moral.

A posse é, segundo a Doutrina Espírita, uma necessidade que atende objetivos próprios, que não são únicos e exclusivos. O Espiritismo, portanto, não coloca o ter como causa imediata da felicidade, e sim como um meio e instrumento para atingir tal intento, criando condições para o indivíduo se educar e transformar os sentimentos conflituosos em harmoniosos, renovando-se intimamente.

Quando o indivíduo se encontra em estágio de infância psicológica, sendo egocêntrico e ególatra, cria mecanismos escapistas da personalidade, desumanizando-se e passando a categoria de semideus, desvelando caprichos infantis, irresponsáveis, que se impõem, satisfazendo as frustrações.

Revertendo esse quadro através da educação, metodologia da convivência humana e situações em que a Vida impõe mudanças, estrutura-se uma consciência de ser, antes de ter; de ser, ao invés de poder; de ser, embora a preocupação de parecer.

Sendo assim, o ter é elemento para ser, desde que não se abuse dele tornando-o pernicioso e prejudicial ao Espírito. Aplicando tais recursos de maneira sensata e lúcida experimenta o júbilo da realização, a imensa alegria do serviço, exteriorizada no bem estar que proporciona. Adquirindo, a pouco e pouco, a consciência de si mesmo, que é a meta existencial, consegue discernir entre o ter e o ser, vibrando o auto-amor que desdobra a bondade, a compaixão, a ação benéfica em favor do próximo.

TEXTO 02

TER E SER

“Está escrito: Não é só de pão que vive o homem

(Lc 4,4)

Este é um tema bastante discutido nos dias de hoje. Muitos estão tentando “ser”, cansados do materialismo, e, nesta busca, freqüentam seminários, fazem retiros espirituais, lêem coleções de livros, praticam meditação, etc.

Outros, a grande maioria, com os corações ainda imbuídos da ambição insaciável, voltam-se, unicamente, para o “ter”. Colocam toda a sua energia em conseguirem postos e haveres que os realizem. E claro que, se vivemos num mundo material, precisamos de coisas materiais. O alimento, a saúde, o transporte, o lazer, a arte, deveriam seu um direito de todo e qualquer ser humano. Viver tranqüilo e com conforto é urna meta sadia de vida.

Entretanto, temos dois lados de uma moeda triste: aqueles que são privados de tudo ou quase tudo, pela má distribuição das riquezas, fruto de sistemas sociais injustos, e aqueles que desejam ter além do necessário. Que querem mais, sempre mais. Sofrem, provavelmente, de urna neurose compulsiva.

Não é preciso que se sinta culpa pelo desejo de ter. Como já afirmamos, esta é um aspiração natural e saudável no ser humano para que tenha urna vida agradável e feliz.

A necessidade de “ter” passa a ser uma doença, em nível pessoal, exatamente, quando se torna um objetivo em-si. Temos,



neste caso, uma neurose compulsiva ou obsessiva. E ela torna- se urna doença social, que, hoje, tomou conta do organismo coletivo, corno um câncer, quando as pessoas passam a ser valorizadas unicamente pelo que têm e toda a sociedade compele o indivíduo a -lutar, arduamente, pelo sucesso, como se a vida fosse uma maratona, em que todos almejam o primeiro lugar.

Este. tipo de atitude gera os mais graves desequilíbrios, tanto a nível pessoal, como social.

Depressões, estresse, doenças psicossomáticas, violência, miséria, mendicância, etc., são frutos desta triste filosofia.

E preciso que façamos uma reflexão séria: O que procura-trios nesta vida? Pelo que lutamos? A que aspira o nosso coração? E corno nos comportamos nesta luta terrena? Acreditamos que os fins justificam os meios? Mesmo que estes meios signifiquem mentir, fingir, magoar, bajular, desrespeitar as necessidades, os sentimentos e a privacidade do nosso próximo? Mesmo que estes meios criem a injustiça, a desigualdade, a miséria e a violência?

É claro que, se estamos aqui, ternos de nos preocupar com as questões terrenas e cotidianas! Temos de lutar com dignidade pela sobrevivência nossa e pela da humanidade. E natural que queiramos comida sobre a mesa, um teto decente sobre as nossas cabeças e mesmo conforto e beleza. Corno “nem só de pão vive o homem”, é natural que queiramos tempo livre para criar, pensar e gozar de toda a beleza da vida! Entretanto, o luxo, o acúmulo, o que nos sobra é o que falta a tantos... E, se a vida continua após a morte, o que levaremos conosco? O que acumulamos em bens materiais, ou aquilo que “somos”?...

Já vimos que o homem é um projeto inacabado. Até pelo lado físico, ele é o animal que nasce mais incapaz e que tem de conquistar sua independência, dia a dia. O bebê humano, se deixado à míngua, simplesmente morre. Isto significa que ele tem que se fazer: aí está a importância do “ser”.

Não importa acreditar ou não em Deus, ter ou não religião. Urna coisa, porém, é certa: o homem só é feliz quando se realiza, isto é, quando desenvolve tudo aquilo que nele existe em potencialidade: a capacidade ilimitada de amar, compreender, perdoar, acolher; a capacidade intelectual, que abrange, hoje sabemos, também, o desenvolvimento de “poderes”, antes tidos como extra-sensoriais; a capacidade de criar, de renovar, de conviver, etc. Enfim, quando ele desenvolve todas aquelas características que são nitidamente humanas.

Resumindo

— O homem vive num conflito entre o ter e o ser;

— O ter passa a ser urna doença, quando se torna compulsão;

— O homem só se realiza quando se toma plenamente humano.

O texto que se segue é bem útil para discussões sobre o tema. Procure entendê-lo e, depois, debatê-lo com a turma.

A árvore oca

Ela era uma árvore alta e imponente. Destacava-se em toda a floresta. As outras olhavam-na com inveja, imaginando-a bela e forte. Ela, porém, sentia-se, por vezes, cansada de tanto manter-se erguida... Olhava, não sem tristeza, as suas pequenas companheiras, lá por baixo, com seus galhos se enroscando e abrigando pequenos animais e viajantes cansados.

Um dia, uma tempestade horrível tomou conta da floresta. O vento uivava bravio, vergando os galhos flexíveis das peque nas árvores, e, por vezes, até seus próprios troncos. Todas pareciam empenhadas em uma dança louca e macabra. De repente, a grande árvore, que, a todos, parecia assistir impassível, parte-se e cai ao chão.

E logo que a chuva passa, todos se preocupam em assistir ao triste espetáculo: aquela árvore, tão linda e orgulhosa, estava, agora, sobre o chão, com seu tronco partido em dois, deixando visível urna dura realidade: era oca, completamente oca.

As pequenas árvores confabulam, estupefatas: “Ela que parecia tão forte e cheia de vida! ...Deus meu, como é possível?” Olham-na com pena, satisfeitas consigo mesmas. Depois, passam a discutir se devem abandoná-la e deixá-la morrer em paz ou se deverão protegê-la, pois, quem sabe, ainda haveria alguma seiva que a faria reviver? Lembram-se do desdém com que ela as olhava antes... E olham-na, de novo, ali, tão desvalida... Resolvem, então protegê-la.

Depois, um inverno rigoroso se abate sobre a floresta. A vida parecia ter abandonado a tudo e a todos...

Um belo dia, um sol radiante aparece. Pássaros cantando e voejando atarantados. Pequenos animais surgindo daqui e dali. As flores se abrindo... Os brotos rompendo a terra... Uma festa de cores e sons...

E eis que, como num passe de mágica, um tímido galhinho aparece naquele tronco mutilado. Todos olham fascinados. E a árvore que revive! E o eterno milagre da vida que se renova!

(Maria Luiza Silveira Teles)

TEXTO 03

JEAN-LLJC MARION

Por que colocar ainda e sempre a questão do ser? Não teríamos outras preocupações — não perder a vida, não ceder à infelicidade, não aumentar o sofrimento do mundo etc. — a priorizar? Se sabemos o que perguntam tais questões, ainda não sabemos muito bem respondê-las. Mas o que devemos fazer com o ser? Será que temos de nos fazer de filósofos a esse ponto (o que aqui não é nenhum elogio) para com isso nos preocupar?

O que incomoda, nessa negação, é que seu bom senso se contradiz imediatamente. Pois o ser, que não queremos que seja questão nem que dele se ouça falar, já tornou a palavra na nossa. Para dizer que ele não é a questão, já foi preciso dizer E para negar esse direito à questão, será preciso logo dizer por quê, portanto dizer o que é este ser — que é absurdo, não é nada, não é um verdadeiro ente. Em suma, terá sido preciso cometer a contradição performativa que Pascal identificava: para refutar o ser, é preciso definir o ser, mas, para defini-lo, já é preciso dizer é, logo pressupô-lo. A questão do ser se propõe por si mesma, queiramos ou não. O ser já é sempre presente.

Vai ser portanto dizer algo sobre ele. Ora, justamente, pode-se sempre dizer algo sobre ele, urna vez que qualquer coisa já é ainda que falte determinar seu nível de ser: pode se tratar do nada, da cópula (A é B), da existência colocada etc. Decerto, entre existir e não existir, entre a existência e a existência simples cópula, a diferença parece enorme. Entretanto, só podemos avaliá-la se admitirmos que tudo nela se deixa reduzir ao ser. Não apenas no céu das idéias, mas nas coisas no dia-a-dia. Pois de tudo o que me advém, devo, para simplesmente vê-lo (em tamanho, peso, cores, preço, utilidade etc.), acabar por reconduzi-lo ao que ele é perguntar se ele é, como é em que condições é. Devo portanto pensá-lo na medida em que em geral ele é, ou não. Aristóteles, primeira e definitivamente, estabeleceu que “existe uma ciência que estuda o que é enquanto é” — e não, como cada uma das outras ciências, enquanto é isto ou aquilo, de tal tipo ou tal domínio, de tal região ou tal época. Enquanto ele é ente. Pode-se dizê-lo em francês desde pelo menos Scipion Dupleix, trinta anos antes de O discurso do método de Descartes.

Uma vez realizada essa primeira redução, começam as dificuldades. Pois como conceber esse ente, o que l? Precisamente como o que tem de ser. Mas, uma vez mais, o que é ter de ser? Primeira hipótese: “O ente ou então a enticidade-a essência” (ousia, diz Aristóteles). Nesse caso, como propriedade que faz ser esse ou aquele ente, a essência permanece singular (a do animado, do homem, de tal indivíduo etc.); ela torna possíveis ciências regionais (matemática, física, psicologia, cosmologia etc.), mas nada ensina sobre o próprio ser, nem sobre o que ele significa universalmente. Logo, paradoxalmente, passar ao ente corresponde mais a fechar a questão do ser do que a abri-la.

Daí a segunda hipótese: superar cada ente particular para atingir o ser como tal, como o universal. A redução abstrai então o ser das diferenças entre o finito e o Infinito, o criado e o incriado, o acidental e o essencial, o movente e o eterno, o vivo e o inerte etc. No final, o que resta? O ente abstrato justamente, logo indeterminado, até mesmo confuso e vazio. Mas então, o que concebemos ainda? Precisamente, nada a não ser urna representação, pressuposta por todas as outras, mas sem peso real — não o ente, mas o conceito (objetivo) do ente. Esse resultado, tão inevitável quanto estranho, só autoriza por sua vez dois caminhos. Ou bem o ser reduzido ao conceito vazio do ente o define, no melhor dos casos, como uma identidade para si (A = \), uma não contradição racional, cm suma a possibilidade lógica (foi a posição dc Duns Scot e de Leibniz); perdeu-se então o aspecto sério do ser, pois a existência torna-se impensável. Ou então admitimos que o ente não leva a nada, ou antes ao nada, que ele se confunde com o nada; esta via radical e corajosa (a de Hegel e de Heidegger) reconhece pelo menos que o ser difere radicalmente do ente.

Esse duplo impasse pode suscitar urna rejeição brutal (por exemplo, Etienne Gilson): ser é ser realmente, segundo a existência pura e dura. É preciso então ousadamente inferir que só Deus é, até mesmo que Deus é o ser. Fácil dizer, difícil pensar. Pois, ou bem o ser convém a Deus — mas, já que por definição Deus deve permanecer incognoscível enquanto conceito, será preciso que o ser extravase a representação vazia do conceito objetivo de ente e assuma a condição de um “ato puro”, tão “profundamente desconhecido” quanto Deus (e Tomás de Aquino chegará até aí). Assim, pensado a partir de Deus, o ser torna-se incognoscível. Ou então o ente permanece compreensível em seu conceito e identificá-lo a Deus corresponde a pretender submeter Deus a um conceito, logo a blasfemar-lhe a transcendência. Aqui pouco importa que esse conceito sirva para provar a existência ou a “morte” de “Deus”, já que não se trata mais, em ambos os casos, senão de seu ídolo, submetido ao conceito metafísico que dele forjamos. Encerram-se assim ao mesmo tempo a questão do ser e a de Deus.

Uma via acaba de se fechar: o ser, jamais, poderá ser pensado a partir do ente, menos ainda a partir de seu conceito. Heidegger tematizou este princípio sob a expressão “diferença ontológica”. Só resta então pensar o ser sem consideração pelo ente, seguindo portanto um procedimento exatamente oposto ao da metafísica, que sempre acreditou alcançar o ser fixando o ente supremo, que cIcie ofereceria o mais nobre exemplar (segundo sua “constIuição onto-teo- lógica). O ser apenas, em via direta? O próprio Heidegger, no entanto, não teve sucesso nessa estréia. Por duas vezes teve de renunciar. Primeiro, no início, com Ser e tempo (1927), quando ainda se apoiava num ente privilegiado, o ser-aí (Dasein, que, é claro, nunca consegue se reunir ao ser como tal. Depois, no final, com Tempo e ser (1962), em que o ser se encontra (da mesma forma que () tempo) submetido a urna nova instância — o acontecimento (Ereignis — quando, de maneira não dissimulada, desaparece como tal. Assim, mesmo a reformulação radical e/a questão do Ser repetiria as aporias a que chegava a busca metafísica do ser do ente.

Deve-se a partir disso concluir o que Aristóteles anunciava do ser: “. ..Freqüentemente, agora e sempre buscado...”, ele continuaria “sempre faltando”? Aqui, no entanto, abre-se outra possibilidade: o ser poderia colocar urna questão cuja resposta se formularia sem ele ou diferentemente dele; talvez o nome da questão não bastasse para dizer a extensão da resposta. Pois se para todo ente ser significa que ele nos advém (e ele nos advém à nossa revelia incessantemente), o que quer dizer por sua vez todo este advir? Com que direito o ente nos advém? Com o direito que tem o dado de se dar a partir de si. Ou seja, de se dar apenas de si: não a partir das condições que fixaríamos para sua fenomenalidade, mas de sua própria autoridade, surgindo através da presença como um presente e um dom, freqüentemente sem causa nem previsão, sem rima nem razão, até mesmo às vezes do próprio seio do impossível, sem espera nem retorno nem preço, em suma, como um puro dado. O que é o é à proporção que advém segundo seu fato consumado, sobre o modo do que se dá. Esse dado desdobra-se segundo sua doação, que não provém de nenhuma instância transcendente, mas de sua iniciativa imanente. A questão pode muito bem ainda ser dita “Ser ou não ser”, mas a resposta é decidida conforme o dado se dê ou não.



Martin Heidegger ou a Mascara do ente

“Por que existe algo em vez de nada?”, interrogava-se Leibniz, substituído três séculos mais tarde por Heidegger. Questão primordial que o filósofo vai modelar assim como um poeta trabalha a língua. Qualquer explicação que pudéssemos formular quanto ao assunto pressupõe que admitimos a existência de algo, que Heidegger designa como o ente — pois como conceber que não exista nada? E no entanto essa interrogação não pode ser jogada fora impunemente. Ela é fundamental, pois nos reconduz ao fundamento das coisas e nos coloca numa situação propriamente filosófica, a do espanto diante do mundo. “Por que o ente é arrancado à possibilidade do não ser? Por que não recai nela por si mesmo e a todo momento? Por que o ente é? Com essa questão, colocamo-nos no ente de modo que ele perca sua evidência banal como ente.”1

Tentemos fazer a experiência. O pedaço de giz branco que tenho na mão é uma coisa de forma e comprimento determinados e de certa cor. Mas ele poderia ser azul e mais comprido. Poderia igualmente não se achar na minha mão neste momento. Poderia até simplesmente não existir. E essa possibilidade que ‘põe a descoberto o ente em sua vacilação entre ser e não-ser”. Logo o giz, como todo ente, (IOVC seu ser ao ser. “O ente e seu ser, são a mesma coisa? O que é o ente, por exemplo, neste pedaço de giz? O ente significa primeiro o que é sendo, em cada caso; aqui, esta massa de um cinzento esbranquiçado, de forma determinante leve, quebradiça. Podemos, além disso, facilmente compreender que aquilo de que falamos pode também não ser, que no fim das contas este giz não tem que ser aqui, nem que ser em geral. O que é então, diferentemente do que pode caber no ser ou recair no não-ser o que é então, diferentemente do ente, o ser?1

“Nem sobre o ente, nem dentro do ente, nem onde quer que seja, não podemos apreender o ser do ente diretamente. Onde se esconde então o ser? De qualquer modo é preciso que algo desse gênero pertença ao giz, já que ele mesmo, este giz, é.”1 Há, portanto, certamente uma distinção fundamental entre o ente como coisa que é, dotada de um conjunto de determinações, e o que acontece a este ente, o acontecimento que lhe concerne: o fato de que ele está sendo. Pois é um “acontecimento” que a coisa vive, mesmo que ele não nos cause espanto de imediato. E ai reside a grande dificuldade. O ser como processo em ação no âmago das coisas é dissimulado na presença imponente das próprias coisas. Da mesma for- rua, podemos dizer também que o Ser é “dom” de todas as coisas, mas “um dar que dá apenas sua doação, mas que se dando assim, no entanto se retém e se subtrai”.

ESTUDO DIRGIDO 1º ANO (AMOR)

CENTRO EDUCACIONAL Nº 06 GAMA
DISCIPLINA : FILOSOFIA
PROFº: DENYS F. DA COSTA
NOME: ____________________________________________________________________Nº____
ESTUDO DIRIGIDO 1º ANO TEMA (AMOR)
ESTUDO DIRIGIDO: TEXTO - AMOR




PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

1º SÉRIES



1º PARTE: (1,5)



Julgue os itens abaixo e justifique as erradas.





A)( ) Para Roland Barthes, o amor é antes de tudo uma exceção nas emoções humanas



B)( ) Para Espinosa o amor é alegria



C)( ) Para alguns autores , o amor tem um caráter pessimista



D)( ) Paixão pode ser considerada a irmã do amor



E)( ) O amor só é compreendido de forma racional



F)( ) O amor é naturalmente construído.



G)( ) A representação mitológica do amor é a Deusa Afrodite

H)( ) Para amar outro ser, não é necessário amar a si próprio.



I)( ) Para Espinosa o Amor é algo sofrível.



J)( ) O amor está relacionado ao sentimento de posse.

K)( ) Para amar outro ser, não é necessário amar a si próprio.



L)( ) Não existe diferença entre o amor e a paixão.



M)( ) Só existe uma forma de se amar corretamente. Platonicamente.



N)( ) A amizade não pode ser considerada uma forma de amor.



O)( ) Solidariedade,compaixão são as formas mais pura de se amar.



P)( ) A amizade é uma forma pura de amar.



PARTE 02:( 1,5) SUBJETIVA



OBS: EM MÉDIA 6 LINHAS POR QUESTÃO.



A partir da leitura do texto base responda as questões a seguir:



1) Porque a razão atrapalha o discernimento sobre o amor?



2) O amor, vai além do se significado básico, ele é salvador para o homem, com ele o homem escapa do isolamento social. Dentro do contexto do texto comente a afirmação acima.





3) Diferencie o macrocosmo e microcosmo do amor.





4) O amor platônico é válido?





5) Como a ascensão da mulher na vida moderna desequilibrou a pseuda relação de equilíbrio ela os homens sobre o amor?



6) Como os gregos explicam o amor?



7) Como Platão explica a relação de Eros o amor?





8) Leia a definição de Espinosa e teça um comentário.” O amor é uma alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.”



9) Leia o texto de Érich Fromm e faça um comentário.





10) Após ler todos dos textos da apostila, elabore um pequeno texto,dando sua opinião sobre o que é amor.





OBS: ENTREGAR EM FOLHA ANEXA

TRABALHO BIMESTRAL 1º ANO (AMOR) TEXTO BASE

AMOR


Roland Barthes já observava: o amor é um assunto mais obsceno, para nossos contemporâneos, do que o sexo. Mais incômodo. Mais íntimo. Mais difícil de dizer, de mostrar, de pensar. Digamos que a sexualidade tornou-se uma espécie de regra, à qual não há como não se submeter, O amor seria antes uma exceção. A sexualidade faz parte de nossa saúde, O amor seria antes urna doença, em todo caso um distúrbio. A sexualidade é urna força. O amor seria antes uma fraqueza, urna fragilidade, uma ferida. A sexualidade é urna evidência; o amor, um problema ou um mistério. Pode-se duvidar, inclusive, de sua existência ou, no mínimo, de sua verdade: e se fosse apenas um sonho, urna ilusão, uma mentira? Se por toda parte existisse apenas o sexo e o egoísmo? Se todo O lesto não passasse de literatura? Se o amor só existisse, como já o sugeria La Rochefoucauld, na medida cm que falássemos dele?

Isso, no entanto, não seria nada, já que dele falamos, com efeito, já que dele falamos sem parar. E já que o egoísmo é um amor ainda — é o amor de si —, cuja existência e força não podemos contestar muito. Se não nos amássemos a nós mesmos, como poderíamos nos preferir, como é claro que fazemos quase sempre, e por que desejaríamos ser amados?

E depois há os filhos: se não os amássemos, teríamos medo a esse ponto?

E depois há os amigos: mesmo que não os amássemos senão para nós, o que é corri efeito concebível, ainda assim seriam mais preciosos a nossos olhos do que nossos inimigos, que detestamos, ou que aqueles, inumeráveis, que nos são indiferentes. É preciso, pois, que o amor não seja nada, já que introduz pelo menos, em nossas relações, esta diferença: entre aqueles que nos são caros, corno se diz, e aqueles que nada são para nós.

E depois há todos aqueles amores que nos estorvam, cuja existência não podemos por isso contestar: o amor ao dinheiro, ao poder, à glória...

E depois aqueles que nos regozijam: o amor à boa mesa, ao prazer, à vida... Que valeria o sexo, inclusive, se não o amássemos?

Podem dizer que se trata de amores muito diferentes, que não podemos colocar no mesmo plano o amor que temos por um objeto (por urna iguaria ou um vinho, por exemplo) e aquele que sentem por um sujeito, que somente ele seria amor verdadeiramente... Talvez. Mas, enfim, só podemos distinguidos se primeiro os compararmos. E, além disso, a linguagem me dá razão, na maioria das línguas: “O amante, dizia Platão, ama a criança como um prato de que se quer saciar, ou como o lobo ama o cordeiro...” E Nietzsche, para zombar do amor pelo próximo: “Como a águia não gostaria do cordeiro, de carne tão prazerosa?”.

Torno o amor em sua extensão máxima, e tenra entender o que ele é. Amo o vinho e a cerveja, Mozart e Vernier, as mulheres e esta mulher... O que há de comum entre esses diferentes amores? Um certo prazer que dele espero ou que nele encontro, urna certa alegria, até mesmo, por vezes, como uma felicidade possível. Amar é poder desfrutar ou regozijar-se de algo ou de alguém. É, portanto também poder sofrer, já que prazer e alegria dependem aqui, por definição, de um objeto exterior, que pode estar presente ou ausente, dar-se ou recusar-se... “Em relação a um objeto que não é amado, escreve Espinosa, nenhuma querela nascerá; não sentiremos tristeza se vier a perecer, nem ciúme se cair em mãos de outro, nem temor, nem ódio, nem perturbação da alma...” Estamos longe disso, e basta dizer que o amor nos prende como a ele nos prendemos. Se nada amássemos, nem nós mesmos, nossa vida seria mais tranqüila do que é. Mas é que também já estaríamos mortos.

Não se pode viver sem amor, explica Espinosa, já que é o amor que faz viver: “Em razão da fragilidade de nossa natureza, sem algo de que gozemos, a que estejamos unidos e por que sejamos fortalecidos, não poderíamos existir.” O amor é uma potência — potência de gozar e de regozijar-se — mas limitada.

Por isso ele marca também nossa fraqueza, nossa fragilidade, nossa finitude. Poder gozar e poder sofrer caminham juntos, como a alegria e a tristeza, e é o que significa o amor: que estamos fadados à instabilidade, à esperança e ao temor, ao gozo e à falta, enfim ao trágico e à insatisfação.

Uma saída? Seria preciso amar apenas a Deus ou a tudo, o que dá no mesmo, e é o que Espinosa chama a sabedoria. Mas quem é capaz disso?

O que é o amor? Espinosa dá esta bela definição: “O amor é uma alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.” Amar é regozijar-se de. Mas, e se a causa faltar? Resta, então, apenas a mágoa ou a falta.

É onde se pode pensar a relação entre duas definições do amor, que dominam toda a história da filosofia. Há a de Espinosa, que já era, no essencial, a de Aristóteles: “Amar, dizia este último, é regozijar-se.” E há em seguida a de Platão, que parece dizer bem o contrário, O amor, para Platão, não é primeiramente urna alegria. O amor é falta, frustração, sofrimento: “O que não temos, o que não somos, o que nos falta, eis os objetos cio desejo e cio amor.” São dois amores diferentes, que os gregos designavam por duas palavras diferentes: phllia, para a alegria de amar, e eros, para a falta. A amizade, se quisermos, e a paixão (a falta insaciável do outro). Seria errado entretanto opô-las de modo demasiado estrito, demasiado simples. A maioria de nossas histórias de amor mistura ambos os sentimentos, e no fundo é feliz: já que estamos fadados à falta, pela finitude, e já que apenas a alegria nos conforta ou nos preenche... O sexo, por exemplo, pode ser vivido tanto na falta quanto na alegria, e até, quando tudo vai mais ou menos bem, não cessa de nos acompanhar desta àquela, daquela a esta, é nisso que ele se assemelha a nós ou se assemelha ao amor, é nisso que nos assemelhamos a ele quando amamos...

A falta e a alegria, eras e philia, não são menos diferentes um do outro. Eras é primeiro, claro, já que a falta é primeira: vejam o recém-nascido que busca o seio, que chora quando lho retiram... É o amor que toma, o amor que quer possuir e guardar, o amor egoísta, o amor passional; e toda paixão devora. Te amo: te quero. Corno este amor seria feliz? É preciso amar o que não temos, e sofrer com essa falta; ou então ter o que não falta mais (já que o ternos) e que por isso amamos cada vez menos (já que só sabemos amar o que falta). Sofrimento da paixão, tédio dos casais. Ou então é preciso amar de outra maneira: não mais na falta mas na alegria, não mais na paixão mas na ação — não mais em Platão mas em Espinosa. Te amo: sinto-me feliz porque existes. Todo casal feliz, e apesar de tudo existem alguns, é uma refutação do platonismo.

Eros é a falta e a paixão amorosa: é o amor que prende ou quer prender. Philia é a potência e a alegria duplicadas pelas do outro: é o amor que se regozija e compartilha.

Olhem a mãe e o filho. O filho torna o seio: é eros, o amor que toma, é a própria vida. E a mãe dá o seio: é philia, o amor que dá, graças ao qual tudo continua e muda. Pois a mãe foi primeiro um filho: como todos, começou tomando. Mas aprendeu a dar, pelo menos a seus filhos, e é o que se chama um adulto. No início existe apenas Eros (há apenas o isso, como diz Freud), e talvez disso não escapemos: cada um começa tomando e não pára nunca. Mas, enfim, trata-se de aprender a dar, ao menos um pouco, ao menos as vezes, ao menos àqueles que amamos, àqueles que nos fazem bem ou nos regozijam...

Ë ainda egoísmo? Pode ser, e por que não? Como poderíamos amar o que quer que seja se não amássemos a nós mesmos? Não se sai cio princípio de prazer: trata—se sempre de gozar o máximo possível, de sofrer o menos possível ... Não é a mesma coisa, no entanto, gozar apenas do que se toma, ou então saber gozar, às vezes, do que se dá ou se compartilha...

Dar sem tomar? Regozijar-se sem querer possuir nem guardar? Seria philia liberada de eras, seria o amor liberado do eu, a alegria liberada da falta, e foi o que os primeiros cristãos — quando foi preciso traduzir para o grego a mensagem do Cristo — chamaram agapè, que pode ser traduzido indiferentemente por amor ou caridade. l o amor liberado do eu, e por isso sem fronteira, sem margem, sem limite... Que dele sejamos capazes, duvido muito. Mas, enfim, isso indica pelo menos uma direção, que é a do amor: o amor não é o contrário do egoísmo; é seu efeito, sua foz — como um rio se lança no mar

—, enfim seu remédio ou, como diria Espinosa, sua salvação.

Vais passar toda tua vida a buscar um seio, ou a querer guardá-lo, ou a dele sentir saudades, quando há um mundo inteiro a ser amado?

Nunca se ama demais. Ama-se mal e mesquinhamente.

TEXTO 02:
A NECESSIDADE DO AMOR

Ao tomar conhecimento de si mesmo como ser capaz de consciência e liberdade, o homem percebeu sua diferença em relação ao restante dos seres vivos. Passou a sentir a solidão que acompanha a individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro. Veja como Erich Fromm descreve esse estado:

“O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio o curto período do vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua Impotência ante as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se do uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior.”

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo homem para vencer o isolamento e escapar da loucura. Sem ele, o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros. Não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças , a miséria do povo, a poluição e a destruição do planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença; resta a escuridão do individualismo, do ser incapaz de relação
O QUE É O AMOR

Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Quando apaixonada, julgam estar amando. O amor , porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente,é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver , que se conquista gradualmente,à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. È capacidade de descentrar-se, sair de si e ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito.

Ser amoroso é uma característica da personalidade e pressupõe toda uma vivência desde o seio materno.

Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem.

O amor é uma força de aproximação, união, envolvimento e responsabilidade. Ela dinamiza a vida que existe nas pessoas. Derruba fronteiras, estabelece contatos,partilha.

A capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora,das águas e do ar.

No amor há percepção da inter-ralação universal,da fraternidade humana e cósmica.

FORMAS DE AMOR

O amor é uma vivência que se manifesta de várias maneiras: amor materno, amor paterno, amor pela pátria, amor a si mesmo, amor erótico, amor a Deus, amizade, amor pela natureza, etc. Aqui nos limitaremos a fazer considerações sobre o amor erótico e a amizade.



AMOR ERÓTICO

Quando se fala em amor, pensa-se logo no amor erótico, porque essa forma de amar envolve o desejo, a busca e desenvolvimento a dois.

Do ponto de vista biológico, o amor erótico consiste na relação sexual e na procriação. A energia biológica manisfesta-se psicologicamente em erotismo e exprime-se como busca de unidade, totalidade e comunicação.

E o que é erotismo?É a transformação da energia sexual, biológica, em energia psíquica, ampliando consideravelmente a sexualidade. O homem é ao mesmo tempo corpo e psiquismo. As solicitações do corpo expressam-se também de maneira psíquica, produzindo um progressivo desdobramento da sexualidade, que passa a manifestar em vivência que aparentemente nada têm a ver com ela, como na arte, na ciência, no trabalho, na política e no envolvimento prazeroso com as pessoas e como mundo.

O amor erótico é muito forte,porque pressupõe o retorno do sentimento vivido: é um dar e receber que se manifesta no prazer da convivência com o outro tanto no plano físico quando no psicológico.

Essa forma de amor quer exclusividade,porque os amantes pretendem ser únicos um para o outro, e quer reciprocidade,pois buscam alimentar um no outro o amor que sentem.

A AMIZADE.

A amizade é a forma mais abrangente do amor. É um apelo e uma resposta existencial. Este apelo vai do meu eu ao outro a mim, numa dialética de cumplicidade que compreende sem palavras o que vai no coração de cada um. Os amigos partilham a vida com suas angústia e alegrias, que assinalam a condição humana.

A empatia é a forma de comunicação que mais caracteriza a amizade. Colocar-se no lugar do outro minimiza os conflitos, os impulsos agressivos, apara aresta, pois na amizade a compreensão é maior que as exigências, as cobranças e as críticas.

O amor em forma de amizade deveria impregnar todas as relações e estender-se à humanidade como um todo porque os amigos se aceitam em suas limitações.

Esse amor possibilita a solidariedade e a compaixão, buscando o desenvolvimento integral do homem, sua libertação, sua autonomia. É próprio desse amor não haver denominador nem dominado. Sua principal característica é o compromisso como o outro e , por solidarizar-se com o outro, essa forma de amor possui uma conotação política: não permite a segregação e a discriminação por raça, cor , sexo credo, nacionalidade. É movida pelo desejo da justiça, igualdade de oportunidades e efetivação da dignidade humana: ama a todos sem exclusividade.


A fraternidade constituiu-se historicamente em um ideal revolucionário ao visar à justiça e à liberdade. É temida por aqueles que fazem da exploração e da alienação os meios de manutenção de seus privilégios. Por isso, a amizade não representa um valor na sociedade neoliberal. Por sua vez, o amor erótico é empobrecido ao se limitado somente ao ato e aos órgãos sexuais.

São raras as pessoas que percebem a existência dessa dominação subliminar. Percebe-la implica o desenvolvimento do espírito, a educação para a cidadania.

O MACROCOSMO DO AMOR – A SOCIEDADE.



A sociedade neoliberal permite que a indústria da diversão e a propaganda explorem o amor erótico.


O sexo, por seu potencial de sedução, tornou-se um produto de mercado. È um instrumento como qual se tenta manipular o desejo sexual a objetos neutros, procurando erotizá-los. Por exemplo: a imagem de um mulher atraente à de uma automóvel. Ao faze-lo, mostra o produto como necessário. Por esse método, as pessoas são induzidas a perder o contato com suas necessidades reais: desejam aquilo que interessa ao mercado vender. Assim, a mídia empenha-se em exercer um poder sobre o próprio ato de desejar, contribuindo para o surgimento do homem hedonista, consumido e acrítico.

A sociedade neoliberal investe no amor erótico,porque nele encontra excelente meio de atingir seu objetivo: vender. A amizade e negligenciada e até mesmo desprezada nesse tipo sociedade. Os ideais comunitários desse amor chocam-se com o individualismo consumista, despreocupado das questões sociais.
O PROBLEMA DO RÓTULO
O rótulo é outra dificuldade na convivência humana e afeta as relações homem-mulher.

Os produtos industriais e comerciais são conhecidos por seus respectivos rótulos. Ora, “rotular uma pessoa”é vê-la sempre sob um único aspecto: Maria é bonita(não se percebem nela outras qualidades?); José é dominador ( não terá qualidades que se compensem esse defeito?; Luisa é superficial ( por que o é)...

O rótulo é uma forma de opressão que torna previsível e monótona a relação a dois, impedindo, com isso, a espontaneidade e as possibilidade de crescimento pessoal.

O processo de rotular ocorrer de forma inconsciente, e a pessoa rotulada tende, também de modo inconsciente, a incorporar o rótulo, inibindo, assim, suas potencialidades.

Superar esse processo constitui o princípio do autoconhecimento, que devolve à pessoa a liberdade de ser ela mesma..
O MICROCOSMO DO AMOR A RELAÇÃO HOMEM-MULHER

O AMOR É SUPLEMENTAR
Em tudo o que se observa na natureza, pecebe-se forças de atração e repulsão. No átomo, por exemplo, a força de atração o mantém em permanente movimento em direção a outro átomo, na busca eterna de novas combinações moleculares.

Nas plantas,, a força atrativa explode nas cores e perfumes das flores, preparando-se para a geração dos frutos e sementes.

Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva; no homem ela se transforma em erotismo. Um exemplo notável dessa transformação encontra-se no filme A guerra do fogo. Em determinado momento, o hominídeo, que tomava sua fêmea em um ritual ainda animal, é surpreendido por ela: ao girar sobre si mesma, coloca-se numa nova posição, face com seu parceiro, fitando-o nos olhos. No filme, esse gesto simboliza o primeiro passo para a humanização da relação homem-mulher. Representa a abandono da genialidade, do puro instinto, e a conquista da sexualidade erótica., do puro instinto, e a conquista da sexualidade. A mulher, com esse gesto, posiciona-se como iguala ao homem, são parceiro, companheiros que se que se enriquecem no convívio mútuo; igualdade humana e diferença de sexo.

A beleza da relação homem-mulher está no encontro de seres autônomos e independentes. Muitos homens e mulheres, em função de sua imaturidade, criam relação de dependência e necessidade que fragilizam a união. Um procura no outro e que lhe falta ou o que gostaria de ser, em lugar de desenvolver ao máximo suas próprias potencialidades.

Homens e mulheres ficam exigentes uns com os outros querem dos companheiros novos papéis e modos de ser, aos quais ainda não estão adaptados culturalmente. Por exemplo: a mulher espera que o homem seja ao mesmo tempo provedor, amigo, amante, que seja sensível, termo como ela e com os filhos, bem-sucedido e agressivo na luta pela vida, pela vida, o homem, por sua vez, espera que a mulher divida com ele as responsabilidades econômicas da família, ao mesmo tempo que sonha com uma parceria disponível, submissa, amante fogosa e esposa recatada.

A ascensão da mulher com ser autônomo confundiu o homem , provocando insegurança na identidade masculina: estaca acostumado ao poder e à hegemonia, e de repente è solicitado a dividi-los com a mulher. Esta, por sua vez, acostumada à submissão, agora é obrigada a competir na sua luta por sua sobrevivência.



Texto 03

O mito de Eros



As lendas gregas, por serem transmitidas oralmente, sofreram inúmeros modificações , de que resultou variação muito grande de interpretações e sentidos. Às vezes,uma figura mítica aparece em várias versões, sempre ricas mítica aparece em várias versões, sempre ricas de significados. Na Teoogonia de Hesíodo, as entidades que saem do seio de caos – vazio da desorganização incial-surgem por segregação, por separação. Quando nasce Eros, o amor, essa força de natureza espiritual preside a partir daí a coesão, a ordem do Universo nascente.

Mais tarde, no ciclo dos mitos olipianos Eros ( Cupido, para os romanos) é filho de Afrodite e Ares, representado por uma criança transversa que flecha os corações para torna-los apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixona por Psique ( Alma), Afrotide, invejosa da beleza de Psique, afasta-a do filho e a submete às mais difíceis provas e sofrimento, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a tristeza, até que Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se uma novamente.

Entre os filósofos gregos persiste essa imagem mística do amor. Os pré-socráticos Parmênides e Empédocles se referem ao princípio do amor e do ódio que persiste à combinação dos elementos entre si formarem os diversos corpos físicos. No diálogo de Platão O banquete, os convivas discursam sobre o Amor.Um dos oradores , Aristófanes, o melhor comediógrafo da época , relata omito segundo o qual, no inicio os seres erma duplo e esféricos , e os sexos eram três ,: um constituído por duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e outra era andrógino, metade masculina e femininas. Como ousassem desafiar os deuses, Zeus cortou-os em dois para enfraquece-las. Cada um tornou-se então um ser fendido, e o amor recíproco se origina da tentativa de restauração da unidade primitiva. Como os seres inicias não eram apenas bissexuais , é valorizado o amor entre seres do mesmo sexo, sobretudo o masculino, como forma possível desse encontro. O mito significa também o anseio humano por uma totalidade do ser, representando o processo de aperfeiçoamento do próprio eu.

Sócrates, o últimos dos oradores do referido diálogo, começa dizendo que Eros representa um anelo de qualquer coisa que não se tem e se deseja ter, Usa-se para ilustrar sua afirmação: Eros nasceu de Poros (expediente ou engenho) e de Pénia ( Pobreza) e aos pais deve a inquietude de procurar sair da situação de penúria e por meio de expediente, alcançar o eu deseja: é a oscilação eterna entre o possuir e o não- possuir. Segundo Sócrates, O amor é o desejo , em primeiro lugar de alguma coisa; em segundo, só de coisas que estejam faltando. O amor é capaz de desabrochar e de viver , morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar rico ou pobre.

A partir dessa discussão, pela boca de Sócrates, Platão explica a relação entre Eros e a filosofia. Assim como os deuses não filosofam nem aprendem, por já possuírem a sabedoria, os tolos e os ignorantes não aspiram adquirir conhecimento, porque, embora nada saibam, julgam saber. O filósofo ocupam o lugar intermediário entre a sabedoria e a ignorância.

Dessa forma, Platão não reduz a busca apenas à procura da outra metade do nosso ser que nos completa. Para ele, Eros é ânsia de ajudar o eu autêntico e a se realizar,na medida em que a vontade humana tende para o Bem e para o belo, quando subordina a beleza espiritual e desliga-se da paixão por determinado indivíduo u atividade, ocupando-se com a pura contemplação da beleza.

È importante observar que essa concepção deve ser compreendida de acordo com a relação corpo-alma,segundo a qual subordina Eros a Logos, ou seja subjuga as paixões à razão.



AMOR E PERDA

O risco do amor é a separação, Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Segundo o psicanalista austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital: a morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro. Por exemplo, quando deixamos de amar ou não mais somos amados , ou , ainda se a circunstancias nos obrigam à separação, mesmo quando o amor recíproco permanece.

Se a perda é sentida de forma intensa, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, porque, mesmo quando conseguiu manter a individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo ser do outro. Há um período de “luto” a ser superado após a separação, quando então , é buscado novo equilíbrio. Uma característica dos indivíduos maduros é saber integrar a possibilidade da morte no cotidiano da sua vida.

Como se vê , ao falarmos em morte, não nos referimos apenas ao sentido literal da palavra, mais às diversas”mortes” ou perdas que permeiam nossas vidas. Mesmo nas relações duradouras, as pessoas mudam, e a modificação do tipo de relação significa consequentemente a perda da forma antiga de expressão do amor.

Nas sociedades massificadas, porém, em que o eu não é suficiente forte, as pessoas preferem não viver a experiências amorosas para não ter de viver com a morte. Talvez por isso as relações tendam a se tornar superficiais, e é nesse sentido que o pensador francês Edgar Morin afirma: Nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte e fúria de viver quer dizer viver a dificuldade”.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

CRITICISMO KANTIANO

O criticismo kantiano

       Influenciado pela leitura de Hume. em especial pelas criticas que este faz ao dogmatismo racionalista. Kant (1724-1804) tenta encontrar uma solução que supere a dicotomia representada pelo ceticismo empírico e pelo racionalismo,

    Tendo como pressuposto o ideal iluminista da razão autônoma capaz de construir conhecimento, Kant vê a necessidade de proceder à análise crítica da própria razão como meio de estabelecer seus limites e suas possibilidades. Podemos sintetizar o problema kantiano na seguinte pergunta: é possível conhecer o ser em si. o supra- sensível ou metafísico através de procedimentos rigorosos da razão? Por seres metafísicos ele entende Deus, a liberdade e a imortalidade.

      O primeiro passo para obter a resposta é fazer a critica da razão pura. Em suas palavras,a critica é útil “convite feito á razão para empreender de novo a mais difícil das tarefas, o conhecimento de si mesma, e para instituir um tribunal que a garanta nas suas pretensões legítimas e que possa, em contrapartida, condenar todas as usurpações sem fundamento”.

     Para empreender essa tarefa. Kant propõe o” método transcendental”, método analítico com o qual empreenderá a decomposição e o exame das condições de conhecimento e dos fundamentos da ciência e da experiência em geral.

    Feita a reflexão critica, chega a conclusão de que há duas fontes de conhecimento: a .sensibilidade. que nos da os objetos. e o entendimento, que pensa esses objetos. Só pela conjugação das duas fontes é possível ter a experiência do real.

    E a partir desses dados que Kant faz a revolução na teoria do conhecimento: em vez de admitir que nosso conhecimento se régua pelo objeto. inverte a hipótese: são os objetos que devem regular-se pelo nosso modo de conhecer. O sujeito çognoscente tem formas (ou modos próprios) a partir das quais recebe os objetos

    As formas ou conceitos a priori (anteriores a experiência) são as condições universais e necessárias para o aparecimento de qualquer coisa a percepção humana e para que esse aparecimento se tome progressiva- mente mais inteligível ao entendimento. Assim, as formas são constitutivas de toda nossa experiência de mundo. de todo nosso conhecimento. Isto quer dizer que não somos tolhas em branco, sobre as quais os objetos deixam suas impressões. mas, como sujeitos do conhecimento, ajudamos a construí-lo.

     colaboramos com nosso modo de perceber e entender o mundo.Como conseqüência.só conhecemos os fenômenos enquanto se relacionam a nos, sujeitos. e não a realidade em si. tal qual é. independentemente da relação de conhecimento.

As formas a priori dividem-se em:

• formas a priori da sensibilidade — espaço e tempo:

• formas a priori do entendimento puro

— formas relacionais como causa e efeito. substância e atributo.

     Exemplificando: a nossa percepção dos objetos sensíveis sempre os relaciona a um espaço, isto é, esses objetos se posicionam mais para frente ou mais para trás, mais ao alto ou mais abaixo, à direita ou à esquerda de outros objetos que tomamos como referência. Também classificamos essa percepção como anterior, posterior ou simultânea a outras. Essa atividade relacional só é possível através das formas a priori da sensibilidade. Do mesmo modo, relacionamos algumas percepções sucessivas como pertencendo a categoria de causa e efeito.

      A experiência, portanto, é uma unidade sintética, ou seja, não é só a combinação de matéria (“aquilo que no fenômeno corresponde a sensação”) e forma (‘aquilo que faz com que a diversidade do fenômeno seja ordenada na intuição, através de certas relações’). mas. também, a combinação das formas da intuição e do entendimento e suas relações funcionais.

       Com isso. Kant conclui pela impossibilidade do conhecimento através do uso puramente especulativo da razão. A razão especulativa, entretanto, embora não possa conhecer o ser em si, abstrato, que não se oferece à experiência e aos sentidos. pode pensá-lo e coloca problemas que SI) serão resolvidos no âmbito da razão pratica. Isto e, no campo da ação e da moral. Ou seja. embora Deus,a liberdade e a imortalidade não possam ser conhecidos (agnosticismo) por não terem uma matéria que se ofereça à experiência sensível, nem por isso têm sua existência negada. Se o conhecimento não nos leva ate eles, devemos encontrar uma outra via de acesso, uma vez que a liberdade, por exemplo, é o fundamento da vida moral.

1. A herança iluminista

       Esse impulso crítico nascido com a Ilustração, cujos principais representantes, na França. Foram Diderot e Voltaire e. Na Alemanha. Kant, não se esgotou com ela.

       Devemos, neste ponto, diferenciar o conceito de Ilustração e iluminismo. Dá-se o nome de Ilustração às idéias que floresceram no século XVIII defesa da ciência e da racionalidade critica contra a fé. a superstição e o dogma religioso: defesa das liberdades individuais e dos direitos do cidadão contra o autoritarismo e o abuso do poder. e cujo principal representante foi Kant. O Iluminismo. considerado como tendência intelectual não-limitada a nenhuma época, combate o mito e o poder a partir da razão.

       Entendido dessa forma. o lluminismo apresenta-se como processo que coloca a razão sempre a serviço da critica do presente. de suas estruturas e realizações históricas.

        Segundo o filósofo brasileiro Rouanet.”a Ilustração foi, apesar de tudo, a proposta mais generosa de emancipação jamais oferecida ao gênero humano. Ela acenou ao homem com a possibilidade de construir racionalmente o seu destino, livre da tirania e da superstição. Propôs ideais de paz e tolerância, que até hoje não se realizaram. Mostrou o caminho para que nos libertássemos do reino da necessidade, através do desenvolvimento das forças produtivas. Seu ideal de ciência era o de um saber posto a ,serviço do homem, e não o de um saber cego. seguindo uma lógica desvinculada de fins humanos. Sua moral era livre e visava uma liberdade concreta, valorizando, como nenhum outro período, a vida das paixões e pregando uma ordem em que o cidadão não fosse oprimido pelo Estado, o fiel não tosse oprimido pela religião e a mulher não fosse oprimida pelo homem. Sua doutrina dos direitos humanos era abstrata, mas por isso mesmo universal, transcendendo os limites do tempo e do espaço. suscetível de apropriações sempre novas, e gerando continuamente novos objetivos políticos”.

       A tarefa iniciada por Kant, de superação da incapacidade humana de se servir do seu próprio entendimento e ousar servir-se da própria razão, não poderá jamais ser completada. E tarett que precisa ser refeita a cada momento, a partir das duas condições necessárias: o exercício da razão crítica e da crítica , racional.

        2. A crise da razão

          No final do século XX. estamos testemunhando o despertar de um movimento irracionalista que critica o uso da razão como arma do poder e agente da repressão, em vez de ser instrumento da liberdade humana, como proclamado pelo Iluminismo do século XVIII.

        Seguindo esta corrente, vemos florescer o individualismo exacerbado. o narcisismo, o vale-tudo, a des-razão que leva ao aniquilamento de todos os princípios e valores.

        Mas será que podemos atribuir a culpa pelos descaminhos ao uso da razão? Na verdade, os conceitos de razão e da critica devem ser reexaminados.

      Quando falamos em razão, não mais acreditamos ingenuamente que. Só pelo fato de sermos humanos, sejamos automaticamente racionais. Devemos, a partir dos estudos de Assim, a nova razão crítica precisa:

      fazer a crítica dos limites internos e externos da razão, consciente de sua vulnerabilidade ao irracional:

estabelecer os princípios éticos que fundamentam sua função normativa;

vincular essa construção a raízes sociais contemporâneas. submetendo-a a prova de realidade. Esse solo social aparece no Processo comunicativo, dentro do qual os sujeitos propõem e criticam argumentos. criticam as motivações subjacentes e desenvolvem as capacidades humanas de saber, de busca da verdade, da justiça e da autonomia.

3. Conclusão

          As teorias do conhecimento que se desenvolveram tanto na Antiguidade quanto na Idade Média não colocavam cm duvida a possibilidade de conhecer a realidade tal qual é. A separação entre fé e razão, o antropocentrismo e o interesse pelo saber ativo na época do Renascimento levaram os filósofos a partir do séc. XVII a questionar a possibilidade do conhecimento, dando origem às teorias racionalista e empirista. Kant supera essa dicotomia tendo como premissa o ideal iluminista da razão autônoma e procede a análise critica da própria razão, concluindo que o conhecimento só é possível pela conjunção de duas fontes: a sensibilidade e o entendimento. A sensibilidade da a matéria e o entendimento dá as formas do conhecimento.

        No fim do sécXVIII. , exacerba-se a critica ao uso da razão em prol do poder e da repressão. Marx e Freud mostraram que a razão pode ser deturpadora em vez de iluminadora. Só a atividade critica da razão que dialoga, que aspira à compreensão mútua pode combater a visão instrumental da racionalidade.

A construção do conhecimento fundado sobre o uso critico da razão,vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que precisa ser retomada a cada momento,sem jamais ter fim.