terça-feira, 23 de março de 2010

TEXTO 01 2º ANO (UMA APROXIMAÇÃO CONCEITUAL DO CONHECIMENTO

Uma aproximação conceitual do conhecimento


A pergunta para a qual vamos tentar dar uma resposta é: o que é o conhecimento?

     Toda vez que perguntamos a alguém o que ele entende por conhecimento, a primeira resposta que normalmente recebemos é a seguinte: “conhecimento é aquilo que aprendemos nos livros”; ou então: “conhecimento é aquilo que aprendemos com nossos professores, com nossos pais”.

     De fato, essa resposta não está de todo inadequada, pois que, certamente, adquirimos conhecimentos com nossos professores e nos livros que lemos e estudamos. Contudo, ela é insatisfatória na medida em que nos diz de onde adquirimos conhecimento, mas não informa sobre o que é conhecimento. Para encontrarmos uma resposta para a pergunta que colocamos, temos de dar atenção ao segundo aspecto e não ao primeiro, ou seja, o que é e não onde adquirimos o conhecimento.

    Assim sendo, a questão formulada está a merecer uma resposta. Há que se buscar uma resposta que esclareça o sentido essencial do conhecimento.

    Por vezes, ouvimos dizer que o conhecimento é a elucidação da realidade. Essa afirmação parece ser correta, pois, ainda que de forma sintética, expressa o sentido correto do conhecimento. Vamos fazer algumas explicitações

    Em primeiro lugar, podemos nos ater ao sentido etimológico da palavra “elucidação”, que é significativa para a compreensão da afirmativa feita.

   A palavra elucidar tem sua origem no latim. Ela é composta pelo prefixo reforçativo “e” e pelo verbo “lucere”, que quer dizer “trazer à luz”. Então, elucidar, do ponto de vista de sua origem vocabular, significa “trazer à luz muito fortemente”, “iluminar com intensidade”. Deste modo, conhecer, entendido como elucidar a realidade, quer dizer uma forma de “iluminar”, de “trazer à luz” a realidade.

    Mas, que luz é essa? Com certeza, não é a luz física, que ilumina e clareia os contornos externos dos objetos. A luz do elucidar tem a ver com incidência da “luz da inteligência” sobre a realidade; tem a ver com inteligibilidacte. O)conhecimento, como elucidação da realidade, é a forma de tornar a realidade inteligível, transparente, clara, cristalina. E o meio pelo qual se descobre a essência das coisas que se manifesta por meio de suas aparências.

    Assim sendo, enquanto a realidade, por meio de suas manifestações aparentes, manifestar-se-ia como misteriosa, impenetrável, opaca, oferecendo resistências ao seu desvendamento (desvendar/des-vendar = tirar a venda) por parte do ser humano, a elucidação seria a sua iluminação, a sua compreensão, o seu desvelamento (desvelar/des-velar = tirar o véu). O ato de conhecer, pois, como ato de elucidar, é o esforço de enfrentar o desafio da realidade, buscando-lhe o sentido, a verdade. Essa realidade tanto pode ser um único objeto, como pode ser uma rede deles formando um todo, mesmo porque nenhum objeto se dá isolado. O que importa, para o conhecimento, é tornar essa realidade compreendida, clara, iluminada.

    No que se refere ao conhecimento, há quatro elementos a serem destacados: um sujeito que conhece; um objeto que é conhecido; um ato de conhecer, e, finalmente, um resultado, que é a compreensão da realidade ou o conhecimento propriamente dito (a explicação produzida e exposta, tornada disponível às pessoas).

    O sujeito, no caso que nos interessa aqui, é o ser humano que construiu a faculdade da inteligibilidade, construiu um interior capaz de apropriar-se simbólica e representativamente do exterior, conseguindo, inclusive, operar de forma abstrata com seus símbolos e representações. O objeto é o mundo exterior ao sujeito, que é representado em seu pensamento a partir da manipulação que executa com eles. Os conceitos não nascem de dentro do sujeito, mais sim da apropriação adequada que ele faz do exterior. Deste modo, a iluminação da realidade não é um ato exclusivo do sujeito, mas um ato que se processa dialeticamente com e a partir da realidade exterior, O sujeito ilumina a realidade com sua inteligência, mas a partir dos fragmentos de “luz”, dos sinais que a própria realidade lhe oferece. O sujeito, no nível da teoria, explica um objeto, não porque ele voluntariamente queira que a explicação seja esta e não outra, mas sim porque os fragmentos da realidade com os quais ele trabalha lhe oferecem uma lógica de compreensão, lhe permitem descobrir uma inteligibilidade entre eles, formando, assim, um conceito que nada mais é do que a expressão pensada de um objeto.

     Além do sujeito e do objeto, no conhecimento, há o ato de conhecer e o resultado desse ato. O ato de conhecer é o processo de interação que o sujeito efetua com o objeto, de tal forma que, por recursos variados, vai tentando captar do objeto a sua lógica, a possibilidade de expressá-lo conceitualmente. Então, o sujeito interage com o objeto para descobrir-lhe, teoricamente, a forma de ser. Por último, o resultado do ato de conhecer é o conceito produzido, o conhecimento propriamente dito, a explicação ou a compreensão estabelecidas, que podem ser expostas e comunicadas. Enquanto o ato de conhecer exige análise dos elementos, dos fragmentos da realidade, enquanto o ato de conhecer é analítico, o conhecimento (a explicação) é sintético. A exposição da explicação obtida não necessita reproduzir, passo por passo, todos os fragmentos do processo de investigação, basta apresentar a lógica central dos dados da realidade que sustentam o conceito formulado.

     Em síntese, o conhecimento é a compreensão/explicação sintética produzida pelo sujeito por meio de um esforço metodológico de análise dos elementos da realidade, desvendando a sua lógica, tornando-a inteligível.

    Se retornarmos agora à resposta, mais ou menos ingênua, que as pessoas dão espontaneamente à pergunta “o que é conhecimento?”, veremos que ela não é, de todo, despropositada. Quando se diz que conhecimento é aquilo que adquirimos nos livros, significa que nos apropriamos dos resultados do processo do conhecer, nos apropriamos da explicação pronta e elaborada. No livro, na exposição, está a elucidação da realidade obtida por alguém e da qual nós também nos apropriamos. Adquirir conhecimento é adquirir uma compreensão da própria realidade. O que ocorre com a aquisição de conhecimentos a partir dos livros, especialmente na experiência escolar, é que ela tem sido normalmente um processo de decorar informações, sem torná-las uma compreensão efetiva da realidade. Saber de cor uma determinada quantidade de informações não significa que se tenha uma determinada compreensão do mundo objetivo.

     Por isso, aquela primeira resposta, em parte, é verdadeira e, em parte, não. Verdadeira, na medida em que aquilo que está exposto, em princípio, é resultado de um ato de conhecer, um conceito formulado; falsa, na medida em que reter informações, pelo processo de memorização, não significa conhecimento, pois que este implica essencialmente compreensão, o que vai além da pura memorização. Além, evidentemente, de que o exposto pode conter uma informação enganosa sobre o real.

     Em síntese, o conhecimento, como elucidação da realidade, decorre de um esforço de investigação, de um esforço para descobrir aquilo que está oculto, que não está compreendido ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode ser considerado conhecido.

TEXTO 01 MITO E FILOSOFIA

Mito e Filosofia

    A filosofia nasceu realizando uma transformação gradual nos mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos?

    Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (como dos astros,da terá,dos homens , das plantas, dos animais, do fogo, da água ,dos ventos ,do bem e do mal,da saúde e da doença,da morte ,dos instrumentos de trabalho,das raças ,das guerras,do poder,etc..)

    A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem a narrativa como verdadeira porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que o narrador ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.

    Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra — o mito — é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.

    Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe?

(...)Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças, entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Visto que os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.

    A palavra gonia se origina do grego: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer “geração, nascimento a partir da concepção sexual e do parto”. Cosmos, como já vimos, quer dizer “mundo ordenado e organizado”. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.

    Teogonia é uma palavra composta de gonia e theos, que, em grego, significa “as coisas divinas, os seres divinos, os deuses”. A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos próprios deuses a partir de seus pais e antepassados.

    Qual é a pergunta dos estudiosos? É a seguinte: Ao surgir, a Filosofia não é uma cosmogonia e sim, como já dissemos, uma cosmologia, ou seja, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas; mas a cosmologia nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os mitos? A Filosofia continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia?

Duas foram às respostas dadas.

    A primeira delas foi dada nos fins do século XIX e começo do século XX, quando reinava um grande otimismo com relação aos poderes científicos e capacidades técnicas do homem. Dizia-se, então, que a Filosofia teria nascido por uma ruptura radical com os mitos, sendo a primeira explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.

    A segunda resposta foi dada a partir de meados do século XX, quando os estudos dos antropólogos e dos historiadores mostraram a importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e de sentir de uma sociedade. Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, dos próprios mitos, como uma racionalização deles.

    Atualmente, consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente.

Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes:

1.O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;

2. O mito narrava a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos naturais primordiais (esses elementos são: água ou úmido, fogo ou quente, ar ou frio, e terra ou seco) por meio de causas naturais e impessoais (ações e movimentos de combinação, composição e separação entre os quatro elementos primordiais).

     Assim, por exemplo, o mito falava nos deuses Urano, Ponto e Gala; a Filosofia faia em céu, mar e terra. O mito narrava a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento do céu, do mar e da terra e dos seres que neles vivem explicando os movimentos e ações de composição, combinação e separação dos quatro elementos — úmido, seco, quente e frio.

3. O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.

segunda-feira, 22 de março de 2010

CIDADANIA( TEXTO 02 3ª ANO)

Cidadania (do latim,civitas,"cidade")



         O conceito de cidadania sempre esteve fortemente atrelado à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto).[3] No entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade[4] Cidadania, direitos e deveres.

       O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania, pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade.[5]

      Ao longo da história o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão "A nacionalidade é pressuposto da cidadania - ser nacional de um Estado é condição primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto, se todo cidadão é nacional de um Estado, nem todo nacional é cidadão - os indivíduos que não estejam investidos de direitos políticos podem ser nacionais de um Estado sem serem cidadãos.Cidadania: direito de ter direito".[2]






fonte : wikipédia

CIDADANIA (TEXTO 01) 3ª ANO

CIDADANIA



        Quando falamos em política, as pessoas quase sempre pensam em corrupção, falcatruas, etc. Quando falamos em Estado, muitos pensam em burocracia, em acertos, conchavos ou coisas semelhantes. Essa visão traz embutida uma idéia preconceituosa a respeito da política e serve de argumento para justificar a eliminação da política do universo das pessoas.

        Mesmo sem saber ou querer, a nossa vida está permeada, desde que nascemos, por atos políticos e ações do Estado. Desde a certidão de nascimento até o atestado de óbito, passamos pelas mais diversas instâncias do Estado, que sempre interferem em nossa vida. Além dos documentos exigidos (Carteira de Identidade, CPF, Título de Eleitor, Carteira Profissional), há os impostos que, queiramos ou não, pagamos todos os dias. Em termos políticos, as relações de poder se manifestam na família, na escola ou na vida pública.

         Diretamente ligado à política está o conceito de cidadania, que envolve uma série de aspectos, sendo importante entender o que realmente significa. A cidadania está vinculada aos direitos e deveres dos cidadãos, e isso em nosso país é bastante complexo, pois aqui ainda estamos lutando para assegurar o direito mais elementar (e fundamental), que é a vida. As condições precárias de sobrevivência da maior parte da população brasileira fazem com que os direitos civis, políticos e sociais sejam muitas vezes deixados de lado, como se fossem um requinte diante de tantos problemas aparentemente prioritários.

          Na educação ocorre a mesma coisa. Somos atingidos desde os primeiros momentos pela ação estatal A legislação existente prescreve, para os vários níveis educacionais, a idade para entrar na escola, o que se deve estudar, quem pode ser professor, quais os diplomas e certificados que se recebem no final dos cursos; em quais órgãos governamentais devem ser registrados esses diplomas para que possam ter validade.

        A relação cidadania-educação é. fundamental para a construção de uma sociedade mais livre e igualitária. Entretanto, em nome da educação para todos, pode-se também restringir a amplitude da cidadania para a maioria da população. Ao analisarmos historicamente as formas do Estado Moderno, a questão da cidadania e as formas de intervenção ou não na educação.

Cidadania e educação no capitalismo

         Se formos procurar em um dicionário o que significa cidadania, vamos encontrar um enunciado parecido com este: “Cidadania é a qualidade ou estado de cidadão, isto é, de um indivíduo no gozo dos seus direitos civis, políticos e sociais no interior de uma nação e no desempenho dos seus deveres para com o Estado”. Mas o que é ser cidadão na prática? Como a educação se relaciona com essa questão?

           A palavra cidadão significava inicialmente “aquele que mora na cidade”. Pouco a pouco, entretanto, ela foi adquirindo um conteúdo muito mais político, passando a designar aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, por extensão, da sociedade.

          Desde o seu início o capitalismo desenvolveu-se centrado nas cidades, enquanto o feudalismo estava centrado no campo e nas atividades agropastoris.

         Dermeval Saviani, ao analisar essa situação, afirma que o mundo feudal tinha uma relação mais direta com a natureza, e as normas societárias giravam em torno do direito natural. A sociedade moderna, constituída a partir da emergência do capitalismo, tem nas cidades seu grande ponto de apoio, pois nelas desenvolveu-se a manufatura e depois a indústria. Esta, por sua vez, cresceu e se expandiu à medida que se aperfeiçoou o conhecimento científico, isto é, o saber sistematizado, a cultura letrada, transformada em potencialidade material. E nesse sentido que a educação escolar mais cresceu nas cidades. A vida nesses centros e as normas que regem a vida da população vão além do direito natural, baseando-se agora também e cada vez mais num direito positivo, formalizado e escrito.

        Para se viver na cidade de modo mais pleno, era necessário incorporar determinada cultura letrada, por mínima que fosse. Nesse sentido é que o campo passou a ser pensado como o local do atrasado, do rústico, do tosco. A cidade (civitas, em latim), por sua vez, passava a ser vista como o espaço da civilização, do cívico, da política, do polido e cortês; enfim, o contrário do campo. Para essa situação se manter ou se reproduzir deveria haver um local onde todo esse saber próprio da cidade estivesse presente e fosse ensinado: a escola. Assim, se cidadania tem a ver com a cidade, o exercício dela tem uma ligação estreita com a educação escolar.

           Não é pois por acaso que a emergência da sociedade burguesa traz consigo a bandeira da escola universal e obrigatória. Mas esse princípio não é tão geral ou democrático como pode parecer à primeira vista, pois ele se firma na idéia de que aos trabalhadores e às camadas populares, depreciativamente chamados de “povinho”, o que se deveria e se deve ensinar é o uso esclarecido dos direitos do cidadão, exigindo-se deles, porém, a prática das obrigações, dos deveres, bem como o respeito à ordem estabelecida.

Mercantilismo, absolutismo e os direitos civis

         O período mercantilista pode ser caracterizado corno aquele em que a sociedade feudal estava se desestruturando e o modo de produção capitalista se constituindo. Caracteriza-se ainda pela expansão marítima e comercial ultramarina, com os chamados “grandes descobrimentos”, pelo surgimento dos Estados nacionais e pela eclosão dos movimentos da Reforma Protestante. Com o desenvolvimento crescente do comércio e do artesanato nas cidades, estas aos poucos começaram a definir os seus rumos políticos independentemente dos senhores feudais.

             Foi com o mercantilismo que se deu a chamada acumulação primitiva do capital, isto é, quando, a partir do século XIV na Europa Ocidental, se acumularam capitais oriundos do tráfico de escravos, da exploração e transferência de metais preciosos das colônias, do comércio de especiarias e produtos tropicais (açúcar, fumo, etc.). Nesse momento houve a emergência de uma nova classe social em formação: a burguesia. Esta passou então a confrontar-se com os estamentos aristocráticos:

a nobreza e o clero.

            As transformações econômicas e políticas que ocorrem, a partir de então, definem a configuração da primeira forma do Estado moderno: o Absolutismo. O Estado aparece aqui como o controlador das atividades econômicas, intervindo nas concessões dos monopólios, fixando preços e tarifas, administrando a moeda e os metais preciosos, no momento em que o acúmulo destes era a expressão máxima da riqueza de um país. Por outro lado, o Estado assumia também as responsabilidades de praticar a justiça, centralizando-a, e as militares, criando exércitos profissionais, fazendo frente aos domínios dos senhores feudais. Além disso, criava impostos gerais que permitiam financiar aquelas atividades.

             Pode-se afirmar que o Absolutismo coloca frente a frente os interesses dos estamentos feudais dominantes (a nobreza e o clero) e os da burguesia, a nova classe em ascensão, principalmente no que se refere à questão da justiça, da administração das “coisas públicas” e da administração econômica. foi somente no século XVIII que a questão da cidadania começou a aparecer, e ainda assim de forma tênue, através da formulação dos chamados direitos civis. Naquele momento esses direitos se expressaram na liberdade religiosa e de pensamento, no direito de ir e vir, no direito à propriedade e também na liberdade contratual, bem como no direito à justiça, que devia salvaguardar todos os direitos anteriores. Direitos esses que passarão a compor o ideário do momento seguinte e constarão de todas as legislações européias, a partir de então. Isso não significa que esses direitos atingiram a totalidade da população: Eles aparecem aqui muito mais como formulação teórica do que como realidade. Só posteriormente passarão a ser assumidos e colocados em prática. E necessário destacar que nesse período o cidadão no pleno gozo de seus direitos é o indivíduo proprietário de bens e principalmente de terras, o que dá uma medida de como tudo isso era restrito.

DACIO,NELSON TOMAZI

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

quinta-feira, 18 de março de 2010

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O FILME 10.000 a.C. (PRIMEIRO ANO)

CENTRO EDUCACIONAL 06 –GAMA/DF


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

SÉRIE: 1º

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O FILME 10.000 a.C.

1) O filme 10.000 a.C, tem seu foco em uma tribo, no seu decorrer, observamos a transformação de alguns membros dessa tribo de caçadores para guerreiros. Comente como se deu essa mudança.

2) Identifique situações mitológicas mostradas no filme.

3) O que era mais valorizado na tribo dos yaghal.

4) Porque a caça dos MANNAK (Mamute) era tão importante para a tribo.

5) Na tribo dos Yaghal, era caracterizada por ser uma sociedade ________________________.

a)FILIAL

b)PATRIARCAL

c) MATRIARCAL

6) Explique a frase: “Juntos como um.”Dentro do contexto do filme.

7) Observamos que durante todo o filme,as profecias estão guiando os personagens em sua trajetória, Assim de exemplos dessas profecias.

8) No filme,observamos uma mudança de valores nas organizações sociais das tribos, de caçadores e coletores, e as que viraram sociedades escravocratas. Comente qual era o diferencial entre uma tribo e outra que permitia ela escravizar outro povo. E qual era o mecanismo de dominação.

9) Podemos observar no filme, que uma das virtudes da tribo dos yagahl,foi utilizar seus conhecimentos de caçadores em prol do combate. Descrimine a cena do filme, que essa questão fica evidente.



10) Faça um breve comentário sobre o filme, destacando pontos como:

a) Mitos e crença;

b) Evolução social do homem;

c) evolução tecnológica do homem durante aquele período.

quarta-feira, 17 de março de 2010

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O FILME ED TV(TERCEIRO ANO)

CENTRO EDUCACIONAL 06 –GAMA/DF


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

SÉRIE: 3º

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O FILME ED TV

1) A TV é um veículo de entretenimento, neste sentido o programa criado no filme cumpre esse objetivo.



2) A exposição exacerbada demonstra, demonstra em programas como exemplificado no filme,traz algum ganho cultural.





3) A partir do filme comente as seguintes questões.

A) Qual o limite da sua privacidade.

B) É justo expor outras pessoas em nome da forma.



4) A fama traz efeitos colaterais, tais como a vinda de pessoas por interesses (exemplo o pai do personagem ED.) Como você lidaria com uma situação dessas.



5) O filme trata de uma situação contemporânea, uma nova forma de exploração humana. Agora promovida pela Indústria Cultural. Comente.





6) Ainda na perspectiva da indústria cultural, o personagem era considerado um produto descartável. Comente.



7) A grande sacada do personagem foi que poderia usar o sistema em seu próprio favor. Destaque a cena do filme que representa essa idéia. Comente sobre a mesma.





8) Elabore uma crítica do filme, abordando alguns aspectos, tais como:

a) Indústria cultural

b) Cultura de massa

c) Ideologia

d) Alienação

terça-feira, 16 de março de 2010

texto RACIONALISMO (2º ANO)

RACIONALISMO

Texto 01:

           A palavra racionalismo deriva do latim ratio, que significa “razão”. O termo é empregado de muitas maneiras. Aqui, racionalismo está sendo em pregado para designar a doutrina que atribui exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Ou, como recomendou o filósofo racionalista Descartes: “nunca nos devemos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão”

        Os racionalistas afirmam que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Somente a razão humana, trabalhando com os princípios lógicos, pode atingir o conhecimento verdadeiro, capaz de ser universalmente aceito. Para o racionalismo, os princípios lógicos fundamentais seriam inatos, isto é, eles já estão na mente do homem desde o seu nascimento. Daí por que a razão deve ser considerada como a fonte básica do conhecimento.

Texto 02:

O Racionalismo

           O principal representante do racionalismo no século XVII é o francês René Descartes, que, descontente com os erros e ilusões dos sentidos, procura o fundamento do verdadeiro conhecimento. Estabelece a dúvida como método de pensamento: duvida de tudo que lhe chega através dos sentidos, duvida de tradição que se apresentam. À medida que duvida, porém descobre que mantém a capacidade pensar. Por essa via, estabelece a primeira verdade que não pode ser colocada em dúvida, penso; pensa-se, existo-embora esse existir não seja físico.Existo como ser pensante (sujeito ou consciência) que é capaz de duvidar. Descarte formula esta descoberta em uma frase que se tornou muito conhecida: “penso logo existo”

          A partir dessa primeira verdade intuída.Isto é, concebida “por espírito e atento, tão fácil e distinta, que nenhuma dúvida resta sobre o que compreendemos, Descartes diferencia dois tipos de idéias, algumas claras e distinta e outras confusas e duvidosas. Afirma, então que idéias claras e distintas, que são idéias gerais não derivam do particular, mas já se encontraram no espírito, como instrumento que Deus no dotou para fundamentar a apreensão de outras verdades. Essas são as idéias inatas que estão sujeitas a erro e que sãos o fundamento de toda ciência. Para conhecê-las basta que nos voltemos para nós mesmos, por meio da reflexão”.

         Dentre as idéias inatas, encontramos as de um Deus Perfeito e Infinito (substância infinita), da substância pensante e da matéria extensa.

         O ponto de partida de Descartes é, pois, o pensamento, abstraindo toda e qualquer relação entre este e a realidade. Como passar, porém, do pensamento para a substância extensa, ou seja, a matéria dos corpos?

        Exatamente porque pensamos, podemos pensar a idéia de infinito, ou seja, de Deus, com todos os seus atributos, dentre os quais está a perfeição. Ora, para ser perfeito, Deus deve existir. Da idéia de Deus, passamos a poder afirmar sua existência como ser. Continuando o raciocínio, esse ser perfeito não nos engana e, se nos faz ter idéias sobre o mundo exterior, inclusive sobre nossos corpos, é porque criou esse mesmo mundo exterior e sensível. Assim, a partir de uma idéia inata, podemos deduzir a idéia da existência da matéria dos corpos, ou seja, da matéria extensa.

           Devemos notar, entretanto, que a razão não afeta nem é afetada pelos objetos.A razão sólida com as representações, isto é, com as imagens mentais, idéias ou conceitos que correspondem aos objetos exteriores.

         É nesse ponto que se coloca, com maior nitidez, a necessidade do método para garantir que a representação corresponda ao objeto representado. O método deve garantir que:

*as coisas sejam representadas corretamente, sem risco de erro;

• haja controle de todas as etapas das operações intelectuais;

• haja possibilidade de serem feitas deduções que levem ao progresso do conhecimento.

          A questão do método de pensamento torna-se crucial para o conhecimento filosófico a partir do século XVIII. O modelo é o ideal matemático, não porque lide como números ou grandeza matemática, mas porque visa o conhecimento completo, perfeito e inteiramente racional.

TEXTO 03:

          A necessidade de inteligibilidade do processo de conhecimento humano não é recente. Os filósofos gregos tinham como objeto de suas especulações o significado e as condições necessárias para efetivação do ato de conhecer. No entanto, essas reflexões revestiam-se de um caráter puramente ontológico: buscava-se a essência do ser.

         A teoria do conhecimento propriamente dita tem início na Idade Moderna, no século XVII, com a revolução científica empreendida por Galileu e outros cientistas que, ao criarem um novo modelo de investigação do mundo fenomenal e ao redefinirem o papel das ciências particulares, despertaram nos filósofos uma preocupação com os fundamentos, as possibilidades, os limites e o alcance do conhecimento humano e uma certa reserva contra os argumentos de autoridade, que prevaleceram durante toda a Idade Média.

        Filósofos como Descartes, Bacon, Leibniz, Espinoza, Locke, Berkeley e Hume são autores da revolução epistemológica, que tem origem na Idade Moderna, e responsáveis pelo surgimento de duas grandes correntes que traduzem o sentido dos novos tempos: o racionalismo e o empirismo.

        Se você vem acompanhando com atenção a leitura do texto, deve se recordar que o conhecimento é uma relação que se estabelece entre sujeito e objeto. O sujeito conhecedor apreende o objeto conhecido e este, por sua vez, determina o pensamento daquele. Tal processo pode despertar em você algumas questões: É o sujeito quem se dirige aos objetos, tornando-os conhecidos e imprimindo-lhes um significado? São os objetos que estimulam a percepção humana e convidam o sujeito a conhecê-los racionalmente? O racionalismo e o empirismo fornecem orientações paralelas a tais questões.

Eu existo porque eu penso

           René Descartes (1596-1650), filósofo francês, e reconhecidamente o “pai da filosofia moderna” são principal representante do racionalismo, cujos fundamentos se encontram em suas obras Discurso sobre o método e Meditações metafísicas. Movido pelo espírito científico da época e apoiado na matemática, uma de suas paixões, Descartes encaminha suas reflexões filosóficas em direção à verdade. A percepção de que o homem se engana com facilidade e de que os conhecimentos provenientes dos sentidos são muitas vezes duvidosos, impulsiona Descartes na busca de certezas inabaláveis.

          Dessa maneira, ele encontra na dúvida um caminho seguro para encontrar a verdade: “Converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo” (Aranha e Martins, 1986: 166).

         A dúvida metódica conduz Descartes a um primeiro conjunto de verdades: “Eu duvido, isso é certo. Duvida-se, é porque eu penso, isso também é certo. Se eu penso, eu existo: é certo que eu existo porque eu penso” •.

            Cogito, ergo sum, isto é, Penso, logo existo”: eis a primeira certeza cartesiana, da qual é possível ter-se uma idéia clara e distinta. O Cogito cartesiano (“eu penso”) fundamenta a possibilidade da ciência: admitem-se como verdade apenas idéias claras e distintas. A evidência racional é o critério que deve guiar todo ser humano na construção do conhecimento. Assim, é possível perceber a ênfase no sujeito conhece dor — todo conhecimento resulta exclusivamente do próprio ato de pensar:

            “Quem conhece é o sujeito, o espírito humano, a razão. Mas o objeto primeiro de seu conhecimento é o próprio ato de conhecimento, portanto, o próprio sujeito, ou seja, nós só conhecemos com segurança e certeza o mundo da consciência, as nossas próprias idéias, sendo que as idéias fundamentais são como que inatas, intrínsecas própria subjetividade. Elas s constitutivas do nosso eu (Severino, 1992: 102).”

          Nesse sentido, as idéias são inatas, não porque os homens já nascem com elas, mas sim porque elas resultam do próprio ato de pensar. As idéias claras e distintas representam o conteúdo possível do conhecimento humano sobre o real. O real só pode ser conhecido a partir das idéias que resultam da atividade do pensamento. Apenas o uso correto da razão garante um conhecimento evidente e certo.

TEXTO 04:
A razão que tudo ilumina

           O Renascimento, ao resgatar o antropocentrismo (o homem como centro do universo), ao questionar a autoridade papal, propiciando o surgimento do protestantismo e acabando com a hegemonia da Igreja Católica, ao recuperar o racionalismo naturalista grego, abrindo caminho para a construção do conheci mento científico, preparou o terreno para a atuação do homem moderno, radicalmente diferente daquela que caracterizou o homem antigo e medieval.

          O saber contemplativo, a realidade inquestionada do objeto perante o sujeito conhecedor, a força persuasiva do princípio da autoridade, peculiar do pensamento teocêntrico cristão, o conhecimento metafísico das essências, traços distintivos e marcantes do pensamento antigo e medieval, passaram a ser questionados pelo homem moderno, que elegeu as questões epistemológicas como objeto central de estudo da filosofia.

           Os filósofos modernos traçaram os novos rumos do conhecimento filosófico que se estabeleceu daí em diante, voltado para a indagação da real e verdadeira possibilidade de o homem conhecer a realidade que o cerca.

           Se, durante a Idade Antiga e Média, a realidade do mundo era inquestionada, enfatizando-se a existência do objeto, conhecido através da apreensão de sua essência, o que determinou o modo metafísico de pensar, na Idade Moderna, surgiram duas posturas epistemológicas, o racionalismo e o empirismo (já descri tas e explicitadas nas páginas 74-77), que, resguardadas suas diferenças, têm em comum a ênfase no sujeito conhecedor.

         A crença no poder ilimitado da razão, que marcou o pensamento moderno, atingiu o seu apogeu com o iluminismo, no século XVIII, também conhecido.

       Por Século das Luzes, Ilustração. Como o próprio nome sugere, somente as “luzes” da razão natural seriam capazes de indicar e “iluminar” o caminho de acesso para se atingir a verdadeira sabedoria, O uso da razão era considerado indispensável para o conhecimento e compreensão dos fenômenos naturais e sociais.

       Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, foi um dos principais representantes do iluminismo. Em três de suas obras, Critica da razão pura (1781), Crítica da razão prática (1788) e Crítica da faculdade de julgar(1790), submeteu a razão a um exame criterioso para verificar a possibilidade, o alcance e os limites da razão como instrumento de acesso ao conhecimento. Daí a sua filosofia ser também denominada de “criticismo kantiano”.

          Em sua obra Crítica da razão pura, Kant reconheceu a existência de dois tipos de conhecimento: o conhecimento empírico ou aposteriori, obtido por meio da experiência sensível, e o conhecimento puro ou a priori, que independe da experiência e das impressões dos sentidos e produz juízos necessários e universais: “a linha reta é a distância mais curta entre dois pontos” — tal juízo se refere a toda e qualquer linha reta (daí a universalidade), bem como, sob qualquer circunstância, a linha reta é sempre a mais curta (daí a necessidade).

         Kant também fez uma distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles em que o predicado já está contido no sujeito: “o triângulo tem três ângulos”; “todo solteiro não é casado”; “todos os corpos são extensos”. Tais juízos são apriori (não dependem da experiência) universais e necessários. No entanto, não trazem informações novas sobre o sujeito, não enriquecem o conhecimento, apenas tornam mais claro aquilo que já se sabe sobre o sujeito.

          (Os juízos sintéticos são aqueles em que o predicado acrescenta informações novas sobre o sujeito, ampliando o conhecimento: “todos os corpos são pesados”; “os corpos se movimentam’. A extensão dos corpos é evidente. Peso e movimento são predicados obtidos pela experiência. Portanto, os juízos sintéticos são a posteriori (dependem da experiência dos sentidos)) contingentes, particulares”.

           A contribuição inovadora de Kant residiu nos juízos sintéticos a priori:

           Independem da experiência; portanto, são universais e necessários; enriquecem, ampliam e fazem o conhecimento progredir. Tais são os juízos com os quais a matemática e a física trabalham.

         Como se formulam os juízos sintéticos apriori? Para Kant, não é o objeto que determina o conhecimento do sujeito. Pelo contrário, é o sujeito quem produz o conhecimento, a partir de princípios apriori que sintetizam os dados empíricos.

          Kant atribuiu ao sujeito a elaboração do conteúdo do conhecimento por intermédio de condições subjetivas que são as faculdades e suas respectivas formas: a sensibilidade e as formas apriori de espaço e tempo; o entendimento e as categorias de unidade, pluralidade, totalidade, realidade, negação, limitação, substância, causalidade, comunidade, possibilidade, existência e necessidade.

         Assim, o conhecimento começa com as experiências sensíveis que atingem os sentidos: a matéria do conhecimento são as impressões que o sujeito recebe dos objetos exteriores, de maneira desorganizada, desordenada. Esses dados empíricos são organizados mental e logicamente pelo espaço e tempo, formas apriori da sensibilidade. Para Kant, espaço e tempo não são propriedades inerentes aos objetos, mas estruturas subjetivas que permitem ao sujeito intuir os objetos. Essas intuições são pensadas pelo entendimento, também a partir de categorias apriorísticas, dando origem aos conceitos.

        Para Kant, não é possível o conhecimento das essências, das coisas em si mesmas , mas apenas dos fenômenos (phaenómena daquilo que se manifesta à consciência. Já que o conhecimento é um processo de síntese dos dados empíricos elaborado pelo sujeito conhecedor a partir de estruturas subjetivas apriorísticas, a possibilidade do conhecimento metafísico das substâncias, entre elas Deus, o mundo e a alma, se tornou inviável, na medida em que a experiência sensível de tais substâncias também é inviável. A existência de Deus, a imortalidade da alma e a liberdade humana são postuladas pela razão prática e moral e jamais conhecidas pela razão pura).

          A filosofia kantiana é também denominada idealismo transcendental: o sujeito constrói o conhecimento e dá significado e sentido à realidade a partir de categorias subjetivas apriori (idealismo); o conhecimento não está particularmente voltado para os objetos, mas para o modo de conhecê-los apriorísticamente (transcendental).

           Kant empreendeu no âmbito da filosofia uma “revolução copernicana” ao atribuir ao sujeito um papel determinante no ato de conhecer. Este já não resulta, como se pensava até então, de uma adequação do sujeito a uma realidade exterior (que anteriormente tinha o papel determinante no processo), mas sim de uma construção mental apriorísticas do espírito. Eis o que Kant diz a respeito:

           A razão só vê o que ela mesma produz segundo seu projeto, que ela deve ir à frente com princípios dos seus juízos segundo leis constantes e deve obrigar a natureza a responder às suas perguntas, sem se deixar, porém, conduzir por ela como se estivesse presa a um laço. Até agora se supôs que todo o nosso conhecimento deveria regular-se pelos objetos; porém todas as tentativas de estabelecer algo apriori sobre ele através de conceitos, por meio dos quais o nosso conhecimento seria fracassaram sob esta pressuposição. [Admitindo-se que o nosso conhecimento de experiência se regule pelos objetos como coisas em si mesmas, ver-se-á que o incondicionado não pode ser pensado sem contradição; admitindo-se, em compensação, que a nossa representação das coisas como nos são dadas se regule não por estas como coisas em si mesmas, mas antes estes objetos como fenômenos se regulem pelo nosso modo de representação, ver-se-á que a contradição desaparece (Kant, 1974: 11-3)].

           O criticismo kantiano, ao efetuar a síntese entre o racionalismo e o empirismo, provocou o surgimento de duas correntes filosóficas divergentes: de um lado, os idealistas (Fichte, Schelling e Hegel), que, enfatizando a postura do sujeito como construtor do conhecimento a partir de categorias a priori, concebem a realidade como produto exclusivo do pensamento humano; de outro lado, os positivistas (em especial, Comte), que, enfatizando o valor da experiência sensível como fundamento epistemológico das ciências, elegem o real como objeto de investigação do espírito positivo, ao qual cabe descobrir as relações invariáveis entre os fenômenos, base exclusiva para explicação dos fatos em termos reais.
Texto 05:
5. Racionalismo e idealismo
            Descartes funda a sua especulação no critério da evidência. Esta evidência não se refere à percepção nem aos sentidos, que nos enganam com freqüência, mas à clareza e à distinção das idéias; é a evidência da razão. Portanto, o método cartesiano é o racionalismo. A única instância com valor para o homem é a razão que é comum a todos. O homem é substância pensante, raison. Esta é uma das raízes da ciência apriorísticas do séc. XVH. E o racionalismo cartesiano é também a causa do espírito igualmente apriorista e anti-histórico que informa todo o século seguinte e culmina, de forma dramática, na Revolução Francesa.

           Por Outro lado, o sistema de Descartes é idealista. Que quer dizer isto? O idealismo é a tese oposta ao realismo metafísico. O realismo — Grécia e Idade-Média — crê que as coisas têm um ser por si, que eu existo no meio dessas coisas, e que a verdadeira realidade são as coisas — res —. Ser quer dizer ser em si, ser independentemente de mim. O idealismo, pelo contrário, pensa que não sei nada de seguro a não ser eu próprio (o cogito); que só sei das coisas enquanto as vejo, as toco, as penso, as quero, etc. (a palavra cogitatio não significa só pensar, mas todo o ato psíquico); isto é, enquanto estão em relação comigo e eu sou testemunho delas. Não sei nem posso saber como são as coisas em si; nem sequer se existem em mim, pois nada sei delas sem eu estar presente. Isto é, as coisas aparecem como sendo para mim; são, pois. Antes de mais nada, idéias minhas, e a realidade que lhes corresponde é essa realidade ideal, O eu funda menta o ser das coisas, como idéias suas; e nisto consiste o idealismo.

           Como a razão já não é, antes do mais, o ponto em que o homem se une à realidade suprema de Deus, mas algo que lhe é privativo, e está reduzido à sua subjetividade, o racionalismo converte-se forçosamente em idealismo; por isso, será necessário que Deus salve essa subjetividade e assegure a transcendência do sujeito.

            Descartes funda a sua filosofia nestes dois princípios. Desde então, até aos nossos dias, a filosofia vai ser ambas as coisas — raciona lista e idealista — com raras exceções que, partindo da grande verdade parcial que encerram os dois princípios cartesianos, corrigem a dimensão de erro que os afeta. Por um lado, adverte-se a essencial dependência que por sua vez o eu usufrui em relação às coisas. Dependência em que o eu se encontra sempre enquanto vive; por outro lado, altera-se a idéia exclusivista da razão especulativa e de tipo matemático. Em Espanha, Ortega deu um passo decisivo neste sentido: a sua metafísica da razão vital.

BIBLIOGRAFIA:



• ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e Maria Helena Pires Martins, Temas de Filosofia, ed. Moderna.

• SOUZA.Sônia Maria Ribeiro, Um outro olhar, ed. FTD.

• MARÍAS, Julián, História da filosofia, Ed. Souza e Almeida.





quarta-feira, 10 de março de 2010

ESTUDO DIRIGIDO ( RACIONALISMO)

ESTUDO DIRIGIDO


TEMA : RACIONALISMO

PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA: FILOSOFIA

ALUNO:____________________________________________________________________________Nº_____________

Parte 01:

1) JULGUE OS ITENS ABIXO (CERTO OU ERRADO)

A) A teoria do racionalismo tem o termo razão, com o sentido de certeza.

B) A famosa Frase de Descartes “Penso Logo Existo” , o existir está no sentido concreto.

C) Para os racionalistas os sentidos são falhos.

D) Para os racionalistas pensar a idéias de infinito é impossível.

E) O século das luzes, conhecido por iluminismo, atingiu o seu apogeu no século XIX.
 F) Kant ao contrário de Descartes não faz a distinção entre juízos analíticos e sintéticos.

G) O juízo sintético são aqueles em que o predicado acrescenta informações novas sobre o sujeito.

H) A filosofia kantiana é também denominada idealismo.
 I) A razão só vê o que os sentidos enxergam.

J) O grande mérito do Criticismo Kantiano foi efetuar a síntese entre o racionalismo e o empirismo.

PARTE 02

LEIA AS QUESTÕES,PENSE , REFLITA e RESPONDA.

 
1) Destaque do texto 01 em que podemos deduzir que Descartes tem uma postura cética.

2) Para Descartes , o que ele considera uma idéia inata?

3) Descreva o contexto histórico que o racionalismo surgiu.

4) Kant reconhece dois tipos de conhecimento: O empírico ou aposteriori e o puro, apriori. Assim descreva os dois e dê exemplos.

5) Qual a relação do Juízo analítico com o conhecimento puro?

6) Leia o parágrafo onde Kant comenta o papel do sujeito no ato de conhecer.

7) Qual a  conseqüência da síntese Kantiana , composta pelo  racionalismo e o empirismo?

8) Qual a importância do sujeito no pensamento de Kant?

9) Ao converter a dúvida em método, Descartes dá um encadeamento ao racionalismo. Comente essa mudança.


10) No texto 05, o autor insinua uma contradição, afirmando que Descartes é Idealista. Comente essa contradição.

 Obs: responder em folha a parte


Mínimo de 5 linhas para cada questão.
valor : 3,0

domingo, 7 de março de 2010

O QUE É O MITO

“O mito é uma primeira fala sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o qual a afetividade e o
a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade; mais acomodar o ser humano ao mundo”.
O mito, entre as sociedades tribais, é uma forma do ser humano se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os de mais seres da natureza. É um modo ingênuo,fantasioso, anterior a toda reflexão, e não -crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as diretrizes da ação humana. Devemos  salientar, entretanto, que, não sendo teórica, a verdade do aflito não obedece a lógica nem da verdade empírica, nem da verdade científica. É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita. Por essa razão, quando existem várias versões do mesmo mito, não nos devemos preocupar em estabelecer uma versão autêntica, pois é o conjunto dessas versões que constituem a sua realidade.

O mito nasce do desejo de entender o mundo, para afugentar o medo e a insegurança. O ser humano, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar qualidades emocionais. A coisas não são mais matéria morta, nem são independentes do sujeito que as percebe. Ao contrário, estão sempre impregnadas de qualidades e são boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou ameaçadoras e repelentes. Assim, o ser humano se move dentro de um mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça abundante, pan que a terra seja fértil, pan que a tribo ou o grupo seja protegido, pan que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz.

O pensamento mítico está, então, muito ligado à magia, ao desejo, ao querer que as coisas aconteçam de um determinado modo. É a partir disso que se desenvolvem os rituais como meios de propiciar os acontecimentos desejados. O ritual é o mito tornado ação.

Os exemplos de rituais são inúmeros: já nas cavernas de Lascaux e Altamira, o homem do Paleolítico (1000 a 5000 a.C.) desenhava os animais, em estilo muito realista, e depois “atacava-os” com flechas, para garantir o êxito da caçada. Os ritos de nascimento e de morte é que dão ao recém-nascido um reconhecimento como ser vivo, pertencente a uma determinada sociedade, ou, ao defunto, a mudança de seu estatuto ontológico (de ser vivo a ser morto) e sua aceitação pela comunidade dos mortos. Outro exemplo é o da expulsão de uma comunidade: uma vez realizados os ritos, a pessoa expulsa não precisa sair da comunidade, pois todos os outros integrantes passarão a não vê-la, não ouvi-la, enfim, a agir como se ela não existisse ou não estivesse presente. Para a comunidade, terminado o ritual, a pessoa expulsa desapareceu simbolicamente, mesmo que continue de corpo presente. E essa exclusão social acaba, em geral, levando à morte.


2. Funções do mito

Além de acomodar e tranqüilizar o ser humano diante de um mundo assustador, dando-lhe a confiança de que,através de suas ações mágicas, o que acontece no mundo natural de pende, em parte, dos seus atos, o mito também fixa modelos exemplares de todas as funções e atividades humanas.

O ritual é a repetição dos atos executa dos pelos deuses no início dos tempos e que devem ser imitados e repetidos para que as forças do bem e do mal sejam mantidas sob controle.Desse modo,o ritual”atualiza”,isto é, torna atual o acontecimento sagrado que teve lugar no passado mítico.

3. Característicos do mito

O mito nas sociedades tribais é sempre um mito coletivo. O grupo, cuja sobrevivência deve ser assegurada, existe antes do indivíduo e é só por meio dele que os sujeitos individuais se reconhecem como tais. Explicando melhor, o sujeito só tem consciência, só se conhece outros e do reconhecimento dos outros que ele se afirma. Por isso, pode ser expulso simbolicamente: no momento em que falta o reconhecimento dos outros integrantes do grupo, ele não se reconhece,não se encontra mais.

Outra característica do mito é o fato de ser sempre dogmático, isto é, apresentar-se como verdade que não precisa ser provada e que não admite contestação.A sua aceitação se dá, então, por meio da fé e da crença. E por não ser uma aceitação racional, o mito não pode ser provado nem questionado.

Dentro dessa perspectiva de coletivismo, a transgressão da norma, a não-obediência da regra afeta o transgressor e toda sua família ou comunidade. Assim é criado o tabu — a proibição — envolto em clima de temor e sobrenaturalidade, cuja desobediência é extremamente grave. Só os ritos de purificação ou de “bode expiatório” ,nos quais o pecado é transferido para um animal, podem restaurar o equilíbrio da comunidade e evitar que o castigo dos deuses recaia sobre todos.

O homem, um ser social e político

O homem, um ser social e político




Movidos pelo instinto gregário, os animais passam a viver juntos com a finalidade de sobreviver e conservar a espécie. Se por qualquer razão essa convivência pacífica é ameaçada, eles se opõem, lutam entre si, sobrevivendo apenas os mais aptos.

Os seres humanos também não vivem sozinhos; não como animais solitários. Impelidos pelos instintos de sobrevivência, segurança, reprodução e satisfação, para citar os mais importantes e conhecidos, os homens se associam uns aos outros. Em que eles diferem dos animais?

O indivíduo não existe, como ser humano, fora do meio social. Além dos impulsos vitais que levam os homens a se juntar ou a se opor uns aos outros, eles são estimulados a compartilhar sua existência com os demais, movidos pela necessidade de buscar o bem comum. A coexistência e a cooperação entre os indivíduos e grupos são necessárias para as constituições sociais e políticas que, por sua vez, garantem o bem-estar individual e coletivo e coletivo.

Para possibilitar uma convivência harmoniosa, resultado da associação permanente entre os indivíduos diferentes, o homem estabelece normas e padrões de conduta, promulga leis que regulam a vida em sociedade. Nesse sentido, além de ser social, o homem é um ser político: governa com habilidade o destino de sua pólis (cidade).

A sociabilidade é inerente ao ser humano e garante a perpetuação de sua história. A convivência social permite-lhe compartilhar experiências e vivências passadas e presentes, bem como projetar realizações futuras pelo uso contínuo da linguagem.

A linguagem é um fenômeno eminentemente social, resultado da convivência humana, que possibilita a comunicação escrita e oral entre os homens. Por meio da linguagem é possíveis a transmissão da cultura, a conservação do passado, o registro do presente e a construção do futuro. A comunicação pessoal e social é intermediada pelo uso que os homens fazem da linguagem, nas suas mais variadas formas.