segunda-feira, 21 de novembro de 2011

TEXTO PARA SEMINÁRIO 1º ANO TEMA : ADOLESCÊNCIA

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA /DF


DISCIPLINA : FILOSOFIA

PROFº: DENYS F. DA COSTA

TEXTOS PARA O SEMINÁRIO SOBRE ADOLESCENTE

LIVRO BASE QUEM AMA EDUCA (ADOLESCENTE) DE Içami Tiba

TEMA 01: CAPÍTULO 3

O cérebro do adolescente

Uma explosão emocional diante de uma pergunta inocente dos pais não é provocada apenas pelas alterações hormonais. As estruturas mentais que inibem respostas intempestivas ainda não se consolidaram. Estudos têm mostrado que o cérebro dos adolescentes é diferente do cérebro dos adultos e jogam por terra o velho consenso científico segundo o qual este órgão nobre completa seu crescimento na infância.

Durante a puberdade ocorre uma verdadeira reconstrução do cérebro. Metade das conexões eletroquímicas que ocorrem ali é desfeita para ser refeita de modo diferente. Os investigadores chegaram a essa conclusão depois de analisar ao microscópio eletrônico cérebros de adolescentes mortos em acidentes.

O critério usado para essa reenergização do cérebro está na movimentação das sinapses. As vitais para a vida adulta vão ser reforçadas e as inúteis ou prejudiciais ao comportamento maduro são simplesmente cortadas.

“A VIDA DO CÉREBRO NÃO É REPRESENTADA SOMENTE PELOS NEURÔNIOS, MAS PASSA MUITO MAIS PELAS SUAS SINAPSES . OS NEURÔNIOS NÃO SE TOCAM. ELES SOLTAM E RECEBEM OS IMPULSOS MENSAGENS ATRAVÉS DOS NEUROTRANSMISSORES”

Os neurônios se comunicam, portanto, através dos seus neurotransmissores, que são mensageiros bioquímicos que carregam as mensagens do neurônio transmissor para entregar ao neurônio receptor. Os neurotransmissores funcionam somente nas sinapses. A inteligência depende muito mais do número de sinapses do que do número de neurônios.

1.APRENDENDO UMA SEGUNDA LÍNGUA

Da puberdade até por volta dos 15 anos, desenvolvem-se sobretudo as regiões cerebrais ligadas à linguagem. É quando podem ser notados grandes progressos no uso da escrita. É ainda uma boa etapa para se aprender novas línguas. Mas o melhor seria se pudesse ser incluída a segunda língua já no início da alfabetização.

Quando uma pessoa já domina uma língua, a primeira tendência ao aprender outra língua é traduzi-la mentalmente para a língua mãe, ás vezes, “ao pé da letra’ Como pode não fazer sentido, o aprendiz tende a usar mais a língua mãe.

As criancinhas, que nem bem falam a língua mãe, têm mais facilidade para aprender uma segunda língua, pois elas aprendem sem fazer muita diferença entre uma e outra. Simplesmente ouvem com atenção e tentam repetir o que ouvem, associando com o que estejam fazendo ou brincando.

Elas armazenam um conjunto de novidades, inclusive a linguagem. Na ação, vem automaticamente a palavra. Na música, a sonoridade da palavra é incluída, seja em que língua for. Ao visual da cor, inclui-se a palavra; ao ver a cor, vem à memória o nome da cor, como se fosse num pacote de memória.

Com o tempo, as criancinhas aprendem a administrara memória, organizando-a como se a salvassem, num cartão de memória. Para falar a língua mãe, usa um cartão. Para outra língua, um outro cartão. Quando a criancinha fala em inglês com alguém que lhe responde em português, ela troca o cartão e fala em português.

Na puberdade, quando o número de sinapses neuronais está aumentando muito, é também oportuno começar a aprender uma segunda língua. Enquanto estimularmos o aprendizado, estaremos estimulando a formação de novas sinapses, um exercício físico” de rejuvenescimento dos neurônios.

2 ONIPOTENTE, MAS IMATURO

A maior parte das alterações pelas quais passa o cérebro na adolescência ocorre no córtex pré-frontal, área responsável pelo planejamento de longo prazo, pelo controle das emoções e pelo senso de responsabilidade. Essa área se desenvolve até os 20-25 anos.

Portanto, antes disso, o adolescente nem sempre está apto para processar todas as informações que precisa considerar na hora de tomar uma decisão — esse achado revela que não se trata meramente de oposição aos pais, mas de uma limitação biológica. No lugar de avaliar os vários ângulos de uma questão, ele toma decisões por blocos. É como se fosse uma empresa com departamentos estanques, sem um presidente.

Os pais teriam mais condições de entender os filhos do que o caminho inverso, pois não se pode exigir daquele que não tem ou não amadureceu ainda. Faz parte daquele que é maduro ter um leque de opções para agir. Portanto, os pais que escutem os seus filhos adolescentes, mas aguardem um pouco mais antes de cobrar algo deles, como se lhes faltasse a responsabilidade.

3. O CÉREBRO FEMNINO

AMADURECE ANTES DO MASCUUNO

Nas meninas, o cérebro amadurece cerca de dois anos mais cedo. O hormônio sexual feminino, o estrogênio, tem papel importante na remodelação desse órgão. Detalhe: tanto nas garotas como nos rapazes. Eles sintetizam o estrogênio a partir da testosterona. Sendo assim, os mesmos hormônios que provocam o terremoto corporal e a confusão mental, com o passar do tempo se incumbem de colocar ordem na casa.

Durante a maturação cerebral, a síntese de mielina, substância gordurosa e isolante que envolve os neurônios como o plástico de um fio elétrico, torna seu funcionamento mais eficiente. Mas enquanto as áreas cerebrais de processamento emocional não estiverem maduras, o adolescente tende a revelar um humor instável. Encarar situações novas ou pessoas com opiniões diferentes podem levá-lo ao típico curto-circuito emocional, inexplicável durante tantas décadas, que agora, finalmente, está sendo mais bem compreendido.

Os cérebros amadurecidos de pais deveriam tratar com especial carinho aqueles em amadurecimento, usando paciência para ouvi-los até o fim, procurando realmente entendê-los. No lugar de qualificá-los pejorativamente, e assim diminuir a auto-estima, melhor seria perguntar-lhes como irão resolver eventuais dificuldades, obstáculos e problemas que surgirem pela frente. Focalizando cada hipótese e raciocinando sobre ela é que o(a) adolescente vai exercitando a prudência, a previdência, alternativas resolutivas e responsabilidades. É uma maneira de exercitar o amadurecimento.

Um estrangeiro foi achado enforcado e suspeita-se que ele praticou esse ato parque não aguentou a vergonha de ter feita a que fez. Corrompeu-se por 900 mil reais. Desligou-se momentaneamente dos vaiares superiores e cometeu a infração. Quando conectou-se novamente, e recuperou a ética, não suportou o que havia feita. Desligou-se outra vez quando se suicidou, pois não existe nada mais antiético que tirara vida, mesmo que seja a própria. Teria sida mais ético reconhecera erro e lutar vivo para ressarcir os danos provocados.

Também é fundamental desenvolver esse fio nos filhos. Transmitir a eles esses grandes valores. Mostrar que sozinhos eles não são tudo na vida. Por isso, a educação tem que ser um projeto muito mais amplo do que simplesmente saciar o desejo dos filhos.

Na adolescência, a carência de um projeto educativo se revela quando a realidade dos filhos começa a ficar muito distante do sonho dos pais. Ou, pior, esses sonhos são interrompidos por pesadelos, que é quando descobrem que a filha está grávida, os filhos usam drogas ou tentam o suicídio. São sinais de que os jovens estão despreparados para equilibrar o mundo interno e o mundo externo, sem a visão do aqui e agora expandidos e, sobretudo, sem estabelecer o vínculo com os valores superiores.





















































TEMA 02: CAPÍTULO 5

Atropelando a idade

Uma das características dos dias de hoje é a grande velocidade com que tudo passa. Bandas musicais, celebridades, notícias, marcas e modelos são rapidamente substituídos por outras... Hoje, uma garota de 10 anos pergunta para outra de 15 anos se “no seu tempo havia tal e tal...”

É também sinal dos tempos que cada vez mais precocemente os irmãos menores queiram fazer o que os maiores fizeram.

Quem não conhece, não teme. Por isso, é bastante fácil para os menores se arriscarem em atividades que fariam qualquer adolescente titubear um pouco. Bem diferente da geração passada, que temia o que desconhecia.

Uma das maneiras de ajudá-los a crescer é estimular-lhes a ampliação do campo da visão, para que vejam mais que o alvo.

Elas mal completaram 9 anos de idade e já querem ir sozinhas com as amigas ao shopping, usando batom nos lábios e celular na bolsa

Hoje, crianças fazem reivindicação de adolescentes e são atendidas pelos pais. É o equivalente a dar um carro nas mãos de uma pessoa que ainda não tem condições nem habilitação para dirigir.

Uma pesquisa do Cebrid/Unífesp de 2003 revelou um dado preocupante: as crianças estão entrando no mundo das drogas aos 10 anos. Vão à casa dos amigos, brincam, jogam no computador, fazem e experimentam o que têm vontade, inclusive drogas.

Crianças precisam de supervisão constante. As preocupações podem diminuir se diversões não atrapalham outras atividades como acordar para ir à escola, interromper a internet para comer junto com os pais, manter o rendimento escolar.

1 IMITANDO OS MAIORES

A adolescência precoce se manifesta quando os hormônios sexuais ainda não estão sendo produzidos, mas a criança imita os comportamentos típicos da adolescência. O corpo ainda é infantil, portanto, biologicamente não é adolescente ainda. A precocidade é comportamental, portanto social e psicológica. Em outros capítulos falo dessa geração tween.

Exigem telefone celular sem nenhuma finalidade, querem participar de festinhas nas quais a entrada de adultos é proibida. As vezes, reivindicam tamanho poder a ponto de querer definir, inclusive, a escola onde vão estudar. E o que é mais grave: os pais atendem. Determinam: se não tiver batata frita, não vou comer nada.

Os pais acabam sendo marionetes em suas mãos.

Essas decisões não deveriam ser tomadas por eles. Nessa hora, é fundamental que as famílias tenham princípios educativos básicos: coerência, constância, consequência. Como um garotinho de 11 anos vai conseguir arcar com as consequências totais dos seus atos se é apenas uma criança? É nesta idade que ocorre a síndrome da quinta série.

2 PODER SEM COMPETÊNCIA

Dê poder administrativo a uma criança ingênua e ela mostrará a incompetência no poder. Utilizo a palavra ingênua não com uma conotação negativa, mas como sinônimo de falta de conhecimento.

Quem não tem conhecimentos pode não ter competência necessária para resolver um conflito e acaba usando inadequações como chantagens, birras, gritos, ofensas, agressões, etc. Assim se constroem os tiranos.

Pais que são firmes, em vez de rígidos, conseguem melhores resultados com os filhos. A rigidez se quebra com os movimentos, e a firmeza se beneficia. O fanatismo é rígido, a crença é firme. Um corpo rígido não abraça, e nada mais caloroso e afetivo do que um firme abraço.

3 FILHOS REALIZANDO OS SONHOS DOS PAIS

Os pais podem estar incentivando essa precocidade quando acham que a coleguinha do filho é a sua namoradinha e o incentivam a dar-lhe um presente no Dia dos Namorados. Isto piora quando os pais mesmos compram o presente para o filho, que tem 3 anos e meio de idade.

É bem possível que o desejo dos pais fosse maior que o do próprio filho, daí o incentivo inadequado. É de se perguntar o porquê de os pais incentivarem tamanha precocidade.

Atendi um casal com um filho de 13 anos que não queria estudar. A mãe achava que o estudo era importante, mas o pai achava que não. Era frequente o filho resolver entre seguir as falas do pai ou da mãe.

Deixar para o filho resolver, quando ainda nem tem competência para isso, é um dos meios que os pais propiciam para o filho empurrar a sua formação e responsabilidades para o futuro.

Ambos, pai e mãe, queriam que o filho realizasse os seus sonhos, indo e não indo para a escola. É claro que ele usava os sonhos dos pais para tirar vantagens imediatas.



PAIS NIVELANDO AS IDADES DOS FILHOS

Essa precocidade pode acontecer sobretudo quando existe uma pequena diferença de idade entre irmãos, mormente se forem do mesmo sexo. Por exemplo: os pais estabelecem que o filho mais velho, 13 anos, só pode sair de casa se levar o mais novo, 11 anos, junto.

O de 13 anos não tolera pessoas de 12 anos; de 11, então, menos ainda. Inundado de hormônios, quer sair sozinho de casa para se encontrar com um ou outro amigo. Se tiver que levar o menor, o garoto onipotente pubertário vai ficar muito sem graça de ser irmão de um pirralho que, além de não entender as piadinhas maliciosas, é um frangote e vive grudado nele.

De fato, o mais jovem ainda não tem como acompanhar o pensamento dos maiores. Não é possível exigir dele o que ele ainda não desenvolveu.

O garoto de 13 está também na idade da curiosidade sexual; o garotinho de 11 está na Confusão Pubertária. Uma piadinha muito interessante ao macaquinho” pode nada despertar no “confusinho’ Se os maiores lhe perguntarem “você entendeu?”, o menor pode responder, “não entendi”, o que será motivo para levar uma barulhenta gozação, acompanhada ou não de um safanão.

Com essa imposição “só vai se levar o seu irmão” talvez os pais pensem que estão estimulando um forte relacionamento entre os filhos. Na verdade, porém, criam mais indisposição entre eles e favorecem a adolescência precoce no mais novo.







TEMA 03 : CAPÍTULO 6

De garotinha a mãe num só pulo

Na era do “ficar”, o ritual do cortejo tem sido abreviado ao máximo e os adolescentes muitas vezes embarcam em atividades eróticas com desembaraço. A falta de maturidade os leva a se exporem a situações arriscadas, que podem trazer consequências sérias para eles próprios e suas famílias. Mas quem carrega a gravidez dentro de si é a garota.

A menina vira mulher, isto é, adquire a capacidade de engravidar em dois a quatro anos, e o menino com 13 anos já pode ser fértil antes mesmo do estirão.

O carinho, que antes tinha um significado afetivo, agora ganha o conteúdo sexual, regido pelos hormônios sexuais.

Assim, o “ficar” é uma manifestação mais sexual que afetiva. Se os “ficantes” se permitirem seguir somente o curso biológico das manifestações de carinho, chegarão à relação sexual e consequente possibilidade de gravidez, já que são férteis.

Conclusão: até para “ficar” é preciso ter preparo e cuidado para não engravidar. A gravidez precoce é um sucesso biológico e um fracasso psicológico e social.

DA “FICADA” PARA A GRAVDEZ PRECOCE

Os amadurecimentos psicológico e social levam muito mais tempo que o biológico. Assim, os “ficantes” podem ser atropelados pelo biológico.

Na evolução para a relação sexual, o carinho passa do sensual e erótico para o sexual. O corpo pede que se cumpra o biológico, isto é, buscar a saciedade sexual, que é o orgasmo.

Para o “ficante” que nunca teve relações sexuais, o controle dos carinhos no sensual, ou até mesmo no erótico, é mais fácil porque o corpo ainda não abriu o caminho até a relação sexual.

Para o casal ‘ficante”, quem já teve relações sexuais quer chegar até lá, mas quem nunca teve, tem o controle suficiente para parar antes de chegar lá. Assim, o relacionamento fica desigual, pois enquanto para um já chega, para o outro é insuficiente e ele sempre quer mais.

É nessa diferença que se esconde o perigo. Geralmente o garotão, por ser mais ousado, vivido, apressado e até mais velho, quer sempre levar a garota por caminhos que ela ainda desconhece.

A garota geralmente acredita que tamanho empenho dele na “ficada” pode ser amor, quando verdadeiramente ele está é sexualmente excitado. Ela se entrega apaixonadamente a quem simplesmente a deseja sexualmente. Se por acaso ela chegara ter relações sexuais com ele, ela perceberá que o interesse dele começa a cair na medida em que se satisfaz sexualmente.



2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Um dos maiores problemas da adolescência é a gravidez. Mas ela pode ser evitada. Meu empenho neste capítulo é para que a gravidez seja um tema aberto às conversas em casa, entre pais e filhos, entre irmãos, para que todos tenham intimidade suficiente para poder preveni-la. Dificilmente um jovem consegue prevenir algo que não conhece.

A seguir, apresento em flashes o panorama de um grave problema social: a gravidez na adolescência. Os dados foram coletados de pesquisas recentes feitas por instituições sérias e publicados em revistas semanais de informação.

• Segundo o BGE, a adolescente brasileira tem mais probabilidade de engravidar (14°/o) do que de terminar a faculdade (7%).

• Uma em cada dez estudantes brasileiras engravida antes dos 15 anos. No país, a taxa de fertilidade só cresce nessa faixa etária.

• De 1970 a 1991, os índices de gravidez entre 15 e 19 anos cresceram 260/o.

• As jovens que engravidam deixam os sonhos de lado para assumir uma responsabilidade muito grande para a sua idade.

• Cerca de 72°/o das gestantes adolescentes voltam a morar com os pais; 650/o pertencem a famílias que ganham até um salário mínimo per capita e 70°/o ficam desempregadas. Em outras palavras, na classe desfavorecida, a mãe adolescente perpetua a pobreza.

• Se a jovem pertence à classe média, a gravidez precoce atrapalha os estudos, e, portanto, as perspectivas de carreira e de relacionamentos. E a gravidez pesa nos ombros dos avós.

• Apesar de terem muita informação, ainda acreditam em mitos como: “Não há perigo de engravidar na primeira transa’

• Os rapazes se recusam a usar a camisinha. Temem que esta reduza o prazer ou atrapalhe a ereção.

• As garotas têm medo de insistir para que o parceiro use a camisinha. Na pesquisa do Instituto Cidadania feita com 3.500 jovens, 54% das meninas declararam não terem usado a camisinha na última relação sexual.

• Elas também rejeitam a pílula por “medo de engordar’ Conhecem os contraceptivos, mas os utilizam de maneira precária.

• Recorrem à pílula do dia seguinte, que tem um alto índice de falha, mais de 200/o, contra menos de 10/o da pílula anticoncepcional.

• 400/o dessas mães adolescentes têm outro filho em menos de três anos.

Para jovens atentos e responsáveis, essas informações seriam rapidamente transformadas em conhecimentos e postos em prática para a prevenção à gravidez.

3 GAROTA SE TRANSFORMANDO EM MÃE

Uma adolescente pode até sonhar em um dia, no futuro, ficar grávida, ter bebê. Um dia significa quando ela estiver em condições físicas, psicológicas, sociais e financeiras.

Para se engravidar hoje é necessário que uma mulher esteja biologicamente amadurecida e preparada psicologicamente, com um companheiro para formar uma família, e que tenha dinheiro suficiente para prover e educar o filho.

Um companheiro significa um homem também amadurecido, psicologicamente preparado para formar uma família, e que tenha uma fonte de dinheiro estável (emprego, ofício, herança) que garanta as despesas de uma casa com criança.

Mesmo que conscientemente não queira filho, se uma mulher, não importa a idade, engravida, ela muda de ideia, pois o instinto de maternidade entra em ação.

Uma vez grávida, pouco importa se a gravidez foi planejada, ou se é um descuido da prevenção ou até mesmo resultado de um estupro, nada a impedirá de prosseguir com essa gravidez. É a lei biológica da gravidez.

4 GAROTO VIRANDO PAI

Enquanto tudo isso acontece na psique e no corpo da mulher, o que acontece com o homem?

O homem das cavernas nem sabia que ele era o responsável pela gravidez. Nem ele nem a mulher conheciam qual era a origem da gravidez. Somente quando o homem deixou de ser nômade e começou a se fixar à terra, porque descobriu a agricultura, é que começaram os núcleos a funcionar como famílias. Descobriu-se nessa época a paternidade. Isso foi há 12 mil anos.

Portanto, o homem não tem como saber se é pai ou não, pois ele não apresenta nenhum preparo hormonal nem mudanças corporais para ser pai. O homem continua biologicamente como reprodutor e disseminador do seu sêmen.

O homem espalha seus genes pelo universo, mas quem garante a sua perpetuação é a mulher.

Hoje, o reconhecimento da paternidade faz parte da evolução da humanidade.













































TEMA 04: CAPÍTULO 7

O QUARTO DO ADOLESCENTE

O adolescente precisa de um espaço próprio. O quarto geralmente é seu canto. Reflete seu estado de espírito, as crises pelas quais está passando, ou até mesmo um estilo que resolve adotar; portanto, é até esperado que seja um tanto desordenado e/ou bagunçado e diferente do resto da casa. Mostra um pouco da sua autonomia comportamental.

Desordem é quando o quarto está mal-ordenado, cama por fazer, mas limpo. Bagunça é quando, além de o quarto ser deixado em desordem, há roupas reviradas e/ou sujas, lixos, restos de fast foods, “teias de aranha’, etc.

A relação que o jovem estabelece com a empregada é um exercício no qual ele tem que aprender a lidar educadamente com as pessoas que lhe prestam serviços. São pagos, mas não são escravos. Ele tem que reconhecer e agradecer à empregada que o ajudou.

O mau costume é sair deixando sempre o quarto bagunçado e trancado. O jovem acostuma-se com a sujeira e pode chegar até a achar natural viver num “lixão’ do adolescente Quem usa mal o seu território não está pronto para tê-[o, portanto, tem que devolvê-lo aos pais, isto é, passa a ser novamente cuidado pelos pais. Estes poderiam ir lhe devolvendo esse território aos poucos, conforme os aprendizados e as conquistas do jovem.

É bastante semelhante ao poder sair sozinho de carro. Se o jovem bate o carro com frequência e/ou envolve-se em acidentes é porque ele ainda não está pronto para sair sozinho. É preciso recomeçar do zero. Pouco adianta tomar-lhe o carro, pois em vez de aprender a dirigir, interrompe-se a sua “carreira” tão necessária de motorista.

1”FOLGADOS ”VIVENDO NA BAGUNÇA

Os jovens que tenho atendido, que trazem seu quarto na bagunça, em geral são “folgados’ Todo “folgado” se mantém graças a um “sufocado” que o sustentai Raramente o “folgado” promove modificações. Estas têm que partir dos “sufocados’

Até que a sorte de ele se apaixonar por uma garota que detesta bagunça aconteça, é preciso que os “sufocados” se rebelem contra essa tirania, mesmo que os “folgados” sejam simpáticos e agradáveis.

Existem “folgados” muito espaçosos e invasivos, que acabam atacando armários dos outros porque não encontram as próprias roupas, toalhas, etc. Minha sugestão é que ninguém cuide nem ligue para as roupas deles, mas proteja as próprias.

Os “folgados” estão acostumados a jogar no chão os seus pertences sujos e usados porque estes magica mente ressurgem limpos e passadinhos nos seus armários dias depois.

Duas medidas, um tanto trabalhosas, porém muito eficientes, que a família “sufocada” pode adotar: • Resista ao máximo emprestar para o “folgado” as suas roupas que com tanto clicado foram cuidadas e conservadas limpas. Não é ético que o “folgado” use de qualquer jeito roupas alheias guardadas com tanto carinho. Mesmo que para isso seja necessário usar trancas e chaves nos armários e roupeiros. Também serve para toalhas limpas.

Õ Ajude a arrumar o quarto bagunçado, colocando um grande saco plástico onde o “folgado” possa colocar suas roupas usadas e toalhas molhadas. Caso ele não o faça, vale a pena começar a “ajudá-lo’ Quem passar pelo quarto dele que pegue o que tiver no

- chão ou em lugar inadequado e o coloque dentro do saco trosh. Nesse saco, estarão todas as roupas e toalhas molhadas juntas se acumulando. Não reponha toalhas nem roupas novas.

O “folgado” se recusará a usar “toalha mofada e úmida” após “aquele banho maravilhoso’ É claro que irá pegar a primeira toalha limpa e seca que encontrar seja em qual quarto for. Mas se as toalhas estiverem “trancadas”, ele não terá acesso a elas. Provavelmente irá ficar uma fera, mas aprenderá a cuidar para ter sempre aquela sua toalha limpinha, sequinha, cheirosinha a lhe abraçar o corpo molhado.

2 ISOLADO NO QUARTO E CONECTADO AO MUNDO

Na geração passada, fechar-se no quarto era um castigo dos mais comuns que os pais aplicavam quando seus filhos faziam o que não deviam ou deixavam de fazer o que deviam. Lá, eles estariam isolados do convívio familiar e dos amigos, sozinhos para refletirem sobre suas atitudes.

Fechar-se no quarto hoje é estar longe da família, mas conectado ao mundo via lnternet, telefone, televisão...

É bastante comum ouvir dos jovens o que uma paciente de 16 anos me disse:

“Meu quarto é meu mundo. Nem bem entro em casa, corro para o meu quarto. Conecto a lnternet, entro no meu blog e dígito o que eu quero desde pensamentos, recados, fotos, fantasias, frases bonitas... É o meu diário, onde nem sempre falo o verdade. Às vezes, quero aparecer, outras, me esconder. Tem dias que escrevo que tenho amiga interessada num carinho. Essa amigo sou eu disfarçada para saber o que o carinho pensa, se eu tenho chance com ele, pois se/que ele entra no meu blog. O MSN (messenger) dá sinal que me chama, então entro nele, bato um papo. Já nem uso mais tanto o ICO. pelo celular mando, recebo e respondo torpedos. Tudo isso enquanto estudo um pouca sem esquecer de deixara televisão ligada, mas sem som. Lifa! É um movimento danado!”

Assim, há muitos jovens que não mais precisam sair de casa para ir para as esquinas e padarias pois do quarto entram nas esquinas e padarias virtuais. Nestas, assim como nas presenciais, existem boas e más companhias e bons e maus artigos a serem comprados. Existe a segurança física de estar dentro do quarto em casa, mas a insegurança virtual ronda a sua vida.

Quando o filho não sai do quarto se a mãe estiver disposta, ela poderia preparar o jantar em duas bandejas, para ele e para ela, e levá-las ao quarto e assim garantir um tempo de convivência enquanto comem. É obrigação da mãe verificar antes se isso é possível, para não correr arisco de estar sendo invasiva e inconveniente.

Refeição é uma das poucas oportunidades para a família se alimentar da convivência, e não do simples sentar para comer. O mais importante é o alimento afetivo que vem através dos papos descontraídos e alegres, atualizações do que cada familiar está fazendo ,episódios pitorescos, etc., sem finalidades de pesados acertos de contas, cobranças dos não feitos, nem de reclamações.

3, FORMANDO UM Cidadão

Mas se um filho não cuida das suas próprias coisas nem do seu próprio quarto, ele não aprende a cuidar da própria casa. Então, como esperar que ele cuide da sociedade?

Um filho pode ter se acostumado a viver na bagunça, mas ele não pode impor essa bagunça a quem não é bagunceiro.

É a confusão que existe entre estar acostumado e estar bem. Não é porque ele se acostumou com a bagunça que esta seja boa. Se sua família se incomoda com a bagunça e esta não é boa nem para ele, é ele que tem que amadurecer e não a família regredir, aceitando esse comportamento retrógrado do filho.

Mil vezes, em vez de criticar, simplesmente exigir que arrume

o quarto, combinando que prejuízos o filho vai ter cada vez que o

quarto estiver na bagunça. É o princípio da coerência, constância e

consequência sendo aplicado.

4 DICAS PARA A ORGANIZAÇÃO

Os filhos têm que aprender a se organizarem desde pequenos. Criancinhas de 2 anos de idade já sabem separar brinquedos por categorias. Por que adolescentes misturam tênis com CDs, camisetas, sanduíches e livros? Onde foi parar o senso de organização?

É preciso exercitá-los para recuperar esse senso. Aí o quarto volta a ser um templo. Cada coisa no seu lugar: camiseta no lugar de camiseta, livro no lugar de livro. E que haja uma caixa de bagunça do tamanho que caiba os objetos que causam bagunça. Cada coisa no seu lugar, lixo no lixo e bagunça dentro da caixa de bagunça.

É importante que desde cedo o filho comece a cuidar de alguns setores de sua vida, como roupas, banho e o próprio quarto.

Pouco progressiva é a mãe rabugenta, a que reclama, mas faz. Muito melhor seria se ela fosse risonha, mas nada fizesse, e pelo contrário, ainda cobrasse firmemente a ordem. Ser firme não é gritar, ficar nervosa, agredir. É não mudar de opinião, mesmo que os filhos fiquem se debatendo no chão revirando os olhinhos.

Os pais devem se lembrara toda hora que sempre é tempo para aprender. Se o filho já aprendeu, é tempo de exigir que faça o que sabe. Somente a prática leva ao hábito.



































TEMA 05 :CAPÍTULO 9

Sexualidade feliz

Sempre se falou que o homem está mais voltado para o sexo e a mulher, para o afeto. O que não se sabia era que essas diferenças tinham imensa força dos hormônios testosterona, estrogênio e progesterona.

É importante conhecer como esses hormônios agem no nosso comportamento para termos mais controle e usufruto da vida afetiva e sexual, otimizando o que Eliezer Berenstein, ginecologista e obstetra, chamou de inteligência hormonal.

No caso da mulher, o saber das influências dos hormônios permite não ficar submetida aos altos e baixos do seu ciclo menstrual, mas administrar essas oscilações, utilizando a inteligência racional (capacidade adaptativa de resolver problemas) e a inteligência emocional (capacidade de harmonizar emoções, na busca da solução de problemas). Desse modo, o ciclo menstrual não precisa vitimar nem sacrificar a mulher.

Embora o homem não esteja sujeito a flutuações hormonais, também ele pode ser não refém mas parceiro da testosterona.

Se o homem desenvolvesse a inteligência hormonal, ele entenderia por que as mulheres têm comportamentos sexuais tão diferentes dele e assim ele poderia viver a intensidade do amor na área em que este mais se revela: a sexualidade humana.

Se a mulher também soubesse como funciona a mente masculina, como são os seus (deles) pontos fortes e fracos na cama, poderia ter uma vida sexual muito mais alegre e satisfatória, usufruindo dos orgasmos múltiplos e levando à loucura o seu companheiro (mesmo que ele fosse monótono, insípido e enfadonho).

Os filhos, crescendo com o conhecimento das influências hormonais nos seus comportamentos terão menos dúvidas, conflitos e problemas a enfrentar...

Este capítulo aborda esse instigante tema, tão útil, importante e prazeroso para a saúde sexual, pessoal e relacional.

1. IDADES SEXUA5

Ultimamente tem acontecido de a primeira relação sexual do rapaz ser também a primeira vez da garota. Ambos se sentem mais

Assim que o garotinho começa a produzir mais testosterona, ele ainda não entende bem o que está lhe acontecendo. Sente comichão de mexer nos genitais e curiosidade pelo sexo feminino. Alvoroçados, espiam frestas de portas, buracos de fechaduras, janelas. Masturbam-se com frequência, correm atrás dos espermatozoides. É a idade do macaquinho: os garotinhos” descascam suas bananas” todos os dias.

As meninas curtem essa idade de modo diferente: reúnem-se com grande entusiasmo e tumulto para falar de si mesmas. Suspiram nos seus sonhos pelo príncipe encantado, enquanto rivalizam com

outras turmas. De repente, são surpreendidas pela menstruação.

Ultimamente tem acontecido de a primeira relação sexual do rapaz ser também a primeira vez da garota. Ambos se sentem mais seguros e confiáveis quando estão em igualdade de condições. Ninguém se sente cobrado nem cobrador um do outro.

Para as meninas na idade do urubu, o importante é se apaixonar, não importa por quem. Na era do “ficar”, o número de pessoas com quem ficou é mais importante que as qualidades dos rapazes. Se para os urubuzinhos o drama é como transar com quem se apaixonou, as urubuzinhas vivem esse drama às avessas: como despertar a paixão em quem só quer transar.

Essa divisão fisiológicas entre o feminino e o masculino deve ter sido uma das bases do machismo, que até hoje traz seus ranços nos comportamentos sexuais.

Entretanto, houve um grande avanço da sociedade quando a mulher rebelou-se contra o machismo e a grande maioria dos homens acabou concordando e aceitando os direitos iguais a sexos diferentes. Tanto que hoje uma boa parte dos homens está dando muito mais importância ao relacionamento, assim como uma grande parte das mulheres dá expressiva importância ao sexo.

2.0 DESPERTAR DO SEXO

A puberdade da menina chega com o estrogênio, hormônio relacional típico da fêmea humana. Depois que amadurece um pouco mais, vem a progesterona, responsável pela menstruação e pela gravidez. Mais tarde, a prolactina se encarrega da amamentação.

A menina começa fazendo-se fêmea para depois tornar-se mãe. A cada ciclo menstrual, esse esquema se repete. Assim que acaba a menstruação, o nível de estrogênio vai aumentando, a fim de preparar a ovulação mensal.

Na primeira metade do ciclo, a mulher fica mais exuberante e atraente, com a pele sedosa e os cabelos soltos. Quanto mais estro

gênio houver em circulação, mais curtas e justas ficam suas roupas, expondo cada vez mais o corpo. Ela não anda, ondula. Sua voz fica mais alta e sensual e seus lábios, mais carnudos. Até o dia da ovulação, correspondente humano do cio animal Uma vez liberado o óvulo, o nível de progesterona começa a aumentar, as roupas tornam-se mais folgadas, o corpo fica mais coberto, e a mulher sai agora para fazer compras, cuidar da casa. Nessa segunda metade do ciclo menstrual, muitas ficam inchadas, irritadas, depressivas ou tudo isso junto. O corpo da mulher se prepara para a maternidade e ela se fecha para construir o ninho.

Quando não há gravidez, surge o sangramento menstrual e, em seguida, recomeça a fase da atração do sexo oposto. Se engravidar, o nível de progesterona continua alto.

3 NAMORADO(A) DORMINDO EM CASA

Os pais são mais tolerantes e receptivos aos amigos dela pelas próprias características que envolvem uma amizade. Mas tudo muda se há namoro, pois os pais ficam desde atentos e apreensivos a preocupados com a vida sexual e suas consequências. Pode correr tudo às mil maravilhas, mas sempre pesa a possibilidade de gravidez e muitos questionamentos.

É mais aceito o filho trazer a sua namorada para dormir em casa que a filha trazer o namorado, por causa do ranço machista que existe até hoje. Mas as complicações envolvem o casal de namorados e não somente um deles, portanto, as famílias saudáveis deveriam ter preocupações idênticas independentemente do sexo dos filhos. É o casal que engravida e não somente a garota.

As grandes paixões surgem na onipotência juvenil, quando o entusiasmo pela vida, a adrenalina para a aventura, os hormônios sexuais à flor da pele, a autonomia comportamental intensificam os sentimentos e as sensações dos jovens, tornando-os menos previdentes, menos ponderados, mais irresponsáveis. Ousados, atrevidos, precipitados, imprudentes, arrojados, hedonistas são algumas das Devido às inseguranças e violências, muitos pais abriram as portas da própria casa para que seus(suas) filhos(as) pudessem dormir em casa com suas(seus) namoradas(os), mesmo atropelando seus padrões comportamentais.

Isso tudo não significa que os pais tenham que se submeter aos caprichos dos filhos. É preciso que haja uma boa dose de adequação para uma convivência familiar harmoniosa.

Tem que se levar em conta também que há jovens que não se sentem à vontade em ter relações sexuais na própria casa. Nem tudo são tragédias, mas também nem tudo são flores.

Geralmente os pais masculinos (ou machistas) são mais resistentes a aceitar que o namorado da filha durma em casa, na mesma marcas do onipotente juvenil. cama com a sua filha. Dormir até aceitam, desde que em quartos separados, ainda defendem alguns. As mães são mais tolerantes e compreensivas e aceitam mais não só por segurança mas também por conforto dos filhos. Entretanto pode haver mães tão intransigentes quanto os próprios pais masculinos.

Os jovens são sexualmente mais livres na sociedade do que em casa. Há pais que não procuram saber se existe ou não vida sexual entre os namorados, mas não permitem que eles durmam no mesmo quarto.

Há outros pais que são coniventes com os jovens pelo silêncio, pois até sabem que eles fazem amor quando não há ninguém em casa. Mas não oficializam.

4. PREOCUPAÇÕES DOS PAIS DOS NAMORADOS QUE ”DORMEM”JUNTOS

As maiores preocupações dos pais dos namorados que dormem juntos nas suas casas são:



• Abalo dos clássicos padrões sócio-familiares

Uma jovem queria porque queria que os pais deixassem-na dormir como namorado em cosa. Os pais diziam o quanto esse comportamento era apressado para eles, que ainda não estavam preparados para que sua filha única, que eles sonhavam casar de bronco na Igreja, de repente vivesse como casada em casa. A mãe ainda se preocupava com o que “os outros vão faIar Os pais pediram a ela que aguardasse até eles se acostumarem com a ideia. Ela terminou o namoro antes que os pais estivessem preparados para essa novidade.

• Estarem coniventes na precocidade das relações sexuais, facilitando ou estimulando a promiscuidade sexual (vários namorados em pouco tempo)

Os pais conheciam o quanto seu filho, 19 anos, era volúvel e instável nos relacionamentos afetivos. Quando começou a namorar uma garota de 22 anos, logo ele quis trazer a namorada para dormir em caso. Os pais negaram seu consentimento, pois o namoro tinha muito pouco tempo e eles temiam que a cosa passasse a ser o local dos encontros amorosos do filho, que tinha ainda muito a viver pela frente. Se ele quisesse, que tivesse quantas relações pudesse, mas fora de casa. Eles não seriam coniventes com o que não concordavam. Se o namoro firmasse e dormissem juntos também na caso dos pais dela, os pais concordariam com ele. Depois de poucos meses, ele já estava apaixonado por outra garota.

• Estaria o rapaz namorando ou “se aproveitando” da minha filha? Num atendimento familiar surgiu uma preocupação sobre o namoro da filha, 16 anos, poiso rapaz, 21 anos, não estudava, não trabalhava, não apresentou o família dele nem disse exatamente onde morava, apesar de ser extremamente simpático, agradável, solícito não só com ela, mas com todo a família, e de ter todo o tempo para se dedicar ao namoro. Queria só ficar agarrado à filha e os pais não tinham confiança nele nem na filha apaixonada. Ela nunca ouviu o que os pais diziam, e revoltava-se dizendo o quanto os pais eram preconceituosos, elitistas, etc., e que não aceitavam seu namorado porque era pobre. Os pais começaram a operação “não sustentar o que não concorda”, isto é, cortaram tudo o que pudesse contribuir para o namoro, quando elo lhes pediu para deixá-lo dormir em casa. Não davam mais dinheiro para nado, ocupando-a todo o tempo, com motorista para acompanhá-la por onde ela fosse. Em pouco tempo, a filha começou a perceber quão “simpático e agradável vagabundo” era o namorado. Agora ela sentia no pele o quanto ele lhe era inadequado. Desfizeram o namoro.

claro que é durante a menstruação, pois é quando o óvulo está saindo...” Durante a entrevista expliquei sobre ovulação, espermatozoides, gravidez, etc. O jovem fez o comentário final “quer dizer que foi uma sorte ela estar tomando pílulas, senão já estaríamos grávidos...”

• “No meu tempo de juventude, era tudo muito diferente...”

“Eu temo pela segurança da minha filha”, 16 anos, preocupava-se o meu paciente, 50 anos. “No meu tempo a vida sexual era mais livre, as mulheres queimavam seus sutiãs e os homens “transavam” o quanto podiam. O máximo era uma gravidez que a “mina abortava” ou uma gonorreia que a penicilina curava. Hoje existe Aids, que mata, e ainda existe o risco de gravidez. Gastaria que minha filha não fosse promíscua, que quando namorasse fosse somente com ele para a cama. E por segurança e controle, que fosse na nossa casa’.’

“No meu tempo, se eu nem falava com meus pais sobre sexo, como iria falar com eles sabre minha vida sexual? Hoje tenho a mente aberta e conversamos sobre tudo e eujá falei com minha filha de 20 anos que ela pode trazer o namorada dela para dormir em casa”, dizia minha paciente, uma mãe de 55 anos.

• ... E os pais separados? Devem trazer os(as) respectivos(as) companheiros(as) para dormir em casa?

Atendo um jovem, 1/anos, filho único, que vive com o pa que é separado. Numa madrugada, o pai entrou em casa quase furtivamente e foi verificar se o jovem estava dormindo. Este fingiu que dormia. O pai fechou suavemente aparta do quarto do jovem, que percebeu que a pai trouxera uma companhia feminina. Grandes dúvidas tomaram contado jovem: “por que o pai não me apresenta a companheira dele?”; “será ela uma profissional da noite?”; “será que meu pai tem meda de que eu avance na mulher dele?”; “bem que a pai poderia pedir para a com pa

• Se a mãe é separada, pode trazer o namorado para dormir em casa? Como ficam os filhos que vivem com a mãe?

A tendo um homem separado que ficou revoltado quando soube pelos seus filhos adolescentes que sua ex-esposo trouxera seu namorado para dormirem caso. Não achava certo a ex-mulher trazer o namorado dela para a casa que ele ainda sustentava. “Se o namorado quiser dormir; tudo bem, mas que ele arque com as despesas, e não seja um vivente a mais às custas da pensão que eu dou aos meus filhos’ dizia ele. Ele se surpreendeu quando os filhos aceitaram o namorado do mãe com bastante naturalidade.

• Qual a conduta mais acertada?

Percebi através de muitos atendimentos familiares que não existe uma conduta padrão, única, poro todos. Mas é importante que todas as famílias levem em consideração alguns pontos:

•• É preciso que fique muito claro todos os pontos de vista sobre um(a) filho(a) que traz sua(seu) namorada(o) para dormirem casa. Não há como incluir nessa conversa os filhos pequenos que ainda não despertaram para o sexo.

•• É importante que ninguém se sinta desrespeitado nem constrangido a falar ou calar o que pensa. É bom ouvir os filhos mais velhos que geralmente estão mais atualizados que os pais sobre os costumes vigentes.

•• O que for bom para um não pode ser ruim nem constranger os outros.

• • Para que um parceiro comece a dormir na casa do outro, é preciso que o namoro já tenha um considerável tempo, a ponto de os pais poderem conhecer melhor o namorado. Primeiro, este fica na sala de visitas para depois entrar no quarto.

• e É importante que os pais dos jovens se conheçam para que todos fiquem por dentro do que está acontecendo, para que nenhum pai e/ou mãe sejam surpreendidos pelo que for que aconteça. Interessante é saber que quanto mais os pais do casal jovem sabem, mais responsáveis se tornam os jovens.

• • A vida sexual deve ter sua privacidade e não se tornar pública através de anúncios, portas abertas, sons e ruídos atravessando paredes, nem os apetrechos sexuais devem ficará mostra seja para quem for.

• • Não é a empregada que deve limpar os resultados da vida sexual, nem é ela que tem que guardar os apetrechos sexuais utilizados ou a bagunça criada pelo entusiasmo sexual. Cabe ao casal deixar o quarto numa relativa ordem para que a privacidade seja preservada.

• • O ideal mesmo seria que os jovens pudessem ter vida sexual quando já tivessem conquistado autonomia comportamental e independência financeira. Assim, todas as consequências teriam que ser assumidas somente por eles, sem depender de ajuda material dos seus pais.

• • Mesmo com todas as explicações e justificativas dadas pelos filhos, caso sintam-se desconfortáveis, os pais (mãe e pai) devem manter a sua posição clara e firme sem temer que isso possa prejudicar os filhos. O que realmente prejudica é o fato de os filhos terem a sensação de que podem fazer tudo o que quiserem sem levarem em consideração o que os pais pensam e sentem.

. USAR CAMISINHA É UM GESTO DE AMOR

Nada é mais simples e seguro que usar camisinha para evitar a gravidez.

Para aqueles rapazes que dizem que usar camisinha é como chupar uma ‘bala embrulhadas”, é bom que se diga o quanto essa analogia não tem nada a ver com o sexo masculino. Basta questionar quem está sendo embrulhado(a).

O homem que não usa camisinha está egoisticamente mais preocupado com seu próprio prazer do que em amar e preservar a sua companheira.

Em vez de atrapalhar, a camisinha ajuda o jovem, pois geralmente ele sofre de um apressamento incontrolável da ejaculação, quase uma ejaculação precoce. Então uma pequenina diminuição da sensibilidade faz uma grande diferença, pois, retardando o seu orgasmo, o prazer sexual do casal será muito intenso.

Outros rapazes podem dizer que é complicado colocar a camisinha. É complicado, sim, para quem não tem prática no seu manuseio. Colocá-la do avesso é praticamente impossível. Basta observar para que o depositório de esperma esteja voltado para a frente e desenrolá-la naturalmente com o pênis dentro.

É importante que o casal tenha bastante intimidade com a camisinha, que deve ser um bem comum. Não é só da responsabilidade do homem a sua colocação. Deve fazer parte do jogo sexual e a mulher também pode ajudar. Os preparativos são tão prazerosos quanto o ato em si.

O melhor meio de criar intimidade com a camisinha é brincando com ela.

Aproveitando os interesses e curiosidades dos garotos, os pais poderiam comprar as camisinhas ou facilitar que eles próprios comprem-nas. Usem-na para se masturbar para brincar como

bexiguinhas, etc. Não é fácil para um garoto usar a camisinha pela primeira vez já durante o ato sexual.

6. CAMSINHA FEMIMNA

Já a camisinha feminina é muito mais trabalhosa para ser colocada, pois ela funciona como uma tampinha que se fixa no colo do útero, dentro da vagina. É preciso ter a medida do colo do útero para se saber a medida da camisinha. Tamanhos diferentes não vedam eficientemente a entrada dos espermatozoides para dentro do útero. A mulher tem que permanecer durante dias com a camisinha aplicada, pois os espermatozoides podem viver até três dias dentro da vagina.

Existe um outro tipo de camisinha feminina que funciona como um dedo de luva às avessas. Isso ocorre porque essa camisinha forma uma espécie de saco comprido que é colocado dentro da vagina para lhe cobrir as paredes e receber o pênis dentro dele, para que todo o material ejaculado pelo pênis nem toque o corpo feminino. Quando a jovem retira a camisinha, todos os espermatozoides estão dentro dela. As vantagens desta camisinha sobre a outra são a facilidade da sua aplicação e a sua retirada após a relação sexual.

7. HOMOSSEXUAUSMO MASCULINO

Tem sido cada vez mais frequente no meu consultório o atendimento de pais perturbados e insatisfeitos porque seus filhos fizeram diferentes caminhos sexuais.

A grande maioria das mães aceita mais que os pais que seu(a) filho(a) seja homossexual. Mas existe também uma mino ria de mães que não aceita de modo algum a homossexualidade de seus filhos.

O número de homossexuais masculinos assumidos deve ter aumentado, não porque tenha aumentado o número de homossexuais, mas porque eles resolveram assumir publicamente sua sexualidade. Eles sentem-se mais fortalecidos pelos movimentos sociais e pela melhor aceitação pública que no passado.

Recentemente fiz uma consultor/a familiar para um casal cujo filho disse-lhes ser homossexual. Eles fizeram várias consultas procurando algum profissional que pudesse “remover” a homossexualidade com psicoterapia, tratamento hormonal, hipnose e até mesmo orientação religiosa. Eles não sabiam que o filho, por si mesmo, sem que eles soubessem, lutara contra isso e já havia procurado também alguns profissionais poro demovê-lo dessa homossexualidade que ele mesmo não aceitava. Tentou até namorar garotas superatraentes, mas sua homossexualidade continuava. Até que resolveu contar aos pais. Ele jamais esperou que seus pais tivessem tamanho reação contrária. Sua vida virou um inferno em cosa. O que ele não se conforma é com essa mudança de comportamento dos seus pais. Ele sente que continua o mesmo e que não merece tamanha rejeição pessoal, mesmo que até concorde e entendo que seus pais não aceitem o sua homossexualidade,

A homossexualidade está sendo muito estudada e atualmente não é mais considerada doença nem distúrbio sexual. Os estudos não ocupam somente o campo comportamental, mas atingem também a parte biológica, funcional.

. HOMOSSEXUAUSMO FEMININO

Ultimamente tenho atendido garotas e moças que têm uma vida sexual diferente da heterossexual.

Atendi uma garoto, 16 anos, que pertencia o um grupo em que as meninas praticavam como que naturalmente o homossexualidade feminino, sem se considerarem homossexuais. Ela me dizia que se encontrasse alguma garota pela qual se sentisse atraído e fosse correspondida, não via razões para não se envolver sexualmente. Era só um relacionamento sem compromisso, pois o que elo queria mesmo era casar com um moço e ter filhos.

Muitas garotas que atendi chegavam com outras queixas e somente quando se trabalhava a sexualidade é que apareciam as diferentes opções. Ou seja, a sexualidade não vinha como primeira queixa.

Atendi garotas que ‘ficavam” umas com as outras somente para provocar os rapazes. Mas elas “ficavam” também com os rapazes. É como se elas aceitassem “estar” homossexuais mesmo sendo heterossexuais. Não atendi nenhuma garota que fosse somente homossexual.

















































TEMA 06: CAPÍTULO 10

DROGAS

ALGUNS TIPOS DE REAÇÕES DO PAI

Alguns pais masculinos cujos filhos se envolvem com drogas sentem-se traídos e reagem furiosamente, chegando inclusive a agredi-los, verbal ou fisicamente, numa nítida perda de controle da situação.

Isso acontece sobretudo quando o pai, que sempre confiou no filho e acreditou quando ele jurou que nunca iria usar drogas, foi pego de surpresa com ele usando drogas. Pai crédulo.”

Alguns jovens admitem o uso de maconha e afirmam que ‘vão continuar usando porque gostam’ Dizendo preferir a verdade, em vez de mentir, como alguns amigos, contrariam e enfrentam os pais. “Pai desafiado.”

Um pai pode pensar que o filho, usando drogas, além de fazer mal a si mesmo, falta-lhe com o respeito. Quando o uso piora e o filho diz que não quer parar, uma minoria de pais chega a expulsá-lo de casa. “Pai autoritário.”

Outros pais masculinos acabam responsabilizando a mãe pelos erros educacionais no excesso de mimos, falta de limites, exagerada solicitude, etc. Livram-se, dessa maneira, da sua própria responsabilidade. Assim, nem o filho fica sendo tão responsável pelo que ele próprio tenha feito. “Pai sempre certo.”

Já atendi pais masculinos que ficam tão perdidos que se submetem a tudo o que suas esposas pedem, desde fingirem que nada sabem até explodirem colericamente para imporem “mais respeito em casa ’“Pai perdido.”

Mais raros, existem os pais que pedem que “a mãe do filho cuide de tudo”,já que param tão pouco em casa, porque vivem para o trabalho, assoberbados pelas responsabilidades profissionais e sociais. “Pai ocupado.”

Quando Roberto descobriu que seu filho, 1/anos, estava usando drogas havia um ano e meio, ele ficou tão desesperado que quase teve um ataque cardíaco. Sua pressão arterial subiu, chegou a ficar zonzo, e os batimentos cardíacos foram a mais de 150. Roberto teve a sensação de que iria morrer naquela hora. Ficou violento e explodiu, através de gritos e agressões físicos: surrou o filho ,jogou o telefone na parede, bateu portas... Via como único saída a internação do filho naquela hora. “Pai descontrolado.”

2,ALGUNSTPOS DE REAÇÕES DA MÃE

A mãe geralmente não fica tão surpreendida, pois já vinha captando sinais de modificações comportamentais do filho não sentava mais à mesa, sem ânimo para estudar, aparecia em casa com uns amigos diferentes e só ficava no quarto... Como polvo, ela procura acompanhar a vida do filho com todos os seus tentáculos. O pai, como cobra, capta uma coisa de cada vez, e acaba descobrindo quando a performance do filho começa a cair, quando já não quer ir para a escola, e quando dorme até tarde porque não consegue acordar cedo, como sempre fazia. Quando um filho começa a não contar “as coisas para a mãe, como sempre fez, ela começa a desconfiar achando que ele esteja “aprontando’ Uma das maneiras de a mãe manter contato com o filho é através da fala. Mesmo da sala, a mãe pergunta ao filho no quarto “o que você está fazendo?” Pelo tempo que demora para responder, pelo tom de voz, pela firmeza ou vacilações da fala, a mãe já ‘sabe’ se o filho está mentindo ou não. Na adolescência dos filhos, ela sempre desconfia daquilo que ela mais teme: as drogas. Mãe desconfiada.”

Quando o filho já não a olha nos olhos, evita contato, passando longe dela ou voltando para casa em horários que não a encontre, pelas pessoas com quem anda, pelo comportamento em casa, a mãe fica bastante preocupada. Ela imagina que possa estar acontecendo algo que o filho não lhe quer contar. “Mãe preocupada.”

Quando o filho começa a tratá-la mal, a dizer que ela está por fora, que ela pega muito no “pé dele”, recebe telefonemas curtos para em seguida sair sem dizer para onde vai, ou soltar respostas vagas como “vou dar uma volta”, “quero dar um tempo”, “vou até a padaria”, “levar o cachorro para dar um volta”, etc., a mãe já fica altamente preocupada e “noiada’ Vem de paranoia, uma sensação de que alguém esteja tramando algo contra ela. “Mãe ‘noiada”

A mãe “nojada”, para encontrar as provas de suas suspeitas, pode tomar atitudes de vistoriar, sem que o filho saiba, os pertences dele, as suas roupas, os locais onde eventualmente ele possa esconder a droga, ou qualquer gesto para revistar, conferir, ouvir telefonemas pessoais, informar-se com terceiros, etc. “Mãe investigadora.”

Quando a mãe descobre maconha, ou qualquer outra droga, no fundo da gaveta da escrivaninha, ou na mochila, ou no bolso do bermudão de praia, ela se sente culpada por não ter acompanhado o filho em tudo, ou culpada pelo que o filho possa ter feito, ou culpada por não ter educado bem, ou culpada por ter trabalhado, ou culpada sem saber a causa. “Mãe culpada.”

Depois que se certifica de que o filho está usando maconha, a mãe omite essa informação do marido, mesmo sendo ele o pai. Ela procura resolver sozinha a questão fazendo um pacto de silêncio sob a promessa de o filho parar de usar a droga. Não é maldade da mãe e sim um gesto de confiança no filho e de poupar o marido, tão ocupado, coitado, com tantas obrigações.

“Mãe poupadora.”

Sempre desconfiei daquele seu amigo. Ele é muito estranho, esquisito até. No fundo, eu sabia que ele fumava maconha. Desde que você (filho, 15 anos) começou a andar com ele, ficou também esquisito com a gente em casa. Tenho certeza de que foi ele que levou você para as drogas. Vou falar com os pais dele. Eles vão ver só. “Mãe super protetora.”

A mãe pode sofrer um ataque de polvo onipotente e arregaçar as mangas, colocando todos os seus tentáculos para resolver ela o problema do filho, já que ”ninguém” resolve nada. Em geral esse ”ninguém” é o marido dela, pai ou não do filho dela. “Mãe onipotente.”

3 QUAL A MELHOR REAÇÃO DOS PAIS?

A melhor reação dos pais é aquela que realmente ajuda o filho a parar de usar as drogas. Mesmo que os pais façam tudo certinho, pode o filho não parar, e às vezes, apesar de os pais tomarem atitudes altamente desfavoráveis à parada, o filho pode parar de usar as drogas.

Nenhum pai e nenhuma mãe trazem um único tipo de reação. Cada um traz uma reação composta por alguns tipos, resultado do passado histórico da própria vida, do seu momento atual e dos prognósticos do futuro dos filhos.

São muitas as causas para um filho experimentar as drogas, desde a simples curiosidade de busca de aventura e prazer até a mais sofisticada apelação psicológica e/ou doença psiquiátrica. A manutenção do uso também tem várias causas, podendo começar por uma predisposição familiar biológica (genética), um histórico pessoal de outros pequenos vícios, momentos de vida que estejam passando, até a falta que a droga faz ao próprio organismo depois que este se acostuma. Esta última fase é a do vício, ou dependência química.

O sucesso das reações dos pais depende também da resolução das causas pelas quais o filho começou a usar a droga, ou seja, o sucesso de tudo depende de um bom diagnóstico psicológico/psiquiátrico da situação.

A internação depende muitíssimo deste diagnóstico e não do desespero ou de quaisquer outros sentimentos dos pais. Trata-se de uma conduta médica que precisa ter seu profissional responsável.

Caso o filho diga que vai à casa de um amigo, o pai (ou a mãe) poderia telefonar ao pai ou à mãe do amigo agradecendo o convite e colocando-se à disposição para o que for necessário. Poderia oferecer a sua casa para receber na próxima vez o amigo do filho. Geralmente assim os pais conseguem ter mais informações que as que o filho trouxe. Não é questão de desconfiança, mas de segurança e de prevenção.

É bastante comum não ficar nenhum adulto com os jovens. Nem todos os pais têm a mesma preocupação com os filhose com os amigos dos filhos. Nessas ocasiões, a casa será usada como os jovens quiserem, conforme o interesse da turma. Essa é uma condição favorável para alguém experimentar fumar maconha. Está num lugar protegido, entre amigos, sem adultos por perto...

Se pai e mãe não sabem o que acontece quando seu filho junta-se com amigos em casa, e nem se interessam em saber, pode ser que lá se fume maconha, se cheire lança-perfume ou qualquer outra droga. O silêncio dos pais pode ser tomado pelos filhos como conivência com o uso de drogas.

Pode ser que a sua casa esteja sendo usada para esse fim.

5 CONTRA OU A FAVOR

O mundo perdeu vários artistas por causa de álcool e drogas:

Janis Joplin, Jimi Hendrix, um Maia, Elvis Presley, Garrincha, Elis Regina.

Nenhum viciado, ou dependente químico, ganha totalmente o jogo contra as drogas, poiso vício pode adormecer dentro da pessoa, mas ele nunca desaparece. A qualquer momento pode ser despertado e a pessoa volta a ser usuária.

A droga é sempre retrógrada. Quem a usa pode sentir um prazer na hora que está usando. Por isso, a pessoa diz que “usa drogas porque é bom” mas, no cômputo geral, logo vai perceber que lhe prejudica a vida, portanto, não é bom, mesmo sendo prazeroso.

Mas o jovem que começa a se interessa r pelo assunto só presta atenção nas notícias favoráveis, como essa manchete, publicada em jornais:

A Holanda libera venda de maconha nas farmácias

O título, em letras garrafais, realmente chamava atenção. Li a reportagem. O texto dizia que a venda havia sido liberada para quem tem Aids, câncer, esclerose múltipla, síndrome de La Tourette. Esses pacientes, que apresentam alto nível de dor, estavam autorizados a usar a maconha para fins terapêuticos, com o objetivo de reduzir o seu sofrimento. A matéria dizia ,ainda, que a maconha não devia ser fumada, porque fumá-la é uma prática nociva à saúde. Orientava em seguida para que a maconha fosse usada como chá ou infusão.

Depois de lerem somente esta manchete em vários meios de comunicação, alguns jovens comentaram comigo: “A Holanda liberou geral. Vamos lá fumar maconha ’Quantos comerciais de cerveja vendem a bebida como se fosse refrigerante!!! Muitos adolescentes minimizam o teor alcoólico da cerveja.

Beber cerveja como refrigerante é um conceito mercadológico que pegou. Muito dinheiro é gasto para criar este conceito. O trabalho contra o abuso do álcool tem pouquíssimo dinheiro, isso quando tem. O Estado não tem condições econômicas para arcar com as consequências médicas do alcoolismo. São doenças físicas de evolução sombria ocupando hospitais e todo seu staff, alterações psicológicas e psiquiátricas que ocupam tratamentos, leitos e vagas tão necessários aos doentes mentais que acabam sendo abandonados, sem contar os prejuízos familiares, sociais e do próprio mercado de trabalho.

Que tal se houvesse uma lei exigindo que, a cada comercial de televisão de qualquer bebida alcoólica, um terço do tempo fosse gasto mostrando acidentes de carro, violências, assaltos com testemunho vivo de suas vitimas? É claro que deveria estar incluída essa parte dentro dos 30 segundos do comercial sob o custo do anunciante. É utópica? Mas seria uma eficiente prevenção, porque atingiria especificamente a droga com seu público alvo. Assim, o jovem recebe uma opção de dupla escolha e não uma mensagem única a favor ou contra o uso do álcool. Poderia ser assim também com o tabaco

. 6. EXEMPLO DENTRO DE CASA

A verdadeira prevenção está em formar uma opinião dentro do jovem sobre o quanto a droga faz mal para a vida, apesar de dar prazer durante o uso.

O que funciona não é só o exemplo de não usar drogas, mas o costume de se preservar sem ser chato, de ter coragem sem ser temerário, de ser mais resistente às frustrações, de ser progressivo mais que retrógrado, de resguardar o que é bom sem ser mediante, de ter mais que tudo a natural alegria de viver...

Crianças absorvem como os pais são. Portanto, os pais são os modelos para serem imitados. Se os pais fumam ou bebem, as crianças registram muito mais o prazer que os adultos estão sentindo do que a adequação, ou não, dos seus gestos. Futuramente basta às crianças despertarem o que está adormecido dentro delas, e acender um cigarro ou pegar um copo de cerveja.

Os jovens querem é sentir o prazer e não o vício. O vício é quase uma sequência da repetição desse prazer. Quanto mais prazer sentir, maior a vontade de repetir esse gesto.

Depois que o jovem conhece a bebida, passa a usá-la das mais varia das formas, seja tomando uma cervejinha para refrescar, como refrigerante seja para “quebrar o gelo” da timidez para abordar outra pessoa, seja para competir e ver quem é o que bebe mais...

Os pais que bebem ou fumam em casa autorizam direta e indiretamente os filhos a fazerem o mesmo.

7. IDUCADOS PARA O PRAZER

Os pais, hoje, têm feito apologia do prazer. Não importa quanto eles se sacrifiquem, querem que o filho tenha prazer. A parte do sacrifício fica apenas para os pais. Isso é educar para as drogas.

Desde cedo, os filhos aprendem que os pais devem arcar com os custos, responsabilidades e/ou sofrimentos dos seus atos (inclusive os futuramente provocados pelas drogas). O que lhes cabe é usufruir ao máximo o prazer.

Na tentativa de demonstrar amor aos filhos, alguns pais acabam sendo retrógrados. O que ganham é insuficiente para comprar o tênis da moda ou qualquer outro capricho desnecessário, mas acabam comprando. Em vez de mostrarem a realidade, os pais deixam de fazer o essencial para pagar o tal tênis.

Essa divisão — sacrifício dos pais, prazer dos filhos — passa uma falsa noção de qualidade de vida e reforça a falta de ética na sua definição (o que é bom para um tem que ser bom para todos).

O engano se faz até nos níveis bioquímicos dos neurotransmissores. A molécula do IHC — sigla, em inglês, do tetraidrocanabinol —, constituinte ativo da maconha e do haxixe, é bastante parecida com neurotransmissores que levam mensagens elétricas aos receptores nas sinapses dos neurônios cerebrais.

As moléculas do IHC se encaixam nesses receptores, enganando-os quimicamente como se fossem neurotransmissores fisiológicos, e os desativam, mas antes provocam uma descarga de prazer. É assim que as moléculas de IHC vão se acumulando nas sinapses, dificultando e prejudicando o seu funcionamento.

Aos mais interessados, indico a leitura do meu livro Anjos Caídos — Como Prevenir e Eliminaras Drogas na Vida do Adolescente.

















































TEMA 07: PARTE 03

CAPÍTULO 1- Estudar e essencial

1.TRANSFORMANDO INFORMAÇÕES EM CONHECMENTOS

Resista bravamente se o adolescente que você tem em casa vier lhe contar a versão pós-moderna da fábula da cigarra e da formiga ou qualquer história de pessoa que venceu na vida sem estudar com a intenção de justificar o desinteresse pelas matérias escolares. Essas situações estão detalhadas no capítulo Primeiro emprego.

Mais importante do que tirar notas altas é aprender. Tirar nota alta numa escola que incentiva o “decoreba’ não tem muito significado para a vida futura. Informações eram válidas para serem acumuladas na Era da Informação. Hoje estamos na Era do Conhecimento, que é a informação em ação, em uso.

O cérebro memoriza informações que têm utilidade, forte carga emocional ou por repetições. Todos os nossos cinco órgãos dos sentidos ficam bombardeando com informações o nosso cérebro a todo instante.

Seria impossível processarmos todas as informações que apreendemos. Num piscar de olhos, “percebemos o mundo” à nossa volta. O número de informações apreendidas é incomensurável, e é praticamente impossível listá-las todas.

2, APREENDEMOS PARA APRENDER

É do que apreendemos que aprendemos. O apreender é um processo natural para qualquer vivente. Não processamos mentalmente tudo o que apreendemos. Quando selecionamos uma informação e trabalhamos com ela é que usamos nossos processos mentais de aprendizado.

Estudar nada mais é que organizar esse aprendizado, focalizando o conteúdo, e não aprender solto, como os animais silvestres. Estudar é captar as informações concentradas, que representam todo o conhecimento que um autor levou muito tempo para adquirir. Aprendemos tudo isso em uma aula, em um livro...

O estudar é essencial por ganharmos tempo e usufruirmos do conforto que os inventores/descobridores e seus adaptadores/construtores/comunicadores nos propiciaram. Estudar é um gesto de sabedoria de captar os conhecimentos de tantas pessoas que participaram direta ou indiretamente da construção da

nossa civilização. É por isso que temos que aprender sempre, fato hoje consagrado como Educação Continuada. Não existe graduação para esse estágio de aprendizado, melhor dizendo, é um aprender que nunca acaba.

Aprender é alimentar a alma de saber.

3. APRENDEMOS PARA CONHECER

Conhecimentos são ferramentas plásticas de multiuso, que podem ir sofrendo adaptações, adequações, modificações e transformações à medida que estas forem necessárias.

Informações são dados estáticos, hoje facilmente encontráveis em muitos lugares. Basta saber como acessá-las.

Um adolescente pode ter a informação de que maconha faz mal à saúde, mas continuar “canabisando’ Ele pode encontrar essa informação em qualquer livro sobre drogas, na lnternet, ou até em salas de aula, mas não foi integrada à vida dele.

É uma informação que fica ao lado de tantas outras informações dentro dele, paradinha, como num dicionário, não interferindo na vida dele.

Quando usa essa informação para parar de fumar maconha, o adolescente transforma aquela informação em conhecimento.

Bom aluno é o adolescente que vai construindo dentro de si os conhecimentos com as informações que recebe dos professores em sala de aula, ou quando lê os livros pertinentes à matéria. Com um conhecimento a mais que os outros da sua turma, ele pode criar uma boa solução para um problema para o qual ninguém enxergava saída. Assim, ele está sendo criativo, e criatividade é uma das qualidades muito valorizadas não só pela turma, mas por toda a sociedade.

Portanto, mais que ter as informações dentro de si, o importante é saber onde encontrá-las para usá-las. A importância maior dos sentidos ficam bombardeando com informações o nosso cérebro a todo instante.

Seria impossível processarmos todas as informações que apreendemos. Num piscar de olhos, “percebemos o mundo” à nossa volta. O número de informações apreendidas é incomensurável, e é praticamente impossível listá-las todas.

2 APREENDEMOS PARA APRENDER

É do que apreendemos que aprendemos. O apreender é um processo natural para qualquer vivente. Não processamos mentalmente tudo o que apreendemos. Quando selecionamos uma informação e trabalhamos com ela é que usamos nossos processos mentais de aprendizado.

Estudar nada mais é que organizar esse aprendizado, focalizando o conteúdo, e não aprender solto, como os animais silvestres. Estudar é captar as informações concentradas, que representam todo o conhecimento que um autor levou muito tempo para adquirir. Aprendemos tudo isso em uma aula, em um livro...

O estudar é essencial por ganharmos tempo e usufruirmos do conforto que os inventores/descobridores e seus adaptadores/construtores/comunicadores nos propiciaram. Estudar é um gesto de sabedoria de captar os conhecimentos de tantas pessoas que participaram direta ou indiretamente da construção da

nossa civilização.

E’ um estudar para aprender Pois a pessoa que estiver sempre

disposta a aprender é a que vai sobreviver a essas revoluções do

conhecimento Quem se achar sabedor de tudo e parar de aprender amanhã será ultrapassado por quem continuou aprendendo É por isso que temos que aprender sempre, fato hoje consagrado como Educação Continuada. Não existe graduação para esse estágio de aprendizado, melhor dizendo, é um aprender que nunca acaba.

Aprender é alimentar a alma de saber.

. APRENDEMOS PARA CONHECER

Conhecimentos são ferramentas plásticas de multiuso, que podem ir sofrendo adaptações, adequações, modificações e transformações à medida que estas forem necessárias.

Informações são dados estáticos, hoje facilmente encontráveis em muitos lugares. Basta saber como acessá-las.

Um adolescente pode ter a informação de que maconha faz mal à saúde, mas continuar “canabisando’ Ele pode encontrar essa informação em qualquer livro sobre drogas, na lnternet, ou até em salas de aula, mas não foi integrada à vida dele.

É uma informação que fica ao lado de tantas outras informações dentro dele, paradinha, como num dicionário, não interferindo na vida dele.

Quando usa essa informação para parar de fumar maconha, o adolescente transforma aquela informação em conhecimento.

Bom aluno é o adolescente que vai construindo dentro de si os conhecimentos com as informações que recebe dos professores em sala de aula, ou quando lê os livros pertinentes à matéria. Com um conhecimento a mais que os outros da sua turma, ele pode criar uma boa solução para um problema para o qual ninguém enxergava saída. Assim, ele está sendo criativo, e criatividade é uma das qualidades muito valorizadas não só pela turma, mas por toda a sociedade.

Portanto, mais que ter as informações dentro de si, o importante é saber onde encontrá-las para usá-las. A importância maior está em ampliar os conhecimentos porque é com eles que nos tornamos mais competentes neste mundo tão competitivo.

Assim como o bebê nasce para a família, o adolescente nasce para a sociedade, onde ele vai buscar sua identidade social. A biologia o prepara dando-lhe ousadia e adrenalina. O adolescente vai ter que usar o que tem dentro de si. Seu principal recurso são os conhecimentos que leva dentro de si.

4 DE ALUNO MEDÍOCRE A PRÊMIO NOBEL DE FÍSCA

Albert Einstein (1879-1955) destacava-se somente em Matemática e Física, mas sem sinais de genialidade na escola, onde era tido como aluno medíocre. Despertou para a Matemática, aos 12 anos, estudando álgebra e geometria com seu tio Jakob. Descobriu aos26anosa Lei do Efeito Foto elétrico e ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1921. Mais tarde, fez uma das descobertas mais importantes da Física no início do século: a Teoria Geral da Relatividade. Ele revolucionou a ciência.

Para Einstein entender de álgebra e geometria, ele teve que saber antes a aritmética que aprendeu na escola. Pode ser que a escola ensine muitas matérias que uma pessoa jamais chegue a usar e o que mais interessa a ela, ensine pouco. Ainda não chegamos a um currículo pedagógico ideal.

Teoricamente o currículo pedagógico oferece uma base ampla sobre a qual pode ser construída qualquer profissão. As profissões e os campos do trabalho têm se modificado bastante. Algumas profissões acabaram, outras estão entrando em extinção, mas muitas novas estão surgindo, outras ainda se transformando.

Os estudos podem ajudar na formação e na maturação da personalidade através de aulas, leituras, pesquisas, palestras, workshops voltados para esse tema. Se a sua personalidade estiver bem formada e bem preparada, o adulto-jovem poderá fazer as adaptações e adequações necessárias para enfrentar um novo Trabalho ou até mesmo uma profissão que ainda não existia quando ele era estudante.

‘. ESTUDAR É CONSTRUIR O

CORPO DO CONHECMENTO

Estudar não é ‘decoreba’ para fazer “provas” para passar de ano, mas é adquirir informações para transformá-las em conhecimentos para enfrentar as provas da vida. Conhecimentos melhoram a competência, a criatividade, o empreendedorismo, a cidadania e a ética.

Os conhecimentos entram também na equação da competência, como recursos internos que podem dispensar recursos materiais, propiciando maior economia financeira. Quanto maior ()tempo gasto e/ou maior o recurso usado, menor é a competência.







Uma das características do amadurecimento de uma profissão é a sua criatividade. A criatividade vem da liberdade de brincar, rearranjar e desmontar os conhecimentos adquiridos, dando-lhes novas funções e significados. A cada movimento, os conhecimentos podem se reorganizar formando novos produtos, como um caleidoscópio.

Um adolescente pode achar que ao comprar drogas não está fazendo mal a ninguém. Isso porque ele não sabe que o dinheiro que pagou ao traficante vai para comprar armas e que estas serão usadas para matar seus concorrentes e assaltar famílias. Se soubesse disso, talvez não comprasse mais drogas, porque estaria alimentando o

crime que ele mesmo condena.

6. PAIS,APRENDIZE5 DOS filhos

Enquanto os pais se deliciam nos DVDs, os filhos já estão gravando seus iPods (leia-se aipods) em que cabem nada menos que 6.000 músicas de 5 minutos cada. São 500 horas sequenciais de música, equivalendo a 20 dias ininterruptos de música. Destas 6.000, as músicas podem ser selecionadas por cantores, preferências, conjuntos, etc. O tamanho do iPod? Menor que um maço de cigarros... São quatro alto-falantes, separados do iPod, poderosíssimos, cada um tem o tamanho de uma moeda de R$ 1,00.

Quando os pais se interessam pelos iPods, os filhos quase automaticamente querem lhes explicar como funcionam. Quando os pais não entenderem, nunca devem fingir que entenderam, nem desanimar e voltar correndo aos DVDs. A postura progressiva é desbravar esse campo, mesmo que peçam aos filhos que expliquem outra vez.

Quando os pais começarem a entender, a família ganha um novo e importantíssimo alimento para as conversas familiares. Abrem-se novos caminhos no cérebro, os quais transitam entre os neurônios, ativando as sinapses interneuronais. Os pais aprendem agora, “depois de velhos”, o que os filhos sabem “faz tempo’ Os pais rejuvenescem. Os filhos amadurecem.

Além de a energia boa, que une a família, fluir mais livre e rapidamente entre os familiares, os pais “ensinaram” os filhos a lhes ensinar o que sabem. Isso abre a cabeça dos filhos para aprender o que os pais também tanto querem lhes ensinar. reorganizar nossos conhecimentos com a integração de uma nova aquisição.

Quando aprendemos a clicar o atualizar, não mais conseguimos nos achar suficientes, sabedores de tudo, se temos a ideia de que surgiu algo novo que pode nos levar a um mundo que sequer desconfiávamos que existisse.

7 ENTROSAMENTO ENTRE O “VELHO» E O “NOVO”

É impressionante como o cérebro mais “envelhecido” funciona. Quando percebe alguma novidade, no lugar de pesquisá-la, ele tenta fazer o que sempre fez. É a comodidade neurológica na segurança do caminho conhecido. Ora, se as condições sociais, comunicacionais, informáticas, econômicas foram se transformando, seria natural que o cérebro também buscasse novos entrosamentos e não simplesmente ficasse repetindo o passado. Está na hora de receber uma injeção de “sangue de aventura” do jovem e tentar soluções novas, aprender uma nova língua, etc.

Nessa hora é que os pais vão ganhar o respeito e a ajuda dos filhos, que são “ousados por natureza da idade’ Os onipotentes juvenis sempre acham que tudo vai dar certo. Os “velhos” sempre acham que tudo pode dar errado. Uma família fica mais unida quando consegue aproximar os extremos e não quando um tenta impor seu extremo ao outro.

Toda família progressiva olha para o futuro próximo pensando num trabalho para o filho. Para isso, tem que saber que predomina hoje no universo empresarial a visão de que um talento como a criatividade não pode mais ser confundido com genialidade ou dom inato. Ao contrário, talentos podem ser despertados e desenvolvidos.

Esse processo de desenvolver um talento é cada vez mais incentivado, pois ele é considerado um dos principais capitais na área do conhecimento, responsável por promoções e melhores salários.

Sem dúvida, a escola tem um papel importante no desenvolvimento dos talentos de crianças, adolescentes e jovens. Infelizmente, isso nem sempre é levado em conta. Um dos grandes problemas dos pais hoje é que os filhos, sobretudo adolescentes, não querem aprender na escola. Nem os diplomas já querem tanto. Os jovens sentem na pele essa grande mudança. Se há 10 anos a grande maioria dos diplomados já estava empregada, hoje essa mesma grande maioria está é sem emprego.

Hoje, atingir a independência financeira está tão difícil para ojovem, que ouso falar em terceiro parto que o filho tem que passar para atingir a maturidade.

O filho, com diploma na mão, de malas prontas, fica de carona na casa dos pais, enquanto faz sua própria Educação Continuada, e aguarda/busca embarcar na primeira oportunidade de trabalho. Já se pode falar que existe uma Geração Carona. Falo dessa geração carona em vários outros capítulos.

Faz parte da vida dos “velhos” uma rede de relacionamentos com pessoas que estão na mesma situação deles. Hoje, a imensa maioria dos jovens consegue a primeira entrevista para o trabalho através de indicações. Currículos dos candidatos nem são mais tão vistos e muito menos analisados pelas empresas.

8. NÃO SE APRENDE COM QUEM NÃO SE RESPETA

Se um aluno não respeita o conhecimento de um professor, terá menos chance de aprender do que aquele que respeita reconhece que não sabe, e quer aprender.

Na hora do aprendizado, o aprendiz está recebendo por bem os ensinamentos do mestre, que tem disponibilidade interna e disposição externa para ajudá-lo. Gratidão e respeito deveriam ser os sentimentos do aprendiz em relação ao mestre.

É impressionante como nas escolas esse respeito ao professor está diminuindo cada vez mais e, em muitas situações, os alunos se colocam como superiores aos seus professores. É a falta de educação que vem de casa. São filhos que não respeitam os pais, pois não foram educados para respeitá-los.

Os pais perdem a autoridade inerente a qualquer educador se:

• temem traumatizar seus filhos pelas cobranças de suas obrigações;

• são acomodados, pois educar dá muito trabalho;

• são medrosos pelas reações irascíveis, impulsivas e inadequadas dos filhos;

• não lhes estabelecem limites nem lhes exigem respeito;

• delegam a educação formativa para a escola;

• são mal-educados e desrespeitosos com seus próprios funcionários;

• permitem que os filhos reinem a casa em detrimento de todos;

• desrespeitam seus empregados porque lhes pagam os salários; etc.

Esses filhos levam para a escola o que aprenderam em casa. I dessa maneira que os alunos acabam desrespeitando os professores em classe, acabam com as regras da escola, e acabam pra- (‘ando a delinquência.

A escola é a segunda etapa da educação, focada no preparo profissional.

Os pais, no lugar de reconhecerem a importância da escola na educação dos filhos e reforçá-la, acabam sendo aliados dos filhos na delinquência.

Um aluno tem poucas condições de aprender se não respeitar sua escola e se maltratar seus professores. Não poderá ser um bom cidadão o aluno que se sentir superior ao seu professor por seu pai ter mais dinheiro que ele.

Como os pais podem delegar à escola a educação pessoal dos seus filhos? Para a escola, os alunos são transeuntes curriculares; para os pais, os filhos são para sempre.

Se o filho já transgrede as regras da casa, não obedece às leis da escola, o que ele fará nos campos profissional e social?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CONCEITOS BÁSICOS DE ESTÉTICAS

CONCEITOS BÁSICOS DE ESTÉTICA


ESTÉTICA: (do grego ou aisthésis: percepção, sensação) é um ramo da filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e da técnica artística; a idéia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo

ARTE: A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos.

BELO: 1) O belo como manifestação do bem é a teoria platônica do belo. Segundo Platão, só à beleza, entre todas as substâncias perfeitas, "coube o privilégio de ser a mais evidente e a mais amável" (Fed., 250 e). Por isso, na beleza e no amor que ela suscita, o homem encontra o ponto de partida para a recordação ou a contemplação das substâncias ideais (ibid., 251 a). A repetição dessa doutrina do belo no neoplatonismo assume caráter teológico ou místico porque o bem ou as essências ideais de que falava Platão são hipostasiadas e unificadas por Plotino no Uno, isto é, em Deus; o Uno e Deus são definidos como "o Bem".

BELEZA: A beleza é uma experiência, um processo cognitivo ou mental, ou ainda, espiritual, relacionada à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta. Suas formas são inúmeras, e a ciência ainda tenta dar uma explicação para o processo.

O conceito é humano, mas suas expressões são próprias da natureza, pois em parte está assentado sobre diretrizes biológicas que são ativas em inúmeras espécies superiores de seres vivos, como por exemplo, as aves e os mamíferos. Através deste aspecto, a beleza pode ser compreendida como elemento importante no processo evolutivo das espécies em questão. Até então, a beleza pode ser mensurável, já que está subordinada a padrões específicos. Mas no universo humano, ela não se resume a isso.

GOSTO: entende-se por gosto sobretudo o critério do juízo estético, e foi com esse sentido que essa palavra se incorporou no uso corrente. Em seu sentido mais geral, o gosto é definido por Vauvenargues como "disposição para julgar corretamente os objetos do sentimento"

FEIO: Objetivamente, a feiura (ou fealdade) opõe-se à beleza; contudo, não se quer dizer que no feio faltem todos os elementos que constituem o belo, mas não somente que lhe falta em grau notável, algum desses elementos.

A definição de beleza em geral como a expressão sensível de uma vida rica, harmoniosa e livre; e, em particular, de uma vida humana harmonicamente desenvolvida, desdobrando-se livremente e tendendo vitoriosamente aos seus fins naturais. Feio, por conseguinte, será todo aquele objeto, que nos parece possuir uma vida pobre, incompleta, desproporcionada, ou sentimentos de uma alma vil e desregrada.

Alguns animais parecem-nos feios e até repugnantes, porque nas suas formas desproporcionadas e movimentos tortuosos e estranhos, julgamos ver vida incompleta, contrariada e sem harmonia. O homem não somente é levado a admirar e a procurar o belo na natureza, mas vai mais além, quer exprimir por meio de formas sensíveis o belo que ele próprio concebeu: é o objeto da arte.

TEXTO FILOSOFIA DA ARTE 2º ANO

Filosofia da Arte


Precisamos, no entanto, distinguir entre Estética e Filosofia da Arte. A rigor, o domínio 10 dos fenômenos estéticos não está circunscrito pela Arte, embora encontre nesta a sua manifestação mais adequada. Sob esse prisma, o domínio do estético abrange o da Arte, não só por ser muito mais dilatado, como também porque é nele que devemos ir buscar os critérios gerais que permitem distinguir, nas manifestações artísticas, as autênticas das inautênticas, as valiosas das desvaliosas, as esteticamente boas das esteticamente más.

Mas, por outro lado, a Arte excede, de muito, os limites das avaliações estéticas. Modo de ação produtiva do homem, ela é fenômeno social e parte da cultura. Está relacionada com a totalidade da existência humana, mantém íntimas conexões com o processo histórico e possui a sua própria história, dirigida que por tendências que nascem, desenvolvem-se e morrem, e às quais correspondem estilos e formas definidos. Foco de convergência de valores religiosos, éticos, sociais e políticos, a Arte vincula-se à religião, à moral e à sociedade como um todo, suscitando problemas de valor (axiológicos), tanto no âmbito da vida coletiva como no da existência individual, seja esta a do artista que cria a obra de arte, seja a do contemplador que sente seus efeitos.

Ora, a Filosofia da Arte, que não dispensa pressupostos estéticos, uma vez que estabelece um diálogo com aquelas produções artísticas esteticamente válidas, não só tem na Arte o seu objeto de investigação, como também aquele primeiro dado, de cuja existência se vale, para levantar problemas de índole geral, requeridos pelo dinamismo da reflexão filosófica. Isso quer dizer que a Filosofia da Arte não e uma disciplina especial, senão no sentido de que considera, antes de tudo, a própria Arte Trata se na verdade de uma senda aberta à reflexão filosófica, por onde esta renova o seu diálogo expansivo com o mundo, com a existência humana e com o Ser Dai decorre o fato de que semelhante filosofia conserva, nos problemas particulares de que trata, e que derivam do objeto específico em que se detém, a profundidade dos legítimos problemas filosóficos.

Qual a relação entre Arte e Realidade? Pode-se falar num conhecimento específico, alcançado só por intermédio da Arte, em oposição ao conhecimento objetivo, da ciência e da filosofia? Qual o nexo existente entre a atividade artística e os diferentes valores, principalmente os morais e os religiosos? De que maneira essa atividade se relaciona com a atividade produtiva, sob o aspecto da técnica? Quais são, finalmente, as conexões da Arte com a sociedade, a história e a cultura? Eis os mais relevantes problemas da Filosofia da Arte. Podemos encontrá-los todos, alguns apenas esboçados, outros solucionados de acordo com os padrões culturais da sociedade grega do século V a. C., na filosofia platônica. Entretanto, só modernamente, depois do nascimento da Estética, foi que a Filosofia da Arte, nas primeiras décadas do século XIX, começou a desenvolver-se em bases novas, que em grande parte ainda continuam sendo as nossas.

Os idealistas alemães, Schelling, Schopenhauer, e principalmente Hegel, embora submetessem a Filosofia da Arte aos sistemas filosóficos que elaboraram, contribuíram, de Limeira decisiva, depois de Kant e de Schiller, para fazer dessa filosofia o que ela é atualmente:

uma reflexão que tem como um dos seus fins últimos justificar a existência e o valor da Arte determinando no conjunto das criações do espirito humano, a função que ela desempenha, ao lado da ciência, da religião, da morai e, também, fato digno de nota, ao lado da própria filosofia, cujo atual interesse pela Arte não encontra paralelo em épocas passadas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

TEXTO BASE PARA O ESTUDO DIRIGIDO LÓGICA 1° ANO

CENTRO EDUCACIONAL 06-GAMA/DF



PROF: DENYS F. DA COSTA


DISCIPLINA : FILOSOFIA


1º SÉRIE


NOME:_________________________________________Nº____TURMA___


ESTUDO DIRIGIDO: LÓGICA



Introdução

       A lógica faz parte do nosso cotidiano. Na família, no trabalho, no lazer, na política, enfim, sempre que nos dispomos a conversar com as pessoas, usamos argumentos para expor e defender nossos pontos de vista. Os pais discutem com seus filhos adolescentes sobre o que podem ou não fazer, e eles rebatem com outros arrazoados. Nos encontros entre amigos nem sempre todos têm opinião idêntica a respeito de assuntos tais como: se a fidelidade é importante nas relações amorosas, se a política é ou não importante na vida de todos, se o aborto é uma maneira adequada de resolver uma gravidez não- desejada, se clonar humanos é urna prática eticamente correta, e assim por diante.

      Outras vezes, porém, enfrentamos situações em que desejamos persuadir alguém a respeito de nossas idéias. Por exemplo, o político deseja o voto do eleitor, o advogado quer convencer O juiz ou o promotor da inocência do seu cliente, o gerente defende a implantação de urna estratégia a ser avaliada pelos proprietários da empresa. Nesses casos, não se trata apenas de simples exposição de um raciocínio, em que predominam elementos racionais, mas apela—se também para a emoção, a fim de melhor convencer o ouvinte. Essas técnicas são conhecidas da retórica, a arte do discurso persuasivo.

      Não é esse aspecto persuasivo que nos interessa neste capítulo, mas o estudo da lógica, importante instrumento para organizarmos nossas idéias de forma mais rigorosa, de maneira a não tirarmos conclusões inadequadas a partir de enunciados dados.

Neste capítulo vamos examinar as principais características da lógica aristotélica e indicar o percurso da lógica pós—aristotélica. Na Segunda parte, abordaremos alguns tópicos da lógica contemporânea, conhecida como lógica simbólica ou matemática.

1. Definição e princípios

       Embora os sofistas e também Platão tenham se ocupado com o que poderíamos chamar de questões lógicas, nenhum deles o fez com a amplitude e o rigor alcançados por Aristóteles (sé e. IV a.C.), na obra Analíticos. Como o próprio nome diz, trata-se de urna análise do pensamento nas suas partes integrantes. Essa e outras obras sobre que o assunto foram denominadas mais tarde, em conjunto, Organon, que significa “instrumento” (instrumento para se proceder corretamente no pensar). O próprio Aristóteles não usou a palavra lógica que só apareceu mais tarde.

         Etimologicamente, a palavra lógica vem do grego logos, que significa “palavra”, “expressão”, “pensamento”, “conceito”, “discurso”, “razão”. Podemos defini-la como o estudo dos métodos e princípios da argumentação. Ou, então, como a investigação das condições em que a conclusão de um argumento se segue de suas premissas. Por exemplo, vejamos as seguintes argumentações:

4. Tipos de argumentação

       Tradicionalmente dividimos os argumentos em dois tipos, os dedutívos e os indutivos, sendo que a analogia constitui apenas uma forma de indução.

Dedução

       Em um argumento dedutivo correto a conclusão é inferida necessariamente das premissas. Ou seja, o que está dito na conclusão é extraído das premissas, pois na verdade já está implícito nelas. Na dedução lógica, o enunciado da conclusào não excede o conteúdo das premissas, isto é, não se diz mais na conclusão do que já foi dito. Aliás, etimologicamente, dedução vem do latim de-ducere, que significa “conduzir a partir de”.

        A matemática usa predominantemente processos dedutivos de raciocínio. A proposição matemática é demonstrada quando a deduzimos de proposições já admitidas como verdadeiras, quando fazemos ver que a conclusão decorre necessariamente das proposições que a antecedem. Mas a dedução matemática não se confunde com a dedução lógica, pois a matemática manipula também outros símbolos, revelando novas relações, o que torna a dedução matemática mais ampla e fecunda.

        Retomando os quatro silogismos que examinamos nos itens anteriores, podemos vê-los como exemplos de dedução. Acrescentamos que o silogismo é um raciocínio que parte de pelo menos uma proposição geral e cuja conclusão pode ser uma proposição geral ou uma proposição particular.

        Nos exemplos a seguir, a primeira dedução parte de premissas gerais e chega a uma conclusão também geral; no segundo caso, a conclusão é particular:

Todo brasileiro é sul—americano.

Todo paulista é brasileiro.

Todo paulista é sul—americano.



Todo brasileiro é sul—americano.

Algum brasileiro é índio.

Algum índio é sul-americano.



(Exemplo 1)

Toda estrela brilha com luz própria.

Ora, nenhum planeta brilha com luz

própria.

Logo, nenhum planeta é estrela.

(Exemplo 2)

Todos os cães são mamíferos.

Ora, todos os gatos são mamíferos.

Portanto, todos os gatos são cães.

         As premissas são as proposições iniciais nos exemplos, as duas primeiras a partir das quais tiramos a conclusão. No segundo exemplo, logo percebemos que o argumento não é válido, mas nem sempre isso é visto com tanta clareza, porque, em outras vezes, a argumentação nos parece correta, sem ser. Por isso precisamos nos instruir sobre regras que possam nos orientar.

Mais adiante, voltaremos a esses conceitos para melhor compreendê-los.

Segundo Aristóteles, a lógica se subdivide em:

lógica formal (ou menor), que estabelece a forma correta das operações do pensamento. Se as regras forem aplicadas adequadamente, o raciocínio é considerado válido.

lógica material (ou maior),que trata da aplicação das operações do pensamento segundo a matéria ou natureza dos objetos a conhecer. Enquanto a lógica formal se ocupa com a estrutura do pensamento, a lógica material investiga a adequação do raciocínio à realidade. E também chamada metodologia, e como tal procura o método próprio de cada ciência.

       Uma das mais duradouras contribuições da lógica aristotélica está no estabelecimento dos primeiros princípios que, por serem anteriores a qualquer raciocínio, servem de base a todos os argumentos. Esses princípios, que se relacionam entre si, também dependem da concepção metafisica aristotélica ,São eles o princípio de não-contradição, o princípio de identidade e o princípio do terceiro excluído.

        E assim que Aristóteles formula na Metafísica o princípio de não-contradição: “E impossível que o mesmo (o mesmo determinante) convenha e não convenha ao mesmo ente ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto”. Isso significa que duas proposições contraditórias não podem ser verdadeiras, que não é possível afirmar e negar simultaneamente a mesma coisa, isto é, nenhum enunciado pode ser verdadeiro e falso. Por exemplo: se for verdade que “alguns seres humanos não são justos”, é falso que “todos os seres humanos sejam justos”.

         Segundo o princípio de identidade, se um enunciado é verdadeiro, então ele é verdadeiro. O princípio do terceiro excluído afirma que um enunciado ou é verdadeiro, ou é falso.

2. Proposição e argumento

Com o auxilio da psicologia, podemos constatar que chegamos às nossas conclusões por meio de elementos racionais, embora existam também fatores emocionais e intuitivos, tais corno divagação, associação de idéias, imaginação. recursos cujos resultados podem ser desde crenças e opiniões até sentenças científicas. No entanto, os aspectos psicológicos não interessam à lógica, cujo objetivo é a análise do argumento. O argumento é um discurso em que encadeamos proposições de maneira a chegar a uma Conclusão. A proposição é tudo o que pode ser afirmado ou negado. Por exemplo, “Todo cão é mamífero” ou então “Animal não é mineral”.

Aos dois exemplos de argumentos que apresentamos na introdução do capítulo, vamos acrescentar mais um:



           Nos exemplos dados, há três proposições em que a última, a conclusão (ou conseqüente), deriva logicamente das duas anteriores, chamadas premissas (etimologicamente, “que foram colocadas antes”) ou antecedentes. Nem sempre (na verdade quase nunca. .) a argumentação se formaliza claramente como nos exemplos citados. Quando expomos nossas idéias, seja oralmente ou por escrito, às vezes começamos pela conclusão, além de, com freqüência, omitirmos premissas, deixando—as subentendi das. Por isso, um dos trabalhos do l6gico é montar o raciocínio redescobrindo sua estrutura e avaliando se a conclusão se segue das premissas.

Por exemplo, quando dizemos: “Preste atenção, a palavra Malu não tem acento!”, estamos enunciando a conclusão de um raciocínio subentendido que pode ser montado assim:” Toda palavra oxítona terminada em i ou u tônicos só é acentuada quando precedida de vogal. Ora, na palavra Malu o u tônico não é precedido de vogal, portanto não deve ser acentuado”.

A passagem das premissas para a conclusão corresponde à inferência (do latim infere, “levar para”). A inferência é um processo de pensamento pelo qual, a partir de certas proposições. chegamos a uma conclusão. Cabe ao lógico examinar a forma da inferência, a concatenação existente entre os diversos enunciados, a fim de verificar se é válido chegar a determinada conclusão. Em outras palavras, a lógica examina se a estrutura da inferência é válida ou inválida.

3. Validade e verdade

          Podemos dizer das proposições que elas são verdadeiras ou falsas. Mas quando se trata de argumentos, dizemos que são válidos ou inválidos. Uma proposição é verdadeira quando corresponde ao fato que expressa. Um argumento é válido quando sua conclusão é conseqüência logica de suas premissas.

          Retomemos as argumentações já citadas: no primeiro exemplo (estrelas e planetas) e no terceiro (sobre o mercúrio), as proposições que constituem o antecedente, bem como a conclusão, são verdadeiras e a inferência é válida, Já no segundo exemplo (cães e gatos),as proposições que constituem o antecedente são verdadeiras, a conclusão é falsa e a inferência é inválida.

          Vamos complicar um pouco mais? Pode acontecer de todas as proposições que constituem o antecedente e o conseqüente serem verdadeiras e a inferência ser inválida, corno no exemplo a seguir.

(Exemplo 4)

Todo inseto é hexápode (tem seis patas).

Ora, todo inseto é invertebrado.

Logo, todo hexápode é invertebrado.

          Para justificar o que dizemos, é preciso antes compreender alguns conceitos. Esse tipo de argumento é chamado por Aristóteles de silogisino, que significa “ligação”: é a ligação de dois termos por meio de um terceiro. Retomando o primeiro exemplo, dado no item 1, vemos três termos: “estrela”, “brilha com luz própria” e “planeta”. Chamamos termo médio aquele que faz a ligação entre os outros dois. No exemplo, “brilha com luz própria” liga “estrela” e “planeta”, de modo que a conclusão segue-se necessariamente das premissas. Além disso, o enunciado da conclusão não excede o conteúdo das premissas, isto é, não se diz mais na conclusão do que já foi dito.

         Para justificar que a conclusão não excede o que foi dito no antecedente é preciso saber que existem proposições gerais e proposições particulares.

          Uma proposição é geral quando o sujeito da proposição é tomado na sua totalidade. Por exemplo: “Toda baleia é mamífero”. E preciso prestar atenção, pois às vezes usamos apenas o artigo definido (o, a) para indicar a totalidade: “O homem é livre”. Observe também que não importa se nos referimos a uma parte de outra totalidade; se na proposição tomamos todos os elementos que a constituem, trata-se de uma proposição geral, uma vez que o termo é total (ou distribuído). Na proposição “Os paulistas são brasileiros”, não importa que os paulistas sejam uma parte dos brasileiros, mas que nesse caso estamos nos referindo à totalidade dos paulistas.

         Uma proposição é particular quando o sujeito da proposição é tomado em apenas uma parte indeterminada: “Alguns homens são injustos”, “Certas pessoas são curiosas”. Uma proposição particular pode ser singular, quando o sujeito se refere a um indivíduo: “Esta flor é bonita”, “São Paulo é uma bela cidade”, “Sócrates é filósofo”.

         Outro aspecto a observar é a extensão do termo. Chamamos de extensão a amplitude de um termo, ou seja, a coleção de todos os seres que ele designa. Por exemplo, a extensão de estarmos atentos à extensão dos termos no argumento para verificarmos a validade dele.

Precisamos ainda de mais um instrumental de apoio, ou seja, as oito regras do silogismo:

• o silogismo só deve ter três termos o maior, o menor e o médio);

• de duas premissas negativas nada resulta:

• de duas premissas particulares nada resulta:

• o termo médio nunca entra na conclusão:

• o termo médio deve ser pelo menos uma

vez total;

• nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas premissas;

• de duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa;

• a conclusão segue sempre a premissa niais fraca (se nas premissas uma delas for negatIva, a conclusão deve ser negativa; se uma for particular, a conclusão deve ser particular).

Examinemos agora os argumentos já vistos a fim de aplicar neles o que aprendemos. Escolhemos os exemplos 2 e 4, por serem inválidos. Vejamos por quê.

          No exemplo 2 (dos cães e gatos), o termo médio — que aparece na primeira e na segunda proposições — é “mamífero”, e é assim chamado por fazer a “ligação” entre “cão” e “gato”. Ora, segundo uma das regras do silogismo, esse termo deveria ser pelo menos uma vez total, mas nas duas proposições ele é particular, como se disséssemos: “Todos os cães são (alguns dentre os) mamíferos” e “Todos os gatos são (alguns dentre os) mamíferos”. Portanto, na conclusão, afirmamos mais do que foi dito nas premissas. o que torna a inferência inválida)

          No exemplo 4, temos três termos: inseto, liexápode e invertebrado. O termo “inseto” é o termo médio. No entanto, o termo maior “hexápode” é particular na premissa maior: “Todo inseto é (algum dentre os) hexápode”. Já na conclusão, “hexápode” é tomado em toda extensão (todo hexápode), o que significa afirmar no consequente mais do que foi afirmado no antecedente.

          Quanto aos dois outros exemplos, o 1 e o 3, exercite você mesmo, aplicando neles todas as regras, a fim de confirmar sua validade. “mamífero” é a classe de todos os seres que mamam. Veremos adiante como é importante É verdade que a dedução é um modelo de rigor. Mas também é estéril, na medida em que não nos ensina nada de novo, apenas organiza o conhecimento já adquirido. Condillac, filósofo francês do século XVIII, compara a lógica aos parapeitos das pontes: “impedem—nos de cair, mas não nos fazem ir adiante”. Isso significa que a conclusão nada acrescenta àquilo que as premissas já disseram. No entanto, se a dedução não inova, isso não significa que não tenha valor algum, já que sempre fazemos deduções e é preciso investigar quando são válidas ou inválidas.

Indução

           A indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados singulares constatados, chegamos a proposições universais. Nesse tipo de argumento ocorre uma generalização indutiva. Enquanto na dedução a conclusão deriva de proposições universais já conhecidas, a indução, ao contrário, chega à conclusão a partir de evidências parciais. Exemplos:

           Esta porção de água ferve a cem graus, e esta outra, e esta outra...; logo, a água ferve a cem graus.

           O cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, e o ferro, e o zinco, e a prata também...; logo, o metal (isto é, todo metal) é condutor de eletricidade.

           Diferentemente do argumento dedutivo, o conteúdo da conclusão da indução excede o das premissas. Enquanto a conclusão da dedução está contida nas premissas, e retira daí a prova de sua verdade, a conclusão da indução tem apenas pio- habilidade de ser correta. Portanto, segundo Wesley Salmon, “podemos afirmar que as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem certa verossimilhança à sua conclusão”.

            Apesar da aparente fragilidade da indução. Que não alcança o rigor do raciocínio dedutivo, trata-se de uma forma muito fecunda de pensar. Responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciências experimentais. Além disso, todas as nossas previsões têm base na indução, ou seja, no raciocínio que, partindo de alguns casos da experiência presente, nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde.

            Cabe ao lógico especificar as condições sob as quais devemos tomar a indução como correta. Há vários tipos de indução, e aqui vamos examinar alguns.

Existe indução completa quando há condições de serem examinados cada um dos elementos de um conjunto:

A visão, o tato, a audição, o gosto, o olfato (que chamamos sentidos) têm um órgão corpóreo.

Portanto, todo sentido tem um órgão

corpóreo.

            No entanto, o caso mais comum é o da indução incompleta, em que de alguns elementos conclui-se a totalidade. A generalização indutiva é precária quando feita apressadamente e sem critérios. E preciso examinar se a amostragem é significativa e se existe número suficiente de casos que permitam a passagem do particular para o geral.

           Ao fazer a prévia eleitoral, um instituto de pesquisa consulta amostras significativas dos diversos segmentos sociais, segundo metodologia científica, Ao considerar que dentre os eleitores da amostra 25% votarão no candidato X, e 10% no Y conclui-se que a totalidade dos eleitores votará segundo a mesma proporção.

Analogia

Como dissemos, a analogia é um caso de indução, mas vamos analisa-la separadamente por ter algumas características específicas.

           Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita, na qual passamos de um ou de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas a uma outra enunciação singular ou particular, inferida em virtude da comparação entre objetos que, embora diferentes, apresentam pontos de semelhança:

Paulo sarou de suas dores de cabeça com este remédio.

Logo, João há de sarar de suas dores de cabeça com este mesmo remédio.

             É claro que o raciocínio por semelhança fornece apenas probabilidade, e não certeza, mas desempenha papel importante na descoberta ou na invenção parte de nossas conclusões diárias baseia—se na analogia. Se lermos um bom livro de Graciliano Ramos, provavelmente compraremos outro do mesmo autor, na suposição de que deverá ser bom também. Se formos bem atendidos numa loja, voltaremos da próxima vez, na expectativa de tratamento semelhante. Da mesma forma, se mal atendidos, evitaremos retornar. Quando as explicações de determinado fato nos parecem complexas, costumamos recorrer a comparações, que na verdade são analogias: “Quem não está habituado a ler, sofre como um nadador iniciante, engole água e perde o fôlego”. Do mesmo modo, o texto literário é enriquecido pela metáfora, que é uma forma de estabelecer semelhança: “Amor é fogo que arde sem se ver” (Camões).

               A ciência também se vale de analogias. O médico britânico Alexander Fleming estava cultivando colônias de bactérias e observou que elas morriam em torno de uma mancha de bolor que tinha sido formada casualmente. Investigando o novo fato, reconheceu os fungos do gênero Penicillium. Por analogia, supôs que, se o bolor destruía as bactérias na cultura in vitro, poderia ser usado como medicamento para curar doenças em organismos ou seres mais complexos.

               As analogias podem ser fracas ou fortes, dependendo da relevância das semelhanças estabelecidas entre objetos diferentes. Embora a fisiologia dos seres humanos não seja idêntica à das cobaias, em experiências biológicas podem ser feitas comparações que tornam a analogia adequada e fecunda. Se o biólogo constatar determinados efeitos de uma droga ministrada em cobaias, é possível sustentar que os efeitos provocados em humanos sejam semelhantes.

                No entanto, convém observar que tipo de diferentes objetos comparamos para chegar a uma conclusão e qual é o critério de relevância que estamos usando, Assim, será fraca a analogia em que, embora a conclusão se baseie em diversas considerações, todas são irrelevantes. Por exemplo, se desejo comprar um carro que tenha o mesmo rendimento do carro do meu amigo, a analogia será fraca se eu levar em conta as semelhanças de cor, estofamento, recursos do painel e aquisição por meio da mesma agência de automóveis. A analogia será forte se, ao contrário, considerar a marca, o modelo, a potência, o número de cilindros, o peso da carroceria.

            Esse exemplo, dado pelo professor norte- americano Irving Copi, serve para ressaltar que “o fator de relevância deve ser explicado em função da causalidade” e que, portanto, “para apreciar argumentos analógicos são requeridos alguns conhecimentos das conexões causais”.

5. Falácias

                A falácia é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de ter a aparência de correção. E conhecida também como sofisma ou paralogismo, embora alguns estudiosos façam uma distinção, pela qual o sofisma teria a intenção de enganar o interlocutor, diferentemente do paralogismo.

                As falácias podem ser formais, quando contrariam as regras do raciocínio correto, ou não- formais, quando, segundo Irving Copi, os erros decorrem de “inadvertência ou falta de atenção ao nosso tema, ou então porque somos iludidos por alguma ambigüidade na linguagem usada para formular nosso argumento”.

São inúmeros os tipos de falácia e por isso vamos nos restringir a alguns poucos.

Falácias não-formais

Comecemos pelas falácias não-formais, bastante comuns na vida diária.

               Muitas falácias decorrem do fato de algumas premissas serem irrelevantes para a aceitação da conclusão, mas são usadas com a função psicológica de convencer, mobilizando emoções como medo, entusiasmo, hostilidade ou reverência.

               Por exemplo, o argumento de autoridade é um tipo de indução aceitável, desde que a autoridade seja um especialista, tornando—se irrelevante se, por exemplo, reõorrermos à autoridade do cientista Einstein para justificar posições religiosas ou ao jogador Pelé para avaliar política. Trata-se de recurso desviante, em que é usado o prestígio da autoridade para outro setor que não é da sua competência. Isso é muito comum na propaganda, quando artistas famosos “vendem” desde sabonetes até idéias, quando, por exemplo, apóiam um candidato às eleições.

                 Há ainda o argumento de autoridade “às avessas”, no sentido de ser pejorativo e ofensivo, conhecido como argumento contra o homem. Ocorre quando consideramos errada uma conclusão porque parte de alguém por nós depreciado. Ao refutar a verdade, atacamos quem fez a afirmação: por exemplo, desvalorizar a filosofia de Francis Bacon porque ele perdeu seu cargo de Chanceler da Inglaterra depois de serem constatados atos de desonestidade; ou ainda desmerecer o valor musical de Wagner a partir de sua adesão aos movimentos anti-semitas.

                Na falácia de acidente, considera—se essencial algo que não passa de acidente como, por exemplo, concluir que a medicina é inútil por causa do erro de um médico. Ou quando se aplica o que é válido como regra geral em circunstâncias particulares e “acidentais” em que a regra é inaplicável. E o caso de pessoas excessivamente moralistas ou legalistas, que julgam a partir da letra fria das normas e das leis, independentemente da análise cuidadosa das circunstâncias específicas dos acontecimentos.

                A falácia de ignorância da questão consiste em se afastar da questão, desviando a discussão. Um advogado habilidoso, que não tem como negar o crime do réu, enfatiza que ele é bom filho, bom marido, trabalhador etc.; um vereador acusado de ter gasto sem a autorização da Câmara põe em relevo a importância e urgência dos gastos; ou, ainda, o deputado que defende o governo acusado de corrupção em comissão de inquérito não se detém para avaliar os fatos devidamente comprovados, mas discute questões formais do relatório da comissão ou enfatiza o pretenso revanchismo dos deputados oposicionistas.

              Há também falácias como a petição de princípio, ou círculo vicioso, que consiste em supor já conhecido o que é objeto da questão. Por exemplo: “Por que o ópio faz dormir? Porque tens uma virtude dormitiva” ou “Tal ação é injusta porque é condenável; e é condenável porque é injusta”. Nessas citações é fácil perceber o erro, mas nem sempre se descobre à primeira vista que a afirmação da conclusão está presente entre as premissas, como no exemplo relatado por Irving Copi: “Permitir a todos os homens uma liberdade ilimitada de expressão deve ser sempre, de um modo geral, vantajoso para o Estado; pois é altamente propício aos interesses da comunidade que cada indivíduo desfrute de liberdade, perfeitamente ilimitada, para expressar os seus sentimentos”.

             Outras vez conceitos ou frases não são suficientemente esclarecidos ou são empregados com sentidos diferentes nas diversas etapas da argumentação. Trata— se de equívoco usarmos a palavra. fim em dois sentidos diferentes como se fosse o mesmo: “O fim de uma coisa é a sua perfeição; a morte é o fim da vida; logo a morte é a perfeição da vida”.

Falácias formais

            Nas falácias formais, o argumento não atende às regras da inferência válida. Como no presente capítulo não vamos nos estender na exposição dessas regras, daremos apenas alguns exemplos.

             Entre as regras da conversão de proposições nas chamadas inferências imediatas, só se pode converter simplesmente uma proposição universal quando se trata de uma definição ou quando na recíproca os termos mantêm a mesma quantidade. Por exemplo: “Todo quadrado é um losango que tem um ângulo reto, portanto, todo losango que tem um ângulo reto é um quadrado”. Caso contrário, trata—se de falácia: “Todos os mamíferos são vertebrados, logo, todos os vertebrados são mamíferos”.

Lembrando os quatro argumentos já expostos neste capítulo, vimos que o 2 e o 4 eram inválidos e, portanto, são falácias. Para completar. vamos ver mais dois exemplos:

(Exemplo 5)

Todos os homens são loiros.

Ora, eu sou homem.

Logo, eu sou loiro.

(Exemplo 6)

Todos os elefantes são vertebrados.

Ora,Jumbo é vertebrado.

Logo, Jumbo é elefante.

               À primeira vista ficamos tentados a dizer que o argumento 5 não é válido e o 6 é válido. Mas não é assim tão simples. Embora o 5 tenha a primeira premissa materialmente falsa (ou seja, o conteúdo dela não corresponde à realidade), trata—se de um argumento formalmente correto. Segundo as regras da lógica, colocadas tais premissas, necessariamente segue—se a conclusão

             Por outro lado, o argumento 6, que tende- usos a considerar válido, é formalmente inválido. Não importa que a conclusão seja verdadeira, ruas sim que não se trata de uma construções, as falácias não—formais decorrem de ambiguidades e falta de clareza, quando logicamente válida. Basta lembrar uma das regras do silogismo, segundo a qual o termo médio “vertebrado” é particular nas duas proposições (os elefantes são alguns dentre os vertebrados, e Jumbo é um dos vertebrados).

           Os exemplos 5 e 6 são portanto falácias, sendo o 5 uma falácia quanto à matéria, embora se trate de argumento formalmente correto, enquanto o 6 é uma falácia quanto à forma, pois desatende a uma regra do argumento válido. Retomando os silogismos falaciosos dos exemplos 2 e 4, constatamos que primeiramente são falácias quanto à forma, embora o 2 também seja quanto à matéria.

Enfim, para se provar (demonstrar) a verdade da conclusão é preciso: a) partir de premissas verdadeiras; b) utilizar um argumento válido que conduza a essa conclusão.

6. A lógica pós-aristotélica

             Até o século XIX, a lógica aristotélica nào passou por mudança essencial, apesar de ter sofrido as mais diversas críticas.

              Na Idade Média foram introduzidas as célebres fórmulas mnemônicas, para facilitar a retenção pela memória: por meio de palavras latinas era possível identificar as combinações possíveis das premissas e da conclusão que redundavam em silogismo válido, a fim de distingui-los dos sofismas. Também foram organizadas as oito regras do silogismo, a que já nos referimos.

                 Hostil a Aristóteles, a filosofia na Idade Moderna procura caminhos diferentes daqueles trilhados pelo filósofo grego e pelos medievais. E assim que Descartes (século XVII), tendo estudado com os jesuítas de La Fleche, repudia os procedimentos silogísticos da escolástica medieval e procura um novo método para a filosofia que possibilite a invenção e a descoberta e não se restrinja à demonstração do já sabido. Também a física moderna exigia um instrumento diferente da lógica formal. Daí a importância da geometria analítica de Descartes e do cálculo infinitesimal de Leibniz.

               Francis Bacon (1561—1626), filósofo inglês, escreve o Novum Organum e, como sugere o título da. obra, pretende se opor ao Organon, à lógica de Aristóteles. Bacon reflete o novo espírito da Idade Moderna, que prestigia a técnica, a experiência, a observação dos fatos e repudia a vocação medieval para os debates puramente formais e as estéreis demonstrações silogísticas. A estas contrapõe outras formas de indução, que não a simples enumeração, por considera-las mais fecundas. A parte mais original de sua obra é a que indica as possíveis ocasiões de erro por causa dos preconceitos, a que Bacon chama de ídolo As preocupações com o método das ciências serão retomadas por Stuart Mil no século XIX, quando formula os cinco “cânones” clássicos da inferência indutiva.2 Segundo Irving Copi, “os métodos de Mil patenteiam-se como instrumentos para testar hipóteses. Os seus enunciados descrevem o método da experiência controlada, que é uma arma absolutamente indispensável no arsenal da ciência moderna”.

                A lógica aristotélica persiste por mais de dois mil anos, sendo que até cerca de 150 anos atrás pensava-se que representava uma forma definitiva de organização do pensamento, o que, como veremos na Segunda parte deste capítulo, não correspondeu à realidade dos fatos. No entanto, isso não significa que tenha sido abandonada, ao contrário, continua sendo um instrumento eficaz para a verificação da validade dos argumentos, servindo de base inclusive para as novas lógicas que a complementam e para as outras que a ela se opõem.





Obs: texto extraído do livro Filosofando, ed: Moderna