domingo, 13 de março de 2011

ESTUDO DIRIGIDO ( EMPIRISMO)

CENTRO EDUCACIONAL 06-GAMA/DF


PROF: DENYS F. DA COSTA

DISCIPLINA : FILOSOFIA

2º SÉRIE

NOME:_______________________________________________________Nº____TURMA____

ESTUDO DIRIGIDO ( EMPIRISMO)



PARTE 01: OBJETIVA (1,5)

• Julgue os itens abaixo (C) certo ou (E) errado, a partir da leitura do texto.

(A) .No século XVIII, abriu-se um novo horizonte para a filosofia.

(B) Foi através das ideias de Platão, que o Empirismo ganha força enquanto teoria.

(C) Para Locke o homem nasce cheio de ideias.

(D) De acordo com Locke, o entendimento é constituído de impressões, ideias, sensações e reflexões, reagindo com a experiência.

(E) Para Locke, as pessoas que não fossem nobres, não teriam direitos naturais.

(F) A relação entre trabalho e direito à propriedade favoreceu o surgimento do Socialismo.

(G) Tudo que existe são ideias, essa afirmação provem de Berkeley.

(H) As impressões sensoriais de acordo com Locke se reúnem em nossas mentes por associação de ideias.

(I) O associasimo baseia-se em uma visão pragmática.

(J) Para Hume, existem conexões logicas que se pode estabelecer entre as ideias.

(K) Para Hume, todas as ações e juízos se baseiam em ações racionais.

(L) A lei de Hume é conhecida como falácia naturalista.

(M) Hume para explicar sua visão científica da natureza, faz uma comparação com a lei de Newton.

(N) Todo entendimento baseia-se na razão segundo descartes.

(O) Só existem ideias percebidas.

PARTE 02: SUBJETIVA (1,5)

1) Explique em poucas linhas o que seria Empirismo.

2) Qual a crítica que Locke faz ao Inatismo , quando compara o Empirismo?

3) Como o Empirismo explica a teoria do direito divino dos reis?

4) Visto que o absolutismo Inglês estava em crise com sucessivas crises e deposições, Locke fez uma nova proposta de construção de governo. Assim diga qual é e explique-as.

5) Como funciona o conceito de pacto social segundo Locke.

6) Qual é o “erro” na teoria de Locke?

7) “ Só existe algo se for percebido por alguém”. Explique essa afirmação a partir das ideias de Berkelei.

8) Por que Berkelei é considerado um idealista como Platão?

9) Como Hume Examinou o conhecimento humano?

10) Explique o que seria a forquilha de Hume.

11) Como Hume argumentou sobre a questão do associalismo?

12) “ Os Julgamento em outras palavras não são verdadeiros no sentido em que fatos podem ser verdadeiros”. Comente essa questão de acordo com o texto.

13) Comente sobre a “ lei de Hume”.

14) Qual é o problema do Empirismo apontado no texto.

15) Porque a ciência não oferece uma objetividade ao Empirismo?

ENTREGA: ATÉ 01/04/2011(IMPRORROGÁVEL)

TEXTO BASE PARA O ESTUDO DIRIGIDO (EMPIRISMO\0

EMPIRISMO






No final do século XVII, a ciência tinha feito grandes progressos em física, biologia, astronomia e outras áreas. Impressionados com essas realizações, os filósofos começaram a pensar que talvez a ciência pudesse lançar uma nova luz sobre a filosofia moral — talvez as técnicas científicas pudessem explicar como pensamos, como compreendemos e como deveríamos viver em sociedade.

Essa abordagem científica abriu novos campos para a filosofia por proporcionar uma fonte potencial de conhecimentos sobre o ser humano. Ela deu esperanças aos filósofos de descobrir melhores formas de pensar sobre religião, direitos humanos e natureza humanas.

O sol nunca se põe no empirismo britânico

Muitos importantes filósofos empíricos dos séculos XVII e XVIII foram britânicos. Isso se deve em parte às dificuldades religiosas e políticas que a Inglaterra atravessava. Religião e governo muitas vezes ficavam fora de controle, mas pelo menos a realidade empírica estava quase sempre bem organizada!

*Sir Francis Bacon (1561-1626) propôs um programa para revisar o conhecimento

Antigo e adquirir novos conhecimentos com base na observação.

*Thomas Hobbes (1588-1679) fez derivar de princípios mecânicos sua filosofia da

Mente e do governo. Rejeitou a noção de ‘espírito imaterial’.

*Sir Robert Boyle (1627-1692) estudou física e química e inventou o barômetro.

*John Locke (1632-1704) descreveu o entendimento humano de maneira empírica, sustentou que não havia idéias inatas. Baseou suas concepções políticas na idéia dos ‘direitos naturais’.

O entendimento segundo Locke

O empirismo na Europa vinha ganhando fôlego havia várias décadas antes de o filósofo britânico John Locke o popularizar ao usá-lo para explicar como as pessoas conhecem

De acordo com Locke, o empirismo não é apenas uma forma de pensar para filósofos e cientistas, mas os fundamentos de como todos aprenderam o que sabem.

O empirismo é a idéia de que o conhecimento obtido por observação e experiência é mais confiável do que o conhecimento obtido somente pela especulação. Locke levou esta idéia mais longe afirmando que todo conhecimento advém de observação e experiência. Segundo ele, não há idéias inatas.

Uma idéia inata é aquela com que você nasce, Locke sustentou que não nascemos com nenhuma. Obtemos todas elas pela experiência: não apenas idéias de objetos realmente observados — como hidrantes e caldos de galinha — mas conceitos abstratos também, como número, forma e tamanho.

Locke fornece uma explicação detalhada de como obtemos todas as nossas diferentes e complexas idéias pela experiência no famoso Ensaio acerca do entendimento humano. Nessa obra, ele afirma que os sentidos e a mente funcionam em conjunto para transformar experiência em entendimento.

Segundo ele, nosso entendimento constitui-se de impressões, idéias, sensações e reflexões, e todas reagem à experiência e interagem entre si para produzir tudo que pensamos. Mesmo idéias imaginárias, como dragões, fantasmas e acertar na loteria, formam-se a partir de experiências reais.

“Sabedoria em ação: Use a idéia de Locke de que •. O entendimento se baseia na experiência para explicar por — que você vê as coisas de modo diferente dos outros. Por exemplo, se você cresceu sendo criticado por discutir, verá as coisas de forma diferente de alguém que foi encorajado a discutir. “

Sua mente estava vazia

Quando você nasce, observa Locke, sua mente é como uma lousa vazia (ou tabula rasa, em latim). Conforme você vê coisas, ouve sons e toca em objetos, aprende sobre eles. A experiência e a observação são como o giz que escreve conhecimentos na lousa vazia.

Esse ponto de vista reformulou a idéia aristotélica de que os objetos que percebemos estão na verdade dentro de nossas mentes quando os percebemos. Em vez disso, segundo Locke, sabemos das coisas somente porque nossas percepções produzem a partir delas sensações das quais formamos idéias. Essas idéias podem ser bem diferentes das próprias coisas.

O conhecimento é acidental?

O conceito de Locke de ‘entendimento’ como totalmente baseado na experiência foi contestado em sua época. Seu principal oponente, Gottfried Leibniz, reclamou que Locke não deu à lógica e à razão papéis suficientemente grandes no entendimento. Leibniz afirmou que a mente tem uma idéia da substância, do eu e de Deus sem jamais tê-los experimentado. Para Leibniz, a visão de Locke do entendimento deixou margens demais para o acaso. Não temos conhecimentos apenas por acaso, mas de acordo com um projeto natural, um plano divino.

Apesar das objeções, o pensamento de Locke foi popular e influente. As pessoas o estimavam pelo que afirmou sobre o conhecimento: o que sabemos está limitado à nossa experiência. Colocar esses limites no conhecimento significava que muito do que as pessoas achavam que sabiam teria de ser abandonado. De fato, Locke dedicou bastante tempo e energia criticando antigas concepções políticas.

“Retirar Deus do governo”

Locke não chegou ao ponto de negar a existência de Deus. Ainda que não possamos ter uma experiência de Deus, Locke afirmou que podemos demonstrar sua existência mais ou menos como um teorema geométrico. Locke atacou outra idéia ‘sagrada’ que muitos defendiam na época: o “direito divino dos reis”

Falência do direito divino dos reis

O direito divino dos reis justificara a monarquia por séculos. Ele foi defendido na época de Locke por um filósofo político hoje desconhecido, Robert Filmer. Filmer afirmou que todos os reis verdadeiros descendem diretamente de Adão, o primeiro homem criado por Deus.

De acordo com Filmer, Deus, ao conceder a Adão e seus descendentes o domínio sobre a Terra (como narra o Gênesis), também concedeu implicitamente o direito aos reis de governar as outras pessoas. Os reis adoraram Filmer e sua idéia, porque ela ajudava a assegurar a lealdade dos súditos. Mas na época de Locke a idéia do direito divino começava a ficar ultrapassada.

Locke viu algumas mudanças drásticas na forma de governo da Inglaterra. Testemunhou duas revoluções. A primeira envolveu uma guerra civil e resultou na decapitação de Carlos I.

A segunda, conhecida como a ‘revolução sem derramamento de sangue’, resultou na substituição do rei Jaime II pelo rei Jorge 1, da Alemanha.

Com todos esses reis se sucedendo como programas de TV ruins, a Inglaterra precisava repensar seu governo. Era claro que o governo por direito divino não estava funcionando.

Em vez do direito divino dos reis, Locke propôs um governo baseado na razão e nos direitos naturais.

Volta à natureza

Locke sustentou que as pessoas têm direitos naturais mesmo antes de se reunirem para formar uma sociedade. Esses direitos não dependem de nenhuma forma de governo ou de quaisquer acordos entre as pessoas. A idéia de uma sociedade humana natural que existe sem quaisquer leis ou acordos baseia-se no conceito de Thomas Hobbes do ‘estado da natureza’. Mas a natureza para Locke é um lugar bem mais ameno do que para Hobbes. Para este, o único direito ‘natural’ das pessoas é agredir umas às outras.

Para Locke, elas têm o direito natural de fazer escolhas livres, viver sem serem agredidas pelos outros e possuir propriedades, O que concede às pessoas o direito à propriedade, afirma Locke, é o trabalho que realizaram para obtê-la ou desenvolvê-la.

Alguém que ara e semeia o campo e colhe a safra, por exemplo, tem o direito de possuí-la, pois trabalhou para colhê-la. Locke afirma que esse direito é natural e não depende de uma forma específica de governo.

A associação entre trabalho e direito à propriedade ajudou a promover o ‘capitalismo’, a prática econômica de produzir bens e vendê-los para obter lucro. O capitalismo gradualmente substituiu o feudalismo na Europa. O ‘feudalismo’ é a estrutura econômica em que a terra pertence à nobreza e é cultivada pelos servos, esses servem à nobreza em troca de proteção. Locke diria que o feudalismo violava o direito natural das pessoas à propriedade.

Pacto social

Como todos têm direitos naturais, o governo deveria resultar do comum acordo entre todos os envolvidos. Ele denominou esse comum acordo “pacto (ou contrato) social”. As pessoas concordam em se reunir e serem governadas para ter seus direito protegidos.

Segundo Locke, esse acordo não precisava ser oficial, poderia ser implícito. Se você vive sem reclamar sob determinado governo, concorda implicitamente em viver segundo as regras dele. Ele lhe desagrada, disse Locke, você pode se mudar para outro lugar.

Trata-se de um grande avanço em relação ao conceito de direito divino dos reis. Muita gente aderiu, como o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau e os norte-americanos Thomas Jefferson Thomas Paine.

Assim como as idéias políticas de Locke e’ grande influência sobre filósofos políticos, suas idéias sobre o entendimento influenciaram filósofo empiristas. Dois filósofos em particular, o bispo, George Berkeley (1685-1753) e David Hume (l711- 1777), basearam-se nas idéias de Locke, fazendo considerações bem diferentes a partir delas.

Uma idéia melhor

Embora o empirismo de Locke fizesse sentido para muita gente, descobriu-se que tinha problemas. Um deles estava ligado à idéia de substância. Locke afirmou que a substância e embora tudo que possamos saber a respeito sejam idéias obtidas pelas nossas impressões; &. Disso, essas impressões não nos informam se o que sentimos é realmente substância.

A substância pode fazer nossos sentidos enviarem mensagens ao cérebro, mas ela não é o mesmo que essas mensagens. Como, então, Locke pode ter certeza de que a substância existe?

Berkeley e Hume apresentaram respostas diferentes a essa pergunta. Segundo Hume temos de admitir que não estamos certos de um monte de coisas — inclusive a substância, a causalidade e o próprio eu.

A resposta de Berkeley foi ainda mais estranha: a substância material não existe. Tudo que existe são idéias e as almas que as percebem. O único lugar onde algo existe, diz Berkeley, é a mente, ou alma. Para algo existir, alguém tem de percebê-lo. O que ninguém percebe não existe.

SE UMA ÁRVORE CAI NA FLORESTA..

Tome este livro, por exemplo, ou uma cadeira, ou suas unhas. Berkeley diria que essas coisas não têm existência material, não passam de idéias. Algumas são percebidas, outras lembradas e ainda outras inventadas com base em outras idéias alguma vez percebidas. O entendimento, segundo Berkeley, funciona como Locke descreveu, a não ser pelo fato de que não há substância material por trás dele.

Foi depois de ler Berkeley que alguém perguntou ao famoso filósofo: “Se uma árvore cair na floresta e ninguém estiver por perto para ouvir, ela fará algum som?”. Berkeley respondeu que todas as coisas existem na mente de Deus. Deus percebe tudo que existe.

Assim, as coisas podem continuar existindo indefinidamente e como realmente são, embora não passem de idéias. A árvore que cai, portanto, emite um som porque Deus está lá para ouvi-lo.

Temos algumas das mesmas idéias de Deus. Por outro lado, quando temos idéias erradas, o mundo não deixa de funcionar, porque Deus está aí o tempo todo com as idéias certas.

Por sustentar que as idéias existem na mente de Deus, independentemente das mentes humanas, Berkeley é, como Platão, um ‘idealista’. Segundo Platão, as idéias são a causa das coisas reais, sendo perfeitas e imutáveis. Berkeley, ao contrário de Platão, não distinguiu entre idéias e realidade material. Para Berkeley, a realidade material não é de modo algum real.

Embora para Berkeley existam apenas idéias, ele foi, de certo modo, um empirista também. As idéias, disse ele, são quase tudo que podemos experimentar. Nossa experiência e nossa observação só podem nos informar que temos idéias. Seria, portanto, um erro supor que exista algo além das idéias e das pessoas que as percebem.

Exceções: Deus e almas

Segundo Berkeley, só há duas coisas além das idéias: Deus e almas. Embora não possamos percebê-las diretamente, podemos descobrir que elas existem com base no modo como nossas idéias se mantêm unidas.

Berkeley viu Deus e as almas como a realidade por trás das impressões sensoriais, assim como Locke viu a substância material. Nossas impressões resultam em algo que é mais do que elas, assim, embora sejam tudo de que dispõe nosso pensamento, podemos ter certeza da existência de um mundo real. Locke e Berkeley simplesmente discordaram sobre de que consiste o mundo real — substância material ou Deus e almas.

Natureza ‘humana’

Locke e Berkeley focalizaram as impressões sensoriais como base do entendimento e tentaram descobrir o que podemos afirmar ao certo a partir delas. Outro filósofo que fez isso foi David Hume. Hume queria desenvolver uma ciência da mente e da natureza humana tão coerente e confiável como a física praticada por Isaac Newton e alguns de seus contemporâneos.

Em seus esforços para formular uma visão científica da mente, Hume topou com alguns obstáculos — criados por nossa incapacidade de pensar cientificamente sobre o mundo. Hume chega perto de usar a ciência contra si própria — para mostrar as limitações da ciência.

Hume tentou examinar o entendimento humano como os físicos vinham examinando a matéria, o movimento, a gravidade e outras forças natura Baseado em analogias observadas entre os processo físicos e mentais, ele propôs uma nova visão de como as impressões sensoriais se reúnem para formar idéias. Assim como os astros no espaço atraem-se mutuamente pela força da gravidade, nossas impressões também são atraídas umas pelas outras. A visão de Hume do funcionamento da mente é conhecida como ‘associacionismo’.

Associacionismo

As impressões sensoriais, afirma Hume, reúnem-se em nossas mentes se forem semelhantes umas às outras ou se as experimentarmos conjuntamente. Em outras palavras, elas se reúnem em nossas mentes por associação.

Por exemplo, podemos associar cães e pulgas porque costumamos experimentá-los junto. Essa associação contribui para nossas idéias sobre cães e pulgas. Nossa idéia completa sobre cães é formada por todas as associações que nossas mentes fizeram ao perceber cães, como os atos de babar, morder, correr atrás de gatos e cheirar de um jeito engraçado.

O associacionismo de Hume baseia-se em uma visão empírica do entendimento, assim como as idéias de Locke e Berkeley. Mas, para Hume, o associacionismo nos afasta do conhecimento empírico. Aquilo que conhecemos é formado com base em semelhanças e coincidências — relações não tão confiáveis quanto as leis científicas formuladas por Newton.



Forquilha de Hume

Parte do problema, disse Hume, deve-se à diferença entre fatos e razão. Essa ruptura é conhecida como ‘forquilha de Hume’. Fatos são apenas fatos. Você não pode usá-los para dizer algo seguro sobre outros fatos. Além disso, eles não são logicamente necessários. Não temos como saber se o que existe tem de existir ou se algo diferente poderia ter existido com a mesma facilidade.

Por outro lado, existem conexões lógicas que podemos estabelecer entre idéias. Mesmo assim, essas conexões informam apenas sobre as relações, não sobre os fatos. Isso significa que fatos e relações lógicas estão separados como as pontas de uma forquilha. Podemos associá-los em nossas mentes, mas são coisas diferentes. Fatos acidentais e relações lógicas não podem se unir para informar ao certo o que é a realidade. Tudo que podemos fazer, disse Hume, é levantar hipóteses.

Hume reclamou dos filósofos que equivocadamente fazem suposições sobre a razão baseada em fatos, e sobre fatos baseados na razão, para obterem idéias metafísicas a respeito da realidade. Deus, o eu e a causalidade são algumas dessas idéias equivocadas. Não podemos prová-las, nem relacionando-as a outras idéias nem por experimento.

Hume afirmou que tendemos a acreditar que as coisas têm causas, mas não é possível saber quais coisas em particular causam outras. Porque formamos crenças sobre causas baseados em associações que fizemos. Essas associações não nos informam como as coisas realmente acontecem.

Pelo contrário, elas refletem a maneira como nossos instintos naturais, hábitos e convenções sociais formaram nossas crenças sobre o mundo.

Em outras palavras, grande parte de nossa forma de pensar não depende da razão ou da experiência, mas da natureza humana. Hume apoiou-se nessa idéia da natureza humana para defender nossas crenças. Elas podem não ser exatamente verdadeira, mas precisamos delas para pensar, de modo que não devemos rejeitá-las.

VIRTUDE INTERIOR

Hume aplicou sua visão científica da natureza humana não apenas às crenças sobre fatos, mas também aos juízos morais. Ele comparou as idéias de virtude e vício às experiências de Newton sobre as cores.

Newton afirmou que a luz na verdade não possui cor. A luz produz uma sensação de cor em nossas mentes quando a vemos. De forma semelhante, as ações das pessoas em si não são boas nem más, mas produzem juízos de valor dentro de nós. Matar alguém, por exemplo, não tem um significado independente dos sentimentos das pessoas que tomaram conhecimento do assassinato. E apenas um fato. Esse fato, porém, faz as pessoas julgarem o assassinato algo ruim. Essa tendência a julgar faz parte da natureza humana. Está dentro de nós e não no evento ao qual reagimos. Nas palavras de Hume, “a beleza das coisas existe nas mentes que as contemplam”.

Emitir juízos sobre como as coisas deveriam ser com base em como elas são não é uma forma de pensar puramente lógica. Fatos e julgamentos de fatos não têm nenhuma relação lógica necessária. Os julgamentos, em outras palavras, não são ‘verdadeiros’ no sentido em que fatos podem ser verdadeiros.

Mas as pessoas gostam de acreditar que suas ações e juízos se baseiam em razões lógicas. Quando pensamos assim, diz Hume, estamos apenas nos enganando. Nossas ações e, em grande parte, nossas crenças são determinadas mais pelo desejo do que pela razão.

Falácia naturalista

A equivocada idéia de que podemos dizer o que deveria ser verdadeiro baseados no que é de fato verdadeiro denomina se falácia naturalista e foi descrita pela primeira vez por Hume. A falácia naturalista também é conhecida como ‘lei de Hume’, que afirma “de um deveria não se depreende nenhum é”.

A falácia naturalista é significativa porque priva a filosofia ética e moral de um fundamento sólido. A ciência e a lógica podem nos informar muito sobre a natureza do mundo. Segundo Hume, porém, essa informação não nos dá nenhuma idéia sobre como deveríamos agir.

Hume afirmou que o melhor que podemos fazer é seguir nossos instintos e convenções. Eles tendem a funcionar, é absurdo insistir que não funcionam só porque não conseguimos provar que são cientificamente confiáveis.

Mesmo assim, nem todos ficaram satisfeitos com a solução de Hume para os problemas da incerteza e da moralidade. Os filósofos continuaram tentando desenvolver uma base filosófica para o que conhecemos e o modo como deveríamos agir.

O mínimo que você precisa saber

*Locke usou o empirismo para explicar como funciona o entendimento humano.

*Todo entendimento baseia-se na experiência, segundo Locke não há idéias inatas.

*Locke propôs uma nova visão do governo baseada no direito natural à propriedade e no contrato social.

*Berkeley acreditava que só existem idéias, percebidas pelas almas humanas e Deus.

*Hume afirmou que a experiência, embora seja nossa única fonte de conhecimento, não pode nos informar muita coisa sobre a realidade. Assim, a maioria das crenças baseia-se no hábito, na convenção e na natureza humana.

Problemas do empirismo

O empirismo, por sua vez, se defronta com um problema insolúvel.

Se as ciências são apenas hábitos psicológicos de associar percepções e idéias por semelhança e diferença, bem como por contigüidade espacial ou sucessão temporal, então as ciências não possuem verdade alguma, não explicam realidade alguma, não alcançam os objetos e não possuem nenhuma objetividade.

Ora, o ideal racional da objetividade afirma que uma verdade é uma verdade porque corresponde à realidade das coisas e, portanto, não depende de nossos gostos, nossas opiniões, nossas preferências, nossos preconceitos, nossas fantasias, nossos costumes e hábitos. Em outras palavras, não é subjetiva, não depende de nossa vida pessoal e psicológica. Essa objetividade, porém, para o empirista, a ciência não pode oferecer nem garantir.

A ciência, mero hábito psicológico ou subjetivo, torna-se afinal uma ilusão, e a realidade tal como é em si mesma (isto é, a realidade objetiva) jamais poderá ser conhecida pela nossa razão. Basta, por exemplo, que um belo dia eu ponha um líquido no fogo e, em lugar de vê-lo ferver e aumentar de volume, eu o veja gelar e diminuir de volume, para que toda a ciência desapareça, já que ela depende da re petição, da freqüência, do hábito de sempre percebermos uma certa sucessão de fatos à qual, também por hábito, demos o nome de princípio da causalidade.

Assim, do lado do empirismo, o problema colocado é o da impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade.