CENTRO
EDUCACIONAL 06 – GAMA/DF
DISCIPLINA :
FILOSOFIA
PROF: DENYS F. DA
COSTA
TEXTO BASE PARA
1º AVALIAÇÃO DO BIMESTRE
A NECESSIDADE DO
AMOR
Ao tomar conhecimento de si
mesmo como ser capaz de consciência e liberdade, o homem percebeu sua diferença
em relação ao restante dos seres vivos. Passou a sentir a solidão que acompanha
a individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que
provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação
com o outro. Veja como Erich Fromm descreve esse estado:
“O homem é dotado de razão; é a
vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu
passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como
entidade separada, a consciência de seu próprio o curto período do vida, do
fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua
vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a
consciência de sua solidão e separação, de sua Impotência ante as forças da
natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida
uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal
prisão e alcançar os homens, unir-se do uma forma ou de outra com eles, com o
mundo exterior.”
Dessa
necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e
desenvolvido pelo homem para vencer o isolamento e escapar da loucura. Sem ele,
o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se
com a vida e de envolver-se com os outros. Não se sensibiliza com o
abandono dos velhos, a morte das crianças , a miséria do povo, a poluição e a
destruição do planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não
há encontro, não há diferença; resta a escuridão do individualismo, do ser
incapaz de relação
O QUE É O AMOR
Muitas pessoas confundem o amor com
a paixão. Quando apaixonada, julgam estar amando. O amor , porém, é uma
vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente,
é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver , que se conquista gradualmente,
à medida que se desenvolve a
sensibilidade para com as outras pessoas. È capacidade de descentrar-se, sair
de si e ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito.
Ser amoroso é uma característica da
personalidade e pressupõe toda uma vivência desde o seio materno.
Amar é preservar a identidade e a
diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do
outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer
seu bem.
O amor é uma força de aproximação,
união, envolvimento e responsabilidade.
Ela dinamiza a vida que existe nas pessoas. Derruba fronteiras, estabelece contatos, partilha.
A capacidade de amar pode
expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos
e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de
amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da floradas águas e do ar.
No amor há percepção da inter-relação
universal, da fraternidade humana e cósmica.
FORMAS DE AMOR
O amor é uma vivência que se
manifesta de várias maneiras: amor materno, amor paterno, amor pela pátria,
amor a si mesmo, amor erótico, amor a Deus, amizade, amor pela natureza, etc.
Aqui nos limitaremos a fazer considerações sobre o amor erótico e a amizade.
A AMIZADE.
A amizade é a forma mais abrangente do amor. É um
apelo e uma resposta existencial. Este apelo vai do meu eu ao outro a mim, numa
dialética de cumplicidade que compreende sem palavras o que vai no coração de
cada um. Os amigos partilham a vida com suas angústia e alegrias, que assinalam
a condição humana.
A empatia é a forma de comunicação
que mais caracteriza a amizade. Colocar-se no lugar do outro minimiza os
conflitos, os impulsos agressivos, apara aresta, pois na amizade a compreensão
é maior que as exigências, as cobranças e as críticas.
O amor em forma de amizade deveria
impregnar todas as relações e estender-se à humanidade como um todo porque os
amigos se aceitam em suas limitações.
Esse amor possibilita a
solidariedade e a compaixão, buscando o desenvolvimento integral do homem, sua
libertação, sua autonomia. É próprio desse amor não haver denominador nem
dominado. Sua principal característica é o compromisso como o outro e , por
solidarizar-se com o outro, essa forma de amor possui uma conotação política:
não permite a segregação e a discriminação por raça, cor , sexo credo,
nacionalidade. É movida pelo desejo da justiça, igualdade de oportunidades e
efetivação da dignidade humana: ama a todos sem exclusividade.
A fraternidade constituiu-se
historicamente em um ideal revolucionário ao visar à justiça e à liberdade. É
temida por aqueles que fazem da exploração e da alienação os meios de
manutenção de seus privilégios. Por isso, a amizade não representa um valor na
sociedade neoliberal. Por sua vez, o amor erótico é empobrecido ao se limitado
somente ao ato e aos órgãos sexuais.
São raras as pessoas que percebem a
existência dessa dominação subliminar. Percebe-la implica o desenvolvimento do
espírito, a educação para a cidadania.
O PROBLEMA DO
RÓTULO
O rótulo é outra dificuldade na
convivência humana e afeta as relações homem-mulher.
Os produtos industriais e comerciais
são conhecidos por seus respectivos rótulos. Ora, “rotular uma pessoa”é
vê-la sempre sob um único aspecto: Maria
é bonita(não se percebem nela outras qualidades?); José é dominador ( não terá
qualidades que se compensem esse defeito?; Luisa é superficial ( por que o
é)...
O rótulo é uma forma de opressão que
torna previsível e monótona a relação a dois, impedindo, com isso, a
espontaneidade e as possibilidade de crescimento pessoal.
O processo de rotular ocorrer de
forma inconsciente, e a pessoa rotulada tende, também de modo inconsciente, a
incorporar o rótulo, inibindo, assim, suas potencialidades.
Superar esse processo constitui
o princípio do autoconhecimento, que devolve à pessoa a liberdade de ser ela
mesma.
.
O MICROCOSMO DO
AMOR A RELAÇÃO HOMEM-MULHER
O AMOR É
SUPLEMENTAR
Em
tudo o que se observa na natureza, pecebe-se forças de atração e repulsão. No
átomo, por exemplo, a força de atração o mantém em permanente movimento em
direção a outro átomo, na busca eterna de novas combinações moleculares.
Nas plantas,, a força atrativa
explode nas cores e perfumes das flores, preparando-se para a geração dos
frutos e sementes.
Entre os animais, essa força se
expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal,
a função sexual é instintiva; no homem ela se transforma em erotismo. Um exemplo
notável dessa transformação encontra-se no filme A guerra do fogo. Em determinado
momento, o hominídeo, que tomava sua fêmea em um ritual ainda animal, é
surpreendido por ela: ao girar sobre si mesma, coloca-se numa nova posição, face com seu parceiro, fitando-o nos
olhos. No filme, esse gesto simboliza o primeiro passo para a humanização da
relação homem-mulher. Representa a abandono da genialidade, do puro instinto, e
a conquista da sexualidade erótica., do puro instinto, e a conquista da
sexualidade. A mulher, com esse gesto, posiciona-se como iguala ao homem, são
parceiro, companheiros que se que se enriquecem no convívio mútuo; igualdade
humana e diferença de sexo.
A beleza da relação homem-mulher
está no encontro de seres autônomos e independentes. Muitos homens e mulheres,
em função de sua imaturidade, criam
relação de dependência e necessidade que fragilizam a união. Um procura no
outro e que lhe falta ou o que gostaria de ser, em lugar de desenvolver ao
máximo suas próprias potencialidades.
Homens e mulheres ficam exigentes
uns com os outros querem dos companheiros novos papéis e modos de ser, aos
quais ainda não estão adaptados culturalmente. Por exemplo: a mulher espera que
o homem seja ao mesmo tempo provedor, amigo, amante, que seja sensível, termo
como ela e com os filhos, bem-sucedido e agressivo na luta pela vida, pela
vida, o homem, por sua vez, espera que a mulher divida com ele as
responsabilidades econômicas da família, ao mesmo tempo que sonha com uma
parceria disponível, submissa, amante fogosa e esposa recatada.
A ascensão da mulher com ser
autônomo confundiu o homem , provocando insegurança na identidade masculina:
estaca acostumado ao poder e à hegemonia, e de repente è solicitado a
dividi-los com a mulher. Esta, por sua vez, acostumada à submissão, agora é
obrigada a competir na sua luta por sua
sobrevivência.
O OLHAR FILOSÓFICO SOBRE O AMOR
As lendas gregas, por serem
transmitidas oralmente, sofreram inúmeros modificações , de que resultou
variação muito grande de interpretações e sentidos. Às vezes,uma figura mítica
aparece em várias versões, sempre ricas de significados. Na Teoogonia de
Hesíodo, as entidades que saem do seio de caos – vazio da desorganização
incial-surgem por segregação, por separação.
Quando nasce Eros, o amor, essa força de natureza espiritual preside a partir
daí a coesão, a ordem do Universo nascente.
Mais tarde, no ciclo dos mitos
olipianaos Eros ( Cupido, para os romanos) é filho de Afrodite e Ares,
representado por uma criança transvesa que flecha os corações para torna-los
apaixonados. Quando ele próprio se apaixona por Psique ( Alma), Afrotide,
invejosa da beleza de Psique, afasta-a do filho e a submete às mais difíceis provas
e sofrimento, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a tristeza, até que
Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se uma
novamente.
Entre os filósofos gregos persiste
essa imagem mística do amor. Os pré-socráticos Parmênides e Empédocles se
referem ao princípio do amor e do ódio que persiste à combinação dos elementos
entre si formarem os diversos corpos físicos. No diálogo de Platão O banquete,
os convivas discursam sobre o Amor.Um dos oradores , Aristófanes, o melhor
comediógrafo da época , relata o mito segundo o qual, no inicio os seres
humanos eram duplos e esféricos , e os sexos eram três ,: um constituído por
duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e outra era
andrógino, metade masculina e femininas. Como ousassem desafiar os deuses, zeus
cortou-os em dois para enfraquece-las. Cada um tornou-se então um ser fendido,
e o amor recíproco se origina da tentativa de restauração da unidade primitiva.
Como os seres inicias não eram apenas bissexuais , é valorizado o amor entre
seres do mesmo sexo, sobretudo o masculino, como forma possível desse encontro.
O mito significa também o anseio humano por uma totalidade do ser,
representando o processo de aperfeiçoamento do próprio eu.
Sócrates, o últimos dos oradores do
referido diálogo, começa dizendo que Eros representa um anelo de qualquer coisa
que não se tem e se deseja ter, Usa-se para ilustrar sua afirmação: eros nasceu
de Poros (expediente ou engenho) e de Pênia ( Pobreza) e aos pais deve a inquietude
de procurar sair da situação de penúria e por meio de expediente, alcançar o eu
deseja: é a oscilação eterna entre o possuir e o não- possuir. Segundo
Sócrates, O amor é o desejo , em primeiro lugar de alguma coisa; em segundo, só
de coisas que estejam faltando. O amor é capaz de desabrochar e de viver ,
morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come
e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar
rico ou pobre.
A partir dessa discussão, pela boca
de Sócrates, Platão explica a relação entre Eros e a filosofia. Assim como os
deuses não filosofam nem aprendem, por
já possuírem a sabedoria, os tolos e os ignorantes não aspiram adquirir
conhecimento, porque, embora nada saibam, julgam saber. O filósofo ocupam o
lugar intermediário entre a sabedoria e a ignorância.
Dessa forma, Platão não reduz a
busca apenas à procura da outra metade do nosso ser que nos completa. Para ele,
Eros é ânsia de ajudar o eu autêntico e a se realizar, na medida em que a
vontade humana tende para o Bem e para o belo, quando subordina a beleza
espiritual e desliga-se da paixão por determinado indivíduo u atividade,
ocupando-se com a pura contemplação da beleza.
È importante observar que essa
concepção deve ser compreendida de acordo com a relação corpo-alma, segundo a
qual subordina Eros a Logos, ou seja subjuga as paixões à razão.