segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TEXTO BASE PARA TESTE ( TEORIA DA BELEZA DE PLATÃO E ARISTÓTELES)

TEORIA DA BELEZA DE PLATÃO E ARISTÓTELES

1.0. O MUNDO DAS IDÉIAS PURAS
Estudar a beleza é tocar, de maneira geral, em todos os problemas, por exemplo: o fato de nós determos sobre o problema de sua natureza suscita, logo a questão do saber se ela pode ou não ser abordada filosoficamente.
Fato que como já vimos, os irracionais negam em seu nome da liberdade, principalmente num campo como o da Arte, onde imperam os dons individuais sempre desiguais e imprevisíveis, tentaremos, porém aqui, dentro essência da beleza, servindo-nos, para isso da contribuição que os pensadores trouxeram a partir do pensamento ocidental.
Como acontece ordinariamente no campo desse pensamento, vamos encontrar as primeiras indicações a respeito da Beleza na obra de Platão, que nos fala pela boca de Sócrates, homem real que foi personagem Platônico em que se transformou para Platão, dentro de sua grandiosa visão idealista do mundo e do homem, a Beleza de um ser material qualquer depende da maior ou menor comunicação que tal possui com as belezas absolutas, que subsiste, pura, imutável e eterna no mundo supra-sensível das idéias.
A teoria Platônica da Beleza e da arte depende, assim de sua visão geral do mundo.
Para usar palavras de Ortega Y Gasset, Platão via o universo como dividido em dois mundos, o mundo em ruínas e o mundo em forma, O nosso mundo das essências, das idéias puras, que acabamos de nos referir. E o mundo eterno e imutável que existe acima do nosso e que chama o daqui para o seu seio. Nesse mundo, a verdade, a beleza e o Bem são essências superiores, legadas diretamente ao ser.
Cada ser do nosso mundo em ruínas, tem no outro modelo os padrões, ou arquétipos, que se situam entre os seres sensíveis e as essências superiores da verdade, do bem e da Beleza.
2.0. A REMINISCÊNCIA
Os críticos do platonismo já tem acentuado a pouca precisão das idéias platônicas sobre os arquétipos, algo que flutua entre o sensível e o espiritual. Mas Platão tem ainda, outros pontos fundamentais em seu pensamento.
A alma é invencivelmente atraída pela beleza, pois sua pátria natural é o mundo das essências puras, a beleza absoluta de natureza divina, por isso sente invencível saudade dela vivendo, como vive, aqui em desterro permanente. Por isso, segundo Platão, a alma sabe tudo e se nós não a acompanharmos nesse conhecimento é porque a nossa parte material é grosseira faz com que nós esqueçamos da maior parte daquilo que a alma sabe por ter contemplado, maior parte daquilo que a alma sabe, por ter contemplado, já a verdade, a beleza e o bem absoluto.
Existem almas mais aptas do que outras a se recordar das verdades e belezas contempladas anteriormente. Assim, que se dedica a Beleza, não a recria na arte, quem se dedica a, não a descobre, pelo conhecimento tanto num caso como noutro, o que acontece é que a alma recorda-se das formas e verdades contempladas no mundo das essências, antes que a alma unisse ao corpo.
3.0. O BANQUETE e o FEDRO
Os diálogos platônicos que mais se referem à Beleza são: o Banquete e o Fedro. No primeiro livro, o chamado discurso de Sócrates, explica quase que de modo definitivo a teoria platônica da Beleza.
Valendo-se do famoso mito da Parelha, Platão aconselha a seus discípulos o caminho místico como único apto a elevar os homens das coisas sensíveis e grosseiras até o mundo das idéias. Para Platão. O caminho da alma que se quer elevar é o amor, isto porque os seres humanos eram, a princípio, andrógino, macho e fêmeo ao mesmo tempo, separados em duas metades, cada alma vive procurando encontrar a sua parelha.
Mas somente os indivíduos inferiores ficam satisfeitos com a forma mais primitiva de amor, apaixonando-se e desejando um belo corpo. Se ele é, porém, um homem superior, em breve descobre a beleza existente naquele belo corpo e irmã da beleza de outro corpo belo, o que o leva a conclusão de que a beleza de todos os corpos é uma só.
Vem daí, como conseqüência, destruição da forma egoísta e grosseira de amor que prende a um só corpo, o amado      passará a amar todos os belos corpos, ou para ser mais preciso, passa a amar não os corpos, mas a beleza existente neles, contemplada desinteressadamente.
4.0. O CAMINHO MÍSTICO
O estágio de aperfeiçoamento seguinte será aquele em que se considera a beleza da fama superior à beleza do corpo. O amador descobre que a beleza corpórea é sujeita a ruína e a decadência, enquanto a beleza moral resiste ao passar do tempo.
Então, ele contemplará a beleza que existe nos costumes e nas leis morais, notando que a Beleza está relacionada com todas as coisas e considerando, então a beleza corpórea como pouco digna de estima.
5.0. A BELEZA ABSOLUTA
No estágio de que estamos falando, o amante toma-se um prisioneiro voluntário do imenso oceano da beleza. Com o tempo, purificando-se sempre no sentido do mais alto e do divino, tendo o espírito fortificado e enriquecido por esse verdadeiro acesso, por essa disciplina amorosa da contemplação, estará atingindo o estágio final que é possível ainda aqui na terra.
6.0. A REMINISCÊNCIA E O MENON
Assim, parece lícito afirmar que para Platão, a beleza causava, antes demais nada enlevo, prazer, arrebatamento, deleitação; E se alguma dúvida houvesse, seria antes sobre o caráter de deleitação, também emprestado no texto platônico citado, a sabedoria, a verdade, as quais segundo suas palavras, "despertaria amor veemente", como se fosse também uma espécie de bem fazer usufruído e não somente conhecido. Isto leva a Maritain a afirmar que "a sabedoria é amada por sua beleza, enquanto que a beleza é amada por si mesma", distinguindo ele que a "beleza é essencialmente deleitável, por isso, por sua própria essência, enquanto beleza move o desejo e produz o amor que a verdade como tal faz somente iluminar".
Obs.: Texto extraído do livro: "Iniciação a Estética, de Ariano Suassuna"


TEXTO 02
CONCEPÇÃO PLATÔNICA DA ARTE
Para Platão, a arte se situa no plano mais baixo do conhecimento pois é imitação das coisas sensíveis, elas próprias imitações imperfeitas das essências inteligíveis ou idéias.
Segundo este raciocínio na sua obra A República, Platão ao elaborar a teoria sobre a cidade perfeita. Ele exclui os poetas, pintores e escultores porque imitavam as coisas sensíveis e oferecem uma imagem desrespeitosa dos deuses, tomados pelas paixões humanas, porém, coloca a dança e a música como disciplinas fundamentais na formação do corpo e da alma, isto é do caráter das crianças e dos adolescentes. Como para Platão, gramática, estratégia, aritmética, geometria e astronomia, são artes, seu ensino é considerado indispensável na formação dos guerreiros e acrescentadas da arte dialética, na formação dos Reis Filósofos.
Platão, também faz uma análise sobre as artes e a técnica. Partindo do pressuposto que a arte tem um sentido de ordenação e habilidade, podendo ser considerada num sentido amplo, um conjunto de regras para atingir uma atividade humana qualquer. Assim podemos falar em arte médica, arte política, arte bélica, retórica e poética. Todas em seus determinados campos são expressões de arte.
Platão não distinguia a arte das ciências, nem da filosofia, uma vez que elas são atividades humanas e regradas. A distinção platônica feita entre dois tipos de arte ou técnica: as justificativas, isto é dedicada apenas ao conhecimento, as dispositivas, voltadas para a direção de uma atividade, com base no conhecimento de suas regras.
        A BELEZA É O PRÓPRIO BEM
Inicialmente, o belo é entendido como manifestação do bem. Para Platão, a idéia de beleza é a mais evidente e aquela que mais atrai o homem. Pôr meio dela, do encantamento e do amor que ela produz, o homem se movimenta em busca do conhecimento das demais idéias.
Quanto à beleza já te disse - ela brilhava entre todas aquelas idéias puras e na nossa estada na terra ela ainda ofusca, com o seu brilho, todas as outras coisas. Á visão é ainda mais sutil de todos os nossos sentidos. Mas não poderia perceber a sabedoria. Despertaria amores veem entes se oferecesse uma imagem tão clara e distinta quanto aquelas que podíamos contemplar para além do céu. Somente a beleza tem essa ventura de ser a coisa mais perceptível e elevadora (Platão 1971:226).
O Platonismo é o pano de findo sobre o qual repousa a estética normativa vigente no Classicismo, que defende a existência de uma idéia ou essência do belo.
2.0. LEITURA COMPLEMENTAR
" O CAMINHO DA BELEZA PURA"
Para Platão, a felicidade e a virtude consistem na contemplação da beleza pura. Todo aquele que deseja atingir essa meta ideal, praticando acertadamente o amor, deve começar em sua mocidade pôr dirigir a atenção para os belos corpos, e antes de tudo, bem- conduzido pôr seu preceptor, deve amar um só corpo belo e, inspirado pôr ele, dar origem a belas palavras.' Mas, a seguir, deve observar que a beleza existente num determinado corpo é irmã da beleza que existe em outro e que, desde que se deve procurar a beleza da forma, seria grande mostra de insensatez não considerar como sendo uma única e mesma coisa a beleza que se encontra em todos os corpos. Quando estiver convencido dessa verdade amará todos os belos corpos, passando a desprezar e ter como coisa sem importância o violento amor que se encaminha unicamente para um só corpo. Em seguida, considerará a beleza das almas como muito mais amável do que a dos corpos, e destarte será conduzido pôr alguém que possua uma bela alma, embora localizada num corpo despido de encantos, e amará, zelando pôr sua felicidade e inspirando-lhe belos pensamentos, capazes de tomar os jovens melhores, O amante contemplará desse modo a beleza que há nos costumes e nas leis morais, notando que a beleza está relacionada com todas as coisas e considerará a beleza corpórea como pouco estimável.
Depois dessas considerações, é para os conhecimentos científicos que o guia dirigirá o seu discípulo a fim de que ele possa agora perceber a beleza que existe nesses conhecimentos. Lançando o seu olhar sobre a vasta região já ocupada pela beleza, deixando de ligar, como um lacaio a sua ternura a uma única beleza a de um jovem, a de um homem, a uma só ocupação o discípulo liberta-se dessa escravidão, deixa de ser esse ente miserável. Ao contrário, volver- se-á agora para o imenso oceano da beleza e, contemplando-o, dará a luz incansavelmente belos e esplêndidos discurso. E os pensamentos surgirão da inesgotável inspiração do saber; e assim será até que o seu espírito fortificado e enriquecido alcance a compreensão de uma ciência única que é a beleza, de que te vou falar! Procura compreender dando-me a máxima atenção de que és capaz.
Quando um homem foi assim conduzido até esta altura da arte amorosa, e viu as coisas belas em gradação regular; quando atingiu corretamente a instituições amorosa, esse homem, caro Sócrates, verá bruscamente cena beleza, de uma natureza maravilhosa, aquela que era justamente a razão de ser de todos os seus trabalhos anteriores. Verá um que, em primeiro lugar, é eterno, que não nasce nem morre, que não aumenta nem diminui, que alem disso não é em parte belo e em pane feio, agora belo e depois frio, belo em comparação com isto e frio em comparação com aquilo, belo aqui e feio acolá, belo para alguns e frio para outros. Conhecerá a beleza que não se apresenta como rosto ou como mãos ou qualquer outra coisa corporal, nem como palavra, nem como ciência, nem como coisa alguma que exista em outra, como pôr exemplo num ser vivo ou na terra ou no céu. Beleza, ao contrário, que existe em si mesma e pôr si mesma, sempre idêntica, e da qual participam todas as demais coisas belas. Essas coisas belas individuais, que participam da beleza suprema, ora nascem, ora morrem; mas essa beleza jamais aumenta ou diminui, nem sofre alteração de qualquer espécie.
Quando, das belezas inferiores nos elevamos através de uma bem-entendida pedagogia amorosa, até a beleza suprem a e perfeita, que começamos então a vislumbrar, chegamos quase ao Jim, pois na estrada reta do amor, quer a sigamos sozinhos quer nela sejamos guiados pôr outrem, cumpre sempre subir usando desses belos objetos visíveis como degraus de uma escada: de um para dois, de dois para todos os belos corpos, dos belos corpos para as belas ocupações, destas aos belos conhecimentos até que, de ciência em ciência, se eleve pôr fim o espírito à ciência das ciências, que nada mais é do que o conhecimento da Beleza em si!.
Se alguma coisa dá valor à vida, caro Sócrates - prosseguiu a estrangeira vinda de Mantinéia , essa é a contemplação da Beleza Absoluta. Se aí chegares um dia, uma vez que seja, nunca mais considerarás belos o ouro, as vestimentas magníficas e mesmo as belas jovens, a quem tanto admirais agora, tu e muitos outros, a ponto de estardes dispostos, para ver vossos amados e viver sempre junto deles, se possível fosse, a deixar de beber o comer, animados unicamente pela paixão da sua contemplação, pelo anseio de estar sempre ao seu lado.
Que devemos pensar de um homem ao qual tivesse sido dado contemplar a Beleza Pura, simples sem mistura, a beleza não revestida de carne, de cores, e de várias outras coisas mortais e sem valor, mas a Beleza Divina! Achas que não teria valor a vida daquele que elevasse seu olhar par ela e a contemplasse, e com ela vivesse em comunicação? Não te parece que vendo assim adequadamente o belo, esse homem seria o único a poder criar, não sobras de virtude, mas a verdadeira virtude, uma vez que se encontra em contato com a verdade? Ora, para aquele que em se cria e alimenta a verdadeira virtude e que vão os favores e o amor dos deuses - e, se é dado ao homem tomar-se imortal, ninguém mais do que esse o consegue! ".
Platão, Banquete. I Diálogos 1. Rio de Janeiro: Ediouro, 1971. p.l 73-5
A CONCEPÇÃO ARISTOTÉLICA  DA BELEZA E DA ARTE
A POÉTICA
Aristóteles estuda especifi­camente o tema da arte na Poéti­ca, que, na realidade, é apenas o fragmento de um estudo muito mais abrangente sobre os gêne­ros literários.
O conceito de poética, para os gregos, deriva do verbo poéin, que significa originalmente "fa­zer", "fabricar", e indica a realiza­ção de uma obra exterior ao su­jeito que a produz. Nesse sentido se distingue de outro fazer, o da praxis, cuja ação é imanente ao sujeito (como no caso da ética e da política).
Da Poética conhecemos apenas a parte dedicada à aná­lise da tragédia. Dessa análise, duas ideias devem ser destaca­das por sua importância e in­fluência em toda a reflexão sobre a arte desenvolvida no Ocidente:.
• a arte é uma imitação (mímesis) da natureza;
                      • a arte é um meio de puri­ficação (catharsis) dos senti­mentos
BELAS-ARTES E ARTES UTILITÁRIAS
Encontramos com Aristóte­les, pela primeira vez, a distinção entre belas-artes - ou artes imi­tativas - e artes utilitárias. Tal distinção, no contexto cultural da Grécia antiga, devia soar no míni­mo estranha: todos os objetos de uso diário deveriam ser "também belos, e os exemplares que nos restam, expostos nos museus de todo o mundo, atestam a impor­tância atribuída à beleza, tão in­dispensável quanto a utilidade do objeto.
Na Metafísica Aristóteles ~avia considerado o sabre pura­mente teórico especulativo superior ao saber prático, ~exatamente por não estar submetido a nenhum objetivo exterior ao pró­prio saber. Pelo mesmo motivo, na Poética, as artes imitativas são consideradas superiores às artes utilitárias. Para conseguir entender corretamente o que é a arte é indispensável, segundo Aristóteles, a distinção dessas duas formas, pois cada uma deIas obedece a uma finalidade di­ferente. Ora, conhecer a finalida­de a que se destina um objeto é condição indispensável para a sua compreensão.
Portanto, se existem duas finalidades diferentes para a arte, cada uma delas determinará um sentido diferente à atividade artís­tica, e não devem por isso ser confundidas.
A ARTE COMO IMITAÇÃO DA NATUREZA
A definição da arte como uma imitação da natureza não é original em Aristóteles. Platão já a definira assim, e parece mesmo que essa era a compreensão usual da arte na Grécia. Por ser também um princípio motor que leva uma forma a manifestar-se plenamente na matéria, a arte imita a natureza.
É importante observar que Aristóteles não define a arte como imitação (ou figuração) dos entes naturais, mas da própria natureza.
Como foi visto no contexto
da Metafísica e da Física, a natu­reza é um princípio motor, um princípio de criação que leva a forma a manifestar-se plenamen­te na matéria na qual se realiza. O mesmo faz o artista quando imprime à matéria a forma determi­nada por sua arte. São múltiplos os exemplos em que Aristóteles se refere à arte e ao artista para explicar o que é a natureza, como ela age e se manifesta. A nature­za é retratada como uma espécie de artista inconsciente da obra que produz.
Na Poética nós o vemos retomar a mesma conexão entre a natureza e a arte, mas numa perspectiva invertida, uma vez que Aristóteles, aqui, está interes­sado na compreensão da arte e não da natureza.
No caso das artes utilitá­rias, a arte completa e corrige a natureza onde esta falha. Um exemplo é o arquiteto que cons­trói o abrigo para o homem "imi­tando" abrigos fornecidos primiti­vamente pela própria natureza, ou o médico que atua para res­taurar a saúde onde ela foi perdi­da. Ao fazer isso, no entanto, o artista (ou artesão) segue as indi­cações e a direção apontadas pela própria natureza.
As belas-artes - ou artes imitativas -, analisadas a partir da tragédia, não imitam os obje­tos naturais nem visam corrigir Ou completar a natureza. Não são artes figurativas, assim como n são utilitárias. O que a tragédia imita e reproduz no espaço delimitado do palco, e durante um tempo estabelecido, são os costumes, caracteres ou qualidades morais (ethos), os sentimentos e paixões que se apoderam dos homens e os dominam (pathos), e as ações dirigidas pela vontade (praxis). Ela imita, enfim, ri próprio drama humano. Esse é o tema central da tragédia grega. A des­crição do ambiente físico ou natu­ral só aparece na condição de ce­nário onde se desenrola o drama.
A arte, tal como a ciência, visa a verdade; mas não a verda­de abstrata e teórica das defini­ções científicas, e sim aquela que se manifesta a partir de situações concretas onde o universal da tra­gédia humana se deixa retratar na individualidade de um destino pessoal.
Aristóteles não identifica a imitação com a reprodução figu­rativa. Isso pode ser comprovado quando diz que, de todas as ar­tes, a que "imita" com mais fideli­dade o caráter e as emoções é a dança. Imitar, no caso, está mais relacionado com manifestar, ex­pressar, do que reproduzir de for­ma figurada.
A ARTE COMO PURIFICAÇÃO
Platão, na sua República, havia condenado a tragédia, as sim como várias outras formas de arte, alegando que excitavam as paixões, causando uma inquieta­ção contrária ao equilíbrio do in­divíduo, capaz de afastá-Io da se­rena contemplação das verdades eternas ..
Já Aristóteles, ao contrário, não considera conveniente repri­mir ou extinguir no homem a par­te emotiva da alma. O equilíbrio rompido pela manifestação das paixões deve ser reencontrado a partir do momento em que esses sentimentos possam se manifes­tar de forma controlada.
Representando o drama com todo o choque de sentimen­tos e paixões, sofrimentos, espe­ranças e ações no espaço delimi­tado pelo palco, a tragédia permi­te que o espectador, identificando-se com os personagens, deixe fluir nele esses mesmos sentimentos (em especial a piedade e o temor), sem deixar-se, por outro lado, do­minar por eles. A tragédia opera assim uma purificação ou purga­ção (catharsis) das emoções. Essa é, segundo o filósofo, uma das suas principais finalidades.
Através da arte o mulher lida com as forças irracionais ou sobrenaturais que o ameaçam, sem entregar-se a elas. Aquilo que não se deixa verbalizar nem expressar de forma racional e objetiva é vivenciado e pode fluir, colocando-se assim diante do ho­mem e permitindo-lhe conhecer e lidar com esses sentimentos sem nenhum risco. Vivemos, através do personagem, o drama da es­colha; sofremos a ameaça do castigo divino; presenciamos a morte e o sofrimento compartilha­dos sem que nenhum desses sentimentos nos domine inteira­mente e nos perturbe.
A ordem rompida pela ação dramática se recompõe inabalável e eterna para além do palco e da ação descrita. A erupção do caos e da paixão que introduzem a de­sordem é permitida dentro do es­paço e do tempo que lhe são con­cedidos pela ação dramática. Des­sa forma, por meio da arte, o ho­mem domina as forças que, no cotidiano, o ameaçam e oprimem.
A arte do poeta permite que o universal se manifeste na sensível, fazendo apelo à imagi­nação e à sensibilidade, e combi­na, num paradoxo, o inesperado com o inevitável.
Tocando a emoção e libe­rando-a, a arte trágica leva o ho­mem a recuperar sua tranquilidade. Essa seria a origem do prazer estético. Claro está que, para produzi-lo, é preciso que o especta­dor seja levado a identificar-se com os sentimentos manifestos pelos personagens; mas é preci­so também que esses sentimen­tos se manifestem de forma gran­diosa, não mascarados nem mis­turados aos pequenos problemas e preocupações do cotidiano dos homens comuns.
A tragédia retrata o drama da existência humana, mas o faz com tal grandiosidade que o es­pectador, ao identificar-se e reco­nhecer-se nos personagens por meio de emoção, se sinta, ele mesmo, engrandecido por partici­par da espécie humana.
CONCLUSÃO
Os outros livros da Poética, anunciados logo no inicio da obra, e que tratariam da comédia e dos ditirambos, foram perdidos. Mas o que restou da obra de Aris­tóteles é, até hoje, peça funda­mental para o estudo da estética. Ela acabou por tornar-se tão imor­tal quanto a tragédia grega, que ainda comove os homens.




segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ATIVIDADE III OS DESAFIOS ÉTICOS PAG : 274 -A 283( ATIVIDADE PARA O 3º ANO)


CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA /DF
ATIVIDADE III – PAG  274 A 283 ( OS DESAFIOS ÉTICOS)
1)      TRACE UM PARALELO ENTRE AS IDEIAS DOS FILOSOFOS  GILLES LIPOVETSKY E DO SOCIOLOGO   ZYGMUNT  BAUMAN.



2)      O TEXTO DA PAGINA 276 FALA DA QUSTÃO DA DOAÇÃO DE ORGÃOS E O CRITÉRIO DE MORTE ENCEFÁLICA. ELABORE UM COMENTARIO CONCORDADNDO OU NÃO COM A QUESTÃO MENCIONADA.



3)      O QUE SERIA AGIR COM  ÉTICA PARA HANS JONAS?



4)      DOS 4 PRINCIPIOS DA BIOETICA, ESCOLHA DOIS E COMENTE.




5)      Contemporaneamente as empresas estão trabalhando em um novo contexto que se chamaria de ética nos negócios  que seria ações mais humanas nas empresas .Assim de acordo com o texto, teça um comentário sobre essa questão.



6)      O que seria a filosofia do sujeito ?



7)      Lavinas observa que a ética é um debate com o outro. Assim ele fala que a moral nunca é individual. Comente essas analises.



8)      O que seria o agir comunicativo para Habermas?

9)      Por que Habermas vai na contra mão da ética na visão pós – moderna ?





10)   Leia a seguinte afirmação: “ Os seres humanos procuram marcar território .“Dentro do context5o do texto , comente essa afirmação

TESTE AVALIATIVO 3ª SERIE ( A ÉTICA NA HISTÓRIA)

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA / DF
PROF: DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA                                                                                      DATA: ____/_____/_____
NOME:_______________________________________________________Nº_____ SÉRIE:______
TESTE AVALIATIVO( 3ª SERIE)
TEXTO BASE ( A ÉTICA NA HISTORIA)
PARTE :I – JULGUE OS ITENS ABAIXO (CERTO OU ERRADO), CONFORME O TEOR DO TEXTO BASE  OFERECIDO PARA CONSULTA.
A)(   ) A não existência de normas e verdades universais, era uma característica do pensamento sofista.
B) (    ) SÓCRATES , CONCORDAVA COM AS IDÉIAS DOS SOFISTAS.
C) (  ) PLATÃO ERA CONSIDERADO RACIONALISTA POR defender  a diferença entre corpo e alma.
d) (   ) No plano ético o individuo não age conforme a razão.
e) (   ) a principal característica da ética estoica , era que a ética baseava-se na paz interior.
f) (   ) A ética epicurista visava o desvio da dor e a procura do prazer espiritual.
g)(   ) Aristóteles desenvolveu a ética naturalista.
h) (   ) Para Aristóteles agir corretamente seria praticar as virtudes.
i) (   ) Aristóteles não admitia uma ética do meio termo para ele o fato era certo ou errado , justo ou injusto.
j)(    ) Na idade média a ética não tinha vinculo com o pensamento grego.
k) (   ) A ética do livre arbítrio foi concebida por Santo agostinho
l) (   ) Tomas de Aquino retomou em grande parte a ética de Aristóteles.
m) (   ) No Iluminismo a Ètica ainda continuou seguindo os princípios regidos na Idade média.
N) (   ) No iluminismo, o homem volta a ser o centro das atenções.
o) (   ) Kant, aponta a razão humana como legisladora dos costumes.
p)(   ) Para Kant, as normas morais não teriam sua origem na razão.
q) ( ) A racionalidade é a única fonte legítima da moralidade.
r) (    ) Kant não admite uma lei universal.
s) (   ) A ética kantiana não é uma ética formal.
t) (   )Hegel concorda integralmente com o pensamento ético de Kant.
PARTE II – SUBJETIVA
OBSERVAÇÃO: DAS 6 QUESTÕES ABAIXO RESPONDA APENAS 5.
OBSERVAÇÃO II – EM CADA QUESTÃO DESENVOLVA EM ATÉ 4 LINHAS.
1)      De acordo com o texto, é possível uma moral universal? Responda com argumentos.
2)      Platão e Aristóteles desenvolveram uma espécie de ética racionalista, porém a concepção aristotélica tinha algumas diferenças. Assim cite e comente essas diferenças.
3)      Qual o principal argumento da ética cristã?
4)      Como Santo Agostinho desenvolveu o conceito de livre arbítrio.
5)      Esclareça o conceito de Kant sobre as normas morais  que devem ser obedecidas como deveres.
6)      Qual a critica de Hegel em relação as concepções éticas de kant.


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

TEXTO BASE PARA TESTE AVALIATIVO 3º BIM

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA / DF
PROF: DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA                                                                                      DATA: ____/_____/_____
TEXTO BASE PARA TESTE AVALIATIVO ( 2º Série)

                                                                                             DEMOCRACIA
Texto 01
Na Grécia antiga, o termo designava, basicamente, o regime do "demos".
Por extensão, a palavra democracia, originada de demokratia, passou a significar poder popular, governo do povo. A democracia, nas cidades·· gregas, só foi alcançada após longa evolução através do aristocrático, e da tirania. Atenas representa, na Grécia, o modelo democrático, enquanto Esparta, o oligárquico. Os fundamentos da democracia grega eram: a igualdade diante da lei (isonomia), o direito de receber honrarias por mérito pessoal e não pela hereditariedade, o direito de apelar aos tribunais e assembleias, o direito de votar e de participar do governo. Na prática, entretanto, a democracia grega era exercida apenas pelos cidadãos. Apenas alguns milhares, porém dela não participam os libertos, as mulheres, os metecos e os escravos.
Do Império Romano até o século XVIII, os ideais democráticos foram declinando no plano mundial à vista do sistema, quase universal, de Estados absolutistas (v. Absolutismo), nos quais o rei exercia a autoridade baseada no direito de origem divina. No entanto, em algumas regiões europeias, constatou se a ascensão de instituições políticas representativas, como aparecimento de parlamentos e outros organismos de índole democrática.
No século XVIII, o crescimento da indústria e do comércio e a consequente urbanização fizeram surgir uma classe média* e, também, uma classe trabalhadora capazes de trazerem de volta a democracia. Não obstante, esse século conheceu uma forma de autoritarismo intitulada despotismo esclarecido*, em especial na Áustria e na Rússia. No ressurgimento democrático, papéis importantes desempenharam pensadores e literatos vinculados a um movimento de ideias e princípios que se chamou Iluminismo, cuja participação nas origens intelectuais da Revolução Francesa* foi decisiva. O regime por esta instauração, de caráter burguês e libera!), estabeleceu o princípio da democracia indireta. A concepção liberal teve o seu mentor original no francês Benjamin Constant no famoso discurso "A liberdade dos antigos comparada com a dos modernos", estabeleceu os princípios da liberdade individual em relação ao Estado. Esses princípios correspondem aos ideais burgueses. No século XIX surgiu uma nova expressão, democracia cristã, definida através de organizações que, sob vários nomes, puderam ser consideradas como democratas cristãs. A democracia cristã vem sendo entendida como um movimento de caráter universal que pugna pela formação de um Estado do qual os valores do cristianismo* devem dominar e orientar a política. Os documentos de base que orientam . essa política são, essencialmente, os emanados do Vaticano, entre outros, as encíclicas Rerum Novarum, Pacem in Terris, Populorum Progressio. A democracia cristã surgiu no século XIX através de partidos políticos que defendiam os interesses da classe média, alcançando importância universal no século seguinte depois da segunda guerra mundial. Esses partidos adquiriram maior renome na. Alemanha e na Itália. O desenvolvimento econômico do pós-guerra acentuou o contraste entre a democracia liberal e a democracia social. Do ponto de vista desta última, quando os recursos econômicos fossem escassos, caberia ao Estado prover a sua justa distribuição para garantir a prosperidade. Trata-se, então, de uma democracia  consentida na qual a luta pelo poder inevitável nos outros tipos de democracia - perderia sua razão de ser. Ao promover o bem-estar público, a igualdade e o crescimento econômico, a democracia social tomaria explicável e aceitável a ausência do povo na constituição do governo. O modelo democrático perfeito, entretanto, requer a livre competição de ideias, um processo eleitoral equilibrado - o que, na verdade, alguns países têm conseguido e um alto grau de tolerância e lealdade entre os diversos grupos e interesses em confronto. Em determinados países influenciados, política ou ideologicamente, pelo socialismo - Albânia, Tchecoslováquia, Coréia do Norte, Vietnã, Hungria, China e em consequência de revoluções constituíram-se as denominadas democracias populares. De modo geral orientadas por liderança marxista, essas democracias transformaram-se ou tendem a transformar-se em ditaduras*. Uma de suas características reside na existência de vários partidos, na manutenção da propriedade privada e na indenização em caso de nacionalização. As transformações políticas e sociais operadas nas democracias populares, salvo exceção, parecem ter ocorrido de modo pacífico, sem que os direitos da burguesia tenham sido eliminados.

TEXTO 02
A política de Platão
Inimigo da democracia foi Platão, o maior dos discípulos de Sócrates. Em A república, apresenta-nos um Estado ideal desenvolvido a partir da constituição militarista de Esparta. Divide o Estado em três classes: os governantes, exército e o povo.
Esta última classe (formada por artesãos, agricultores, comerciantes, profissionais liberais e escravos) não lhe merece o menor respeito. Totalmente exclui do governo, devem curvar-se às leis que lhes são impostas. Nem lhes cabe buscar consolo na religião dos antepassados. Criada pelo Estado, a religião comparece como poderoso instrumento de domínio bem como a literatura e as artes. Embora duramente reprimido, compete ao povo suprir o Estado da produção pastor- agrícola e industrial.
Aos incorporados no exército são negados quaisquer direitos privados. Não podem ser proprietários, não podem constituir família e o Estado controla a horas de lazer. A união sexual tem como finalidade única a procriação, sendo os casais e a data das conjunções determinadas pelo Estado por critérios políticos e de eugenia. A educação começa desde a infância e é, em todas as etapas, controlada pelo Estado para os interesses deste e não do indivíduo. Também o exército permanece excluído do governo. Velar pela segurança externa e interna é a sua única função. A admissão da mulher no exército e na educação, que poderia ser considerada um progresso, visa, contudo, aos exclusivos interesses do Estado.
            A classe dos governantes é constituída pelos filósofos, recrutados entre os militares, depois dos cinquenta anos. Únicos detentores da verdade, compete-lhes legislar autoritariamente o Estado sem vigilância de outra classe. Já que os conteúdos metafísicos aos quais devem adequar as leis lhes são minuciosamente prescritos, suspeitamos que já não lhes cabe o nome de filósofos a eles atribuído. Se tomamos Sócrates como protótipo de filósofo, os governantes da República, presos a um sistema preconcebido e rígido, não se parecem nada com ele. Assemelham-se antes a sacerdotes de uma religião secreta, dogmaticamente elaborada pelo fundador.
Platão localiza na psique três seções correspondentes à divisão do Estado: a razão, a vontade e as paixões. Cabe à razão descobrir as leis que regem o homem, a tarefa da vontade é executá-las, espera-se que as paixões as cumpram. A vontade regida pelas paixões leva a desmandos semelhantes aos que ocorrem no Estado governado pelo povo.
Como se vê, os mesmos motivos que requerem um Estado autoritário submetem o corpo ao imperativo da razão. O homem é cópia do Estado a que está subordinado.
Esta política e esta psicologia expelem da República os poetas, cultores dos senti mentos. Como poderia tolerá-los quem organiza um Estado aristocrático que recorre à razão para dominar? Não admira que as simpatias caiam sobre a poesia marcial de Tirteu.
Boa ilustração do sistema platônico vê-se no “mito da caverna”. Imaginem- se escravos algemados desde sempre com o rosto voltado para o fundo da caverna. O sol que brilha fora projeta sobre a superfície rochosa as sombras dos que passam pela abertura. Os escravos, por não terem tido outro contato com a realidade senão as sombras moventes, não admitem a existência de outros seres além destes. Ocorre que um dos escravos se liberta e busca a luminosidade exterior. No primeiro instante, os raios do sol o cegam. Habituando porém, à luz, percebe o mundo verdadeiro de quem apenas conhecia as sombras, tidas como reais. A alegria da descoberta o faz retornar à prisão para denunciar o mundo de ilusões em que todos vivem. Os companheiros, tomando-o como insolente, o matam ofendidos.
Na alegoria platônica, a caverna sombria é o nosso mundo cotidiano percebido pelos sentidos O sol é a luz da verdade a iluminar essências eternas (as ideias) de que apenas percebemos sombras móveis. Libertar-nos das impressões sensoriais, Para vermos as coisas como realmente são, é tarefa dos filósofos. A turba ignara e revoltada, preferindo a ilusão dos sentidos à luz da verdade, silencia os arautos da suprema sabedoria.
A imagem do homem comum não poderia ser mais negra.
DONALDO SCHÜLLER. Literatura grega, p. 77-9.
Texto : 03
PLATÃO: O GOVERNO DOS FILÓSOFOS
                Platão era uma família aristocrática e por parte de sua mãe, Perictione, descendia de Sólon, o grande legislador ateniense . ele viveu durante o período de decadência da democracia de Atenas, por isso chegou a pensar que aquela forma de democracia não fosse uma boa forma de governo. Platão pensava que os melhores e mais capazes são  os que deveriam governar a cidade, ao contrário do que ocorria na democracia, na qual qualquer cidadão poderia ser eleito e assumir o governo, tivesse ele ou não capacidade e preparo para isso.
Dedicou-se então a pensar qual seria a melhor forma de governar e, entre os vários pretendentes a governante, qual seria o mais bem preparado. O pensamento político de Platão foi trabalhado principalmente em três de seus diálogos: A república, dedicado a pensar sobre a perfeita organização de uma cidade; O político, cujo tema é o conhecimento e necessário ao político no exercício de um governo bom e justo; e As leis, em que discute a ação dos cidadãos e a constituição de leis que regulem essas ações, visando ao bem de todos.
No diálogo A república Platão afirma que a pessoa mais bem preparada para governar é o filosofo, uma vez que ele é capaz de, por meio do exercício da razão, contemplar a ideia de justiça e assim governar justamente. Isso levou-o a afirmar que, para que haja um bom governo, ou reis se tornam fil6sofos ou os filósofos se tornam reis. Uma cidade perfeita seria aquela governada pelos mais sábios, praticantes da filosofia donos de um caráter racional; os detentores de um caráter irascível (colérico, que se irrita facilmente), por serem corajosos, se dedicam à proteção e segurança da comunidade; e aqueles de caráter concupiscível (ambicioso) seriam os responsáveis pela produção dos bens necessários à sobrevivência de todos. Uma cidade assim organizada, administrada com justiça, possibilitaria que cada um fosse feliz, vivendo da maneira mais adequada a seu caráter, ao mesmo tempo que contribui para a comunidade de acordo com suas capacidades. Graças a soma das capacidades de todos , a cidade seria autossuficiente e feliz.

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO:
 FILOSOFIA , EXPERIÊNCIA DO PENSAMENTO- GALLO,Sílvio


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A ÉTICA NA HISTÓRIA ( TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL )

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA/DF
PROFº : DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA
TEXTO BASE PARA O TESTE ORAL
A ÉTICA NA HISTÓRIA
                Vejamos de forma resumida, algumas das reflexões éticas que marcaram os grandes períodos históricos. Para isso, retomarem os aspectos do pensamento de algumas filósofos estudados anteriormente. Daremos destaque as concepções de Aristóteles , na Antiguidade, santo Agostinho , na Idade Média, Immanuel Kant , na idade Moderna..
·         ANTIGUIDADE : ÉTICA GREGA
A preocupação com os problemas éticos teve início de forma mais sistematizada na época de Sócrates , filosofo também conheço como “ o pai da moral”. Vejamos  o que disseram os principais filósofo gregos desse período sobre essa questão.
        Os sofistas afirmavam que não existem normas e verdades universalmente  válidas. Tinham portanto uma concepção ética relativistas ou subjetivista.
        Ao contrario dos sofistas, Sócrates sustentou a existência de um saber universalmente válido, que decorre do conhecimento da essência humana, a partir da qual se pode conceber a fundamentação de uma moral universal. E o ser humano é essencialmente razão. E  é na razão , portanto , que devem ser fundamentadas as normas e costumes morais. Por isso , dizemos que a ética socrática é racionalista. O indivíduo que age conforme a razão age corretamente.
Platão desenvolveu o racionalismo ético iniciado por Sócrates, aprofundando a diferença entre corpo e alma. Argumentava que o corpo, por ser a sede de desejos e paixões, muitas vezes desvia o indivíduo de seu caminho para o bem. Assim, defendeu a necessidade de uma depuração do mundo material para alcançar a ideia de bem. Segundo Platão, o ser humano não consegue caminhar em busca da perfeição agindo sozinho. Necessita, portanto, da sociedade, da pólis. No plano ético, o indivíduo bom é também o bom cidadão.
Depois do período clássico grego, o estoicismo desenvolveu uma ética baseada na procura da paz interior e no autocontrole individual, fora dos contornos da vida política. Assim, o princípio da ética estoica é a apatia [apathe/a). atitude de entendimento de tudo o que acontece, e o amor ao destino [amor [até), porque tudo faria parte de um plano superior guiado por uma razão universal que a tudo abrangeria. Desse modo atingia-se a ataraxia, ou imperturbabilidade da alma.
A ética do epicurismo, de forma semelhante, defendia a atitude de desvio da dor e procura do prazer espiritual, do autodomínio e a paz de espírito [ataraxia].
• Ética do equilíbrio
Aristóteles também desenvolveu uma reflexão ética racionalista, mas sem o dualismo corpo-alma platônico. Procurou construir uma ética mais realista, mais próxima do indivíduo concreto. Para tanto, perguntou-se sobre o fim último do ser humano. Para o que tendemos? E respondeu: para a felicidade. Todos nós buscamos a felicidade.
E o que entende Aristóteles por felicidade? Para o filósofo, a felicidade não se confunde com o simples prazer, o prazer das sensações ou o prazer proporcionado pela riqueza e pelo conforto material. A felicidade última e maior se encontraria na vida teórica, que promove o que há de mais essencialmente humano: a razão.
O individuo que se desenvolve no plano teórico, contemplativo, pode compreender  a essência da felicidade e, de forma consciente, guiar  sua conduta. Mas isso, no contexto histórico da Grécia antiga , seria privilégio  de uma minoria . Segundo o filosofo, a pessoa comum, aquela que não pode se dedicar à atividade teórica, aprenderia a agir corretamente pelo hábito, isto é, por meio da prática constante e reiterada de ações.
Assim, agir corretamente seria praticar as virtudes. E o que seria a virtude? Em sue obra Ética a Nicômaco, Aristóteles explica:
A excelência moral/virtude moral! então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num meio-termo determinado pela razão. Trata-se de um estado intermediário, porque nas várias formas de deficiência moral há falta ou excesso do que é conveniente tanto nas emoções quanto nas ações, enquanto a excelência moral encontra e prefere o meio-termo. (p. 421 )
A coragem, por exemplo, seria uma virtude situada entre a covardia (a deficiência) e a temeridade [o excesso. Assim, o filósofo propôs uma ética do meio-termo, na qual a virtude consistiria em procurar o ponto de equilíbrio entre o excesso e a deficiência.
Mas observe que esse ponto de equilíbrio não é fixo, isto é, não pode ser estabelecido de antemão, pois varia de acordo com a circunstância ou ocasião [onde, quando, quanto, com quem, com o quê, como etc). Por exemplo: não é exatamente coragem reagir em um assalto a mão armada. Ou seja, não é esse tipo de atitude que garante a excelência moral de uma pessoa. Como explicou Aristóteles:
[.1 tanto o medo como a confiança, o apetite, a ira, a compaixão e em geral o prazer e a dor, podem ser sentidos em excesso ou em grau insuficiente; e, num caso como no outro, isso é um mal. Mas senti-los na ocasião apropriada, com referência aos objetos apropriados, para com as pessoas apropriadas, pelo motivo e da maneira conveniente, nisso consistem o meio-termo e a excelência característicos da virtude. [Etica a Nícomaco, p. 273.]
Também é importante notar que, tanto em Platão como em Aristóteles, a ética estava vinculada à vida política. Aristóteles refere-se mesmo à política corro um meio da ética, pois sendo o ser humano, por natureza, um ser sociopolítico, necessitaria da vida em comum para alcançara felicidade como plenitude de seu bem-estar.
·         IDADE MÉDIA : ÉTICA CRISTÃ
O que diferencia radicalmente a ética cristã da ética Grega são dois pontos;
·         O abandono da visão mundana a ética cristã deixa de lado a ideia de que o fim último da vida humana está neste mundo. Com isso , centrou a busca da perfeição moral no a amor a Deus;
·         Emergência da subjetividade – acentuado a tendência já esboçada na filosofia de estico ponto de vista estritamente pessoal, como uma relação entre cada indivíduo e deus, isolando-o de sua condição social e atribuindo à subjetividade  uma importância até então desconhecida.
Os filósofos medievais herdaram alguns elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando-se  no interior de uma ética cristã. Santo Tomás de Aquino( século XIII) por exemplo, recuperou da ética aristotélica a ideia de felicidade com fim último do ser humano, mas cristianizou essa noção ao identificar Deus como a fonte dessa felicidade.
·         ETICA DO LIVRE ARBÍTRIO.
Santo Agostinho (354 – 430) transformou a ideia de depuração da alma da filosofia de Platão na ideia da necessidade de elevação ascética para compreender os desígnios de Deus. Também a ideia da imortalidade da alma , presente  em Platão, foi retrabalhada pelo filosofo sob a perspectiva cristã.
        Mas a ética agostiniana destaca-se por outro conceito. Ao tentar explicar  como pode existir o mal se tudo vem de Deus , e Deus é bondade infinita, Santo Agostinho  introduziu a ideia de liberdade  como libre –arbítrio, isto é a noção de que cada individuo tem a possibilidade de escolher como agir, de acordo com sua própria vontade. Portanto pode optar livremente por aproximar –se de Deus  ou por afastar-se  Dele. O afastamento de Deus  seria o mal, de acordo com o filósofo .
        Isso significa que , com a noção de livre – arbítrio de escolha individual, Agostinho acentuou o papel da subjetividade humana nas coisas do mundo. O livre- Arbítrio seria o meio pelo qual o ser humano exerce sua liberdade, que consiste em escolher  entre o bem  e o mal. De outro lado, esse conceito esvaziou a noção grega de liberdade com possibilidade de realização plena do indivíduos em seu meio social. Em outras palavras, diminuiu a importância da dimensão social da liberdade, e esta passou a ter um caráter  mais pessoal , subjetivo individualista.
·         IDADE MODERNA : ÉTICA ANTROPOCÊNTRICA
Com o final da Idade Média , marcado pelo renascimento, o ser humano torna-se novamente o centro de interesse por meio do humanismo. No terreno da reflexão ética , esse fato orientou uma nova concepção moral, centrada na autonomia humana.
No  Iluminismo, essa orientação fica mais evidente , pois os filósofos passam a defender a ideia de que a moral deve ser fundamentada não mais em valores religiosos, e sim naqueles oriundos da compreensão do que é a natureza humana.
A concepção mais expressiva  do período moderno a respeito da natureza humana é a de uma natureza racional, que encontra em kant sua formulação mais bem acabada.
·         Ética do dever
Em seus textos Crítica da razão prática e fundamentação da metafísica dos costumes, o filósofo alemão Emanuel kant (1724 – 1804), aponta  a razão humana como uma razão legisladora, capaz de elaborar  normas  universais , uma vez que constitui um predicado universal dos seres humanos , isto é, uma capacidade comum a todos. As normas  morais teriam , portanto sua origem na razão.
Embora , em Kant , as normas morais devam ser obedecidas como deveres , a noção Kantiana de  dever confunde-se com a própria noção de Liberdade. Isso ocorre porque, em seu pensamento, o indivíduo que obedece a uma norma moral atende à liberdade da razão, ou seja, aquilo que a razão, no uso de sua liberdade, determinou como correto. Dessa forma, a sujeição à norma moral é o reconhecimento de sua legalidade, conferida pelos próprios indivíduos racionais.
Kant reforça essa ideia ao dizer que um ato só pode ser considerado moral quando praticado de forma autônoma; consciente e por dever. Com isso, acentua, o reconhecimento do dever como uma expressáp’ca’ racionalidade humana, única fonte legítima da moralidade. A clareza dessa ideia é assim expressa pelo filósofo:
Age apenas segundo uma máxima [um princípio] tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. [Fundamentação da metafísica dos costumes, p. 59.]
Essa exigência é denominada por Kant de imperativo categórico, ou seja, é uma determinação imperativa, que deve ser observada sempre, em toda e qualquer decisão ou ato moral que venhamos a praticar Em outras palavras, o filósofo quer dizer que nossa ação deve ser tal que possa ser universalizada, ou seja, realizada por todos os outros indivíduos sem prejuízo para a humanidade. Se não puder ser universalizada, não será moralmente correta e só acontecerá como exceção, nunca como regra. Vejamos como Kant se expressa a esse respeito:
Se prestarmos atenção ao que se passa em nós mesmos sempre que transgredimos qualquer dever, descobriremos que na realidade não queremos que a nossa máxima se torne lei universal, porque isso nos é impossível; b contrário dela é que deve universalmente continuar a ser lei; nós tomamos apenas a liberdade de abrir nela uma exceção para nós. [Fundamentação da metafísica dos costumes, p. 631
E por que realizamos atos contrários ao dever e, portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque nossa vontade é também afetada pelas inclinações
— que são os desejos, as paixões, os medos —, e não apenas pela razão. Por isso ele afirma que devemos educar a vontade para alcançar a boa vontade, que seria aquela guiada unicamente pela razão.
Em resumo, a ética kantiana é uma ética formal ou formalista, pois postula o dever como norma universal, sem se preocupar com a condição individual, em que cada um se encontra diante desse dever Em outras palavras, Kant nos dá a forma geral da ação moralmente correta (o imperativo categórico], mas não diz nada acerca de seu conteúdo, não diz o que devemos fazer em cada situação concreta.
·         IDADE CONTEMPORÂNEA: ÉTICA DO INDIVÍDUO CONCRETO.
A REFLEXÃO ÉTICA NA Idade Contemporânea  ( século XIX  e XX )desdobrou-se  em uma série de concepções distintas acerca do que seja a moral e sua fundamentação. Seu  ponto comum é a recusa de uma fundamentação exterior  transcendental para a moralidade, centrando no individuo concreto a origem dos valores  e das normas morais.

Um dos primeiros passos  na formulação de uma ética do indivíduo concreto foi dado por Hegel, em sua crítica ao formalismo de Kant.

·         FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICO –SOCIAL
 Como diversos autores contemporâneos , o filósofo alemão Friedrich Hegel (1770 – 1831 ) questionou o formalismo da ética . Para ele, ao não levar  em consideração a história e a relação do indivíduo com a sociedade , a ética de Kant  não apreende o conflitos reais existentes na decisões  morais. Kant teria considerado a moral apenas como uma questão pessoal , íntima  e subjetiva , na qual o sujeito  deve se decidir  entre suas inclinações (desejos, medos, etc.) e sua razão.
         De acordo com Hegel , portanto , a moralidade assume conteúdos  diferenciados  ao longo da história das sociedades, e a vontade  individual seria apenas um dos elementos da vida ética de uma sociedade  em seu conjunto. A moral seria o resultado da relação entre  o indivíduo e o conjunto social. E em cada momento histórico a moral se manifestaria tanto nos códigos normativos como implicitamente, na cultura  e nas instituições sociais. Desse modo, Hegel vinculou a ética à história  e a sociedade.




Texto extraído do livro : FUNDAMENTO DE FILOSOFIA
COTRIM, Gilberto e Mirna Fernandes
Ed. SARAIVA