quinta-feira, 29 de junho de 2017

TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL - OS PRÉ-SOCRÁTICOS II


       OS PRÉ-SOCRÁTICOS :PARTE

              * HERÁCLITO: FOGO E DEVIR
   Em Éfeso, outra cidade jônica, desenvolveu-se um pensamento distinto e original. Isso se deve a Heráclito ( 535 -475) , estudioso da natureza e preocupado com a arché.
       Assim como os pensadores de Mileto, Heráclito observava que a realidade é dinâmica e que a vida está em constante transformação. Mas, diferentemente dos milésimos que buscavam na mudança aquilo que permanece, decidiu concentrar sua reflexão sobre o que muda. Assim o filosofo dizia que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser. “Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti.”
                Heráclito também observou, como seus predecessores, tinham uma atuação dos opostos na natureza (frio e calor, seco e úmido etc..) mas radicalizou essa observação , conferindo papel essencial ao conflito em sua cosmologia. Desenvolve, assim, uma visão da realidade profundamente egoística (do grego agonistikós) relativo a luta. Pois para ele as forças do ele o fluxo constante da vida seria impulsionado justamente pela luta de forças contrarias: a ordem e a desordem, o bem e mal, belo e o feio, construção e desconstrução, a justiça e a injustiça, racional e o irracional, a alegria e a tristeza etc.
                Daí sua famosa afirmação de que a “luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas. É pela luta da forças opostas que mundo se modifica e evolui. Por essa razão, Heráclito imaginou que, se devia haver um elemento primordial da natureza, este teria A ser fogo, governado o constante movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
                A medida desse acender e apagar do fogo seria determinada pelo logos, o pensamento, a razão que Heráclito era a razão criadora e unificadora das tensões opostas, a razão-discurso do filósofo: “É sábio escutar não a mim, mas a meu discurso.” Dessa forma ele resgatava a unidade, mas uma unidade descortinada pela mente atenta, desperta, em vigília.          
                Pela importância que deu ao movimento, a escola heraclitiana pensamento é chamada de mobilista. Apesar de não ter sido muito bem – visto entre seus contemporâneos e estudiosos posteriores, Heráclito é considerado um dos mais destacados filósofos pré-socráticos e o primeiro grande representante do pensamento dialético. Teria inspirado filósofos como Hegel e Heidegger, entre outros.
·         PARMÊNIDES :O SER
                Parmênides entendia que o equívoco das pessoas e dos demais pensadores era conceder demasiada importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Descartes diria algo parecido mais de mil anos depois. Embora também percebesse pela via sensorial a mudança e o movimento no mundo. Parmênides achava contraditório buscar a essência ( a arché) naquilo que não é essencial , buscar a permanência  naquilo que não permanece ( a mudança e o movimento) ou supor que aquilo que é permanente pudesse converter-se em algo impermanente.
                Assim, Parmênides optou para escutar o que lhe dizia a razão, e não os sentidos, que o faziam sentir a mudança, e proclamou que existe o ser e não é concebível sua não existência. Em suas palavras: O ser é o não ser não é “Tentemos compreender melhor essa frase, aparentemente óbvia:
·         O SER É , a primeira oração expressa a ideia de que o ser  ( ou aquilo que é ) é eternamente , pois o ser constitui , para ele, a substancia  permanente das coisas. Portanto, o ser é de maneira imutável e imóvel e é o único que existe cada com nenhum elemento natural, sensível mas ao mesmo tempo, equivalente a toda corporeidade , com tudo o que existe ,pois o ser é  UNO PLENO, CONTÍNUO E ABSOLUTO.
·         O NÃO SER NÃO É -  A segunda oração traz a ideia de que o não ser ( a negação do ser) não é não tem ser , substancia , essência . Portanto é nada, não existe. Essa é uma conclusão lógica, pois se o ser é tudo, o não ser só pode não existir. Para Parmênides, o não ser se identificaria com a mudança ( o devir ) pois mudar é justamente não ser mais aquilo que era , nem ser ainda algo que é.
Em vista dessa formulação, Parmênides é considerado o primeiro filosofo a expor o princípio de identidade, ( A= A) e de não contradição ( se A=A, é impossível ao mesmo tempo e mesma .relação, A = não A) , cuja a argumentação seria depois mais bem desenvolvida por Aristóteles.
        Em seu poema filosófico sobre a natureza, Parmênides expôs que dois caminhos para a compreensão da realidade tem sido trilhados. O primeiro é o da verdade, da razão, da essência O segundo é o da opinião, da aparência enganosa, que lelé considerava a via de Heráclito.
        Quando a realidade é pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em movimento pluralidade e devir. De acordo com Parmênides, essa via precisaria ser evitada para não termos de concluir que “o ser  e o não ser são e não são a mesma coisa, o que seria um contrassenso , uma formulação ilógica. Considera-se que foi a partir dessa discussão sobre os contrários, sobre o ser e o não ser, que se iniciaram as reflexões da lógica e da ontologia, quando esses dois campos de investigação filosófica ainda estavam intimamente relacionados.
·          EMPÉDOCLES:  ( 490 – 430 a.C) – OS QUADROS ELEMENTOS.   
Empédocles esforçou-se por conciliar as concepções de Parmênides e Heráclito. Aceitava de Parmênides a racionalidade que afirma a existência e permanência do ser ( o ser é ) mas procurava encontrar uma maneira de tornar racionais  também os dados captados por nossos sentidos.
Defendeu, assim, a existência de quatro elementos primordiais, que constituem as raízes de todas as coisas percebidas: o fogo, a terra, a água e o ar. Esses elementos seria movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos:
_ AMOR ( filia em grego) , responsável pela força de atração e união e pelo movimento de crescente harmonização das coisas;
_ ÓDIO (NEIKOS, EM GREGO) , responsável pela força de repulsão e desagregação e pelo movimento de decadência , dissolução e separação das coisas.
               Para Empédocles, todas as coisas existentes na realidade estão submetidas as forças cíclicas desses dois princípios.



·         DEMÓCRITO – (460 – 370 a.C) O ÁTOMO
 Destacou-se na busca pela arché a resposta concebida por Demócrito, um contemporâneo de Sócrates de Atenas. Apesar de ser até uma novo que este, sua reflexão inscreveu-se principalmente dentro da tradição pré-socráticos. Ele foi o responsável junto com seu mestre Leucipo, pelo desenvolvimento de uma doutrina que ficou conhecida pelo nome de atomismo.
        Demócrito concordava com necessidade da plenitude e unidade do ser (como afirmava Parmênides). Mas não aceitava que não ser, (o movimento, a multiplicidade) fosse uma ilusão. Para ele, a experiência do movimento era justamente a prova da existência de um não ser, que em sua concepção seria, como veremos, o vazio.
        Aproximando-se da concepção físico- química e moderna da realidade, sua doutrina dizia que todas as coisas que formam a realidade são constituídas por   partículas invisíveis (por serem muito minúsculas) e indivisíveis. Demócrito denominou-as, portanto de ATOMOS. Palavra de origem grega que significa “não divisível” (a negação, átomo parte, divisão) coo o ser parmenídico, o átomo democrítico seria uno, pleno e eterno.
        No entanto, para o filósofo, toda a realidade é composta também do vazio, que representa a ausência de ser ( o não ser ) . É o vazio que, segundo ele, torna possível o movimento do ser., que é o movimento dos Átomos, segundo a teoria

Atomista. Sem espaço vazio, nenhuma coisa poderia se mover, argumentava o filósofo.
        Os átomos seriam homogêneos entre si, isto é teriam o mesmo ser, a mesma natureza fundamental. No entanto, seria infinitos em números por sua figura ou configuração. Nesse sentido, seriam heterogêneos e nunca se converteriam uns nos outros, razão pela qual o atomismo pode ser considerado uma doutrina pluralista.
        Há também um dualismo em sua concepção pelo fato de afirmar que toda a realidade é composta de átomo e de vazio. Mas sabemos que o vazio era entendido por Demócrito como não ser de modo que não era substancia, não constituindo, portanto, uma arché em seu plano. Demócrito também entendeu que os átomos estão em constante movimento espiralado, chocando-se uns com os outros ao acaso. Nesses entrechoques uns com ou outros ao choques, podem atrair-se e aglomerar-se ou repelir-se e separar-se . Quando os átomos se aglomeram (sempre como certo vazio entre eles para que realizem sua movimentação eterna), formam-se os distintos corpos com suas qualidades específicas, que nossos sentidos percebem.
        As distintas e infinitas composições dos átomos eram explicadas por Demócrito de acordo com três fatores básicos:
_ FIGURA -  A forma geométrica de cada átomo que compõe o corpo, bem como sua grandeza e seu peso. Assim, átomo de figura A ≠ átomo de figura B. O fogo por exemplo, seria uma aglomerado de átomos de mesma figura, todos redondos pequenos e leves, de acordo com Demócrito.
_ ORDEM A sequência espacial dos átomos de mesma figura que compões um corpo. Assim AB ≠ BA
_ POSIÇÃO – A situação de cada átomo em relação as coordenadas espaciais, B ≠ Ω.

        Os pensamentos e a alma eram explicados de maneira semelhante, pela aglomeração de átomo mais leves e sutis. E o nascimento e a morte não existiriam no sentido de uma geração ou corrupção de matéria (isto é, transformações qualitativas); seriam apenas o resultado da união ou separação de átomos, e nesse manteriam sempre os mesmos, eternos. Daí a afirmação de Demócrito: “nada nasce do nada, nada retorna ao nada” tudo tem uma causa. E os átomos seriam a causa última do mundo.
        Por essa razão, o atomismo passou a história como uma teoria mecanicista, pois explica tudo a partir dos átomos (matéria) e seus. No movimentos no mecanicismo, a sucessão dos acontecimentos é necessária, no sentido de que segue uma lei natural que a determina, mas ocorre ao acaso, no sentido de que não tem um projeto ou finalidade (não que não tenha uma causa) É como o mecanicismo de uma máquina, que não define nada apenas funciona de acordo com as leis físicas. Assim devia pensar Demócrito quando disse que tudo o que existe no universo nasce do acaso ou da necessidade.