segunda-feira, 3 de novembro de 2014

TEXTO BASE PARA O ESTUDO DIRIGIDO 3º SÉRIE ( LIBERALISMO)

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA/DF
PROFº DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA  -  3º   SÉRIE
TEXTO BASE PARA  ESTUDO DIRIGIDO
Conceito de liberalismo
Afinal, que ideias novas são essas?
Na linguagem comum costumamos chamar de liberal a pessoa tolerante e generosa, tanto no sentido de não controlar gastos como no sentido de não ser autoritária. Chamamos também de liberais os profissionais como médicos, dentistas, advogados quando trabalham por conta própria.
Aqui, no entanto, não nos interessam esses significados da palavra liberal, mas sim os que indicam o conjunto de ideias éticas, políticas e econômicas da burguesia, em oposição à visão de mundo da nobreza feudal.
A burguesia interessava separar Estado e sociedade, entendendo nesta última o conjunto das atividades particulares dos indivíduos, sobretudo as de natureza econômica. Essa separação reduziria igualmente a interferência do privado no público, já que o poder procurava outra fonte de legitimidade diferente da tradição e das linhagens de nobreza.
 Liberalismo: Três aspectos
O liberalismo pode ser entendido sob pelo menos três enfoques: o político, o ético e o econômico.
O liberalismo político constituiu-se contra o absolutismo real e buscou nas teorias contratualistas a legitimação do poder, que não mais se fundava no direito divino dos reis nem na tradição e herança, mas no consentimento dos cidadãos. Decorreu dessa maneira de pensar o aperfeiçoamento das instituições do voto e da representação, a autonomia dos poderes e a limitação do poder central.
O liberalismo ético supõe o prevalecimento do estado de direito, que rejeita o arbítrio, as prisões sem culpa formada, a tortura, as penas cruéis e estimula a tolerância para com as crenças religiosas; para tanto, defende os direitos individuais, como liberdade de pensamento, expressão e religião.
O liberalismo econômico opõe-se inicialmente à intervenção do poder do rei nos negócios, que se exercia por meio de procedimentos típicos da economia mercantilista, tais como a concessão de monopólios e privilégios. A economia liberal consolidou-se com o escocês Adam Smith (1723-1790) e o inglês David Ricardo (1772-1823), que defendiam a propriedade privada dos meios de produção e a economia de mercado baseada na livre iniciativa-e competição.
O liberalismo do século XVIII
O século XVIII destacou-se pelo conjunto de ideias do movimento conhecido como Ilustração, que se espalhou por toda a Europa. A explosão das “luzes” foi preparada nos séculos anteriores com o racionalismo cartesiano, a revolução científica e o processo de laicização da política e da moral. As esperanças depositadas na ciência e na técnica, instrumentos capazes de dominar a natureza, baseavam-se na convicção de que a razão é fonte de progresso material, intelectual e moral, o que leva à crença e à confiança na sua perfectibilidade.
A difusão das ideias iluministas na França foi facilitada pela ampla produção intelectual de intelectuais conhecidos como enciclopedistas. Entre eles, destacamos Montesquieu e Rousseau.
DO liberalismo inglês: o utilitarismo
No século XIX, a Inglaterra constituía o país mais poderoso do mundo, poiso império colonial britânico expandira-se pelos diversos continentes. Vivia-se o apogeu da Revolução Industrial, que criou uma nova ordem, essencialmente moderna, com novos parâmetros económicos e sociais.
O florescimento do capitalismo industrial prometia a era do conforto e do bem-estar. As discrepância entre riqueza e pobreza, entretanto, estavam de ser superadas. Esses fatores explicam as discussões a respeito de reforma social, entre os liberais e de revolução, entre os socialistas.
Foi nesse contexto que se desenvolveu a Teoria utilitarista, com a intenção de estender aquele benefícios a todas as pessoas. Seus principais representantes foram Jeremy Bentham e John Stuart MILL
Jeremy Bentham (1748-1832), na busca por um instrumento de renovação social, criticou as resoluções liberais que levam ao egoísmo e elaborou teoria do utilitarismo. Segundo o “princípio de utilidade’, o único critério para orientar o legislador é cria leis que promovam a felicidade para o maior número de cidadãos.
Para a igualdade ser favorecida, Bentham dize que deviam ser garantidas a subsistência, a abundância  e a segurança, assim como as eleições periódica o sufrágio livre e universal e a liberdade de contrato .
O liberalismo francês
Enquanto na Inglaterra e nos Estados Unidos instituições políticas e sociais  consolidavam os ideais liberais, a França enfrentou no século XIX experiências  difíceis e contraditórias, após a esperança de “liberdade, Igualdade e fraternidade”, representada pela Revolução Francesa:
• o governo jacobino, declaradamente ultrademocrático, radicalizou-se instalando o Terror;
• Napoleão Bonaparte foi coroado imperador;
• com Napoleão III, a França entrou no Segundo Império, distanciando-se cada vez mais dos ideais democráticos.
Era natural que alguns liberais conservadores temessem a tênue separação entre democracia e tirania.
 Hegel: a crítica ao contratualismo
Friedrich Hegel [1770-1831), filósofo alemão, acompanhou apaixonadamente os acontecimentos que marcaram um ponto de ruptura da história: a derrocada do mundo feudal e o fortalecimento da ordem burguesa. É essa a contradição dialética cuja resolução Hegel aponta como a tarefa da Razão.
Para compreendermos, porém, a crítica que Hegel fez às concepções liberais que o antecederam, é preciso nos reportarmos à sua concepção dialética, da qual resultou um novo conceito de história: o presente é retomado como resultado de longo e dramático processo; por isso, a história não é a simples acumulação e justaposição de fatos acontecidos no tempo, mas o fruto de verdadeiro engendramento, de um devir cujo motor interno é a contradição dialética.
 O Estado: síntese final
A concepção de Estado hegeliana nega a tese contratualistas vigente nos dois séculos anteriores porque o indivíduo não escolhe o Estado, mas é por ele constituído, Ou seja, não há como pensar o indivíduo em estado de natureza, porque ele é sempre um indivíduo social.
Segundo a concepção dialética hegeliana, o Estado sintetiza, numa realidade coletiva, a totalidade dos interesses contraditórios entre os indivíduos. Vejamos como ocorrem as contradições:
• a família é a síntese dos interesses contraditórios entre seus membros;
• a sociedade civil é a síntese que supera as divergências entre as diversas famílias Hegel foi o primeiro a usar a expressão “sociedade civil” dando-lhe um sentido novo, que corresponde à esfera intermediária entre a família e o Estado; a sociedade civil é o lugar das atividades econômicas e, portanto, nela prevalecem os interesses privados, sempre antagônicos entre si; por isso é o lugar das diferenças sociais entre ricos e pobres e da rivalidade dos profissionais entre si; conforme o movimento dialético, as esferas da família e da sociedade civil não devem ser entendidas como formas anteriores ou exteriores ao Estado, pois na verdade só existem e se desenvolvem no Estado;
• o Estado representa a unidade final, a síntese mais perfeita que supera as contradições existentes entre o privado e o público e que põem em perigo a coletividade; no Estado, cada um tem a clara consciência de agir em busca do bem coletivo, sendo por excelência a esfera dos interesses públicos e universais.
A importância do Estado na filosofia política de Hegel provocou interpretações diversas, inclusive a de ter sido ele um teórico do absolutismo prussiano, concepção que, em última análise ,justificaria o totalitarismo. Vários filósofos se insurgiram contra essa simplificação deformadora do pensamento hegeliano, desde o próprio Marx até Eric Weil, no século XX.
Hegel exerceu grande influência na política posterior, e seus seguidores dividiram-se em dois grupos opostos, denominados direita e esquerda hegeliana. Entre esses últimos encontram-se Marx e Engels.
 As contradições do século XIX
Em comparação com as teorias liberais dos dois séculos anteriores, os pensadores do século XIX representam um avanço em direção às ideias de liberdade e igualdade.
No entanto, nesse período ainda persisti inúmeras contradições: nem sempre a implantação  das aspirações liberais conciliou os interesses econômicos aos aspectos éticos e intelectuais permaneceram sem solução questões econômicas e sociais que afligiam a crescente massa de operários nos grandes centros da Europa — pobreza jornada de trabalho de 14 a 16 horas, mão de  obra mal remunerada de mulheres e crianças.
Além disso, a expansão do capitalismo estimulou ideias imperialistas que justificaram a colonização por essa razão, os países europeus “democráticos não abriram mão do controle econômico e político  sobre suas colônias. O próprio John Stuart Mill argumentava que a ideia de governo democrático ajustava apenas aos hábitos dos povos avançados sobretudo dos brancos.


 O liberalismo contemporâneo
O século XX viveu a contradição dos ideais  liberdade em confronto com duas guerras mundiais, o horror dos campos de concentração nazistas stalinistas, a explosão das bombas atômicas no Japão os atos terroristas das mais diversas orientações líticas e religiosas. A crescente globalização acelerou os movimentos migratórios dos países pobres mais ricos, acirrando os sentimentos de xenofobia.
Vejamos como a teoria liberal assumiu posições diferentes, conforme sua orientação se inclinasse mais para a defesa das liberdades ou para a igualdade de oportunidades.
 Liberalismo social
Um dos ideais do liberalismo clássico é o Ideia do não intervencionismo, que deixa o mercado livre para sua auto regulação. Trata-se do Estado minimalista no qual prevalecem as leis do livre mercado .No entanto, no século XX surgiram tendências que podemos chamar de liberalismo de esquerdo, socialismo liberal ou liberal-socialismo, o que pode parece- uma extravagância pela ambiguidade de sentido ao unir conceitos contraditórios, inconciliáveis: o livre mercado e o controle estatal da economia.
As extremas desigualdades sociais, no entanto levaram alguns a admitir que a ênfase na economia livre deveria ser atenuada, a fim de possibilitar igualdade de oportunidades e auxiliar no crescimento da individualidade.

Acontecimentos históricos apressaram a reformulação dos princípios do liberalismo. Após a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, a década de 1930 foi marcada pela depressão econômica: falências. desemprego e inflação geraram graves tensões sociais. A crise de modelo capitalista desencadeou a experiência totalitária na Alemanha e na Itália . Já a Inglaterra e os Estados  Unidos  buscaram soluções diferentes que pudessem evitar tanto o perigo do nazismo como a tentação do comunismo. As novas medidas  tomadas encaminharam o liberalismo social em que é revisto o papel do Estado na economia.

TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL 3º SÉRIE

CENTRO EDUCACIONAL 06 – GAMA/DF
PROFº DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA  -  3º SÉRIE
TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL
O ESTADO COMO CONTRATO SOCIAL
Uma das novas ideias políticas surgidas no século XVII foi que a sociedade e sua estruturação política, o Estado, são criações humanas, e não fenômenos da própria natureza, como pensava Aristóteles. Haveria, de acordo com essa ideia, um “contrato” para organizar a sociedade.
O pacto e a instituição da sociedade
Segundo a noção de contrato social, a sociedade foi instituída pelos seres humanos por meio de um pacto coletivo — um contrato —, com um contrato - , no qual os indivíduos convivem, O contrato estabelece regras e leis, assim como um poder que organiza a coletividade e atua como árbitro nas disputas entre seus membros. As filosofias baseadas nessa teia ficaram conhecidas como contratualismo ou jusnaturalismo.
O primeiro grande filósofo contratualista foi Thomas Hobbes. Preocupado com a situação política da Inglaterra, agitada pela disputa entre os defensores da monarquia e os que desejavam instituir uma república, ele escreveu duas obras políticas: Sobre o cidadão (1642) e Leviatã (1651). Nelas, Hobbes defende um governo monárquico e absolutista, e em meio a sua argumentação desenvolve a ideia de contrato social.
Hobbes se afasta de Aristóteles, para quem os seres humanos seriam naturalmente sociais. Segundo Hobbes, a natureza humana é individualista e egoísta, e os seres humanos não viveram sempre em comunidade. Se resolveram viver em agrupamentos sociais organizados, foi simplesmente para garantir a sobrevivência. Antes dessa organização, segundo parte dos contratualistas, os seres humanos viviam em um “estado de natureza”, ou seja, de modo primitivo. No caso de Hobbes, esse estado é apresentado como uma guerra constante de todos contra todos, o que o levou a dizer que “o homem é o lobo do homem”.
Cada um queria impor sua vontade, e todos desejavam acumular Bens. Como não existia uma regulamentação sobre o direito de propriedade, vencia o mais forte, seja no sentido físico ou intelectual. Ninguém se sentia seguro, era preciso estar sempre em vigília. Portanto, ainda segundo os filósofos contratualistas, os indivíduos se cansaram de viver dessa forma.
Segundo Hobbes, o pacto social foi feito para selar a paz entre as pessoas, garantindo a cada indivíduo o direito de viver e acumular bens, sem o medo constante de ser roubado ou assassinado. E o pacto seria justamente a abdicação da liberdade natural de cada um em nome da segurança de todos. Os indivíduos se reúnem e pactuam que dali por diante viverão todos sob as ordens de um único chefe, que tem a responsabilidade de garantir a segurança de todos. Para isso ele cria leis que regulamentam a vida naquela comunidade e servirão para arbitrar disputas entre membros do grupo.
De acordo com Hobbes, antes do contrato social não há povo, há uma multidão, que não é um corpo político, pois não tem uma unidade. É o pacto coletivo que transforma a multidão em povo, em uma unidade política em torno de um projeto comum: a garantia da sobrevivência e do direito de propriedade. Para esse filósofo, uma vez feito o contrato os indivíduos já não podem desistir dele, exceto se o soberano já não for capaz de garantir a segurança e a vida de todos, pois foi em nome disso que se realizou o pacto.
As ideias políticas de Hobbes estão presentes nas monarquias absolutistas europeias dos séculos XVII e XVIII. Entretanto, a situação política da Inglaterra e depois de toda a Europa tendeu para uma política liberal, que contribuiria para formar monarquias constitucionais, Estados republicanos e democráticos. No plano do pensamento político, sua ideia de contrato social teve vida mais longa e serviu de matriz para outras teorias políticas.
O pacto e o direito à propriedade
Assim como Hobbes, o médico, filósofo e político John Locke se apoiou nas ideias de estado de natureza e contrato social para construir sua filosofia política. Locke defendia uma monarquia parlamentarista, na qual o poder estaria no Parlamento, nos representantes da população, e não,o na realeza. Esse sistema foi instaurado com a Revolução de 1689, sendo John Locke um dos que contribuíram com sua fundamentação teórica.
Como você já estudou, embora tenha sido influenciado por Descartes, Locke discordava da existência de ideias inatas. Discordava igualmente da existência de um poder inato ou de origem divina. Para ele, todo poder vem do povo. A teoria de Hobbes ajudou-o a desenvolver essa ideia, mas, contrariamente a Hobbes, Locke não via nesse estado uma guerra permanente. Segundo Locke, o fato de os homens viverem na mais absoluta liberdade não implica que vivessem sem leis. No estado de natureza os homens seriam governados pela lei natural da razão, sendo seu princípio básico a preservação da vida. Portanto, as pessoas não agrediam nem matavam indistintamente, apenas para impor sua vontade ou tomar a propriedade de alguém.
De acordo com Locke, todo indivíduo já nasce proprietário de seu corpo e de sua capacidade de trabalho. Tudo aquilo que produzir, retirando da natureza ou a transformando, por meio de seu próprio trabalho, será de sua propriedade, uma vez que empenhou seu corpo e sua vida nessa tarefa. Portanto, em seu estado natural os seres humanos, além de gozarem da plena e absoluta liberdade, podem ter acesso a propriedades. O que os teria levado, então, a abandonar esse estado, instituindo a sociedade civil?
Com o tempo, o produto do trabalho humano e o acesso à propriedade se tornaram mais complexos. Em determinado momento, passou a ser necessário arbitrar sobre os direitos, devido às disputas que começaram a surgir entre os indivíduos. Se todos são iguais, quem é o verdadeiro proprietário dos produtos do trabalho? Se todos são iguais, quem pode arbitrar as questões para fazer justiça?
Os indivíduos reuniram-se em comunidade, diz Locke, com o objetivo de facilitar o gozo do direito de propriedade que, mesmo possível, era incerto e inseguro quando se vivia em estado natural, Para o filósofo, portanto, o principal objetivo do contrato social é a preservação do direito de propriedade.
O pacto entre os indivíduos institui a sociedade civil e o Estado. Para Hobbes, o contrato é um pacto de submissão que visa a instaurar uma situação contrária àquela que vigorava no estado de natureza, preservando a segurança das vidas humanas; já para Locke o contrato se configura como um pacto de consentimento em que os indivíduos, longe de se submeterem todos a um poder comum, concordam em instituir eis que preservem e garantam tudo aquilo que eles já desfrutavam no estado de natureza. O contrato social é, para Locke, a garantia dos direitos naturais, e não a criação de outros direitos.
Locke exemplifica com um tipo bem corriqueiro de associação civil: o casamento. No casamento, dois indivíduos consentem na união, e só por isso ela é possível. O mesmo se aplica ao Estado.
Sendo fruto do consentimento de todos, a instituição de uma sociedade política não significa uma renúncia à liberdade individual, mas sim a instauração de uma nova forma de liberdade, a liberdade civil, que não se contrapõe à liberdade natural, mas a preserva e a amplia. Os direitos naturais se tornam políticos.
Para Locke, há um pacto de instituição da sociedade e posteriormente a sociedade, assim instituída, define as formas de governo. Como se observa, o contrato social, segundo Locke, não é a transferência do poder de cada um para um soberano. A soberania (o poder) pertence à totalidade do povo. Assim, é esse povo, como corpo político, que pode indicar quem assumirá as funções de administração e de governo. E todo aquele que ocupar esse tipo de função o fará em nome do povo, podendo ser destituído pelo povo quando não corresponder às expectativas.
Locke fala na necessidade de separar e articular os poderes legislativo (que elabora as leis), executivo (que as coloca em prática) e judiciário (que arbitra a prática das leis), para evitar a concentração de poder em uma única pessoa ou grupo. Essa teoria foi consolidada no século seguinte por Montesquieu se tornou elemento fundamental do sistema democrático moderno.
O contrato social como expressão da vontade geral
Talvez você já tenha ouvido a frase: “O homem nasceu livre, e em toda parte vive acorrentado”. Ela abre o livro Do contrato social, de Jean-Jacques Rousseau. Enquanto Hobbes concebia o estado natural como guerra e o estado social como fonte de segurança individual, Rousseau considerava o estado natural como fonte da liberdade e da igualdade. A sociedade política era a fonte da guerra, pois instaurava a desigualdade entre os homens. Nascemos livres na natureza, mas nos aprisionamos pelas convenções sociais, O problema político, para Rousseau, poderia ser enunciado da seguinte maneira: como estabelecer um pacto social que seja garantia da liberdade, e não escravização dos indivíduos?
Em seu Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Rousseau afirma que o estado de natureza foi a idade ouro”, quando os homens eram todos livres e iguais entre si, autos-suficiente e isolados uns dos outros, vivendo em paz e harmonia. Isso fez  com que se atribuísse a Rousseau a ideia do “bom selvagem” — a crença de que o homem é naturalmente bom, mas se corrompe pela vida em sociedade —, embora ele nunca tenha usado essa expressão. Seu contemporâneo e crítico Voltaire afirmava que, ao ler os textos de Rousseau, ficava-se com vontade de andar de quatro, como os bichos tamanho seu encantamento pelo estado de natureza.
Para Rousseau, a origem da propriedade é também a origem da verdadeira desigualdade. As diferenças naturais não devem ser levadas em conta, segundo ele, mas apenas a desigualdade social, a única desigualdade de fato. A origem da propriedade é também a origem da sociedade, porém não de direito; Rousseau considera que a fundação histórica da sociedade civil está no ato do primeiro ser humano que cercou um terreno e afirmou: “Isto é meu!”, tendo encontrado aceitação por parte de seus semelhantes.
Com a propriedade, inicia-se o processo de acumulação de bens. Surgem  as desigualdades, a escravidão, a ganância e a violência. Rousseau considera que o primeiro contrato social que instituiu o Estado não resulta da ação de todos os indivíduos, como pensavam Locke e Hobbes, mas sim da ação dos indivíduos ricos coagindo os mais pobres, na tentativa de garantir para si as benesses da propriedade, e não tinha por isso uma legitimidade jurídica.

Desse modo, Rousseau antecipa a noção de Estado como instrumento de classe que Karl Marx enunciou no século seguinte. Entretanto, Rousseau  não considera a instituição política como essencialmente nociva destinada a defender interesses individuais; a sociedade não contrária ao estado natural, como afirmava Hobbes. O Estado poderia ser organizado de forma a preservar os direitos naturais e a igualdade entre os indivíduos .