sexta-feira, 1 de abril de 2016

TEXTO BASE PARA 1º AVALIAÇÃO DO BIMESTRE 3º SÉRIE( TESTE ORAL) - CRÍTICA DAS IDEOLOGIAS E DO SENSO COMUM “

CENTRO EDUCACIOANL 06 – GAMA /DF
PROF: DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA
TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL DO BIMESTRE
“CRÍTICA DAS IDEOLOGIAS E DO SENSO COMUM “
Seguramente, você já ouviu ou pronunciou, várias vezes, expressões como: “Deus ajuda a quem cedo madruga”; “filho de peixe, peixinho é”; “todo político é corrupto”. E você já se perguntou sobre o fundamento dessas ou outras expressões? Quando a nossa atitude traz a dúvida, a interrogação, a problematização, está nascendo a dimensão filosófica em nossa razão, que é essencialmente crítica. Trata-se da percepção e da crítica dos pressupostos subjacentes às afirmativas e aos discursos. Assim, o filosofar é uma constante busca pela razão de ser e pelo sentido de cada afirmativa.
A reflexão filosófica é filha do tempo. Assim, os conceitos são historicamente construídos. Nas muitas tradições ou nas diversas escolas filosóficas que existem em nossa civilização, há muitos conceitos abordados que, ao serem confrontados, aparecem antagônicos. Assim, um mesmo conceito poderá ser abordado de forma bem distinta entre os diferentes pesadores. Alguns filósofos chegam a absolutizar um conceito, outros, ao contrário, exaltam a dimensão positiva desse conceito. Um exemplo disso vemos, aqui, no conceito de ideologia.
Historicamente, diferentes sentidos foram atribuídos à ideologia. Originariamente, em conformidade com o criador do termo, o filósofo francês Antoine Destutt de Tracy (1796-1836), significava a ciência das ideias que sustentavam a vida social. Nesse sentido, o objetivo dessa ciência, chamada ideologia, seria o de estudar a origem e o desenvolvimento de  nossas ideias.
Contudo, não demorou muito para que os intelectuais e revolucionários alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1829-1885) atribuíssem à ideologia um sentido ,pejorativo, o sentido negativo de ilusão, de consciência deformada ou invertida da realidade, produzida pela classe dominante. Nessa visão, a ideologia é instrumento da classe hegemônica para mascarar a realidade, para impedir nos dominados a consciência da dominação, da opressão. E o mais grave é que a ideologia consegue fazer com que o oprimido coloque a culpa em si mesmo e não perceba a relação dialética entre o empobrecido e o enriquecido. Dessa forma, a ideologia realiza uma inversão da vida real.
A consciência jamais pode ser outra coisa do que o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo de vida real. E, se, em toda a ideologia, os homens e suas relações aparecem invertidos  numa câmara escura, tal fenômeno decorre de seu processo histórico de vida, do mesmo modo por que a inversão dos objetos na retina decorre de seu processo de vida diretamente físico[. ..} Totalmente ao contrário do que ocorre na Filosofia alemã, que desce do céu à terra, aqui se ascende da terra ao céu. Ou, em outras palavras: não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam, ou representam, e tampouco dos homens pensados, imaginados e representados para, a partir daí, chegar aos homens de carne e osso; parte-se dos homens realmente ativos [...].
MARX, Kar]; ENGELS, Friedrich. A Ideologia alemã. Trad. José Gados I3runi; Marco Aurélio Nogueira. São Pardo:
l-Iucitec, 1989. p. 37. (Fragmento)




DESVELANDO IDEOLOGIAS E ALIENAÇÕES
                Segundo Marx, a ideologia é sempre um mascaramento da realidade, uma forma de pensar que não é expressão da realidade vivida pelos homens, mas tentativa de universalizar um jeito específico de pensamento, tentativa de universalizar interesses particulares.
  Com a criação e a universalização de uma concepção particular; a ideologia opera uma inversão da realidade, fazendo algo ou aparecer ou parecer ser, que em realidade não é. Por exemplo, quando alguém diz: “O cara é pobre porque é preguiçoso.”, essa afirmativa é uma ideia ou uma ideologia? Urna ideia que expressa a realidade, verificada na prática, ou uma ideologia, algo criado, na mente de grupos particulares, para determinar uma forma específica de pensar?
Para Marx, a função principal da ideologia é proceder a uma inversão da realidade, fazer com que a realidade apareça de uma determinada forma, conveniente a um grupo específico e dominante. Portanto, a ideologia, em Marx, tem a função de não permitir a percepção da alienação, alienando a consciência, impedindo a revolta contra a dominação. Sem precisar recorrer à violência física, a ideologia mantém a “unidade” e a “coesão” da sociedade, escondendo as distorções, mascarando as desigualdades sociais e ocultando a exploração. Assim, podemos dizer que a ideologia é instrumento de alienação da mente do oprimido, fazendo-o pensar e agir da maneira que convém à classe dominante. Essa consciência invertida da realidade é massificação, falta de pensamento autônomo, porque vê o que a ideologia quer que seja. Assim, a ideologia camufla a divisão existente dentro da sociedade, apresentando-a como una e harmônica, como se todos partilhassem dos mesmos objetivos e ideais.
 Generalizar ou universalizar interesses particulares é a grande estratégia da ideologia. Ela orienta e legitima as ações de determinados grupos na história. A realidade nos aparece invertida pela ótica da ideologia. Diante de determinadas realidades injustas e absurdas (sem sentido), ouve-se repetidamente: “Deus quer assim”; “o carma que eu preciso carregar”; “A situação está negra”; “Do pau que nasce torto até a cinza é torta”, “Querer é poder”. Ou, ainda, “Os pobres não enriquecem, porque  não se esforçam”, ou “Esta criança não aprende porque não é inteligente”. Na verdade, a causa real de os pobres não enriquecerem ou de a fome continuar não está na possível preguiça individual, mas no modelo de desenvolvimento e de sociedade.
Ao impor a sua visão de mundo como “a realidade”, a classe dominante também é influenciada por sua própria ideologia. Ao universalizar a particularidade de sua posição social, ela estabelece como “natural” a sua dominação, a tal ponto que a “ordem estabelecida” não lhe pareça ideológica, e sim justa e natural.
Dessa forma, a ideologia aliena as mentes, tornando-as reféns de um pensar que lhes é estranho, externo. E justamente isso que significa o termo alienação, tornar-se alheio, pertencer a outro, perder a autonomia. Por isso, é correto afirmar que a ideologia, em conformidade com o pensamento de K. Marx, gera a alienação, impedindo a formação de uma consciência crítica da realidade, mascarando, ocultando a opressão e a injustiça social. -
Nesse contexto de universalização de uma única forma de pensar, de formatação das mentes para não enxergarem a realidade, a postura filosófica se mostra na pergunta: “será?”. Aqui, a Filosofia deve exercer o seu papel de crítica das ideologias. E preciso diferenciar e não confundir uma realidade natural  com uma realidade normal. É normal, portanto, cultural, vermos entre nós pobreza e miséria, mas não é natural a pobreza e a miséria, uma vez que são criação humana. Fazer essas distinções se torna fundamental para mudar a nossa postura diante da vida.
Em suma, positivamente, a ideologia exerce a função de articuladora do grupo social, tornando a sociedade unida em torno de crenças comuns que fazem justamente a força das tradições. No sentido negativo, a unidade é falsa, pois esconde a divisão injusta, os preconceitos, as unilateralidades da sociedade para manter a dominação. Nesse sentido, a ideologia torna-se um poderoso instrumento de dominação por homogeneizar as diferenças individuais, regionais ou culturais e as desigualdades entre as classes sociais. A ideologia anestesia as consciências sociais em proveito das classes hegemônicas.
Essa ideologia é veiculada das mais diversas maneiras: pelos meios de comunicação de  massa, família, escola, igreja, Exército, empresas, etc. É preciso perceber que não há neutralidade. Sempre há interesses em jogo. É preciso discernir se o que está em jogo é o bem comum ou interesses particulares.
Corno resultado da ação das ideologias, temos o senso comum, no qual encontramos um modo de pensar ingênuo e acrítico, permeado pela ideologia que impede a visão autônoma, gerando uma mentalidade preconceituosa, já que é irrefletida.
Considerando o tema da ideologia em sua relação com a produção da alienação, a Filosofia se realiza como saber desperto, crítico, atento às sutilezas, hábil no diagnóstico de distorções presentes nos discursos e das contradições presentes na sociedade.
Texto extraído do livro FILOSOFIA POR UMA INTELIGÊNCIA DA COMPLEXIDADE
MEIER, Celito


TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL DO BIMESTRE - O RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES

CENTRO EDUCACIOANL 06 – GAMA /DF
PROF: DENYS F. DA COSTA
DISCIPLINA : FILOSOFIA
TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO ORAL DO BIMESTRE
O RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES
René Descartes (1596-1650) é considerado o pai da Filosofia moderna. Em suas obras Discursos do Método e Meditações metafísicas aborda o problema do conhecimento.
Com Descartes, o racionalismo moderno retoma a metodologia empregada pelo racionalismo socrático-platônico, isto é, abordando o mundo sensível, buscando superar as opiniões contrárias e ilusórias em direção à verdade. Assim, o exame do erro, dos nossos preconceitos, suas causas e formas receberão especial atenção.
Para tanto, criticando o modelo de ciência medieval, superando a concepção escolástica de inspiração aristotélica, o projeto filosófico de Descartes consiste na defesa de um novo modelo de ciência, um novo método, seguindo os passos de Copérnico, Kepler e Galileu.
Em linhas gerais, podemos dizer que o programa da Filosofia de Descartes consiste em estabelecer e desenvolver o uso disciplinado da razão livre e autônoma, na busca da verdade do real.
Partindo da racionalidade como atributo humano fundamental, Descartes vincula o erro ao sensível, às percepções e suas linguagens. Para o racionalismo, a percepção sensível é confusa e é fonte de erros, de obscuridade e visões provisórias e particulares.  Ora, a consciência dos erros originados das sensações faz Descartes buscar um método que lhe possibilite chegar a verdades indubitáveis, que resistam a qualquer duvida.
Descartes tem por objetivo, inicialmente, chegar a uma primeira verdade que não possa ser posta em dúvida. Propõe-se encontrar uma certeza básica, imune às dúvidas céticas sobre a possibilidade de ciência em geral. Embora não fosse cético, considerava o ceticismo muito importante, devido as questões que colocava sobre a possibilidade de um conhecimento seguro. Para Descartes, o esforço será em refutar o ceticismo. Para tanto, inicialmente, assume o ceticismo, levando-o às suas últimas consequências. Devido a isso, estabelece a dúvida como seu método. Assim, a argumentação de Descartes começa com a dúvida metódica, mediante a qual coloca em questão todo o conhecimento adquirido da tradição, toda a ciência clássica, todas as opiniões tidas como certas até então.
Na primeira meditação, Descartes estabelece os argumentos para refutar o ceticismo e buscar a verdade que supera qualquer dúvida. No primeiro argumento, contra a ilusão dos sentidos, Descartes inicia o caminho na busca pelo conhecimento verdadeiro. O segundo argumento de Descartes considera a inexistência de um critério seguro para distinguir o sonho da vigilância. Para Descartes, tudo o que acreditamos perceber claramente pode ser apenas expressão de um sonho no qual estamos. Esse segundo argumento, contudo, se apresenta ainda insuficiente, uma vez que a ilusão que ele revela não é propriamente sobre o que percebemos, revela somente a ilusão do nosso tipo de percepção. Em outras palavras, embora a percepção (sonho) não corresponda à realidade, os objetos que percebemos, em suas cores e formas, têm base real.
Levando a dúvida a suas últimas consequências, Descartes estabelece o terceiro argumento: a hipótese de um “gênio maligno”. Nessa hipótese, Descartes afirma que Deus pode ter criado o ser humano de tal forma que ele acreditasse na existência de céu, terra e todas as realidades, sem que elas efetivamente existissem. Assim, essa hipótese supõe que ele poderia ter sido criado não por um deus, mas por um “gênio maligno” que o enganasse sobre a existência das realidades e sobre suas verdades. Esse gênio maligno, sendo um elemento externo todo-poderoso, pode criar no ser humano ilusões. Como, então, ter certeza de algo? Assim, em decorrência, Descartes considera que deve suspender todos os seus juízos sobre todas as coisas, duvidar de tudo. Com essa atitude, Descartes diz que o espírito se preparava contra as armadilhas desse deus enganador.

Na segunda meditação, Descartes retoma o caminho da dúvida buscando a certeza. Descartes chega à seguinte conclusão:
Esta proposição: eu sou, eu existo é necessariamente verdadeira todas as vezes que eu a enuncie ou a conceba em meu espírito.
Nessa dinâmica da dúvida, Descartes rejeitará como falso tudo aquilo que puder receber a sua dúvida. Em busca da certeza evidente, na qual e a partir da qual pretende radicar o seu projeto de reconstrução do sabei; Descartes estabelece a dúvida metódica, a dúvida como modo correto de caminhar. Por isso, é fácil perceber as dimensões hiperbólicas (exageradas) e radicais desse processo de duvidar.
Após se ver mergulhado em dúvidas, nasce a intuição fundamental de Descartes: percebe-se duvidando, com certeza e clareza. E, ao duvidai; encontra-se pensando. A consciência de que está pensando vem expressa no cogito ergo sum: “penso, logo existo”. Uma coisa que pensa, existe, pelo menos enquanto pensa. Descartes encontra, assim, a certeza primeira.
Mas essa certeza primeira do Cogito pode levar ao conhecimento de outras coisas, a outras certezas? Após estabelecer a .evidência do Cogito, Descartes dá um novo passo, afirmando que é possível ter certeza de que existe um ser que pensa (res cogitans). Além disso, nada pode ser afirmado, uma vez que o nosso corpo, sendo algo exterior, pertencendo ao mundo dos objetos, está sempre sujeito à dúvida.
Reconhecendo como certa a existência de ideias, fica ainda a questão da certeza da existência das coisas das quais as ideias procedem. Essa questão permanece, uma vez que a própria mente pode ser a causa do objeto.
Por isso, Descartes procura uma ideia que não possa ser derivada da mente humana. E a conclusão à qual chega é que a ideia de Deus (um ser perfeito) não pode ser causada por um ser imperfeito (o homem),efeito de uma vez que o efeito de uma coisa não pode ser mais do que a sua causa. E essa ideia de Deus é uma ideia inata, que nasce com a pessoa, é “a marca do criador em sua obra”. Ora, isso significa que Deus existe. Dessa forma, com a prova da existência de Deus, Descartes chega à segunda verdade.
Dessa forma, além da res cogitas, ou seja, a coisa pensante, existe também a res extensa, a coisa extensa. Para Descartes, pai do racionalismo moderno, o corpo é uma realidade física e fisiológica, extensa com massa e movimento, e se encontra submetido aos determinismos naturais, e sempre sujeito às dúvidas. Em contrapartida, a mente humana não se encontra submissa às leis físicas. Essa dicotomia acompanhará, doravante, a caminhada da Filosofia e das ciências humanas. E importante perceber que uma das consequências do cogito cartesiano é o dualismo, a dicotomia que se estabelece entre corpo e mente (consciência).
Conforme vimos, o objetivo de Descartes é encontrar um fundamento seguro para o saber. O caminho (método) tem como objetivo fundamental oferecer procedimentos através dos quais o intelecto possa afastar-se tanto dos juízos precipitados quanto das prevenções, ou seja, das opiniões pré-fabricadas a que aderimos acriticamente, nas quais evitamos a responsabilidade de um juízo livre e racional. Dessa forma, a razão deverá constantemente examinar-se a si mesma durante o processo de busca da verdade.
Em sua obra Regras para a direção do espirito, composta de 21 regras, René Descartes descreve o seu método, que ele mesmo sintetiza em seu Discurso do Método, mediante quatro preceitos fundamentais na busca do conhecimento verdadeiro:
1º Jamais acolher alguma coisa como verdadeira sem a conhecê-la como tal;
2.° Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas forem necessárias para melhor  resolvê-las
3.° Ordenar os pensamentos, começando pelos mais simples e fáceis de conhece; para progressivamente ir subindo, degrau por degrau, até o conhecimento mais complexo;
4.° Proceder a constantes e completas enumerações e revisões, para ter a certeza de não haver omitido nada.
Com base nesses preceitos, podemos perceber que a evidência é critério decisivo de verdade para Descartes. Sem a clareza e a distinção, não há verdade racional. Encontrar verdades claras e distintas, ou seja, evidentes, será um trabalho árduo e disciplinado, uma vez que é possível duvidar de tudo, considerando a relatividade e a provisoriedade das opiniões, crenças e dos costumes das pessoas e dos povos.
Assim, o racionalismo parte do pressuposto da existência de uma verdade universal, acessível mediante atividade instrumental, superando as ilusões e os enganos provenientes do âmbito sensível.
Texto extraído do livro FILOSOFIA POR UMA INTELIGÊNCIA DA COMPLEXIDADE

MEIER, Celito