terça-feira, 16 de novembro de 2010

texto filosfia da arte

Filosofia da Arte


Precisamos, no entanto, distinguir entre Estética e Filosofia da Arte. A rigor, o domínio 10 dos fenômenos estéticos não está circunscrito pela Arte, embora encontre nesta a sua manifestação mais adequada. Sob esse prisma, o domínio do estético abrange o da Arte, não só por ser muito mais dilatado, como também porque é nele que devemos ir buscar os critérios gerais que permitem distinguir, nas manifestações artísticas, as autênticas das inautênticas, as valiosas das desvaliosas, as esteticamente boas das esteticamente más.

Mas, por outro lado, a Arte excede, de muito, os limites das avaliações estéticas. Modo de ação produtiva do homem, ela é fenômeno social e parte da cultura. Está relacionada com a totalidade da existência humana, mantém íntimas conexões com o processo histórico e possui a sua própria história, dirigida que por tendências que nascem, desenvolvem-se e morrem, e às quais correspondem estilos e formas definidos. Foco de convergência de valores religiosos, éticos, sociais e políticos, a Arte vincula-se à religião, à moral e à sociedade como um todo, suscitando problemas de valor (axiológicos), tanto no âmbito da vida coletiva como no da existência individual, seja esta a do artista que cria a obra de arte, seja a do contemplador que sente seus efeitos.

Ora, a Filosofia da Arte, que não dispensa pressupostos estéticos, uma vez que estabelece um diálogo com aquelas produções artísticas esteticamente válidas, não só tem na Arte o seu objeto de investigação, como também aquele primeiro dado, de cuja existência se vale, para levantar problemas de índole geral, requeridos pelo dinamismo da reflexão filosófica. Isso quer dizer que a Filosofia da Arte não e uma disciplina especial, senão no sentido de que considera, antes de tudo, a própria Arte Trata se na verdade de uma senda aberta à reflexão filosófica, por onde esta renova o seu diálogo expansivo com o mundo, com a existência humana e com o Ser Dai decorre o fato de que semelhante filosofia conserva, nos problemas particulares de que trata, e que derivam do objeto específico em que se detém, a profundidade dos legítimos problemas filosóficos.

Qual a relação entre Arte e Realidade? Pode-se falar num conhecimento específico, alcançado só por intermédio da Arte, em oposição ao conhecimento objetivo, da ciência e da filosofia? Qual o nexo existente entre a atividade artística e os diferentes valores, principalmente os morais e os religiosos? De que maneira essa atividade se relaciona com a atividade produtiva, sob o aspecto da técnica? Quais são, finalmente, as conexões da Arte com a sociedade, a história e a cultura? Eis os mais relevantes problemas da Filosofia da Arte. Podemos encontrá-los todos, alguns apenas esboçados, outros solucionados de acordo com os padrões culturais da sociedade grega do século V a. C., na filosofia platônica. Entretanto, só modernamente, depois do nascimento da Estética, foi que a Filosofia da Arte, nas primeiras décadas do século XIX, começou a desenvolver-se em bases novas, que em grande parte ainda continuam sendo as nossas.

Os idealistas alemães, Schelling, Schopenhauer, e principalmente Hegel, embora submetessem a Filosofia da Arte aos sistemas filosóficos que elaboraram, contribuíram, de Limeira decisiva, depois de Kant e de Schiller, para fazer dessa filosofia o que ela é atualmente:

uma reflexão que tem como um dos seus fins últimos justificar a existência e o valor da Arte determinando no conjunto das criações do espirito humano, a função que ela desempenha, ao lado da ciência, da religião, da morai e, também, fato digno de nota, ao lado da própria filosofia, cujo atual interesse pela Arte não encontra paralelo em épocas passadas.

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