CENTRO EDUCACIONAL 06/GAMA
DF
TEXTO BASE PARA AVALIAÇÃO
ORAL DO
BIMESTRE.
,
CONJECTURAS SOBRE O MITO
Embora sejamos
naturalmente propensos ao filosofar, uma vez que a razão é potencialidade
inerente a todo ser humano, a forma filosófica de ver o mundo não é a nossa
primeira atitude diante da realidade. Por isso, para compreender a origem
existencial da Filosofia, de como acontece o processo de filosofar na
existência pessoal de cada um de nós e para compreendermos processo
histórico de nascimento da filosofia, é preciso compreender o que a antecede,
tento na história e na cultura circundante, quanto na sua própria existência
pessoal. Pense, por exemplo, em uma criança. Ela tem em si a potencialidade
para a filosofia, mas essa potencialidade jamais irá despertar se antes não
houver um significativo tempo e cultivo de outro saber que, vindo antes,
prepara o filosofar. Assim, será na formação da consciência mítica que se
inicia o caminho que poderá levar a consciência filosófica.
·
A IDENTIDADE DO MITO
O MITO É UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO, É UMA MENSAGEM. EIS POR QUE NÃO
PODERIA SER UM CONCEITO OU UMA IDEIA: ELE É UM MODO DE SIGNIFICAÇÃO,
UMA FORMA(...) JÁ QUE O MITO É UMA FALA, TUDO PODE CONSTRUIR UM MITO, DESDE QUE
SEJA SUSCETÍVEL DE SER JULGADO POR UM DISCURSO. O MITO NÃO SE DEFINE POLO
OBJETO DE SUA MENSAGEM, MAS PELA MANEIRA COMO A PROFERE. O MITO TEM LIMITES
FORMAIS, MAS NÃO SUBSTANCIAIS.
BARTHES, Roland
A primeira forma
de apreensão do real é uma espécie de intuição compreensiva. Diante da infinita
grandeza e mistério dos fenômenos naturais ( sol, chuva, trovão raio , etc.) e
diante das situações limites , representadas pelos mistérios da doença e da
morte, o ser humano encontra-se perplexo , inseguro.
Em nossa existência,
encontramo–nos inicialmente, marcados pelo espanto, pela admiração, pela
dúvida, pela incerteza. Em decorrência desse estado, diante do mistério marcado
por profunda insegurança pessoal, recorremos, primeiramente, à narrativa
mítica, que passa a ser uma mensagem.
Assim, a linguagem
mítica é um constituinte do ser humano que se situa em um plano diferente da
razão argumentativa.
Na narrativa mística,
encontramos segurança para a nossa perturbação inicial. Sem saber das origens,
vivendo uma experiência de impotência ignorância inicias, atribuímos a origem
de toda as coisas a foça dos deuses ou de Deus supremo. Dessa forma a narrativa
mítica apaziguá o espírito inquieto. E da cultura Sendo a primeira forma de
consciência do ser humano, a consciência mítica começa a ordenar e organizar o mundo.
Assim a formação dos mitos obedece uma necessidade inerente do ser humano e da cultura,
considerando os limites da razão e dada a essencial incompletude de nossa
condição humana, também afetada pela dinâmica da emoções, da efetividade e descrenças.
Portanto, nós não somos somente, nem sequer somos em primeiro lugar, seres
racionais. Nossa primeira natureza é irracional e intuitiva que nascerá a
narrativa mítica.
·
AS FUNÇÕES DO MITO.
Normalmente, o mito vem definido como advindo da função que exerce.
Nesse sentido o mito é uma intuição compreensiva da realidade, uma forma espontânea
de situarmos no mundo, expressando a capacidade inicial de compreende-lo. Por isso,
as raízes do mito estão na razão, mas na realidade vivida, pré-reflexiva das
emoções e da afetividade. Apoiada em uma lógica intuitiva, imaginativa, que
surge a partir de imagem e é fortalecida pelo afeto explicamos a realidade
concreta, conferindo significado e ordem a um mundo aparentemente caótico e
desorganizado.
Sendo narrativa
pronunciada para ouvintes que a recebem como verdadeira, o mito traz a marca da
fé e da confiança. Assim, a verdade do mito está relacionada a confiança na
pessoa do narrador, a sua autoridade, Acredita-se que o poeta narrador seja um
escolhido dos deuses, iluminado pelos deuses que lhe inspiraram sobre a origem
dos acontecimentos passa e lhe passaram a responsabilidade de transmitir essa
verdade para as gerações presentes e futuras. Sua palavra é sagrada, porque vem
de uma revelação divina. Dessa forma, o mito se apresenta incontestável,
inquestionável, marcado pela ausência da percepção de contradições.
Sob a foram de
relatos fáceis de entender os são transmitidos de geração em geração, porque assim
os ancestrais o prescreveram. Os mitos cumprem uma importante função social, ao
reforçarem a coesão, alimentando a identidade de grupo, a identidade comunitária.
Por isso o cenário do mito é sempre a vida comunitária que o alimenta. Enquanto
o mito mantiver a força de identificação dos indivíduos e da comunidade, ele
permanecerá muito vivo. É a força do mito consiste precisamente no fato de a
narrativa se referir a própria história da comunidade, as suas origens.
Essa narrativa
mítica fazem parte da tradição cultural de um povo. Por isso, não são produto
de um autor específico de um indivíduo isolado que, em determinado momento,
sentou-se e as escreveu. Se considerarmos as principais fontes da mitologia
grega, chegaremos a Homero e Hesíodo. A existência histórica de Homero é muito questionada.
Estudos modernos afirma que Homero é um nome coletivo e não um indivíduo histórico,
particular. Homero é conhecido como o autor da Ilíada e Odisseia, por volta do
século IX a.C.
Os mitos antigos
ou primordiais exerciam uma função não só de explicar o mundo e as relações humanas,
mas de transmitir um ideal de educação, essencial para a formação dos jovens. Através
das narrativas míticas, as gerações mais velhas ensinavam as gerações mais
novas como eles deveriam ser para se tornarem excelentes. OS heróis e deuses
transmitiam modelos exemplares de conduta para serem seguidos. Esse modelo
estava presente na areté ( virtude) de cada heróis.
Considerando que
os mitos primitivos são narrativas sobre a origem das realidades, origem que se
encontra nas alianças ou rivalidades entre os deuses, segue um exemplo de como
o mito narra a origem do mundo e de tudo o que existe. Em primeiro lugar, o
mito localiza a origem das realidades nas relações amorosas entre os deuses.
Texto retirado do
livro filosofia por uma Inteligência da Complexidade de Celito Meier
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