domingo, 23 de maio de 2010

TRABALHO BIMESTRAL 1º ANO (AMOR) TEXTO BASE

AMOR


Roland Barthes já observava: o amor é um assunto mais obsceno, para nossos contemporâneos, do que o sexo. Mais incômodo. Mais íntimo. Mais difícil de dizer, de mostrar, de pensar. Digamos que a sexualidade tornou-se uma espécie de regra, à qual não há como não se submeter, O amor seria antes uma exceção. A sexualidade faz parte de nossa saúde, O amor seria antes urna doença, em todo caso um distúrbio. A sexualidade é urna força. O amor seria antes uma fraqueza, urna fragilidade, uma ferida. A sexualidade é urna evidência; o amor, um problema ou um mistério. Pode-se duvidar, inclusive, de sua existência ou, no mínimo, de sua verdade: e se fosse apenas um sonho, urna ilusão, uma mentira? Se por toda parte existisse apenas o sexo e o egoísmo? Se todo O lesto não passasse de literatura? Se o amor só existisse, como já o sugeria La Rochefoucauld, na medida cm que falássemos dele?

Isso, no entanto, não seria nada, já que dele falamos, com efeito, já que dele falamos sem parar. E já que o egoísmo é um amor ainda — é o amor de si —, cuja existência e força não podemos contestar muito. Se não nos amássemos a nós mesmos, como poderíamos nos preferir, como é claro que fazemos quase sempre, e por que desejaríamos ser amados?

E depois há os filhos: se não os amássemos, teríamos medo a esse ponto?

E depois há os amigos: mesmo que não os amássemos senão para nós, o que é corri efeito concebível, ainda assim seriam mais preciosos a nossos olhos do que nossos inimigos, que detestamos, ou que aqueles, inumeráveis, que nos são indiferentes. É preciso, pois, que o amor não seja nada, já que introduz pelo menos, em nossas relações, esta diferença: entre aqueles que nos são caros, corno se diz, e aqueles que nada são para nós.

E depois há todos aqueles amores que nos estorvam, cuja existência não podemos por isso contestar: o amor ao dinheiro, ao poder, à glória...

E depois aqueles que nos regozijam: o amor à boa mesa, ao prazer, à vida... Que valeria o sexo, inclusive, se não o amássemos?

Podem dizer que se trata de amores muito diferentes, que não podemos colocar no mesmo plano o amor que temos por um objeto (por urna iguaria ou um vinho, por exemplo) e aquele que sentem por um sujeito, que somente ele seria amor verdadeiramente... Talvez. Mas, enfim, só podemos distinguidos se primeiro os compararmos. E, além disso, a linguagem me dá razão, na maioria das línguas: “O amante, dizia Platão, ama a criança como um prato de que se quer saciar, ou como o lobo ama o cordeiro...” E Nietzsche, para zombar do amor pelo próximo: “Como a águia não gostaria do cordeiro, de carne tão prazerosa?”.

Torno o amor em sua extensão máxima, e tenra entender o que ele é. Amo o vinho e a cerveja, Mozart e Vernier, as mulheres e esta mulher... O que há de comum entre esses diferentes amores? Um certo prazer que dele espero ou que nele encontro, urna certa alegria, até mesmo, por vezes, como uma felicidade possível. Amar é poder desfrutar ou regozijar-se de algo ou de alguém. É, portanto também poder sofrer, já que prazer e alegria dependem aqui, por definição, de um objeto exterior, que pode estar presente ou ausente, dar-se ou recusar-se... “Em relação a um objeto que não é amado, escreve Espinosa, nenhuma querela nascerá; não sentiremos tristeza se vier a perecer, nem ciúme se cair em mãos de outro, nem temor, nem ódio, nem perturbação da alma...” Estamos longe disso, e basta dizer que o amor nos prende como a ele nos prendemos. Se nada amássemos, nem nós mesmos, nossa vida seria mais tranqüila do que é. Mas é que também já estaríamos mortos.

Não se pode viver sem amor, explica Espinosa, já que é o amor que faz viver: “Em razão da fragilidade de nossa natureza, sem algo de que gozemos, a que estejamos unidos e por que sejamos fortalecidos, não poderíamos existir.” O amor é uma potência — potência de gozar e de regozijar-se — mas limitada.

Por isso ele marca também nossa fraqueza, nossa fragilidade, nossa finitude. Poder gozar e poder sofrer caminham juntos, como a alegria e a tristeza, e é o que significa o amor: que estamos fadados à instabilidade, à esperança e ao temor, ao gozo e à falta, enfim ao trágico e à insatisfação.

Uma saída? Seria preciso amar apenas a Deus ou a tudo, o que dá no mesmo, e é o que Espinosa chama a sabedoria. Mas quem é capaz disso?

O que é o amor? Espinosa dá esta bela definição: “O amor é uma alegria acompanhada da idéia de uma causa exterior.” Amar é regozijar-se de. Mas, e se a causa faltar? Resta, então, apenas a mágoa ou a falta.

É onde se pode pensar a relação entre duas definições do amor, que dominam toda a história da filosofia. Há a de Espinosa, que já era, no essencial, a de Aristóteles: “Amar, dizia este último, é regozijar-se.” E há em seguida a de Platão, que parece dizer bem o contrário, O amor, para Platão, não é primeiramente urna alegria. O amor é falta, frustração, sofrimento: “O que não temos, o que não somos, o que nos falta, eis os objetos cio desejo e cio amor.” São dois amores diferentes, que os gregos designavam por duas palavras diferentes: phllia, para a alegria de amar, e eros, para a falta. A amizade, se quisermos, e a paixão (a falta insaciável do outro). Seria errado entretanto opô-las de modo demasiado estrito, demasiado simples. A maioria de nossas histórias de amor mistura ambos os sentimentos, e no fundo é feliz: já que estamos fadados à falta, pela finitude, e já que apenas a alegria nos conforta ou nos preenche... O sexo, por exemplo, pode ser vivido tanto na falta quanto na alegria, e até, quando tudo vai mais ou menos bem, não cessa de nos acompanhar desta àquela, daquela a esta, é nisso que ele se assemelha a nós ou se assemelha ao amor, é nisso que nos assemelhamos a ele quando amamos...

A falta e a alegria, eras e philia, não são menos diferentes um do outro. Eras é primeiro, claro, já que a falta é primeira: vejam o recém-nascido que busca o seio, que chora quando lho retiram... É o amor que toma, o amor que quer possuir e guardar, o amor egoísta, o amor passional; e toda paixão devora. Te amo: te quero. Corno este amor seria feliz? É preciso amar o que não temos, e sofrer com essa falta; ou então ter o que não falta mais (já que o ternos) e que por isso amamos cada vez menos (já que só sabemos amar o que falta). Sofrimento da paixão, tédio dos casais. Ou então é preciso amar de outra maneira: não mais na falta mas na alegria, não mais na paixão mas na ação — não mais em Platão mas em Espinosa. Te amo: sinto-me feliz porque existes. Todo casal feliz, e apesar de tudo existem alguns, é uma refutação do platonismo.

Eros é a falta e a paixão amorosa: é o amor que prende ou quer prender. Philia é a potência e a alegria duplicadas pelas do outro: é o amor que se regozija e compartilha.

Olhem a mãe e o filho. O filho torna o seio: é eros, o amor que toma, é a própria vida. E a mãe dá o seio: é philia, o amor que dá, graças ao qual tudo continua e muda. Pois a mãe foi primeiro um filho: como todos, começou tomando. Mas aprendeu a dar, pelo menos a seus filhos, e é o que se chama um adulto. No início existe apenas Eros (há apenas o isso, como diz Freud), e talvez disso não escapemos: cada um começa tomando e não pára nunca. Mas, enfim, trata-se de aprender a dar, ao menos um pouco, ao menos as vezes, ao menos àqueles que amamos, àqueles que nos fazem bem ou nos regozijam...

Ë ainda egoísmo? Pode ser, e por que não? Como poderíamos amar o que quer que seja se não amássemos a nós mesmos? Não se sai cio princípio de prazer: trata—se sempre de gozar o máximo possível, de sofrer o menos possível ... Não é a mesma coisa, no entanto, gozar apenas do que se toma, ou então saber gozar, às vezes, do que se dá ou se compartilha...

Dar sem tomar? Regozijar-se sem querer possuir nem guardar? Seria philia liberada de eras, seria o amor liberado do eu, a alegria liberada da falta, e foi o que os primeiros cristãos — quando foi preciso traduzir para o grego a mensagem do Cristo — chamaram agapè, que pode ser traduzido indiferentemente por amor ou caridade. l o amor liberado do eu, e por isso sem fronteira, sem margem, sem limite... Que dele sejamos capazes, duvido muito. Mas, enfim, isso indica pelo menos uma direção, que é a do amor: o amor não é o contrário do egoísmo; é seu efeito, sua foz — como um rio se lança no mar

—, enfim seu remédio ou, como diria Espinosa, sua salvação.

Vais passar toda tua vida a buscar um seio, ou a querer guardá-lo, ou a dele sentir saudades, quando há um mundo inteiro a ser amado?

Nunca se ama demais. Ama-se mal e mesquinhamente.

TEXTO 02:
A NECESSIDADE DO AMOR

Ao tomar conhecimento de si mesmo como ser capaz de consciência e liberdade, o homem percebeu sua diferença em relação ao restante dos seres vivos. Passou a sentir a solidão que acompanha a individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro. Veja como Erich Fromm descreve esse estado:

“O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio o curto período do vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua Impotência ante as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se do uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior.”

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo homem para vencer o isolamento e escapar da loucura. Sem ele, o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros. Não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças , a miséria do povo, a poluição e a destruição do planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença; resta a escuridão do individualismo, do ser incapaz de relação
O QUE É O AMOR

Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Quando apaixonada, julgam estar amando. O amor , porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente,é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver , que se conquista gradualmente,à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. È capacidade de descentrar-se, sair de si e ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito.

Ser amoroso é uma característica da personalidade e pressupõe toda uma vivência desde o seio materno.

Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem.

O amor é uma força de aproximação, união, envolvimento e responsabilidade. Ela dinamiza a vida que existe nas pessoas. Derruba fronteiras, estabelece contatos,partilha.

A capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora,das águas e do ar.

No amor há percepção da inter-ralação universal,da fraternidade humana e cósmica.

FORMAS DE AMOR

O amor é uma vivência que se manifesta de várias maneiras: amor materno, amor paterno, amor pela pátria, amor a si mesmo, amor erótico, amor a Deus, amizade, amor pela natureza, etc. Aqui nos limitaremos a fazer considerações sobre o amor erótico e a amizade.



AMOR ERÓTICO

Quando se fala em amor, pensa-se logo no amor erótico, porque essa forma de amar envolve o desejo, a busca e desenvolvimento a dois.

Do ponto de vista biológico, o amor erótico consiste na relação sexual e na procriação. A energia biológica manisfesta-se psicologicamente em erotismo e exprime-se como busca de unidade, totalidade e comunicação.

E o que é erotismo?É a transformação da energia sexual, biológica, em energia psíquica, ampliando consideravelmente a sexualidade. O homem é ao mesmo tempo corpo e psiquismo. As solicitações do corpo expressam-se também de maneira psíquica, produzindo um progressivo desdobramento da sexualidade, que passa a manifestar em vivência que aparentemente nada têm a ver com ela, como na arte, na ciência, no trabalho, na política e no envolvimento prazeroso com as pessoas e como mundo.

O amor erótico é muito forte,porque pressupõe o retorno do sentimento vivido: é um dar e receber que se manifesta no prazer da convivência com o outro tanto no plano físico quando no psicológico.

Essa forma de amor quer exclusividade,porque os amantes pretendem ser únicos um para o outro, e quer reciprocidade,pois buscam alimentar um no outro o amor que sentem.

A AMIZADE.

A amizade é a forma mais abrangente do amor. É um apelo e uma resposta existencial. Este apelo vai do meu eu ao outro a mim, numa dialética de cumplicidade que compreende sem palavras o que vai no coração de cada um. Os amigos partilham a vida com suas angústia e alegrias, que assinalam a condição humana.

A empatia é a forma de comunicação que mais caracteriza a amizade. Colocar-se no lugar do outro minimiza os conflitos, os impulsos agressivos, apara aresta, pois na amizade a compreensão é maior que as exigências, as cobranças e as críticas.

O amor em forma de amizade deveria impregnar todas as relações e estender-se à humanidade como um todo porque os amigos se aceitam em suas limitações.

Esse amor possibilita a solidariedade e a compaixão, buscando o desenvolvimento integral do homem, sua libertação, sua autonomia. É próprio desse amor não haver denominador nem dominado. Sua principal característica é o compromisso como o outro e , por solidarizar-se com o outro, essa forma de amor possui uma conotação política: não permite a segregação e a discriminação por raça, cor , sexo credo, nacionalidade. É movida pelo desejo da justiça, igualdade de oportunidades e efetivação da dignidade humana: ama a todos sem exclusividade.


A fraternidade constituiu-se historicamente em um ideal revolucionário ao visar à justiça e à liberdade. É temida por aqueles que fazem da exploração e da alienação os meios de manutenção de seus privilégios. Por isso, a amizade não representa um valor na sociedade neoliberal. Por sua vez, o amor erótico é empobrecido ao se limitado somente ao ato e aos órgãos sexuais.

São raras as pessoas que percebem a existência dessa dominação subliminar. Percebe-la implica o desenvolvimento do espírito, a educação para a cidadania.

O MACROCOSMO DO AMOR – A SOCIEDADE.



A sociedade neoliberal permite que a indústria da diversão e a propaganda explorem o amor erótico.


O sexo, por seu potencial de sedução, tornou-se um produto de mercado. È um instrumento como qual se tenta manipular o desejo sexual a objetos neutros, procurando erotizá-los. Por exemplo: a imagem de um mulher atraente à de uma automóvel. Ao faze-lo, mostra o produto como necessário. Por esse método, as pessoas são induzidas a perder o contato com suas necessidades reais: desejam aquilo que interessa ao mercado vender. Assim, a mídia empenha-se em exercer um poder sobre o próprio ato de desejar, contribuindo para o surgimento do homem hedonista, consumido e acrítico.

A sociedade neoliberal investe no amor erótico,porque nele encontra excelente meio de atingir seu objetivo: vender. A amizade e negligenciada e até mesmo desprezada nesse tipo sociedade. Os ideais comunitários desse amor chocam-se com o individualismo consumista, despreocupado das questões sociais.
O PROBLEMA DO RÓTULO
O rótulo é outra dificuldade na convivência humana e afeta as relações homem-mulher.

Os produtos industriais e comerciais são conhecidos por seus respectivos rótulos. Ora, “rotular uma pessoa”é vê-la sempre sob um único aspecto: Maria é bonita(não se percebem nela outras qualidades?); José é dominador ( não terá qualidades que se compensem esse defeito?; Luisa é superficial ( por que o é)...

O rótulo é uma forma de opressão que torna previsível e monótona a relação a dois, impedindo, com isso, a espontaneidade e as possibilidade de crescimento pessoal.

O processo de rotular ocorrer de forma inconsciente, e a pessoa rotulada tende, também de modo inconsciente, a incorporar o rótulo, inibindo, assim, suas potencialidades.

Superar esse processo constitui o princípio do autoconhecimento, que devolve à pessoa a liberdade de ser ela mesma..
O MICROCOSMO DO AMOR A RELAÇÃO HOMEM-MULHER

O AMOR É SUPLEMENTAR
Em tudo o que se observa na natureza, pecebe-se forças de atração e repulsão. No átomo, por exemplo, a força de atração o mantém em permanente movimento em direção a outro átomo, na busca eterna de novas combinações moleculares.

Nas plantas,, a força atrativa explode nas cores e perfumes das flores, preparando-se para a geração dos frutos e sementes.

Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva; no homem ela se transforma em erotismo. Um exemplo notável dessa transformação encontra-se no filme A guerra do fogo. Em determinado momento, o hominídeo, que tomava sua fêmea em um ritual ainda animal, é surpreendido por ela: ao girar sobre si mesma, coloca-se numa nova posição, face com seu parceiro, fitando-o nos olhos. No filme, esse gesto simboliza o primeiro passo para a humanização da relação homem-mulher. Representa a abandono da genialidade, do puro instinto, e a conquista da sexualidade erótica., do puro instinto, e a conquista da sexualidade. A mulher, com esse gesto, posiciona-se como iguala ao homem, são parceiro, companheiros que se que se enriquecem no convívio mútuo; igualdade humana e diferença de sexo.

A beleza da relação homem-mulher está no encontro de seres autônomos e independentes. Muitos homens e mulheres, em função de sua imaturidade, criam relação de dependência e necessidade que fragilizam a união. Um procura no outro e que lhe falta ou o que gostaria de ser, em lugar de desenvolver ao máximo suas próprias potencialidades.

Homens e mulheres ficam exigentes uns com os outros querem dos companheiros novos papéis e modos de ser, aos quais ainda não estão adaptados culturalmente. Por exemplo: a mulher espera que o homem seja ao mesmo tempo provedor, amigo, amante, que seja sensível, termo como ela e com os filhos, bem-sucedido e agressivo na luta pela vida, pela vida, o homem, por sua vez, espera que a mulher divida com ele as responsabilidades econômicas da família, ao mesmo tempo que sonha com uma parceria disponível, submissa, amante fogosa e esposa recatada.

A ascensão da mulher com ser autônomo confundiu o homem , provocando insegurança na identidade masculina: estaca acostumado ao poder e à hegemonia, e de repente è solicitado a dividi-los com a mulher. Esta, por sua vez, acostumada à submissão, agora é obrigada a competir na sua luta por sua sobrevivência.



Texto 03

O mito de Eros



As lendas gregas, por serem transmitidas oralmente, sofreram inúmeros modificações , de que resultou variação muito grande de interpretações e sentidos. Às vezes,uma figura mítica aparece em várias versões, sempre ricas mítica aparece em várias versões, sempre ricas de significados. Na Teoogonia de Hesíodo, as entidades que saem do seio de caos – vazio da desorganização incial-surgem por segregação, por separação. Quando nasce Eros, o amor, essa força de natureza espiritual preside a partir daí a coesão, a ordem do Universo nascente.

Mais tarde, no ciclo dos mitos olipianos Eros ( Cupido, para os romanos) é filho de Afrodite e Ares, representado por uma criança transversa que flecha os corações para torna-los apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixonados. Quando ele próprio se apaixona por Psique ( Alma), Afrotide, invejosa da beleza de Psique, afasta-a do filho e a submete às mais difíceis provas e sofrimento, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a tristeza, até que Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se uma novamente.

Entre os filósofos gregos persiste essa imagem mística do amor. Os pré-socráticos Parmênides e Empédocles se referem ao princípio do amor e do ódio que persiste à combinação dos elementos entre si formarem os diversos corpos físicos. No diálogo de Platão O banquete, os convivas discursam sobre o Amor.Um dos oradores , Aristófanes, o melhor comediógrafo da época , relata omito segundo o qual, no inicio os seres erma duplo e esféricos , e os sexos eram três ,: um constituído por duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e outra era andrógino, metade masculina e femininas. Como ousassem desafiar os deuses, Zeus cortou-os em dois para enfraquece-las. Cada um tornou-se então um ser fendido, e o amor recíproco se origina da tentativa de restauração da unidade primitiva. Como os seres inicias não eram apenas bissexuais , é valorizado o amor entre seres do mesmo sexo, sobretudo o masculino, como forma possível desse encontro. O mito significa também o anseio humano por uma totalidade do ser, representando o processo de aperfeiçoamento do próprio eu.

Sócrates, o últimos dos oradores do referido diálogo, começa dizendo que Eros representa um anelo de qualquer coisa que não se tem e se deseja ter, Usa-se para ilustrar sua afirmação: Eros nasceu de Poros (expediente ou engenho) e de Pénia ( Pobreza) e aos pais deve a inquietude de procurar sair da situação de penúria e por meio de expediente, alcançar o eu deseja: é a oscilação eterna entre o possuir e o não- possuir. Segundo Sócrates, O amor é o desejo , em primeiro lugar de alguma coisa; em segundo, só de coisas que estejam faltando. O amor é capaz de desabrochar e de viver , morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar rico ou pobre.

A partir dessa discussão, pela boca de Sócrates, Platão explica a relação entre Eros e a filosofia. Assim como os deuses não filosofam nem aprendem, por já possuírem a sabedoria, os tolos e os ignorantes não aspiram adquirir conhecimento, porque, embora nada saibam, julgam saber. O filósofo ocupam o lugar intermediário entre a sabedoria e a ignorância.

Dessa forma, Platão não reduz a busca apenas à procura da outra metade do nosso ser que nos completa. Para ele, Eros é ânsia de ajudar o eu autêntico e a se realizar,na medida em que a vontade humana tende para o Bem e para o belo, quando subordina a beleza espiritual e desliga-se da paixão por determinado indivíduo u atividade, ocupando-se com a pura contemplação da beleza.

È importante observar que essa concepção deve ser compreendida de acordo com a relação corpo-alma,segundo a qual subordina Eros a Logos, ou seja subjuga as paixões à razão.



AMOR E PERDA

O risco do amor é a separação, Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Segundo o psicanalista austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital: a morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro. Por exemplo, quando deixamos de amar ou não mais somos amados , ou , ainda se a circunstancias nos obrigam à separação, mesmo quando o amor recíproco permanece.

Se a perda é sentida de forma intensa, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, porque, mesmo quando conseguiu manter a individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo ser do outro. Há um período de “luto” a ser superado após a separação, quando então , é buscado novo equilíbrio. Uma característica dos indivíduos maduros é saber integrar a possibilidade da morte no cotidiano da sua vida.

Como se vê , ao falarmos em morte, não nos referimos apenas ao sentido literal da palavra, mais às diversas”mortes” ou perdas que permeiam nossas vidas. Mesmo nas relações duradouras, as pessoas mudam, e a modificação do tipo de relação significa consequentemente a perda da forma antiga de expressão do amor.

Nas sociedades massificadas, porém, em que o eu não é suficiente forte, as pessoas preferem não viver a experiências amorosas para não ter de viver com a morte. Talvez por isso as relações tendam a se tornar superficiais, e é nesse sentido que o pensador francês Edgar Morin afirma: Nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte e fúria de viver quer dizer viver a dificuldade”.

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