domingo, 7 de março de 2010

O QUE É O MITO

“O mito é uma primeira fala sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o qual a afetividade e o
a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade; mais acomodar o ser humano ao mundo”.
O mito, entre as sociedades tribais, é uma forma do ser humano se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os de mais seres da natureza. É um modo ingênuo,fantasioso, anterior a toda reflexão, e não -crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as diretrizes da ação humana. Devemos  salientar, entretanto, que, não sendo teórica, a verdade do aflito não obedece a lógica nem da verdade empírica, nem da verdade científica. É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita. Por essa razão, quando existem várias versões do mesmo mito, não nos devemos preocupar em estabelecer uma versão autêntica, pois é o conjunto dessas versões que constituem a sua realidade.

O mito nasce do desejo de entender o mundo, para afugentar o medo e a insegurança. O ser humano, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar qualidades emocionais. A coisas não são mais matéria morta, nem são independentes do sujeito que as percebe. Ao contrário, estão sempre impregnadas de qualidades e são boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou ameaçadoras e repelentes. Assim, o ser humano se move dentro de um mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça abundante, pan que a terra seja fértil, pan que a tribo ou o grupo seja protegido, pan que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz.

O pensamento mítico está, então, muito ligado à magia, ao desejo, ao querer que as coisas aconteçam de um determinado modo. É a partir disso que se desenvolvem os rituais como meios de propiciar os acontecimentos desejados. O ritual é o mito tornado ação.

Os exemplos de rituais são inúmeros: já nas cavernas de Lascaux e Altamira, o homem do Paleolítico (1000 a 5000 a.C.) desenhava os animais, em estilo muito realista, e depois “atacava-os” com flechas, para garantir o êxito da caçada. Os ritos de nascimento e de morte é que dão ao recém-nascido um reconhecimento como ser vivo, pertencente a uma determinada sociedade, ou, ao defunto, a mudança de seu estatuto ontológico (de ser vivo a ser morto) e sua aceitação pela comunidade dos mortos. Outro exemplo é o da expulsão de uma comunidade: uma vez realizados os ritos, a pessoa expulsa não precisa sair da comunidade, pois todos os outros integrantes passarão a não vê-la, não ouvi-la, enfim, a agir como se ela não existisse ou não estivesse presente. Para a comunidade, terminado o ritual, a pessoa expulsa desapareceu simbolicamente, mesmo que continue de corpo presente. E essa exclusão social acaba, em geral, levando à morte.


2. Funções do mito

Além de acomodar e tranqüilizar o ser humano diante de um mundo assustador, dando-lhe a confiança de que,através de suas ações mágicas, o que acontece no mundo natural de pende, em parte, dos seus atos, o mito também fixa modelos exemplares de todas as funções e atividades humanas.

O ritual é a repetição dos atos executa dos pelos deuses no início dos tempos e que devem ser imitados e repetidos para que as forças do bem e do mal sejam mantidas sob controle.Desse modo,o ritual”atualiza”,isto é, torna atual o acontecimento sagrado que teve lugar no passado mítico.

3. Característicos do mito

O mito nas sociedades tribais é sempre um mito coletivo. O grupo, cuja sobrevivência deve ser assegurada, existe antes do indivíduo e é só por meio dele que os sujeitos individuais se reconhecem como tais. Explicando melhor, o sujeito só tem consciência, só se conhece outros e do reconhecimento dos outros que ele se afirma. Por isso, pode ser expulso simbolicamente: no momento em que falta o reconhecimento dos outros integrantes do grupo, ele não se reconhece,não se encontra mais.

Outra característica do mito é o fato de ser sempre dogmático, isto é, apresentar-se como verdade que não precisa ser provada e que não admite contestação.A sua aceitação se dá, então, por meio da fé e da crença. E por não ser uma aceitação racional, o mito não pode ser provado nem questionado.

Dentro dessa perspectiva de coletivismo, a transgressão da norma, a não-obediência da regra afeta o transgressor e toda sua família ou comunidade. Assim é criado o tabu — a proibição — envolto em clima de temor e sobrenaturalidade, cuja desobediência é extremamente grave. Só os ritos de purificação ou de “bode expiatório” ,nos quais o pecado é transferido para um animal, podem restaurar o equilíbrio da comunidade e evitar que o castigo dos deuses recaia sobre todos.

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